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OPINIÃO DO PERNINHA
Olimpíadas – quem paga a conta?
“Mens sana incorpore sano” – diziam os romanos: “mente saúde num corpo sadio”. O esporte praticado com equilíbrio mental e no respeito às exigências da ética, é fator de crescimento moral e saúde do corpo e do espírito.
A história da origem dos Jogos Olímpicos é controversa. Segundo a lenda, teriam surgido por volta do ano 2500, antes de Cristo, motivados pelo desejo do deus Hércules de homenagear seu pai Zeus, deus supremo da mitologia grega. Mas o que a história nos diz mesmo é que os primeiros jogos olímpicos aconteceram em 776 a.C. na cidade de Olímpia, para dar uma trégua às contínuas guerras e conflitos entre as cidades-estados do mundo grego. Olímpia tem a ver também com Olimpo, a morada dos deuses, que eram jovens, sadios e, em geral, de boa aparência.
Com a dominação romana, foram proibidas as manifestações de culto grego e em 392, da era cristã, um decreto do Imperador Romano Teodósio I proibiu os Jogos Olímpicos, pelo seu caráter religioso. Em 1986, surgiram as olimpíadas da era moderna. Foram disputadas em Atenas para uma homenagem às Olimpíadas gregas, por iniciativa do francês Pierre de Fredy, barão de Coubertin. Participaram285 atletas de 13 países. As disputas foram inicialmente: atletismo, esgrima, luta livre, ginástica, halterofilismo, ciclismo, natação e tênis. Hoje são muito mais.
Os números dos XXXI jogos Olímpicos que estão sendo disputados na cidade do Rio de Janeiro entre 5 e 21 de agosto impressionam e muito. Serão disputadas 28 modalidades esportivas, com a inclusão do rúgbi de sete e do golfe. Os números dão conta da participação de 10.550 atletas, de 206 nacionalidades e está previsto, pela televisão e pelo rádio, uma audiência de mais da metade da população da terra, ou seja, cerca de 4,5 bilhões de pessoas ao redor do planeta. As próximas Olimpíadas serão realizadas em Tóquio, no Japão, em 2020 e as anteriores (2012) foram em Londres, no Reino Unido. Elas acontecem de 4 em 4 anos, conforme a tradição helênica.
E os custos desse mega- espetáculo? Estudo divulgado pela Universidade de Harvard em 2014, estimou que os custos são, em média, 252% a mais do que aquele que foi inicialmente previsto. Como exemplo, a Universidade cita que os jogos de 2012 custaram aos cofres britânicos 18 bilhões de dólares, embora tenham sido previsto antes gastos na ordem de 6 bilhões. No caso brasileiro, vai haver um aumento expressivo pela necessidade das ações policiais e de inteligência anti-terroristas.
E ao final, quem vai pagar essa conta? O povo, é claro… E vejam que além do vexame daqueles 7 x 1 contra a Alemanha, as cicatrizes da última Copa do Mundo ainda estão bem abertas.
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira – Agosto de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
O ex-presidente Lula, padrinho político da presidente afastada Dilma Rousseff, tem um novo mote para justificar os erros da sua afilhada em seu desastroso tempo de governo: a desoneração. Lula falou isso ao jornal francês Libération, em uma entrevista publicada no dia 13/07 e repetiu a dose numa entrevista que concedeu ao radialista Geraldo Freire, na terça-feira 12/07, em Petrolina.
Lula agora diz que Dilma abriu mão de um volume de recursos que está fazendo falta ao país.
Lula é assim. Quando falta tema para os seus discursos críticos em momentos de crise do PT, arranja um “mote” e sai por aí repetindo o argumento. Isso ele fez outras vezes com programas sociais, barreiras protecionistas, pré-sal e queda no preço do petróleo.
O fato curioso no caso das desonerações é que ele nunca havia dito uma palavra sobre o assunto.
