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OPINIÃO DO PERNINHA
Em 2007, o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (in memoriam), criava o programa Pacto Pela Vida, um programa de controle de gestão que visava reduzir o número de homicídios em Pernambuco. Esse programa foi muito bem sucedido e teve um desempenho inesperado até o final de 2013, alcançando os objetivos a que se destinava. Em 2014, ele não teve o mesmo sucesso dos anos anteriores e as estatísticas passaram a mostrar um quadro preocupante tanto para o vice João Lira, que havia substituído Eduardo Campos, como para o
governador atual Paulo Câmara que foi forçado a dar uma arrumada em toda a sua estrutura.
Em maio passado, quando o programa completava 8 anos de vida, Paulo Câmara, em reunião com seus assessores, mostrou-se muito preocupado com os números e exigiu uma total reformulação para que o programa voltasse a cumprir o seu papel, garantindo, inclusive, a realização de concurso público ainda este ano, para suprimento das vagas existentes nas corporações civil e militar. Em seu pronunciamento foi enfático ao afirmar: “Maio é um mês decisivo onde a gente quer que haja uma curva efetiva na redução do número de homicídios”.
Passado pouco mais de um mês, a barbaridade chega à cidade de Escada e deixa a população revoltada com um crime que entrará para a sua história. O fato aconteceu na última quarta feira (17/06), quando o jovem Marcelo laureano Gomes Filho, de apenas 16 anos, foi morto por um tiro de fuzil disparado por um militar da CIOSAC – Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área da Caatinga, durante uma abordagem policial. Apesar de ser menor de idade, o jovem dirigia a caminhonete do pai, com o irmão e mais dois rapazes. Ao ver a viatura da Polícia Militar, Marcelo se assustou, se negou a parar e tentou fugir. Na fuga, foi atingido por um disparo na cabeça e morreu na hora.
Luto para a família de Marcelo, revolta para a população não só de Escada, mas de todo o estado e a pergunta que não quer calar: por que a polícia age com tanta precisão na hora de tirar a vida de uma criança? Se o menor se negou a parar o veículo por que o tiro a ele destinado tinha que ser fatal? Não poderia o atirador – já que ele faz parte de um grupo especializado da PM – atirar em um dos pneus do veículo? Por que esses policiais não são tão eficientes na abordagem a bandidos? Toda semana um ônibus da Progresso é assaltado no
mesmo local e, quem sabe, até pelo mesmo grupo e nada é feito para coibir.
Observem que estamos falando de um policial da CIOSAC, como dissemos acima, e esses policiais são treinados para situações bem mais difíceis do que abordar e prender um veículo conduzido por uma criança que se assusta até com o simples apito de um guarda de trânsito.
Os depoimentos que vimos após a tragédia, transmitem um pouco da revolta e muita dor pela perda de Marcelo, como o do jovem Anderson Douglas da Silva, 17 anos, que estava com a vítima na hora da abordagem: “O PM poderia ter disparado em qualquer direção, menos na cabeça dele. Vimos que ele ia atirar e nos baixamos. Quando vi, nosso amigo estava morto”. Ana Lúcia dos santos, 46 anos, tia de Marcelo, comentou: “É uma dor que jamais passará. Perdemos um menino de ouro. Ele estava sempre sorridente, era companheiro, muito carinhoso com os pais e com todos na cidade”.
O pai do garoto, o comerciante Marcelo Laureano Gomes, de 52 anos, reconhece que errou ao permitir que o filho dirigisse seu carro. Mas disse que o filho era inocente e não merecia ser assassinado com um tiro na cabeça. Totalmente banhado em lágrimas e, talvez, com um sentimento de culpa pela sua negligência ao deixar o menor dirigir falou para um repórter: “Ele era um bebê de 16 anos. Eu perdi a minha vida”.
Sem mais palavras e diante de tamanho absurdo, resta-nos encerrar a crônica com mais uma pergunta: como fica o Pacto Pela Vida?
