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OPINIÃO DO PERNINHA

perninha-1Mania de ser honesto

Dia desses tomando uma cervejinha em um bar de nossa cidade, sem querer, presenciamos uma discussão acalorada entre dois amigos quando um deles virou-se para o outro e disse: você precisa acabar com essa mania de querer ser mais honesto que os outros. Mais tarde, começamos a fazer uma reflexão sobre o que acabávamos de ouvir e aí lembramos das célebres palavras proferidas pelo grande Rui Barbosa, baiano de Salvador, que faleceu em 01/03/1923, aos 73 anos de idade. Disse ele: “De tanto ver
triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

Em tempo de PeTralhadas, com Mensalão, Petrolão e os diversos escândalos verificados nas operações da Lava Jato, as palavras do jurista nunca estiveram tão atualizadas e aí perguntamos: será que ser honesto deixou de ser uma qualidade? Com a “epidemia” de desonestidade que tem se alastrado pelo pais afora, fica a impressão de que ser honesto passou a ser sinônimo de burrice.

É fato que no mundo sempre houve gente desonesta. Mas não há como saber se atualmente existem mais desonestos (proporcionalmente) do que no passado. Sem falar quem hoje em dia, há uma divulgação maior das práticas desonestas, em face dos meios de comunicação .O que mais irrita os brasileiros é a impunidade que deixa os corruptos soltos e bem à vontade. Quer seja na esfera pública ou privada, e próximos do poder e do dinheiro. Diante desse cenário, surgem questões conflitantes como: vale a pena ser honesto? Até que ponto ser chamado ou classificado de desonesto nos incomoda? A honestidade é reflexo do nosso caráter, dos valores e das crenças adquiridos ao longo da vida e que, muitas vezes, foram herdados de nossos antepassados.

Não existe pessoa mais ou menos honesta ou mais ou menos desonesta. A palavra honestidade não admite meio termo. Se a justiça brasileira é incapaz de punir os desonestos, a opinião pública não deve se render. Pelo contrário, deve dar bons exemplos e se manter firme não corroborando com negociatas e falcatruas.

Ao lembrarmos da expressão “mania de ser honesto” chegamos a pensar que a honestidade deixou de ser um princípio, a ambição desmedida nos ensina a ser cada vez mais competitivos, praticamente nos obrigando a passar por cima de tudo e de todos para alcançar os fins desejados. Apesar de tudo fazer o que estiver ao nosso alcance para manter a integridade não pode ser considerado algo anormal. Nossas atitudes devem transmitir clareza e confiança para aqueles que ainda duvidam da honestidade.

Fatos corriqueiros, como o ato de devolver ao dono algo encontrado que não nos pertence ou um troco recebido a maior, contribuem para afastar o estigma nacional da malandragem. Pouco importa se no caminho dessas boas práticas sejamos rotulados de “ingênuos”. O melhor de tudo é colocarmos a cabeça no travesseiro, sonharmos e dormirmos o quanto pudermos, sem que o peso do remorso perturbe as nossas consciências.

Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – setembro de 2016.


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