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Crônica de Ademar Rafael

POESIAS FILOSÓFICAS

Toda vez que um visitante sentar para uma roda de conversa com Antônio José de Lima, egipsiense de primeira grandeza, sairá da reunião com pelo menos um “verso ou causo novo” sobre um poeta nordestino.

Com o lançamento do livro “Legado filosófico de poetas e repentistas semianalfabetos” Toinzé, como o autor e conhecido no universo pajeuzeiro, traz ao mundo versos e causos de poetas conhecidos e anônimos.

No prefácio o também poeta Antônio Marinho do Nascimento disseca o
título da obra dando-lhe uma amplitude que apenas os seres dotados de alto brilho podem fazer. Compatibilidade total entre prefaciador e autor.

Na leitura da coletânea encontramos estrofes maravilhosas, produzidas por poetas e repentistas tidos como semianalfabetos, mas, detentores de poderes ilimitados para jogar ao mundo poético e filosófico um rico estoque de poesias.

Na linguagem virtual o termo “viralizar” significa a ação de fazer com que algo se espalhe rapidamente, semelhante ao efeito viral. No mundo da poesia nordestina quando um “verso grande” corre de boca em boca podemos dizer que “viralizou”. Muitas estrofes inseridas no livro passaram por este fenômeno.

Na condição de amante da poesia popular fui gratificado ao encontrar entre poemas inseridos na pesquisa a obra de Elísio Félix da Costa – Canhotinho, intitulada “O remorso falando ao avarento” e ao descobrir que o magistral poema foi salvo por uma transcrição de Dona Helena, esposa de Lourival Batista e sogra do pesquisador.

O livro dá vida e voz a poetas anônimos e a versos registrados somente nas memórias dos apologistas. Vivia a poesia popular.

Por: Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

PARA CHAMAR DE SEU

Esta história dos governantes ambicionarem um jornalista ou grupo de comunicação para “chamar de seu” é antiga. Steve Forbes e John Prevas no livro “Poder, ambição e glória” atestam que Alexandre (356-323 a.C.) e Aníbal (247-183 a.C.) levaram historiadores gregos para cobertura das suas vitórias durantes as batalhas que enfrentaram.

Em nosso Brasil Getúlio Vargas contou com o escudeiro Samuel Wainer e com o jornal “Última Hora” para enfrentar Carlos Lacerda e sua “Tribuna da Imprensa”.

JK, nosso presidente “bossa nova” foi abraçado pela turma ligada a Adolpho Bloch, as páginas da revista “Manchete” davam cores e brilho a vitoriosa careira política do filho de Diamantina.

O regime militar contou com o irrestrito apoio do trio Roberto Marinho, Antônio Carlos Magalhães e José Sarney para ampliar o que bom foi feito e reduzir a pó o que não era de agrado dos presidentes militares.

Sarney, enquanto presidente, manipulou em seu favor todos os grupos da comunicação a ele ligados e ligados aos “aliados”. Roberto Marinho foi seu maior consultor.

O príncipe FHC manteve debaixo dos seus pés “Folha de São Paulo”, “Estadão” e “Globo”. A revista “Primeira Leitura”, criada ao seu feitio por Reinaldo Azevedo, parou de circular após o fim do segundo mandato.

Os presidentes petistas contaram com os afagos da revista “Carta Capital” e “Caros Amigos”. A primeira continua em banca com os esforços de Mino Carta e a segunda parou sua publicação na edição nº 248.

Estes relatos provam que a “liberdade de expressão” requisitada por alguns jornalistas muitas vezes não é sinônimo de “independência”.

Por: Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

WALDECY XAVIER DE MENEZES

Apesar de não ter nascido no sertão, os seus feitos e sua eterna defesa das causas do Pajeú capacita-o para figurar nesta coluna.

Waldecy Menezes figura de destaque nos anos 60 a 80 em nosso Afogados, foi um professor admirável. Viu antes de muitos educadores que a tênue linha do saber é tecida muito mais pela interface entre mestre e aprendiz do que por meio de provas em finais de períodos. Uma aula sua era o que podemos chamar de uma viagem ao desconhecido, porém, na bagagem de volta estava contida a sapiência, sua eloquência de doutrinador não deixava dúvidas.

Nos memoráveis desfiles de sete de setembro, seu ímpeto patriota estava presente. Por diversas vezes testemunhei lágrimas dos seus olhos, ao ver “seus” alunos cantarem o Hino Nacional na Praça Mons. Arruda Câmara.