Danizete Siqueira de Lima
Junho de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
Porque não acreditamos no Brasil
A primeira crônica que escrevemos em junho foi sobre o peso da carga tributária em nosso bolso. Lá mostramos que, de acordo com a Associação Comercial de São Paulo, até o dia 31/05 havia sido arrecadado pelo governo federal algo em torno de R$ 700 bi, o que representa uma arrecadação diária de R$ 4 bi em impostos e taxas. Seguindo por essa mesma trilha chegaremos no dia 31 de dezembro a R$ 2 trilhões. Isso mesmo: dois trilhões de reais.
Não é à toa que dizemos trabalhar 5 meses do ano só para pagarmos os nossos impostos. E a voracidade do governo não tem limites. Esse ano recebemos uma grande cacetada dos aumentos sobre os preços administrados pelo governo central como gasolina e energia elétrica. Aí veio o anúncio do corte de quase R$ 70 bilhões no Orçamento de 2015, impactando estados e municípios.
Como a dança do ajuste fiscal está nas passarelas do congresso, o discurso que se intensifica agora é aquele que o brasileiro mais teme: a criação de impostos e a retomada de outros, antigos e malquistos, como a CPMF. Vocês devem lembrar como foi comemorada a extinção desse imposto, em 2007, que incidia sobre todas as movimentação bancárias.
A CPMF foi extinta mas o governo – que não tem nada de bobo – passou a buscar os recursos subtraídos, em operações financeiras (IOF), imposto cobrado pelos bancos e repassados aos cofres públicos quando pouca gente sabe que e quanto paga sobre os seus empréstimos. Como a situação atual não é das melhores para os cofres federais, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, assumiu na semana passada que o imposto poderá ser recriado com uma nova roupagem. Perguntamos: não é uma falta de vergonha?
O que infelizmente o governo não põe na balança é que o Brasil já está entre os 30 países com maior carga tributária do planeta, como mostrou recentemente um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O detalhe é que aqui, em solo brasileiro, a população tem o pior retorno pelos tributos arrecadados nas esferas federal, estadual e municipal, das 30 nações avaliadas no ranking.
Ao invés de exigir mais sacrifício da população, por que não cortar na própria carne e tentar equilibrar as finanças de outra forma? Por que não mostrar um filme novo?
Poderia, se quisesse dar um bom exemplo, começar dar uma arrumadinha nas despesas com os 39 ministérios, uma câmara com 513 deputados federais, 81 senadores (3 por estado), milhares de cargos comissionados que o governo nomeia ao seu bel prazer, fora as mordomias que são disponibilizadas com nossos recursos, a exemplo de cartões corporativos, passagens aéreas, hotéis caríssimos e outras benesses afetas a uma casta de privilegiados que pouco ou nada se preocupa com os destinos dessa Nação.
A nossa indignação é constante e, como já dissemos em crônicas passadas, somos céticos e não nos cansamos de repetir: é por essas e outras que NÃO ACREDITAMOS NO BRASIL.
Danizete Siqueira de Lima
Junho de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
A Comissão para a proteção de menores, composta de 17 membros, criada há um ano pelo papa Francisco para lutar contra a pedofilia na Igreja Católica, não está poupando críticas às atuações dos cardeais, ou as nomeações de bispos, e colocam o Vaticano muitas vezes em uma saia justa. Em poucos meses, duas decisões do papa geraram reações públicas de alguns membros dessa comissão.
O último caso foi a nomeação do cardeal australiano George Pell, em um cargo equivalente ao de ministro da Economia para o Estado do Vaticano. Pell foi acusado por uma vítima de abusos sexuais de querer comprar seu silêncio. Negando as acusações, o cardeal disse estar disposto a comparecer, novamente, perante uma comissão que investiga o assunto na Austrália. Outro caso de grande repercussão foi a nomeação, por parte do papa, no início desse ano, do bispo chileno, Juan de La Cruz Barros. A escolha gerou fortes críticas, devido às acusações de abuso que pesam contra o religioso.