Porém, mesmo atrasado, é interessante. Mostra como Dilma desorganizou a economia brasileira depois de ter desestruturado o setor elétrico, afundado o caixa da Petrobras contendo os reajustes dos combustíveis e os preços administrados.
A desoneração, na sua obtusidade, era para ajudar a competitividade das empresas. Errou novamente, mas torrou uma cifra de R$ 400 bilhões em cinco anos, que Lula, bem pertinho dela, não viu.
Agora é tarde, companheiro. A vaca foi pro brejo com chocalho e tudo. Incompetência não é brincadeira e os exemplos vão surgindo. Basta querermos enxergar.
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira – agosto de 2016
OPINIÃO DO PERNINHA
Pela entrevista que o novo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu à Rádio Jornal na segunda feira 18/07, o governo federal deve ser capaz de cortar gastos e promover a geração de receitas investindo na eficiência administrativa, e não, apelando para o aumento de impostos como último recurso para tirar o País do vermelho. A unificação da base do governo interino de Michel Temer é um dos pressupostos para a aprovação de medidas importantes, visando o apaziguamento da crise política e o início da retomada econômica.
Ainda sob a repercussão de sua vitória na eleição da Casa, o democrata tem buscado fazer jus à expectativa em torno de um novo tempo no Parlamento – e nas relações do Congresso com os demais poderes. O realinhamento de forças após o afastamento de Dilma Rousseff, ainda com o processo do impeachment em andamento, ganhou outra dimensão com a saída definitiva de Eduardo Cunha de cena, e a ascensão de um político com credibilidade e trânsito em diversos partidos. Vale registrar que Maia foi eleito presidente da Câmara com o apoio de integrantes do PT e do PC do B, além dos partidos que devem compor a base governista no caso de Dilma vir a ter o afastamento confirmado pelo Senado.
Durante a sua entrevista na Rádio Jornal, Rodrigo Maia enfatizou a necessidade de recomposição da base, unindo o chamado centrão, que era comandado por Cunha, e a antiga oposição à gestão petista. Com a base aliada falando a mesma linguagem e votando com coerência, o diálogo com a oposição que se forma ao governo Temer poderá ser facilitado, bem como a apreciação de matérias de interesse da população. “A Câmara precisa superar o momento ruim e voltar a fazer política de verdade”, afirmou Maia. “Voltar a debater, e tirar um pouco desse ranço do toma lá, dá cá”.
Será um verdadeiro sopro de renovação na combalida imagem do Parlamento, se as intenções do novo presidente da Câmara receberem apoio da maioria da Casa, deixando o comportamento vergonhoso e o baixo espírito público de tantos deputados para trás.
Noutro ponto da entrevista, o democrata se mostrou contrário a qualquer hipótese de aumento de impostos. Uma posição elogiável, que reflete o pensamento de diversos setores da sociedade, em face do desencontro entre a alta carga tributária no bolso dos brasileiros e a sofrível contrapartida de serviços e infraestrutura por parte do Estado. “Tapar um buraco com a falsa expectativa de aumento de receita por aumento de imposto não resolve”, disse, sugerindo uma reforma estatal focada nas despesas, ou seja, enxugando a máquina e melhorando a gestão. Para a ideia valer, o Legislativo bem que poderia dar o exemplo, no corte de gastos e privilégios, em nome da austeridade pregada no âmbito do Executivo.
A nós, pobres mortais, só resta apelar para a sorte e pedir a Deus que ilumine a cabeça daqueles que conduzem os destinos dessa Nação. Mesmo porque ninguém aguenta mais tanto descalabro, incompetência e falta de compromisso com as questões maiores.
Fonte: editorial do Jornal do Comércio.
