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OPINIÃO DO PERNINHA
Pegando o gancho em um editorial recente, a matéria de hoje está mais para informativa do que para tecer elogios e diz respeito à saúde, uma das áreas mais carentes que existe em nosso sofrido País.
No mês de setembro último, o Real Hospital Português de Beneficência, completou 161 anos de vida e de muita história, sobretudo dos avanços da medicina e do atendimento hospitalar em nosso estado. Uma das mais modernas instituições voltadas para a saúde no Brasil, entrou na vida dos pernambucanos num tempo em que a capital tinha pouco mais de 50 mil habitantes, quando profissional que se prezava tinha que trazer currículo da escola médica de Coimbra, em Portugal, e a população era estimulada por anúncios de medicações que prometiam mais efeitos e curavam mais males do que as sessões dos pastores de TV nos dias de hoje. Em 1855 eram muito conhecidas, por exemplo, as Pílulas Holloway, dadas como tiro certeiro contra acidentes epilépticos, asma, cólicas, convulsões, debilidade, desinteria, dores de garganta, barriga e rins, enxaqueca e por aí vai. Instalar um hospital num tempo de tanto imaginário tinha que ser uma tarefa sintonizada com a seriedade da Sociedade de Medicina de Pernambuco, que havia nascido 14 anos antes.
Mais do que refletir a exigência de um tempo de epidemias, como o cólera, o Português ajudaria a escrever a história médica de Pernambuco e bem cedo ocupou a paisagem física do Recife, como pode ser visto nas gravuras do alemão Franz Heinnrich Cals. Entre as paisagens pernambucanas gravadas por esse artista no século 19, lá está o Hospital Português, com figuras típicas da época, de cartola e bengala. Um cenário romântico para uma instituição às voltas com moléstias endêmicas e epidêmicas com predominância de tuberculose, varíola, malária, febre tifoide, febre amarela e sarampo. Imaginar o percurso dessa instituição é exercício acadêmico de fôlego porque ela está associada a quase 40 vezes o crescimento da população e o que isso representou de transformação no correr do tempo, com o desafio da atualidade científica em um espaço geográfico propício às doenças e com o compromisso humanista trazido no nome – Beneficência – e na prática.
Em suma, não há qualquer exagero quando distinguimos o Hospital Português como “uma cidade a serviço da saúde”. Ali está o maior complexo hospitalar do Norte e Nordeste, na área central do Recife, fazendo-se referência em todas as áreas da medicina, ganhando até uma conotação de grife hospitalar. Dizer-se “Está no Português” é um diferencial que impressiona e isso se deve aos avanços que incluem, por exemplo, um prédio inteiro dedicado à saúde do coração, com seis equipes de cirurgia cardíaca e o único da rede privada a realizar essas cirurgias pelo SUS- Sistema Único de Saúde.
Por essas e outras, embora tardiamente, nunca é de mais desejar os nossos parabéns ao Real Hospital Português, bem como, a todos os pernambucanos que contam com um atendimento médico sério e de alto nível conforme exposto em nossas considerações.
Danizete Siqueira de Lima – outubro de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
O argumento de golpe usado exaustivamente pelo Partido dos Trabalhadores, desde o afastamento da ex-presidente Dilma, em agosto último, perdeu totalmente o fôlego após o resultado das urnas de 02 de outubro. Nada melhor que uma eleição atrás da outra, na rotatividade própria ao exercício democrático do poder. Mesmo quando a decisão eleitoral diz respeito a cargos diferentes, como ocorre no Brasil de dois em dois anos.
Diante da falácia golpista, os eleitores de todo Brasil foram às urnas no primeiro domingo do mês e exprimiram com veemência a posição em que se encontram. E a posição mostrada de norte a sul, especialmente nas capitais, foi incisiva: pelo golpe legítimo da democracia, na contagem dos votos do povo, o partido que denunciava um golpe de Estado e se arvorava em falar como único detentor da vontade popular, sofreu o maior revés da sua história.