Vários membros da comissão manifestaram sua “preocupação”, publicamente, depois de Barros ter assumido o cargo como bispo de Osorno, uma cidade do sul do Chile. Na comissão, Peter Saunders, chefe da Associação nacional de Vítimas de Abusos durante a infância na Grã-Bretanha (NAPAC), e a irlandesa Marie Collins representam as vítimas de abusos sexuais.
“George Pell é cardeal da igreja e sua autoridade é, portanto, imensa no Vaticano. Será uma enorme pedra no sapato do papa Francisco, se o autorizarem a permanecer no seu cargo”, disse Saunders, em entrevista ao canal australiano Nine. A Comissão para a Proteção da Infância lembrou a seus membros que “não tem jurisdição para comentar casos individuais, ou investigações em curso”.
O grupo pediu aos bispos e cardeais que lutem contra os abusos, ressaltando que “aqueles que estão em uma posição de autoridade devem agir de maneira rápida e transparente, com a clara intenção de garantir que justiça siga o seu curso”. Para o especialista em Vaticano e biógrafo do Papa, Marco Politi, alguns membros da comissão se sentem obrigados a denunciar e a criticar a hierarquia da instituição por sua frustação diante da postura da Santa Sé para combater o problema.
Pelo visto, nem o sumo pontífice, maior autoridade mundial da Igreja Católica, é perdoado quando o assunto refere-se à pedofilia. Temos consciência de que é obrigação de todos nós defender esses menores mas, como a diz a Bíblia: “ a quem for dado mais será cobrado mais”.
Destarte, a Igreja Católica vai penar muito para restabelecer a sua credibilidade diante dos fiéis, haja vista a quantidade de escândalos que vieram a público nos últimos anos, provocados por membros da igreja, sem quaisquer escrúpulos e desprovidos de compromisso cristão. O que é mais grave.
Danizete Siqueira de Lima
Junho de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
Findo o mês de maio chegamos a mais uma triste conclusão: trabalhamos cinco meses do ano somente para pagar os impostos que nos são cobrados de uma forma desavergonhada.
De acordo com levantamento da Associação Comercial de São Paulo, o total de tributos pagos pela população e transferidos para os governos já somam, este ano, R$ 700 bilhões. O impostômetro registra R$ 4 bilhões por dia. A previsão é que no último dia do ano seja batida a marca de 2 trilhões em impostos, taxas e outras contribuições. É muito dinheiro. Se fosse gasto como deveria, teríamos de volta em serviços e investimentos a quantidade e a qualidade que a demanda requer para um país parecido com o dos nossos sonhos.
Imagine um país com um serviço público de saúde digno, em que as pessoas são atendidas quando precisam, realizam serviços emergenciais sem atrasos e têm sempre disponíveis os remédios de uso contínuo de graça, ou a preços módicos. Imagine um país com um avançado sistema educacional, onde o ensino público se destaca, em que os professores são valorizados pelo seu trabalho, os alunos evoluem de fato na aprendizagem, tornando-se comum a noção da importância do conhecimento e sua aplicação no desenvolvimento social e econômico. Imagine um país em que viver é algo prazeroso e seguro, pois seus habitantes têm a chance de fazer aflorar suas aptidões e aproveitar as oportunidades de ampliação de horizontes, num ambiente livre de violência generalizada e do estresse.
Com a arrecadação que temos, poderíamos oferecer todas as condições acima, além do acesso a moradia digna, segurança, saneamento básico para todos, água encanada, energia, lazer, enfim, assegurarmos um salário onde qualquer cidadão pudesse levar uma vida digna, sem ter que apelar para venda de votos, que humilha e denigre a sua imagem.
