Do ponto de vista político, o início da gestão Michel Temer mostrou uma melhora das relações entre o Planalto e o Congresso, mas traz uma sequência de desafios que podem atrapalhar a governabilidade. Entram nessa lista as pautas polêmicas no Congresso, a constante ameaça do
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e os avanços da Operação Lava Jato.
Principal dor de cabeça de Dilma Rousseff, o Congresso ajudou Temer, aprovando o déficit de R$ 170,5 bilhões, mas impôs derrota na renegociação das dívidas dos estados. A eleição do aliado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara também enfraqueceu o centrão.
Para ganhar estabilidade, o presidente, enquanto interino, recebeu mais de cem parlamentares, conforme Antônio Augusto de Queiroz, analista político do departamento Intersindical de assessoria Parlamentar (Diap). “É evidente que houve uma alteração significativa no padrão de relacionamento com o Congresso. A ex-presidente Dilma, em certa medida, negligenciou o Parlamento”, explica.
“O governo tem uma base ampla, mas que tem suas contradições e disputas internas. O grupo que elegeu Rodrigo Maia tem um apoio mais consistente. O pessoal do centrão oferece um apoio condicionado, negociando cada pauta. O governo precisará ter muita capacidade de
articulação”, conforme avalia o analista.
No primeiro mês de governo, Temer viu três ministros renunciarem por citação na Lava Jato ou por terem sido gravados criticando as investigações, caso do ex-titular da Transparência Fabiano Silveira. No começo de agosto, vazamentos nas delações de executivos da Odebrecht citaram pedidos de dinheiro para campanha partindo do próprio Temer, e dos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB) e das Relações Exteriores, José Serra (PSDB).
Para variar, todos negam irregularidades.
Com a confirmação do impeachment de Dilma, na última quarta feira (31.08), respaldado no que reza a Constituição, o presidente deixou de ser interino para assumir as rédeas do poder até 2018, caso não surjam disposições em contrário. A grande expectativa dos brasileiros é que
saiam do papel as tão propaladas reformas, dando uma guinada na economia, para que o País volte a crescer gerando emprego e renda para classe operária, sem descuidar das obras sociais e de infraestrutura que possam reacender as esperanças de um povo que não suporta mais
tanto desmando e corrupção instalados em nossa República nos últimos anos.
Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira –PE – setembro de 2016.