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira – julho de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Andando pelas ruas de nossa cidade, mais precisamente por aquelas onde se concentra o maior número de estabelecimentos comerciais, faz pena escutar o clamor dos comerciantes pela redução drástica em suas vendas, independentemente da atividade comercial exercida. Além dos estabelecimentos que já fecharam suas portas o que mais dói em nossas almas são as reduções de salários ou os pagamentos com atraso dos funcionários que ainda não foram demitidos. São trabalhadores e – em sua maioria – pais e mães de famílias que tentam viver de forma digna criando e educando os seus filhos. É traumático saber que vivemos em um país gigante, cheio de riquezas, mas de uma desigualdade social incomparável.
Para alguns incautos a crise local está ligada ao fato de vivermos em uma cidade com poucos recursos, o que é um ledo engano. Morei em Recife durante dez anos (2005/2015) e comumente andava pelas feiras do Mercado São José, Av. Dantas Barreto, Conde da Boa Vista, Rua da Concórdia e adjacências e ficava impressionado com a quantidade de pessoas que circulavam por essas artérias. Para se ter uma ideia, recentemente, estive por lá e saí com um amigo para tomarmos um café naquela padaria famosa que fica na Rua da Imperatriz. Era uma segunda feira, por volta das 10 horas da manhã e o que vimos deixa qualquer um estarrecido.
Uma das avenidas mais importantes da capital, a qual teve a honra de acolher como ilustre morador, Joaquim Nabuco, um dos escritores, políticos e diplomatas mais notáveis do estado e do País, agora dá dó passar por ela. Lojas com placas de vende-se e aluga-se, como aqui, é o que mais tem. E, nas casas comerciais que ainda resistem, os vendedores conversavam desanimados e solitários, catando e convidando quem passava para entrar, oferecendo mercadorias, em vão. Os camelôs, estes nem se fala, faz tempo que sumiram.
Diante do quadro, perguntei a mim mesmo: cadê a Rua da Imperatriz que eu conheci? Isso aqui é o coração da Boa Vista; é o centro da capital. Até a igreja que fica na esquina com a Rua do Hospício me pareceu abandonada pelos fieis. Não fosse ela centro de reuniões das pastorais e grupos de canto, pouquíssimas pessoas veríamos em seu recinto. Seguindo um pouco em frente cruzei com a Pça. Maciel Pinheiro que se encontra em estado deplorável. Ali bem próximo, na Rua do Aragão, está a casa que abrigou – em sua infância – uma das maiores poetisas da história: Clarice Lispector, entre 1925 e 1937, quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Poderia ter sido tombada mas, também, encontra-se em total abandono.
Me contive para esconder as lágrimas. Saí cabisbaixo e muito pensativo. À noite, conversando com um parente como que para desabafar, ouvi dele o seguinte: Danizete, pelas suas observações medimos a vexatória situação econômica de um Estado e de um País. Não precisa você ser economista para deduzir que, se o comércio não vende, a indústria não tem mercado para colocar seus produtos. E se a indústria não produz, o comércio não tem a quem comprar, ai vem a chamada “bola de neve”.
A explicação é simples e de fácil dedução, respondi; difícil mesmo é entender porque tínhamos que chegar ao fundo do poço.
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira – PE – julho de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Com a ida de Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central, o governo interino de Michel Temer, concluiu a formação da equipe econômica que irá conduzir os destinos da nossa tão sofrida economia. Ilan é um notável economista israelo-brasileiro de 50 anos, com passagem pelo gigante banco Itaú, onde fez um ótimo trabalho e agora vem juntar-se ao time comandado por Henrique Meirelles.
Os jornalistas esportivos, em sua maioria, costumam dizer que o futebol é o único esporte onde time de craque não tem a vitória garantida e isso nós vemos todos os dias. Nem sempre funciona o fato de ter o melhor time, o melhor treinador, jogar em casa com o apoio da torcida e outras considerações que fazemos em cada análise. Por isso, não é à toa que o futebol virou uma paixão mundial.
Sem sombra de dúvidas, o time escalado pelo ministro da Fazenda Henrique Meireles, é de craques, tem um bom técnico e joga com um forte apoio dos associados do clube (os agentes econômicos). Mas, como acontece no futebol, não basta chegar cheio de moral, tem que suar a camisa e convencer pelo bom futebol jogado.