Nas ondas da Pajeú, através do programa “No terreiro da fazenda”, deu voz e vez aos talentos da região. Poetas, sanfoneiros, pifeiros e cantadores apresentaram-se naquele espaço. Os poemas lidos por Waldecy ganhavam roupagem que apenas sua voz inconfundível era capaz de dar.

Quando podia, ele passava férias em Bonfim, na fazenda do amigo Luizinho Nunes. Ao passar em Jabitacá sempre dava um abraço em Quincas Rafael, poeta que a seu pedido compôs o poema “Sesquicentenário” incluso no livro “Afogados deu de tudo”.

Caro mestre, Deus não lhe poupou de ver as riquezas do nosso Brasil serem entregues, para abrandar a usura do capital especulativo, a segregação social e a injusta distribuição de rendas. Feitos que deixarão uma marca tão profunda quanto à escravidão, que você tanto condenava.

Por: Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

2018, UM ANO COM PERIGOS

O ano em curso, por força das eleições, carrega consigo perigos naturais que devem ser mitigados para evitar estragos futuros. Tais riscos são mundialmente conhecidos como: ignorância, hipocrisia e ambição.

O primeiro risco aqui tratado como “ignorância permitida” é aquela em que seu portador deixa-se enganar propositadamente. Isto é, fica detido nas informações que julga suficientes e não se abre para receber novas ideias e novos conceitos. Neste caso é a execução plena do “mito da caverna”, da obra de Platão. Quem se arriscar em trazer novas informações será totalmente ignorado e poderá ser esmagado.

A hipocrisia, risco de número dois, é principal produto dos “dragõesdisfarçados de cabritos” assim definidos os políticos que hipocritamente invadem as ruas durante os períodos de campanhas eleitorais pelo poeta Diniz Vitorino no magistral soneto “Os mascarados”. As teses desses eternos manipuladores encontram repouso nos braços do primeiro risco.

O terceiro risco tem ligação umbilical com o segundo. A ambição por cargos, pelo poder e pelos benefícios gerados motiva e alimenta a ação devastadora da hipocrisia. O interesse pessoal e o favorecimento aos grupos que patrocinam tais candidaturas eliminam completamente as políticas públicas em favor do povo e do país.

O que cada leitora e cada leitor pode fazer para reduzir os impactos nocivos de tais riscos? Entendemos que para minimizar a “ignorância permitida” risco que acolhe e nutre a “hipocrisia” e a “ambição” é seguir pregando no deserto como fez João Batista.

Não temos dúvidas que um dia o bem vencerá o mal, o bom exterminará o mau e os riscos aqui registrados deixarão de proliferar em escala geométrica. O processo é longo e a luta é árdua, contudo, os efeitos positivos nos estimulam na busca do país que sonhamos e merecemos.

Por: Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

A PEDRA OU VIDRAÇA?

Quando encontro alguém que em ninguém confia, que a todos condena e acredita que somente ele tem no DNA os valores morais capazes de certificar uma pessoa como idônea e acima de qualquer suspeita, respeito e saio de perto, sou humano demais para conviver com santo.

Todo e qualquer ser humano pode ter valores e crenças diferentes e utilizá-los em níveis não uniformes, cada um carrega consigo erros e acertos que são moldados ao longo do tempo.

Julgar-se acima dos demais é uma prática desprovida de princípios cristãos e movida, muitas vezes, pela soberba e pela prepotência. Posicionar-se abaixo dos semelhantes também deixa exposta a marca da submissão ou de humildade em excesso.

O ideal, sob meu ponto de vista, é não se considerar “pedra” ou aceitar ser “vidraça”, equilibrar-se entre um e outro é a sabedoria a ser perseguida.

A experiência adquirida com o horizonte temporal percorrido sempre funciona como aliado nesta busca, entender seus pares e neutralizar os traços de superioridade vem com o tempo, na fase inicial de vida esta percepção passa distante.

A perfeição, no caso de seres humanos, é produto raro. Somente um limitado número de pessoas ostenta este troféu. Quando tiver o privilégio de conviver com um deles extraia tudo que puder para seguir seu exemplo, sem agir como superior. Os “perfeitos” assim não se acham, são qualificados como tal pelos pares e negam seguidamente essa condição.

A “Geni” da música de Chico Buarque é uma metáfora, nunca queira ser uma ou identificar alguém como tal e nele jogar pedras.