É estarrecedor sabermos que, de acordo com relatório divulgado em março, elaborado pela Organização para Cooperação Econômica (OCDE) e outras instituições, o Brasil ostenta a maior carga tributária da América latina. Em 2013, foi o único da região que amealhou mais recursos em impostos do que as nações ricas, servindo-se de uma carga acima de 35% do PIB. A média
nos 20 países estudados foi de 21%. Os impostos sobre o consumo, aqui, estão na casa de 32%, enquanto nos países ricos são da ordem de 20%.
É revoltante tomarmos conhecimento de que os nossos parlamentares abafaram há poucos dias a volta das passagens aéreas para os cônjuges de deputados e senadores, bancadas com o nosso suor. Semana passada a imprensa voltou a falar na construção de um Shopping que seria anexo ao congresso, com valor estimado em R$ 2 bi, por fazer parte de um compromisso assumido pelo presidente da casa, Eduardo Cunha, quando candidatou-se ao cargo.
A curto e médio prazo, não vemos uma saída crível para o país. Enquanto as tão propagadas reformas política e tributária não saem do papel e o nosso povo continua votando sem qualquer compromisso, seremos reféns dos oportunistas de plantão que se perpetuam no poder, acobertados por leis obsoletas e uma Constituição do “faz de conta”, a qual não é dada a menor importância.
Por: Danizete Siqueira de Lima
OPINIÃO DO PERNINHA
A crise econômica que atravessa boa parte do planeta não pode e nem deve ser chamada de marolinha (termo usado pelo ex presidente Lula, em 2008, no seu segundo mandato). O Brasil, por suas relações comerciais com a China (nossa maior compradora de aço), tem sentido na pele esses efeitos e isso ficou patente nos últimos resultados financeiros de empresas como Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Vale do Rio Doce.
Na Petrobras, mesmo que muitos acreditem que tudo esteja resolvido por força das ações da Operação Lava-Jato, é bom que se registre que as cicatrizes deixarão marcas por muito mais tempo do que se imagina. O setor energético vem sobrevivendo a duras penas, mesmo com os sucessivos reajustes e só deverá dar uma respirada quando a ajuda de fato vier via São Pedro e os nossos reservatórios possam dar um descanso as termelétricas, que custam caro e tanto tem tirado o sono dos consumidores.
Em suma: ninguém passa incólume pela crise e o setor imobiliário é um dos mais castigados. O aperto no crédito restringe a intenção das famílias em adquirir imóveis e tende a sustentar um nível elevado de distratos, pavimentando o caminho para uma espiral negativa de lançamento e dificuldades adicionais de vendas. A situação apontada por especialistas agrava a perspectiva para as incorporadoras, que já lidam com a deterioração do cenário macroeconômico e o enfraquecimento da confiança dos consumidores.
Com inflação elevada e baixo crescimento econômico, já suficientes para afastar clientes dos estandes de vendas, a postura mais rígida dos bancos em relação ao mercado imobiliário faz cair o número de negócios. Reflexo desse processo pode ser observado nos três primeiros meses deste ano. No período, das 15 principais empresas de capital aberto do setor, 11 informaram perdas em volume bruto medido pelo Valor Geral de Vendas, umas mais outras menos, variando entre 7% e 90%. Em alguns casos, os números do começo do ano foram influenciados também pela ausência de contratações na faixa 1 do Minha Casa Minha Vida, que abraça famílias com renda mensal de até R$ 1,6 mil e tem subsídio quase total oferecido pelo governo para a compra do imóvel.
Os números acima são chamativos e nos levam a uma reflexão: será que a crise imobiliária chegou à nossa cidade? Acho que não. Esses dias estivemos a procura de um imóvel comercial para locação e ficamos impressionados com o que vimos. Parece brincadeira. Qualquer espaço entre 12/20 metros quadrados próximo ao centro é em torno de R$ 2.000,00. Isso mesmo, a média está entre 2,0 e 2,5 salários mínimos. E se você falar em comprar aí o bicho pega.