E qual o segredo? Nenhum. Sabendo que nesse tipo de jogo não poderá haver empate e não há espaço para repetição dos erros anteriores, a equipe tem que organizar os números de nossas contas (suspeitos depois das pedaladas), arrumar as colunas das despesas e das receitas, botar a bola no pé e sair jogando.
E aqui eu me reporto a um comentarista econômico quando disse: “esse time é de gente que aprendeu fundamento, entende esquema tático na linguagem do técnico e sabe se posicionar em campo”. É bem diferente daquele pessoal que chama o técnico de professor e sai de campo feito o nosso querido Sport Clube do Recife, em suas últimas apresentações, dizendo: pois é, né? Agora é levantar a cabeça e tentar conseguir três pontos no próximo jogo.
Essa nova equipe econômica está no mesmo barco por onde passou Dilson Funaro (in-memorian), quando ficou conhecido pelo jargão “tem que dar certo”. Se não der certo não haverá mais nem campeonato, quanto mais partida de consolação. É vencer e vencer!
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira – PE – julho de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
O famigerado imposto taxado de “imposto do cheque”, que era destinado à saúde pública do País, em governos passados, tirou o sono de milhares de brasileiros, uma vez que a alíquota inicial de 0,38% chegava a alcançar quase 5%, em determinadas situações, quando se pagava o imposto várias vezes sobre o valor original, na famosa cadeia de endossos que envolviam as transações bancárias com emissão de cheques. A tal CPMF – Contribuição provisória sobre movimentação financeira criou uma ojeriza tão grande entre os brasileiros que ficou difícil a aplicabilidade da mesma nos dias atuais.
Dilma Rousseff, enquanto presidente, bem que ensaiou a volta do imposto. A equipe econômica do governo interino de Michel Temer não descarta a possibilidade de recriá-lo. O que deixa a desejar são os argumentos utilizados para que se volte o imposto: alívio nas contas públicas.
Prevalecendo o bom senso, vamos esquecer essa conversa de arrecadação de R$ 10 ou 12 bilhões, caso voltasse a cobrança da CPMF. Isso seria uma gota d’água no oceano. O problema do déficit público (e todas as suas contas) está no fato de que, este ano, o Brasil terá que rolar 22,65% (R$ 653,80 bilhões) de sua Dívida Pública Federal no prazo de apenas um ano. É isso mesmo: quase um quarto do que se deve aos bancos em investidores em real precisa ser pago em até 12 meses.
O Brasil devia, em março, segundo a Secretaria do tesouro Nacional, R$ 2,886 trilhão. Mas o problema está no perfil. Ou no prazo que ela vence e precisa ser paga, amortizada ou rolada. Além dos 22,65% em até 12 meses, tem mais R$ 378,7 bilhões em até dois anos; R$ 378,7 bilhões em até três anos, e mais R$ 378,7 bilhões em até quatro anos. Apenas R$ 352,5 bilhões dessa dívida vencem em até cinco anos. O Brasil não consegue vender 30% dos seus títulos com prazos de mais de cinco anos. Hoje são R$ 850, 4 bilhões.
Isso quer dizer o seguinte: quase metade (49,71%) do que o governo brasileiro deve aos bancos vence em até três anos, equivalendo a R$ 1,434 trilhão. E como ele não tem o dinheiro, rola a dívida. O que pouca gente lembra é que para pagar juros e amortizações, o Brasil gasta mais de R$ 1 trilhão por ano, o que torna irrelevante o debate sobre a recriação do imposto.
E agora uma perguntinha para encerrar as nossas considerações: será que esse problema crônico de má administração, gastos excessivos e mal distribuídos seria resolvido simplesmente com a volta da CPMF? A resposta foi dada com a leitura dos números acima. O problema maior é o governo achar que toda a sua irresponsabilidade deverá ser lançada nas costas do contribuinte.
