Nada neste mundo nos parece mais triste e doentio do que a ociosidade. E argumentos não nos faltam.
Ainda sob efeito eufórico por conta da votação no senado, que deu prosseguimento ao processo de impeachment da presidente, surgiu nas redes sociais uma cena que chamou à atenção de todo País. Nela, aparecia uma senhora entregando umas flores a Dilma Rousseff e,dizendo ser solidária a mesma, fazia rasgados elogios ao seu governo por prestigiar as famílias de baixa renda. A matéria dava conta de que uma família muito pobre viajou mais de dez horas para fazer essa homenagem a presidente afastada.
A ficha caiu logo após um “blogueiro de plantão” desmistificar o vídeo e traduzi-lo na íntegra: aquela senhora que entregara as flores pertence a uma família rica que mora em uma cidade do Pará e que tem como hobby viajar (não viaja a pé nem em carroças de burro). O vídeo que desfaz a farsa mostra aquela mesma senhora em hotéis de luxo, pela Europa, parecendo até sócia de alguma empresa aérea. Não que uma pessoa rica não pudesse fazer essa homenagem; o que nos chamou à atenção foi o sensacionalismo barato que a matéria tentou passar para a sociedade brasileira.
Aí vai mais uma que está estampado no caderno de Política do Jornal do Comércio, de 19 do corrente: a presidente afastada Dilma Rousseff e a ex-ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, disseram a internautas no Facebook que o governo interino, de Michel Temer, poderá cortar 95% do programa Bolsa Família, “numa canetada só”. Com isso, argumenta Dilma, “a cada 30 minutos, 22 crianças deixariam de frequentar a escola”. Respondendo a um questionamento de Mia Vargas, Dilma e Campello repetiam o argumento que a presidente afastada já vinha afirmando eu seus últimos discursos no planalto: Temer pode restringir o Bolsa Família a 5% dos beneficiários.
Na terça feira (17/05), o novo ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, disse ao Globo que projeta um desligamento de no máximo 10% dos beneficiários.
Essa irresponsabilidade com que Dilma vem agindo nos fez relembrar os seus disparates quando a oposição lhe criticava. Dizia ela: “fico indignada com essa turma do quanto pior, melhor. Essas pessoas não querem o bem do Brasil”.
Sei que a presidente afastada não ler os nossos comentários, mesmo assim vai aqui o nosso recado: senhora Dilma, o seu afastamento não lhe tirou os direitos presidenciais. Pelo menos nos 180 dias estão assegurados salário de R$ 30,9 mil, seguranças, residência oficial e outras regalias que o cargo proporciona. Sendo assim, aproveite o seu tempo para fazer alguma coisa positiva. Ajudar o País a senhora nunca quis, teve a chance de dois mandatos e jogou tudo fora. Mas tem outras coisas que poderão ser feitas fora do mandato, além de torcer pela
desgraça do seu sucessor.
Em suma: cuidemos da nossa vida e deixemos o homem trabalhar.
Danizete Siqueira de Lima.
Afogados da Ingazeira – PE – maio de 2016.