Não vou me deter em números para não parecer exagero, mas imóveis comerciais acima de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) é só o que tem por aqui e se você andar mais um pouco e resolver comprar uma casa velha para derrubar, dando sorte, já consegue ofertas na casa de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
Até pouco tempo Recife era a capital brasileira que tinha o quarto metro quadrado mais caro do país. Perdia para São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília . Pelo visto, a nossa capital deve ter sido ultrapassada por Afogados da Ingazeira e hoje terá que se contentar com a 5ª colocação.
Danizete Siqueira de Lima
OPINIÃO DO PERNINHA
Qual a sua expectativa de vida ?
A crônica dessa semana trata de um assunto que mexe com o nosso dia a dia, apesar de muitos não o encararem com a devida seriedade.
Pesquisa inédita feita com mais de mil pessoas em todo o pais, pela Zhuo Consultoria e Giacometti Comunicação, revela que moradores do Recife querem e acreditam que viverão por, no mínimo 86 anos. Em nenhum outro lugar do país há tanta “vontade de viver”, inclusive, até os 120 anos. Detalhe: por aqui quanto mais velho, maior o desejo de longevidade e há uma espécie de “segunda via” em nossa história: “De cada 10 pessoas que buscam apoio psicológico, na faixa de 45 anos, quatro o fazem com o sentido de reinventar a vida”, afirma o coordenador da pesquisa, Denis Giacometti.
A faixa da população que deseja viver muito (e bem) é grande, o que não quer dizer que muitos façam o “dever de casa” para vencer a barreira das mais de oito dezenas de primaveras. Só para se ter uma ideia, a obesidade reduz a expectativa de vida em até nove anos e, no Recife, metade da população sofre de sobrepeso.
O problema é que, se mais de seis em cada dez recifenses até 55 anos sequer se reconhecem como “seres que envelhecem”, o comportamento normalmente acaba sendo o de sempre deixar pra depois a mudança de hábitos que poderia servir de prevenção. É quando o seguro “morre de velho”.
Bem diferente desse prognóstico é a aposentada Thereza Lemos, 82. Praticante regular de pelo menos um hora diária de yoga há quase 40 anos, ela cuida da alimentação e acorda cedo para cuidar dos pássaros que mantém em casa. O estilo de vida pouco comum é justamente o segredo para tanta vitalidade. “Não tenho nenhum problema de saúde e vivo bem. É um benefício que a yoga me traz”, diz.
Sabendo que a expectativa de vida em nosso estado é de 69 anos e que o desejo de 52% dos recifenses é de um mínimo de 86 anos de vida, o que resta é sabermos como manter essa longevidade.
E você, quantos anos pretende viver?
Aqui vai a nossa dica: Aumentar a expectativa de vida é uma equação sem receitas definitivas, mas os médicos são unânimes em recomendar a prática de exercícios físicos e o balanceamento da alimentação como requisitos básicos para a longevidade.
Danizete Siqueira de Lima
Maio de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
Desde a sua criação, em 2007, o Pacto pela Vida é um programa essencialmente de controle de gestão. Por isso foi tão revolucionário. Por implantar uma cultura de cobrança num ambiente pouco afeito a metas e resultados. Deu errado no primeiro ano, quando faltou pulso, mas acertou o rumo quando os mecanismos de controle foram sendo implantados, azeitados, monitorados. Por sete anos teve mão de ferro do ex- governador Eduardo campos puxando e regulando suas rédeas. No ano passado, o controle afrouxou e deu no que deu. Agora Paulo Câmara corre para salvar o programa. O que, em outras palavras, significa salvar vidas.
O freio de arrumação que o governador Paulo Câmara vem dando ao Programa Pacto pela Vida, desde que assumiu o cargo em janeiro deste ano, tem pressa em surtir efeito. O entendimento, nos bastidores do Palácio, é que após mudanças de comando implantadas pela Secretaria de Defesa Social o tempo corre contra e chegou a hora de mostrar resultados. A fase de desculpas e justificativas ficou para trás. O governador deu prazo e vai cobrá-los. Esse é o entendimento que ficou claro no recado de 07/05, durante o anúncio das medidas para turbinar o programa, que em vários momentos Câmara fez questão de destacar que maio é o mês decisivo para a mudança no curso da seta que aponta para onde vão os assassinatos no Estado.