DANIZETE SIQUEIRA DE LIMA
Afogados da Ingazeira – PE – junho de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Há exatos quarenta dias, o Senado aprovava o afastamento da presidente Dilma Rousseff por um período de 180 dias, conforme previsto em nossa Constituição. O balanço que se faz desse pouco tempo do governo interino não é dos melhores. Uma das primeiras medidas de Michel Temer foi a extinção dos ministérios da Previdência, do desenvolvimento Agrário e da Cultura e da Controladoria Geral da União. Depois da reação contra o fim do Ministério da Cultura e da pressão da classe artística, Temer tremeu, voltou atrás e recriou a pasta. Ele fundiu Ciência e Tecnologia com o Ministério das Comunicações.
Na esteira dos ajustes administrativos, já anunciou a reforma da Previdência, colocando, entre outros pontos, a idade mínima para aposentadoria de 65 anos. De quebra, o presidente em exercício, ignorou a legislação e exonerou o presidente da EBC, Ricardo Melo, que tinha o mandato de 4 anos. Na área social, Michel Temer bloqueou a construção de 25 mil casas populares e revogou 2 milhões de moradias, cuja construção geraria investimento de R$ 210,6 bilhões. Em pouco mais de um mês de (des)governo foi anunciado o corte de pelo menos 10 mil médicos estrangeiros do Programa Mais Médicos e enviado ao Congresso o projeto que acaba com os percentuais mínimos estabelecidos pela Constituição para as áreas de educação e saúde.
Para variar, o governo provisório também está marcado pela corrupção. Dos 23 ministros anunciados no primeiro momento, pelo menos sete estão sendo investigados pela Operação lava jato. Três deles já caíram: o pernambucano Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência) e Henrique Eduardo Alves (Turismo). Este último entregou sua carta de renúncia na última quinta feira (16/06), após delação feita por Sérgio Machado onde diz que ele também ajudou a partir o bolo.
Como se vê até aqui, o governo vem sendo uma tragédia para o Brasil e – principalmente-, para a população mais carente. Uma verdadeira volta ao passado, depois de mais de uma década de um projeto que tinha como prioridade o investimento em políticas sociais. A única forma de reverter esse quadro é ocupar as ruas e pressionar o Senado Federal e votar contra o afastamento definitivo de Dilma Rousseff, a “bolinha de ouro” do PT. Só assim a jovem democracia brasileira pode voltar à normalidade e seguir o rumo da história.
Quanto à permanência do governo que aí está, caso não haja uma mudança de conduta, só nos resta apelar para a máxima que nunca esteve tão verdadeira: “nada é tão ruim que não possa piorar”.
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira – PE – junho de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
O ítalo/brasileiro, colunista político Elio Gaspari, foi mais que lúcido em sua recente matéria sob o título, “A caravana do atraso”, a qual atenta para detalhes curiosos, quando o assunto é aposentadoria. Por exemplo, comenta ele: “ conservador é uma coisa, direita é outra, mas os males de Pindorama nunca vieram de uma nem de outra. Vieram do atraso que sustenta um pedaço do andar de cima. E prossegue: Michel Temer entrou no Planalto com a bandeira da reforma da Previdência. Ela gira em torno da elevação da idade com que os brasileiros podem se aposentar. Faz sentido que ninguém vá para a conta da viúva antes dos 65 anos. Falta explicar como ficarão as pessoas do andar de baixo que estão há décadas no sistema do INSS. Não foram elas quem quebraram a Previdência”.
Realmente, não foram elas. Foi o atraso. O próprio Michel Temer, quando procurador do estado de São Paulo, requereu sua aposentadoria em 1996, aos 55 anos de idade. A partir dali passou a receber R$ 9.300,00 (nove mil e trezentos reais) mensais. Naqueles dias, o cardiologista Adib Jatene, ícone da medicina brasileira comentava: “Tenho 66 anos de idade e 38 de serviço público. Não me aposentei”.
