Pela entrevista que o novo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu à Rádio Jornal na segunda feira 18/07, o governo federal deve ser capaz de cortar gastos e promover a geração de receitas investindo na eficiência administrativa, e não, apelando para o aumento de impostos como último recurso para tirar o País do vermelho. A unificação da base do governo interino de Michel Temer é um dos pressupostos para a aprovação de medidas importantes, visando o apaziguamento da crise política e o início da retomada econômica.
Ainda sob a repercussão de sua vitória na eleição da Casa, o democrata tem buscado fazer jus à expectativa em torno de um novo tempo no Parlamento – e nas relações do Congresso com os demais poderes. O realinhamento de forças após o afastamento de Dilma Rousseff, ainda com o processo do impeachment em andamento, ganhou outra dimensão com a saída definitiva de Eduardo Cunha de cena, e a ascensão de um político com credibilidade e trânsito em diversos partidos. Vale registrar que Maia foi eleito presidente da Câmara com o apoio de integrantes do PT e do PC do B, além dos partidos que devem compor a base governista no caso de Dilma vir a ter o afastamento confirmado pelo Senado.
Durante a sua entrevista na Rádio Jornal, Rodrigo Maia enfatizou a necessidade de recomposição da base, unindo o chamado centrão, que era comandado por Cunha, e a antiga oposição à gestão petista. Com a base aliada falando a mesma linguagem e votando com coerência, o diálogo com a oposição que se forma ao governo Temer poderá ser facilitado, bem como a apreciação de matérias de interesse da população. “A Câmara precisa superar o momento ruim e voltar a fazer política de verdade”, afirmou Maia. “Voltar a debater, e tirar um pouco desse ranço do toma lá, dá cá”.
Será um verdadeiro sopro de renovação na combalida imagem do Parlamento, se as intenções do novo presidente da Câmara receberem apoio da maioria da Casa, deixando o comportamento vergonhoso e o baixo espírito público de tantos deputados para trás.
Noutro ponto da entrevista, o democrata se mostrou contrário a qualquer hipótese de aumento de impostos. Uma posição elogiável, que reflete o pensamento de diversos setores da sociedade, em face do desencontro entre a alta carga tributária no bolso dos brasileiros e a sofrível contrapartida de serviços e infraestrutura por parte do Estado. “Tapar um buraco com a falsa expectativa de aumento de receita por aumento de imposto não resolve”, disse, sugerindo uma reforma estatal focada nas despesas, ou seja, enxugando a máquina e melhorando a gestão. Para a ideia valer, o Legislativo bem que poderia dar o exemplo, no corte de gastos e privilégios, em nome da austeridade pregada no âmbito do Executivo.
A nós, pobres mortais, só resta apelar para a sorte e pedir a Deus que ilumine a cabeça daqueles que conduzem os destinos dessa Nação. Mesmo porque ninguém aguenta mais tanto descalabro, incompetência e falta de compromisso com as questões maiores.
Fonte: editorial do Jornal do Comércio.
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira – julho de 2016.