“Maio é um mês que a gente quer que haja uma curva efetiva de redução do número de homicídios”, repetia o governador em tom de lembrete. A discretíssima queda anunciada há dois dias do encontro não agradou nem um pouco ao governo. Em abril deste ano foram 11 mortes a menos do que no mês anterior, março. Só serviu, na verdade, para dizer que a notícia não era tão ruim quanto vinha sendo. Mas nem de longe afasta a incômoda marca de 180 mortes a mais que já foram registradas este ano, comparando com primeiros meses do ano passado.
A sociedade espera que o pacote que o governo do estado anunciou na última quinta feira sirva para turbinar o Pacto pela Vida e estancar o crescente índice de homicídios que vem sendo registrado em Pernambuco desde o ano passado. A principal ação é a realização de concurso público para a contratação de 2.366 policiais civis e militares. A seleção deverá ser realizada ainda este ano e prevê a abertura de 1.500 vagas para soldado da Polícia Militar, 500 vagas para agente da polícia civil, 50 para o cargo de escrivão e 316 para preencher diversas funções dentro da polícia científica. Hoje o pacto pela Vida, principal política de segurança pública do estado, completa oito anos de implantação, enfrentando sucessivos resultados negativos e exigindo uma correção urgente de rumos na gestão do programa.
Os números que embasaram nossos comentários constam do caderno cidades, do Jornal do Comércio, em matéria assinada por Clara Carvalho.
Danizete Siqueira de Lima
Maio de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
Para alguns pode ter passado despercebida a morte do grande sanfoneiro, mas esse cronista jamais cometeria um crime dessa natureza. O que ocorre na maioria das vezes é que, como as minhas matérias só circulam uma vez por semana, fica difícil acompanhar as notícias com a necessária tempestividade. Mas, fazendo jus ao velho ditado “antes tarde do que nunca”, resolvemos falar sobre o mestre na primeira crônica do mês de maio.
Nascido na véspera de São João de 1940, em Brejo da Madre de Deus, no Agreste do Estado, Camarão aprendeu sanfona olhando o pai tocar. Aproveitava a ida de Antônio à lavoura para ensaiar algumas notas no instrumento. Sua primeira apresentação foi aos 7 anos. Naquela época foi submetido ao crivo dos sanfoneiros da família, numa das reuniões no quintal da Fazenda Camalaú, no interior da Paraíba. Aos 10 anos foi para a cidade de Caruaru e começou a ganhar a vida tocando nos cabarés de lá, de Serra talhada e de outras cidades do interior que tinham cabarés animados.
Somente aos 20 anos conseguiu o primeiro emprego fixo na Rádio Difusora de Caruaru, ocupando a vaga do sanfoneiro Zé Vaqueiro que era o substituto de Hermeto Pascoal, a quem o pessoal chamava de “sivuquinha”, recordava Camarão, que acompanhou todos os artistas famosos que vinham à cidade. “Toquei com os grandes nomes do rádio, Orlando Silva, Nelson Gonçalves e outros telentos”. Como era o sanfoneiro mais requisitado para gravações, foi na gravadora Rozemblit, através do forrozeiro Jacinto Silva, que ele gravou o seu primeiro LP.
Antes de montar a sua famosa bandinha, Camarão participou de Os Nordestinos do Ritmo, um trio nos moldes do Trio Nordestino, com Jacinto Silva e Raimundo Peba. A Banda de Camarão naturalmente era muito diferente das atuais bandas estilizadas que se vendem como se de forró fossem. Um dos pais da matéria, Camarão também não era admirador da maioria do que se convencionou chamar de pé de serra. Dos cantores citava Flávio José, Santana e o baiano Adelmário Coelho; compositores, gostava de Maciel Melo e Petrúcio Amorim, e apontava Luiz Gonzaga como o responsável pelo fraco forró do século 21: “O problema é que não tem mais assunto, o que tinha para falar, Gonzaga falou: seca, boi, Sertão, rio, mar, onde o sujeito for já está copiando Luiz Gonzaga. Então, agora, o pessoal fica nessa mesmice, criticava”.