Os números do encolhimento são incontestáveis. Em 2012, o partido de Lula colheu 17,2 milhões de votos e elegeu 644 prefeitos. Desta vez, foram 6, 8 milhões de votos – queda de 60% – e a eleição, no melhor cenário, de 263 prefeitos, consolidando a redução de 59% em relação ao último pleito municipal. O baque na receita total gerida por prefeitos petistas é maior, de 84%, com base em dados da Secretaria do tesouro Nacional. A influência sobre o contingente populacional também despencou, de 38 milhões de pessoas para 6 milhões. Enquanto isso, outras agremiações assumiram o protagonismo, especialmente o PSDB – que foi chamado de golpista – que passa a ter influência semelhante ao nível da que possuía o PT quatro anos atrás.
O desempenho do partido que virou o centro das investigações da Operação Lava jato, e se tornou o reflexo da corrupção no País nos últimos 13 anos, foi irreconhecível, por exemplo, nas capitais nordestinas. A melhor colocação aconteceu no Recife, com a ida ao segundo turno. Em
Natal, Fortaleza e João Pessoa, o PT chegou apenas em terceiro lugar na disputa. Em Maceió voltou ao tempo em que mal aparecia nas pesquisas, amargando o quinto lugar. E nas demais capitais, o partido sequer apresentou candidatura própria. Em Recife, mesmo levando a eleição para o 2º turno, o partido só conseguiu eleger dois vereadores.
Como diria uma grande amigo meu: “o pau cantou” no País inteiro. Em São Paulo, a vitória do tucano João Doria ganhou repercussão nacional, entre outras razões, pela conquista de votos em regiões da periferia, redutos tradicionais do Partido dos Trabalhadores.
O ex-presidente Lula, em seus inflamados discursos, tem usado o refrão: “me aguardem em 2018”. Diante do cenário atual, cabe aqui a seguinte pergunta: será que dois anos é tempo suficiente para juntar toda a “cacaria” que o partido espalhou nesses treze anos de governo? E mais: Se o PT não reconhecia que o processo de impeachment da ex-presidente Dilma surgiu nas ruas, o resultado das urnas deixou bem claro que, se houve golpe, com certeza, os tiros de misericórdia que atingiram a ex-presidente Dilma, partiram das armas que estavam em poder do eleitorado.
Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – PE – outubro de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Na década de 1960, a dupla DOM e RAVEL estourou nas paradas com uma safra de músicas que ainda hoje são tocadas nas rádios brasileiras. Dentre elas, EU TE AMO MEU BRASIL, fez grande sucesso por ocasião da realização da Copa do Mundo no México, em 1970, sendo regravada, inclusive, pela banda Os Incríveis. Outros sucessos da dupla que não conseguiram envelhecer foram: você também é responsável, animais irracionais e um dos preferidos por este humilde cronista: só o amor constrói, quase 50 anos depois, vem me oferecer munição para a crônica que segue.
O ódio, um ódio feroz e implacável, está consumindo os brasileiros, inclusive afastando amigos, criando discórdias em famílias, descambando para a agressão física. O ódio, como sabemos, nada constrói. Quando amainar esse clima pesado de “terceiros” ou “quartos” turnos, seria bom que o brasileiro retomasse sua tradição mais recente, pós colonialismo, pós escravidão, pós golpismo desenfreado, a qual progressivamente o estava aproximando da civilização, da contemporaneidade de um mundo com boa quilometragem de cultura, da educação.
Parafraseando o jornalista Juracy Andrade, ”eis um ponto que sangra o País, a educação”. Há poucos dias, o senador Cristovam Buarque, numa entrevista, falava da nossa calamidade pública na área do ensino e educação, com escolas públicas precárias, professores despreparados e mal pagos, alunos desmotivados e um total descaso do poder público.
