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OPINIÃO DO PERNINHA

perninha-1Onde foi que Dilma errou?

Passados 20 dias da cassação do mandato da ex-presidente Dilma Rousseff e, convivendo com toda a euforia natural de uma campanha municipal, nos vem à mente a imagem de desolação vivida por Lula (seu padrinho político), sentado nas galerias do Senado. Logo ele que, além de muito vaidoso, já foi estrela na mesa principal. É provável que o ex-presidente deva ter ruminado uma de suas piores tristezas ao ver a sua sucessora se defendendo das acusações de impeachment. Ela fez tudo errado, deve ter pensado; era só fazer como eu vinha fazendo, poderia dizer. Em dezembro de 2010, Lula lhe entregou um pais crescendo com um superávit primário de 2% (mais de R$ 100 bilhões) que chegaria a 3% (aproximadamente R$ 180 bilhões) seis meses após ela tomar posse.

O problema é que Dilma decidiu ser Dilma e explodiu as despesas. Um ano após assumir, o superávit era o que Lula deixara e foi caindo até virar déficit depois da eleição de 2014. Quatro anos depois da posse, Dilma tinha torrado tudo o que Lula lhe entregara de arrecadação maior que despesa, iniciando o segundo governo no vermelho. Em janeiro último, já era (-2%). Em julho, já com Michel Temer interino, o déficit era de quase (-2,6%) e crescendo. Pouco importa se Dilma caiu pelo conjunto da obra, pedaladas ou decretos do Plano Safra. Em 2012, quando a receita parou de crescer, de forma mais que irresponsável ela manteve o pé no acelerador das despesas.

A propósito do Impeachment de Dilma, o pernambucano José Múcio Monteiro, Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), fez um ruidoso desabafo sobre a presidente afastada. Para ele, ela é inábil, vaidosa, soberba e autoritária. Múcio diz que se fosse o ex-presidente Lula (PT), de quem foi ministro e amigo, tudo seria diferente: o petista admitiria erro nas pedaladas, diria que fez irregularidades para não faltar dinheiro aos programas sociais e corrigiria. Pronto. Sem rejeição de contas nem impeachment.

Nos Tribunais de Contas, é normal haver termos de ajuste de conduta, em que um governante se compromete a não insistir em erro. Mas antes é preciso admitir, coisa que Dilma não fez. Sem a correção, o desastre veio em sequência: condenação das pedaladas, das contas de 2014 e, em breve, das contas de 2015 também. “Antes de uma crise política, passamos pela crise de temperamento de uma pessoa verdadeiramente não vocacionada para a vida pública”, diz Múcio. Ele cita o ex-presidente dos EUA Richard Nixon, que renunciou em agosto de 1974 após uma série de escândalos.

No nosso caso, se a então presidente Dilma renuncia, teríamos evitado toda essa balbúrdia e a paralisação do país por alguns meses, quando o mesmo tem pressa para sair de sua estagnação. O problema agora não é Dilma deixar de ser presidente é o que Temer terá de fazer para virar o sentido da curva do resultado primário. Vai doer, e muito.

Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – setembro de 2016.


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