Camarão é uma prova do descaso e preconceito de que são vítimas os forrozeiros. Os discos que lançou ao longo de mais de 50 anos de carreira, como integrante de grupo ou solo, estão fora de catálogo. Contemplado com o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, tinha direito a uma pensão vitalícia paga pelo Estado (seu único rendimento assegurado). Sem ganhar absolutamente nada de direitos autorais, complementava a renda mensal dando aulas de sanfona – teve mais de 150 alunos, incluindo Cezinha e Dudu do acordeom – , e fazendo o que melhor sabia, ou seja, tocar forró no palco. Só com Santana O Cantador foram 14 anos. Foi o preferido de Luiz Gonzaga durante muitos anos. Continuava recebendo convites para forrobodós, mas a saúde debilitada não permitia manter o ritmo.
O instrumentista faleceu às 8,40h do feriado de 21 de abril, aos 74 anos. Estava internado no Hospital Santa Joana, em Recife para fazer alguns exames, em decorrência de uma infecção intestinal, e também sofria de problemas cardíacos e renais – fazia hemodiálise há cinco anos, de acordo com o filho Salatiel Alves.
Com a morte de Camarão, o forró não fica apenas mais pobre. Perde um dos últimos remanescentes da geração que veio logo em seguida a Luiz Gonzaga. Reginaldo Alves Ferreira, seu nome de batismo, foi também um dos músicos que consolidou a sanfona como um instrumento de forró, que tocou com todos os grandes, sobretudo com Luiz Gonzaga, e marcou época com a Bandinha do Camarão, uma formação pioneira no forró.
Vai o mestre juntar-se a outros sanfoneiros tão bons quanto ele, como podemos citar: o Rei Luiz, Sivuca, Dominguinhos e tantos outros que entraram para a história deixando o seu legado para uma multidão que aprendeu a se apaixonar pelo nosso querido forró pé de serra.
Danizete Siqueira de Lima
Maio de 2015
OPINIÃO DO PERNINHA
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, analisou em resumidas linhas o resultado do PIB em 2014, divulgado pelo IBGE, ao final do mês de março. Conciso, admitiu a estagnação sentida na pele por toda a cadeia produtiva, mas foi cauteloso no emprego das palavras, divididas em três sucintos parágrafos. Nos termos usados pelo representante da autoridade monetária do país, o que houve foi uma “pausa” no crescimento econômico.
Em nota veiculada no site do Banco Central ele arrematou que os ajustes fiscais tendem a construir “bases mais sólidas para a retomada da confiança e do crescimento”. Ponto final.
O presidente cumpre o seu papel. Mas daí a convencer os brasileiros existe uma distância enorme. Pois 0,1% de expansão da atividade econômica nos coloca nos patamares de 2009, quando a crise internacional estava no auge. A referência é preocupante, mesmo sem uma contração oficial, porque o cenário agora é outro. A pausa registrada no PIB, mencionada por Tombini, está longe de ser inofensiva e já leva o Brasil a bater na porta da recessão.
E para que isto aconteça basta que a máquina encolha por dois trimestres seguidos, o que não será difícil diante da crise política que escancara os prejuízos com a corrupção, paralisa contratos, puxa o desemprego, retrai investimentos privados. Sem falar no consumidor que, assustado com a inflação próxima de 8% nos últimos 12 meses, já vem puxando o “freio de mão”.
