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Crônica de Ademar Rafael

WALDECY XAVIER DE MENEZES

Apesar de não ter nascido no sertão, os seus feitos e sua eterna defesa das causas do Pajeú capacita-o para figurar nesta coluna.

Waldecy Menezes figura de destaque nos anos 60 a 80 em nosso Afogados, foi um professor admirável. Viu antes de muitos educadores que a tênue linha do saber é tecida muito mais pela interface entre mestre e aprendiz do que por meio de provas em finais de períodos. Uma aula sua era o que podemos chamar de uma viagem ao desconhecido, porém, na bagagem de volta estava contida a sapiência, sua eloquência de doutrinador não deixava dúvidas.

Nos memoráveis desfiles de sete de setembro, seu ímpeto patriota estava presente. Por diversas vezes testemunhei lágrimas dos seus olhos, ao ver “seus” alunos cantarem o Hino Nacional na Praça Mons. Arruda Câmara.

Nas ondas da Pajeú, através do programa “No terreiro da fazenda”, deu voz e vez aos talentos da região. Poetas, sanfoneiros, pifeiros e cantadores apresentaram-se naquele espaço. Os poemas lidos por Waldecy ganhavam roupagem que apenas sua voz inconfundível era capaz de dar.

Quando podia, ele passava férias em Bonfim, na fazenda do amigo Luizinho Nunes. Ao passar em Jabitacá sempre dava um abraço em Quincas Rafael, poeta que a seu pedido compôs o poema “Sesquicentenário” incluso no livro “Afogados deu de tudo”.

Caro mestre, Deus não lhe poupou de ver as riquezas do nosso Brasil serem entregues, para abrandar a usura do capital especulativo, a segregação social e a injusta distribuição de rendas. Feitos que deixarão uma marca tão profunda quanto à escravidão, que você tanto condenava.

Por: Ademar Rafael


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Marcos
6 anos atrás

Parabéns , grande Ademar. Suas narrativas são sempre impecáveis , porém quando retrata o nosso povo pajeuzeiro , nossos ídolos contemporâneos , esta sua capacidade de observação se multiplica. Com sutileza e demonstração de muito carinho e apego ao nosso povo e a nossa cultura você nos engrandece. Um grande abraço.