À época o deputado Temer relatava a reforma da Previdência dos outros. O deputado Ricardo Barros, ministro da saúde de Temer, diz que o SUS deve restringir suas atividades e aplaude a proliferação de planos privados. Ele não é freguês do SUS, mas sua campanha recebeu uma doação de R$ 100 mil da operadora de saúde privada Aliança. Já o Ministro do Desenvolvimento Social, doutor Osmar Terra, ponderou que é preciso “oportunizar” a saída de gente do Bolsa Família, e que esse cheque não pode virar “coleira política”. Nisso aí ele tem toda razão, mas nem todo mundo é capaz de “oportunizar” um acesso à “coleira” da Odebrecht, que injetou R$ 190 mil em sua campanha eleitoral.
Em sua matéria, o jornalista vai mais além quando se refere ao presidente interino:” Michel Temer, ao justificar sua aposentadoria disse que tudo foi feito dentro da legalidade, pois do contrário pareceria que era uma “safardana”. Nem ele, nem Barros ou Terra são safardanas. São apenas parte de um enorme e histórico processo de predominância do atraso”.
O patrono do ensino de Economia no Brasil é José da Silva Lisboa, o visconde de Cairu (1756-1835). Ele foi o primeiro professor de “Ciência Econômica” e propagava as ideias do escocês Adam Smith, o da “mão invisível” do mercado. Quando foi transferido de escola, Smith ofereceu-se para devolver aos alunos o dinheiro do curso.Cairu aposentou-se aos 50 anos e nunca deu uma aula.
Belo texto e digno de muita reflexão. O problema da previdência se arrasta há décadas e não será fácil corrigi-lo, principalmente, quando o fisiologismo se faz presente nas ações dos nossos governantes e a falta de vontade política é quem vai dando as cartas e transferindo sempre o problema para as gerações futuras.
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira-PE – junho de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Para onde vai o nosso dinheiro?
A presidente afastada Dilma Rousseff, logo após a votação do impeachment pela Câmara dos deputados, naturalmente confiando que permaneceria no cargo, enviou ao Congresso Nacional uma medida provisória alterando o orçamento para poder gastar mais R$ 100 milhões em publicidade na Presidência da República.
O ato com força de lei, seria validado pelos parlamentares nos próximos seis meses, caso ela não fosse afastada. O que nos chamou à atenção foi o fato de a presidência já contar com gastos previstos tanto institucional como de utilidade pública, na ordem de R$ 252 milhões. Desse valor, foram gastos até a sua saída cerca de R$ 80 milhões, de acordo com os dados do sistema de orçamento federal. Com a edição da medida, o governo mais que dobraria o valor que poderia gastar com esse item até o final do ano.
E o mais curioso: como o governo previa arrecadação menor, parte das despesas federais estavam bloqueadas desde fevereiro. Para aumentar o gasto com propaganda, a presidente afastada cortou R$ 100 milhões previstos para investimento no capital social da Eletrobras, estatal do setor elétrico. A empresa – aquela que Lula prometeu transformá-la numa Petrobras e deixou-a falida -, vem dando prejuízo e precisa de complemento de verba pública
para manter seus gastos. No orçamento para essa ação do governo era previsto gasto de R$ 5,8 bilhões neste ano, dos quais foram pagos somente R$ 1 bilhão.
A mesma medida também previa aumento de mais R$ 85 milhões nos gastos com obras para os jogos olímpicos no Rio. O dinheiro seria retirado de outro programa do próprio Ministério do Esporte, que previa gastos com projetos sociais que seriam deixados como legado e, com a transferência de verba, ficariam praticamente inviabilizados.