O resultado de estagnação captado pelo IBGE oficializa a triste realidade deste gigante adormecido. Embora a presidente Dilma Rousseff tenha dito, após a divulgação do balanço de 2014, que o escândalo da Petrobrás é uma página virada, não é bem assim que a banda toca. Achamos muita “cara de pau” e frieza por parte do poder público, quando os números lhes são desfavoráveis. Sem bases sólidas, a controvertida política econômica brasileira padece e expõe alguns sintomas de sua doença, que vão da alta dos combustíveis e da energia elétrica à rápida desvalorização do real frente ao dólar.
A situação que estamos vivenciando foi muito bem traduzida nas palavras de Bruna Siqueira Campos, do diário econômico (Diário de Pernambuco), em matéria recente, quando afirmou: “No ano letivo, somos aquele aluno que passou raspando e agora está cortando um dobrado para acompanhar o restante da turma”.
Assim sendo, concordamos que a pausa citada pelo presidente do BC, de fato é necessária. Mas porque precisamos respirar. É como diz o adágio mais que popular: “se cochilarmos o cachimbo cai”.
Danizete Siqueira de Lima
Abril de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
O Curral (parte II)
Quem escreve deve ter muita responsabilidade com os seus registros e, principalmente, respeito para com os leitores que acompanham os seus escritos. Por isso, me acho no dever de fazer algumas considerações sobre a matéria (O Curral) publicada nesse espaço em 15/04.
Um amigo particular me procurou durante a semana, dizendo se achar na obrigação de esclarecer alguns pontos controversos da matéria, haja vista ter sido um dos membros a abraçar essa causa e discordar de alguns pontos da crônica. Fez questão de me convidar para ir com ele até o local e, aos poucos, foi-me inteirando dos fatos. Mostrou-me toda a extensão do curral; circulamos pelas divisórias e, assim, fui conhecendo cada passo da obra, a começar pelo material usado e pelo seu desenho que contou com a responsabilidade de Valdemir Siqueira (o “Gordo”).
Contou-me que a ideia do então prefeito Totonho Valadares sempre foi de retirar a feira de animais do centro da cidade. Como o mesmo viaja anualmente (isso há mais de 30 anos) para uma feira existente em Uberaba (MG), que acontece sempre no mês de abril e é considerada uma das maiores do país, em uma delas, resolveu levar uma equipe da qual fizeram parte o ex-vereador Luis Odon, que era um dos seus secretários na época, e mais este amigo que me procurou.
Após a feira, visitamos algumas propriedades da região e chegaram à conclusão de que aquele modelo era o que melhor se adaptava à nossa realidade, pois, além de ser menos estressante para os animais, era o que apresentava um tempo de vida útil superior aos demais, por força do material usado em sua construção. Disse-me, ainda, que esse curral foi construído por uma empresa catarinense e que existem pouquíssimas empresas que trabalham nessa especialidade.
Quanto ao local escolhido, disse ter sido o melhor pela proximidade da PE que nos liga aos municípios circunvizinhos, a exemplo de Tabira e Carnaíba. Afastado do centro, mas de fácil acesso e com amplo espaço para se fazer uma feira com toda infraestrutura necessária para dar maior segurança ao seu público alvo, ou seja, aos compradores e criadores da região.
Quanto ao pagamento de diárias, fez questão de afirmar que são falsas especulações, uma vez que a ida àquela feira já era uma rotina do ex-prefeito que, simplesmente, uniu o útil ao agradável trazendo a ideia do curral para a nossa cidade.
Feitos os esclarecimentos cabíveis, só nos resta esperar que a administração atual dê sequência ao conjunto da obra, minimizando as nossas críticas e nos presenteando com uma feira digna de uma cidade polo como a nossa. Aliás, é bom que se registre que vimos pessoas trabalhando no local, na construção de cantinas, banheiros e outros anexos que fazem parte da obra dentro do seu projeto inicial.
Esperamos que a nossa próxima crônica sobre o Curral seja para enfatizarmos a conclusão do projeto, mostrando que as críticas eram infundadas e que o esforço da administração anterior foi recompensado pelo seu sucessor.
Por: Danizete Siqueira de Lima