Por: Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

LULU PANTERA*

Lulu Pantera, esta alcunha poderia pertencer a um artista de circo ou uma dona de casa noturna, mas acompanha uma das figuras mais queridas da história recente de Afogados da Ingazeira.

Como todo sertanejo aprendeu sozinho: músico, treinador de futebol, vigilante, contador de estórias e conselheiro. Neste último posto dava conselhos a muitos jovens de minha geração, quando aventurávamos gestões “pós-linha férrea”.

As cidades do Pajeú, em muitas oportunidades, ouviram sua música. Fez parte de um elenco maravilhoso que tinha ainda Luiz de Ernesto, Mestre Biu, Seu Dino e tantos outros. Caso tivesse morado no Rio teria sido grande parceiro de Geraldo Pereira e Wilson Batista, pois, suas ideias encontravam guarida nas ideias de tais sambistas.

Treinou o Ferroviário na memorável partida contra o Guarani, num final do ano, na qual apenas o juiz viu irregularidade no gol de Arnaldo. Assistir um jogo ao lado dele era divertido, por mais fraca que fosse a partida ele encontrava algo para fazer piadas e inventar situações.

Como vigilante foi grande guardador de “causos”, bens materiais não faziam parte do seu universo, isto o torna único. Nunca o vi com raiva, quando tinha uma grande decepção balançava a cabeça e procurava algo interessante para fazer, afinal onde ele estava a tristeza tinha pouco espaço, suas estórias eram fábricas de risos.

Lulu, que seu sorriso largo se faça presente no rosto do povo do sertão nos próximos anos e que através da pureza do sertanejo se espalhe por todo Brasil.

(*) – Publicada originalmente em www.afogadosdaingazeira.com.br – Pessoas do meu sertão II.

Por:Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

QUEM

Esta palavrinha que em nosso idioma é um pronome que se refere a indivíduos e que, dependendo do contexto, pode ser igual a varias outras palavras tais como “o qual”, “a que”, “o que”, etc. Pode ser pronome relativo, indefinido ou interrogativo e não muda em função do gênero,neste texto aparece com numa abordagem descolada de língua portuguesa, vejamos.

Quando nos propomos a produzir um produto ou serviços e temos a preocupação de estudarmos o comportamento e as expectativas de “quem” utilizará o que produzimos com certeza teremos maior possibilidade de êxito na produção, venda e geração de riquezas.

Se ao iniciarmos um projeto tivermos a capacidade de nivelar o conhecimento e as habilidades de “quem” nos auxiliará na missão, sem dúvida, eliminaremos diversos entraves e reduziremos os riscos.

Não é por acaso que a frase “Diga-me com quem andas que direi quem és”, citada em provérbios, Salmos e Coríntios – no livro sagrado -, com contextos e redações diferentes mantém-se em vigor até os dias atuais.

De fato, o “quem” extrapola a questão gramatical e transforma-se em agente ativo, contribuindo positivamente ou negativamente em várias situações que interferem em nosso cotidiano.

Passemos, então, para darmos maior atenção a “quem” consumirá nossos produtos e serviços, a “quem” integrará nossa equipe e, principalmente, “quem” escolheremos para ser nossa companheira e ou companheiro na vida matrimonial.

Quem, como vimos, tem que ser percebido muito mais do que um pronome, ele é ator de destaque em nossos roteiros de negócio e de vida.

Por: Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

A PAZ É POSSÍVEL

Neste ano dedicado ao laicato a igreja católica traz como tema da Campanha da Fraternidade “Fraternidade e superação da violência” e o lema “Vós sois todos irmãos”, extraído de Mateus 23,8.

A pergunta que não cala é: Por que tanta violência? Sem um estudo cientificamente comprovado, mas, retirado do que estamos vivenciando arisco-me a defender a tese de que uma das origens da violência vem do distanciamento entre as pessoas.

Em passado recente dormíamos com os irmãos em um único ambiente, as camas eram verdadeiros “ninhos” todos juntos, muitas vezes dividindo o único cobertor. Nos últimos tempos cada irmão tem seu espaço, sua mobília, sua roupa de cama. O individualismo assumiu o lugar do compartilhamento.

Convivíamos diariamente com o leiteiro, o entregador de pão, os vendedores de verduras e frutas. Hoje essas pessoas foram trocadas pela prateleira de um supermercado, tudo é comercializado sem a presença de“gente”. Como era bom ouvir as novidades através do “ascensorista do elevador”, os mais jovens desconhecem que existiram estes profissionais. Em nossos dias tudo é eletrônico e as pessoas que usamos elevadores estão mais preocupadas com seus celulares do que com os demais usuários.