Como visto nos exemplos acima esse governo do PT gasta muito e mal, R$ 1 milhão de reais por dia somente para propaganda é muito mais que absurdo. É como se não existisse crise. Foi assim com a Copa do Mundo, lembram? O que conta é aparecer, depois a gente ver como faz para tapar o rombo. Dessa forma, está explicado porque o presidente interino está tendo dificuldades em tocar a máquina, encolhendo orçamentos de obras que não seriam concluídas
no prazo tipo o “Minha casa, Minha Dívida”, um dos programas sociais visto como a menina dos olhos desse governo desastroso, irresponsável e incompetente.
Não sabemos como o governo substituto irá se comportar. Foi muito difícil a aprovação do primeiro pacote de medidas, mas ele conseguiu. É bom que se registre que enquanto o senador da oposição, Humberto Costa, criticou a adoção das novas medidas, o Ministro Armando Monteiro fez rasgados elogios a equipe econômica atual e disse que algumas delas ele mesmo tentou sugerir à presidente afastada.
Concluímos nossa matéria usando o mesmo bordão da semana anterior: deixemos o homem trabalhar.
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira – PE – junho de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Nada neste mundo nos parece mais triste e doentio do que a ociosidade. E argumentos não nos faltam.
Ainda sob efeito eufórico por conta da votação no senado, que deu prosseguimento ao processo de impeachment da presidente, surgiu nas redes sociais uma cena que chamou à atenção de todo País. Nela, aparecia uma senhora entregando umas flores a Dilma Rousseff e,dizendo ser solidária a mesma, fazia rasgados elogios ao seu governo por prestigiar as famílias de baixa renda. A matéria dava conta de que uma família muito pobre viajou mais de dez horas para fazer essa homenagem a presidente afastada.
A ficha caiu logo após um “blogueiro de plantão” desmistificar o vídeo e traduzi-lo na íntegra: aquela senhora que entregara as flores pertence a uma família rica que mora em uma cidade do Pará e que tem como hobby viajar (não viaja a pé nem em carroças de burro). O vídeo que desfaz a farsa mostra aquela mesma senhora em hotéis de luxo, pela Europa, parecendo até sócia de alguma empresa aérea. Não que uma pessoa rica não pudesse fazer essa homenagem; o que nos chamou à atenção foi o sensacionalismo barato que a matéria tentou passar para a sociedade brasileira.
Aí vai mais uma que está estampado no caderno de Política do Jornal do Comércio, de 19 do corrente: a presidente afastada Dilma Rousseff e a ex-ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, disseram a internautas no Facebook que o governo interino, de Michel Temer, poderá cortar 95% do programa Bolsa Família, “numa canetada só”. Com isso, argumenta Dilma, “a cada 30 minutos, 22 crianças deixariam de frequentar a escola”. Respondendo a um questionamento de Mia Vargas, Dilma e Campello repetiam o argumento que a presidente afastada já vinha afirmando eu seus últimos discursos no planalto: Temer pode restringir o Bolsa Família a 5% dos beneficiários.
Na terça feira (17/05), o novo ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, disse ao Globo que projeta um desligamento de no máximo 10% dos beneficiários.
Essa irresponsabilidade com que Dilma vem agindo nos fez relembrar os seus disparates quando a oposição lhe criticava. Dizia ela: “fico indignada com essa turma do quanto pior, melhor. Essas pessoas não querem o bem do Brasil”.
Sei que a presidente afastada não ler os nossos comentários, mesmo assim vai aqui o nosso recado: senhora Dilma, o seu afastamento não lhe tirou os direitos presidenciais. Pelo menos nos 180 dias estão assegurados salário de R$ 30,9 mil, seguranças, residência oficial e outras regalias que o cargo proporciona. Sendo assim, aproveite o seu tempo para fazer alguma coisa positiva. Ajudar o País a senhora nunca quis, teve a chance de dois mandatos e jogou tudo fora. Mas tem outras coisas que poderão ser feitas fora do mandato, além de torcer pela
desgraça do seu sucessor.
Em suma: cuidemos da nossa vida e deixemos o homem trabalhar.
Danizete Siqueira de Lima.
Afogados da Ingazeira – PE – maio de 2016.