Enquanto países bem próximos como Argentina e Uruguai, investem em bom ensino desde o início do século passado, sucessivos desgovernos nossos involuem no setor.
Hoje ainda lembro do meu tempo de criança e das escolas que eram -quase todas- referência em nosso município, começando pelo Grupo Escolar Padre Carlos Cottart e seguindo até o Colégio Normal e o Ginásio Pinto de Campos. O sacerdócio era exercido de tal forma que as duas últimas escolas citadas eram conhecidas como o Colégio de D. Ione e o Ginásio de Luiz Alves, pelo amor que eles dedicavam à causa. O ensino público era excelente. Como não lembrar de professores como Durval Galdino, Socorro Dias, Elvira Siqueira, Geraldo Cipriano (in-memorian), Waldecy Menezes (in-memorian) e tantos outros daquela época?
Infelizmente nossas autoridades só pensam em fazer política, enquanto mais da metade dos deputados federais está emaranhado nas teias da justiça; e mais de um terço dos que fizeram parte da comissão do impeachment do senado responde a inquéritos do STF. As pessoas se
agridem nas ruas, por causa do Uber, por conta das opções políticas e até religiosas. Aquele espetáculo grotesco dos deputados declarando seus votos no impedimento da ex-presidente Dilma, por causa dos filhos, dos netos, é cômico se não fosse trágico.
Precisamos de uma Constituinte exclusiva, elaborada por personalidades, juristas sérios, cidadãos que não sejam políticos profissionais. Seria uma forma de mudar radicalmente todo o processo político, isolando essa casta de privilegiados que usam (ao seu bel prazer) o Congresso Nacional como se fosse um balcão de negócios.
Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – PE – Outubro de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Superação é a palavra de ordem
Endossando as palavras de um editorial que lemos recentemente, caso não surja um fato novo que o impeça de governar, o atual presidente tem cerca de dois anos para cuidar dos problemas acumulados em mais de uma década. É como se fosse um governo de meio mandato que tem de se superar sem perda de tempo. Começando pela revisão do modelo de repartição de poder consagrado na aliança entre o PT, o PMDB e demais siglas. Um modelo pernicioso, cuja fórmula em muito contribuiu para o impeachment da ex-presidente Dilma. Não existe a menor dúvida de que as bases da governabilidade daqui para frente devem ser outras, assim como a relação entre os poderes. A fragilização dos laços entre Executivo, Legislativo e Judiciário no governo Dilma foi uma das causas da crise política que deixou Brasília, por mais de um ano, em estado de letargia. Se não conseguir escapar do modelo viciado, Temer não terá condições de viabilizar as reformas e mudanças que a nação espera.
As primeiras palavras de Temer como presidente foram de reconhecimento dos desafios. O que é bom. A situação delicada em que o país se encontra não pede panos quentes. Para gerar empregos, recompor as finanças, recuperar a gestão e os serviços prestados pelo Estado, e restabelecer a confiança na população e no mercado, trazendo de volta os investimentos, Temer não pode querer “dourar a pílula”.
Muito há que ser feito e, nesse meio, nem tudo deverá agradar a todos. A transparência das propostas necessita deixar claro os propósitos, onde se quer chegar e quais os custos. Polêmicas surgirão, e terão que ser devidamente encaradas, não apenas pelo novo governo, mas principalmente pelo Congresso, além da representação da população, como governadores, prefeitos e parlamentares estaduais e municipais. A superação, nesse instante, é uma meta nacional, e não apenas do governo Temer.
O peso da responsabilidade é enorme, proporcional ao tamanho das questões que demandam respostas urgentes. A aprovação de um teto para os gastos públicos, limitando o reajuste à inflação do ano anterior, será um sinal de seriedade da disposição do novo governo. Em suma: só se gastará um centavo a mais se houver arrecadação para isso. Dessa forma, ficariam para trás as mágicas orçamentárias e a irresponsabilidade fiscal. O outro passo, não menos importante, será a reforma da Previdência – (que representa mais de 40% das despesas da União – o controle dos gastos permitiria a redução da dívida pública, que ameaça bater na casa de 50% do PIB em 2017.