Ora, se as pessoas deixaram de fazer parte do nosso cotidiano, se asfamílias, em nome da privacidade, vivem em espaços privados os gestos e os atos de violência gravitam em escala geométrica. Façamos nestaquaresma uma reflexão sobre como estamos agindo em favor da reduçãoda redução da violência que campeia em nossa volta.

No texto que inspirou o lema o evangelista prega a humildade e a ação e condena a intelectualidade imposta. Temos por onde começar.

Por: Ademar Rafael

* Em virtude da segunda-feira ter sido de carnaval, estamos publicando a Crônica de Ademar Rafael do último dia 12.02.2018.

Crônica de Ademar Rafael

ANDAR OU CORRER?

Nos últimos sessenta dias tivemos oportunidades de passar pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Pernambuco e Pará. Nas conversas com empresários, desempregados, funcionários públicos e meus consultores preferidos – os motoristas de táxi -, pudemos identificar um leque de variáveis sobre as quais são jogados todos os pecados que ocasionaram e fizeram a manutenção da crise.

Encontramos poucos com coragem de assumir sua participação, muitos apontaram inúmeros motivos para o fracasso dos negócios e a instalação do medo e da falta de confiança em dias melhores. Isto é, quando extraímos as variáveis econômicas e políticas que contribuíram para geração ou agravamento da crise instalada desde 2008 sobram uma centena de motivos para neles jogarmos a culpa.

Quando apontamos situações ou atitudes que enfrentaram os ambientes desfavoráveis, transformando-os em cenários amistosos sempre os interlocutores alegavam que nos casos que os atingiram a receita não funcionaria.

Para reflexão ficam três variáveis que gostaríamos de dividir com os nossos leitores e leitoras. Será que, motivados pela propaganda oficial sobre a saída do Brasil da lista de países em desenvolvimento para ingresso no seleto grupo das nações desenvolvidas, corremos quando devíamos ter caminhado? Será que, movidos pela exagerada oferta de crédito, nos endividamos acima da nossa capacidade solvência? E, será que, conectados em demasia com mundo virtual, deixamos de lercorretamente as entrelinhas do mundo real?

É possível que cada um, como os nossos interlocutores, tenha uma resposta diferente. A solução, contudo, começa pelo trabalho e por fazer mais do que estamos fazendo. Mãos à obra?

Por: Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

LOURO DO PAJEÚ

Ao citarmos o nome de Lourival Batista, a maioria das pessoas lembrará o extraordinário poeta, o rei do trocadilho, porém, “Louro” deixou outra obra tão grandiosa quanto sua poesia: sua família. Comecemos por Helena, sua fiel companheira: Trata-se de uma dama, mulher de grande fibra e dotada de senso de solidariedade comum apenas nos seres humanos iluminados.

Sem termos nada contra os filhos de Xororó, temos certeza de que se apenas dez por cento dos holofotes dispensados para Sandy e Júnior, fossem ligados na direção de Bia, Val e Zá, a música popular brasileira
teria outra vertente, tão poderosa como a de Caetano e Bethânia, esta com cheiro de recôncavo baia no, aquela com cheiro de Pajeú.

Branquinho, Hilário e Maria Helena herdaram cada um ao seu modo, os ensinamentos de “Louro” e Helena, nas memoráveis festas do dia seis de janeiro de cada ano. Aquela era a mais democrática festa de aniversário
que conhecemos. Hoje, os três recebem com a mesma naturalidade, com pratos e copos cheios e com música de primeira linha, de preferência, na interpretação dos irmãos Bia, Val e Zá, sem esquecer que os anfitriões também escrevem e cantam com maestria.

Naná foi a lucidez em pessoa e Bat, o outro filho que completa o grupo, éum ser humano de dotes raros, figura humana extraordinária, asqualidades superam qualquer rebeldia.

Obrigado “Louro”, sua dinastia perdurará eternamente, seus netos estão no mesmo caminho dos filhos. Para dar brilho e este texto, registramos aestrofe a seguir, extraída do livro Roteiro de velhos cantadores e poetas
populares do sertão, de Luís Wilson, sobre o velho que passava, portando uma bengala: “O homem na mocidade/com duas pernas se arruma,/mas depois que fica velho/com tudo se desapruma!/De duas passa pra três/E as três não valem uma.

Por: Ademar Rafael