As prioridades evidenciam a dimensão dos desafios: arrumar a administração decomposta pelo aparelhamento político, pela corrupção e pelo desleixo, e alavancar a economia para produzir resultados concretos para a população. Pode ser muito bonito como está no papel, mas, haveremos de convir, não há outra saída. Para vencer as múltiplas crises, o governo Temer terá que se desdobrar, mantendo o foco nas metas estabelecidas, além de superar as provocações políticas que continuarão como único propósito de tentar barrar o seu caminho.
Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – PE – outubro de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Dia desses tomando uma cervejinha em um bar de nossa cidade, sem querer, presenciamos uma discussão acalorada entre dois amigos quando um deles virou-se para o outro e disse: você precisa acabar com essa mania de querer ser mais honesto que os outros. Mais tarde, começamos a fazer uma reflexão sobre o que acabávamos de ouvir e aí lembramos das célebres palavras proferidas pelo grande Rui Barbosa, baiano de Salvador, que faleceu em 01/03/1923, aos 73 anos de idade. Disse ele: “De tanto ver
triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Em tempo de PeTralhadas, com Mensalão, Petrolão e os diversos escândalos verificados nas operações da Lava Jato, as palavras do jurista nunca estiveram tão atualizadas e aí perguntamos: será que ser honesto deixou de ser uma qualidade? Com a “epidemia” de desonestidade que tem se alastrado pelo pais afora, fica a impressão de que ser honesto passou a ser sinônimo de burrice.
É fato que no mundo sempre houve gente desonesta. Mas não há como saber se atualmente existem mais desonestos (proporcionalmente) do que no passado. Sem falar quem hoje em dia, há uma divulgação maior das práticas desonestas, em face dos meios de comunicação .O que mais irrita os brasileiros é a impunidade que deixa os corruptos soltos e bem à vontade. Quer seja na esfera pública ou privada, e próximos do poder e do dinheiro. Diante desse cenário, surgem questões conflitantes como: vale a pena ser honesto? Até que ponto ser chamado ou classificado de desonesto nos incomoda? A honestidade é reflexo do nosso caráter, dos valores e das crenças adquiridos ao longo da vida e que, muitas vezes, foram herdados de nossos antepassados.
Não existe pessoa mais ou menos honesta ou mais ou menos desonesta. A palavra honestidade não admite meio termo. Se a justiça brasileira é incapaz de punir os desonestos, a opinião pública não deve se render. Pelo contrário, deve dar bons exemplos e se manter firme não corroborando com negociatas e falcatruas.
Ao lembrarmos da expressão “mania de ser honesto” chegamos a pensar que a honestidade deixou de ser um princípio, a ambição desmedida nos ensina a ser cada vez mais competitivos, praticamente nos obrigando a passar por cima de tudo e de todos para alcançar os fins desejados. Apesar de tudo fazer o que estiver ao nosso alcance para manter a integridade não pode ser considerado algo anormal. Nossas atitudes devem transmitir clareza e confiança para aqueles que ainda duvidam da honestidade.
Fatos corriqueiros, como o ato de devolver ao dono algo encontrado que não nos pertence ou um troco recebido a maior, contribuem para afastar o estigma nacional da malandragem. Pouco importa se no caminho dessas boas práticas sejamos rotulados de “ingênuos”. O melhor de tudo é colocarmos a cabeça no travesseiro, sonharmos e dormirmos o quanto pudermos, sem que o peso do remorso perturbe as nossas consciências.
Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – setembro de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Passados 20 dias da cassação do mandato da ex-presidente Dilma Rousseff e, convivendo com toda a euforia natural de uma campanha municipal, nos vem à mente a imagem de desolação vivida por Lula (seu padrinho político), sentado nas galerias do Senado. Logo ele que, além de muito vaidoso, já foi estrela na mesa principal. É provável que o ex-presidente deva ter ruminado uma de suas piores tristezas ao ver a sua sucessora se defendendo das acusações de impeachment. Ela fez tudo errado, deve ter pensado; era só fazer como eu vinha fazendo, poderia dizer. Em dezembro de 2010, Lula lhe entregou um pais crescendo com um superávit primário de 2% (mais de R$ 100 bilhões) que chegaria a 3% (aproximadamente R$ 180 bilhões) seis meses após ela tomar posse.
O problema é que Dilma decidiu ser Dilma e explodiu as despesas. Um ano após assumir, o superávit era o que Lula deixara e foi caindo até virar déficit depois da eleição de 2014. Quatro anos depois da posse, Dilma tinha torrado tudo o que Lula lhe entregara de arrecadação maior que despesa, iniciando o segundo governo no vermelho. Em janeiro último, já era (-2%). Em julho, já com Michel Temer interino, o déficit era de quase (-2,6%) e crescendo. Pouco importa se Dilma caiu pelo conjunto da obra, pedaladas ou decretos do Plano Safra. Em 2012, quando a receita parou de crescer, de forma mais que irresponsável ela manteve o pé no acelerador das despesas.
A propósito do Impeachment de Dilma, o pernambucano José Múcio Monteiro, Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), fez um ruidoso desabafo sobre a presidente afastada. Para ele, ela é inábil, vaidosa, soberba e autoritária. Múcio diz que se fosse o ex-presidente Lula (PT), de quem foi ministro e amigo, tudo seria diferente: o petista admitiria erro nas pedaladas, diria que fez irregularidades para não faltar dinheiro aos programas sociais e corrigiria. Pronto. Sem rejeição de contas nem impeachment.
Nos Tribunais de Contas, é normal haver termos de ajuste de conduta, em que um governante se compromete a não insistir em erro. Mas antes é preciso admitir, coisa que Dilma não fez. Sem a correção, o desastre veio em sequência: condenação das pedaladas, das contas de 2014 e, em breve, das contas de 2015 também. “Antes de uma crise política, passamos pela crise de temperamento de uma pessoa verdadeiramente não vocacionada para a vida pública”, diz Múcio. Ele cita o ex-presidente dos EUA Richard Nixon, que renunciou em agosto de 1974 após uma série de escândalos.
No nosso caso, se a então presidente Dilma renuncia, teríamos evitado toda essa balbúrdia e a paralisação do país por alguns meses, quando o mesmo tem pressa para sair de sua estagnação. O problema agora não é Dilma deixar de ser presidente é o que Temer terá de fazer para virar o sentido da curva do resultado primário. Vai doer, e muito.
Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – setembro de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Quem, dentre os nossos leitores, já ouviu a frase acima? Acreditamos que muitos e, embora não concordemos com a afirmativa, vez por outra, alguns acontecimentos desagradáveis nos levam a acreditar que o mês é, realmente, muito sinistro ou mais sinistro que os demais. Sempre tem sido em agosto. É um mês romano criado no século VIII para homenagear o Imperador Cézar Augusto, que reformou a estrutura de governo do Império Romano e conquistou novos territórios. Agosto é o mês que se encaixa no folclore ou na superstição, conhecida por criar tempestades políticas e fortes intempéries.
Os supersticiosos chamam-no de “Desgosto”, tamanha a sua voracidade. E os políticos mais cuidadosos morrem de medo deste mês. Se não, vejamos: no dia 24.08.1954, assistimos à morte (suicídio) do presidente Getúlio Vargas; em 25.08.1961 vimos à queda do presidente Jânio Quadros que renunciou, atribuindo a decisão a “forças terríveis”; em 22.08.1976, num acidente de automóvel morreu o presidente Juscelino Kubitschek; em 13.08.2005 foi a vez do dr. Miguel Arraes; mais recentemente, em 13.08.2014, veio o acidente que provocou a morte do ex-governador de PE, Eduardo Campos. E, ao apagar das luzes do último agosto, a ex-presidente Dilma Rousseff teve o seu impeachment decretado pelo Senado Federal.
Por muito pouco, o ex-deputado Eduardo Cunha não entrou nessa estatística. Sujeito inteligente, ousado e escorregadio feito quiabo, o mentor do processo de impeachment de Dilma tinha um processo de cassação se arrastando há mais de 300 dias e foi cassado na última 2ª feira com suspensão dos direitos políticos por 8 (oito) anos, em conformidade com o art 52 da Constituição Brasileira. Diferentemente do que ocorreu na votação pelo impeachment da ex-presidente – quando fizeram um arrumadinho e votaram em dois tempos – abrindo um grave precedente para cassações futuras, dependendo de quem seja o réu.
Dilma sofreu impeachment por conta de pedaladas fiscais e empréstimos de bancos públicos para manter a política agrícola, sem o pagamento dentro do prazo legal. Cunha não pedalou mas acelerou fundo em suas pretensões e é um forte candidato às algemas da Polícia Federal, além de ter que devolver aos cofres públicos uma ninharia em torno de R$ 30 milhões de reais. Não sei onde ele vai arranjar, pois nem conta bancária o homem possui (foi o que ele disse por várias vezes quando entrevistado). Mentiu para a justiça, mentiu para o Conselho de Ética e vai continuar mentindo. Esse “sujeito” não tem jeito mesmo. Envolvido até o gogó no maior “programa de governo do PT – o Petrolão” foi acusado por falta de decoro parlamentar quando enviou uns reaisinhos para paraísos fiscais e por um lapso de memória não declarou à Receita Federal. Tadinho!.
Fora do meio político, agosto/2016, reservou dois acontecimentos que chocaram a população de Afogados, por terem surgido de forma abrupta e bastante cruel. Foram as mortes de Alfredo Marques de Brito (Alfredinho) e Eduardo Veras (Dardo). Dois grandes amigos com os quais tive a grata satisfação de conviver e que hoje habitam na morada Celeste.
Dando sequência às tragédias, setembro nos traz o início da propaganda eleitoral dita gratuita das eleições municipais na TV e no rádio, uma parafernália de baboseiras, onde cada candidato deverá mostrar-se à sociedade apresentando as suas facetas e as suas qualidades. Qualidades
e facetas estas que, quando eleitos, não conseguem esconder a farsa por muito tempo. Salvo raríssimas exceções, é claro.
Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – PE – setembro de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Do ponto de vista político, o início da gestão Michel Temer mostrou uma melhora das relações entre o Planalto e o Congresso, mas traz uma sequência de desafios que podem atrapalhar a governabilidade. Entram nessa lista as pautas polêmicas no Congresso, a constante ameaça do
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e os avanços da Operação Lava Jato.
Principal dor de cabeça de Dilma Rousseff, o Congresso ajudou Temer, aprovando o déficit de R$ 170,5 bilhões, mas impôs derrota na renegociação das dívidas dos estados. A eleição do aliado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara também enfraqueceu o centrão.
Para ganhar estabilidade, o presidente, enquanto interino, recebeu mais de cem parlamentares, conforme Antônio Augusto de Queiroz, analista político do departamento Intersindical de assessoria Parlamentar (Diap). “É evidente que houve uma alteração significativa no padrão de relacionamento com o Congresso. A ex-presidente Dilma, em certa medida, negligenciou o Parlamento”, explica.
“O governo tem uma base ampla, mas que tem suas contradições e disputas internas. O grupo que elegeu Rodrigo Maia tem um apoio mais consistente. O pessoal do centrão oferece um apoio condicionado, negociando cada pauta. O governo precisará ter muita capacidade de
articulação”, conforme avalia o analista.
No primeiro mês de governo, Temer viu três ministros renunciarem por citação na Lava Jato ou por terem sido gravados criticando as investigações, caso do ex-titular da Transparência Fabiano Silveira. No começo de agosto, vazamentos nas delações de executivos da Odebrecht citaram pedidos de dinheiro para campanha partindo do próprio Temer, e dos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB) e das Relações Exteriores, José Serra (PSDB).
Para variar, todos negam irregularidades.
Com a confirmação do impeachment de Dilma, na última quarta feira (31.08), respaldado no que reza a Constituição, o presidente deixou de ser interino para assumir as rédeas do poder até 2018, caso não surjam disposições em contrário. A grande expectativa dos brasileiros é que
saiam do papel as tão propaladas reformas, dando uma guinada na economia, para que o País volte a crescer gerando emprego e renda para classe operária, sem descuidar das obras sociais e de infraestrutura que possam reacender as esperanças de um povo que não suporta mais
tanto desmando e corrupção instalados em nossa República nos últimos anos.
Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira –PE – setembro de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Com o encerramento das Olimpíadas, aos poucos, as coisas vão voltando ao seu curso normal e, como não poderia ser diferente, a palavra de ordem passou a ser a conclusão do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, que já se arrasta há mais de 120 dias, tempo considerado longo se levarmos em conta que o país parou e esse estado de letargia só serve para postergar a agonia do paciente. Considerando o desgaste emocional e político por onde passam os atores e coadjuvantes desse processo, comparada a forma como deu-se a saída do Reino Unido da União Europeia, achamos por bem pegar um “gancho” numa matéria recente do Jornal do Commercio, assinada por DAYSE DE VASCONCELOS MAYER.
Quando não existia o jogo do Pokémon – a nova febre digital – as crianças gostavam de brincar da dança das cadeiras. Vários assentos eram postos em círculo, mas colocava-se um assento a menos que as crianças. A música começava a tocar e os meninos giravam ao redor dos bancos até que a melodia findasse. Havia sempre o medo de que a canção cessasse abruptamente e ficássemos sem banco. Por isso não era raro que o ritmo em torno do círculo fosse amainando e alguns participantes sentassem antes da hora.
Como diria o famoso químico Lavoisier: “na vida nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. É o que ocorre com a política. Por vezes a música assume um toque mais célere e os personagens descarregam uma boa dose de adrenalina. Outras vezes o ritmo é mais lento e as figuras tendem a reduzir o passo. A questão central é mesmo o poder, palavrinha afrodisíaca, luxuriosa e lasciva. Curioso é que há fatos que podem transformar, acidentalmente, a voluptuosidade do poder. Acontece quando estamos numa encruzilhada: edificar ou desconstruir?
Basta sair da nossa paróquia – o Brasil – e sobrevoar outras realidades. Certamente a nossa sociedade, mais preocupada com problemas caseiros, fica distante das questões que dizem respeito, por exemplo, à saída do reino Unido da União Europeia. O referendo comunicou ao Primeiro Ministro David Cameron a aflição que gera qualquer divórcio ou separação e o esforço de reconstrução que o acontecimento exige. Muito britanicamente, Cameron renunciou.
Diferente do que sucede em nosso País, tudo foi muito rápido e Theresa May assumiu as funções, com as devidas reverências perante a rainha. Antes, tivemos, diante do n° 10 da Downing Street – residência e escritório do primeiro-ministro -, o discurso de despedida de Cameron. Concluído o ato oficial, o político caminha na direção da casa 10. Convicto de que câmera e som estavam desligados, ele cantarola uma musiquinha.
Qual a razão de tanto acendimento ou alegria? O povo costuma chamar o poder de “osso canino”: nenhum cão deseja largar. Mas nem sempre é assim quando está em jogo o interesse público. É o caso do ex-ministro. Insistir em mordiscar o osso seria revelar que os interesses pessoais eram mais relevantes que o interesse de todos. Uma boa lição inglesa.
Pena que aqui em nossa “República de bananas” as coisas funcionem ligeiramente diferentes.
Danizete Siqueira de Lima – agosto de 2016.
OPINIÃO DO PERNINHA
Passados os jogos olímpicos chegamos à segunda feira (22/08) quando, no café da manhã, sou surpreendido com uma pergunta que vem de minha esposa: e a crônica da semana vais fazer sobre qual tema? Sem pestanejar, lhe respondo com outra pergunta: o que é que você acha? Não há como ser diferente, vou escrever sobre o OURO que Yane representa. E sabe por quê? Simplesmente pelo seu histórico. Essa guerreira de 32 anos, medindo 1,67m de altura e pesando 53kg, coleciona no pentatlo moderno nada mais nada menos que 10 títulos; ganhou o primeiro em 2005 e não parou mais de colecioná-los.
Quanto as Olimpíadas últimas, ainda estão gravadas em minha mente as cenas mostradas pela TV, por ocasião da entrada triunfante de nossa heroína, na Vila Olímpica do Rio de Janeiro, com o sorriso estampado no rosto e uma alegria contagiante na hora que conduzia a bandeira verde/ amarelo e – mais ainda – quando encerrava as suas apresentações vestida com a bandeira de Afogados da Ingazeira. É emoção demais para um sessentão como eu.
Por certo, com todo respeito aos leitores, haverá algum idiota que questione: mas ela não ganhou medalha. E precisava? Yane já é o próprio OURO. Em um País que não valoriza os seus filhos, que não se preocupa com o futuro dos jovens e que não tem verbas para alcançar a cultura e o esporte na preparação dos atletas menos favorecidos, Yane se sobressai e encanta o mundo. Num universo de quase 5 bilhões de telespectadores, que tem acesso aos canais de comunicação, indo do Oiapoque ao Chui, cortando toda a linha divisória do Equador ou por onde sua imaginação divagar, essa sertaneja, mais uma vez, mostrou sua personalidade forte, seu equilíbrio e espírito desportista como uma “marca registrada” usada em sua trajetória campeã para escrever com letras de OURO toda a sua história.
História que ficará para as gerações futuras. Aos mais curiosos, sugiro que deem uma olhadinha em sua biografia; aos mais novos, sugiro que lhe copiem e aos que não ouviram falar sobre ela ou não tiveram a oportunidade de conhecê-la, o meu lamento. Enfrentar uma competição desse nível, adentrando a uma praça de esportes com o peso da nossa Bandeira, largando um minuto e sete segundos após as outras competidoras e concluir uma prova com a determinação, garra e lucidez que a Yane apresentou não tinha como não emocionar até o mais sisudo expectador.
A nossa crítica vai para o poder público, mais precisamente, para a gestão municipal. Com certeza ,não há quem diga que Yane é filha de Afogados. Sabem por quê? Colocar um telão em praça pública, para que o povo assistisse as apresentações da Yane, ficou muito abaixo do preço da nossa atleta. Coisa parecida foi feita em algumas cidades na semi-final da Copa do Mundo de 2014, quando amargarmos aquele massacre de 7 x1 pela Seleção alemã. Ali sim, a dor foi maior do que os gastos; agora não, Yane foi quem se gastou por nós. E, independentemente da colocação, deu o seu recado. Recado de bravura, de pajeuzeira determinada, de patriotismo, de compromisso cívico, de guerreira e por que não dizer: de exemplo a ser copiado pelas gerações que – apesar dos pesares – ainda acreditam na aurora de um novo dia.
Por tudo isso YANE será sempre o OURO que toda nação gostaria de ter. Sem telão em praça pública (coisa muito pequena), ela é e será eternamente o OURO que orgulha Afogados e engrandece o País. É o pódio que ficará para a história. Parabéns Yane, valeu, outra vez!
Danizete Siqueira de Lima- Afogados da Ingazeira – agosto de 2016.