Porque não acreditamos no Brasil
A primeira crônica que escrevemos em junho foi sobre o peso da carga tributária em nosso bolso. Lá mostramos que, de acordo com a Associação Comercial de São Paulo, até o dia 31/05 havia sido arrecadado pelo governo federal algo em torno de R$ 700 bi, o que representa uma arrecadação diária de R$ 4 bi em impostos e taxas. Seguindo por essa mesma trilha chegaremos no dia 31 de dezembro a R$ 2 trilhões. Isso mesmo: dois trilhões de reais.
Não é à toa que dizemos trabalhar 5 meses do ano só para pagarmos os nossos impostos. E a voracidade do governo não tem limites. Esse ano recebemos uma grande cacetada dos aumentos sobre os preços administrados pelo governo central como gasolina e energia elétrica. Aí veio o anúncio do corte de quase R$ 70 bilhões no Orçamento de 2015, impactando estados e municípios.
Como a dança do ajuste fiscal está nas passarelas do congresso, o discurso que se intensifica agora é aquele que o brasileiro mais teme: a criação de impostos e a retomada de outros, antigos e malquistos, como a CPMF. Vocês devem lembrar como foi comemorada a extinção desse imposto, em 2007, que incidia sobre todas as movimentação bancárias.
A CPMF foi extinta mas o governo – que não tem nada de bobo – passou a buscar os recursos subtraídos, em operações financeiras (IOF), imposto cobrado pelos bancos e repassados aos cofres públicos quando pouca gente sabe que e quanto paga sobre os seus empréstimos. Como a situação atual não é das melhores para os cofres federais, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, assumiu na semana passada que o imposto poderá ser recriado com uma nova roupagem. Perguntamos: não é uma falta de vergonha?
O que infelizmente o governo não põe na balança é que o Brasil já está entre os 30 países com maior carga tributária do planeta, como mostrou recentemente um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O detalhe é que aqui, em solo brasileiro, a população tem o pior retorno pelos tributos arrecadados nas esferas federal, estadual e municipal, das 30 nações avaliadas no ranking.
Ao invés de exigir mais sacrifício da população, por que não cortar na própria carne e tentar equilibrar as finanças de outra forma? Por que não mostrar um filme novo?
Poderia, se quisesse dar um bom exemplo, começar dar uma arrumadinha nas despesas com os 39 ministérios, uma câmara com 513 deputados federais, 81 senadores (3 por estado), milhares de cargos comissionados que o governo nomeia ao seu bel prazer, fora as mordomias que são disponibilizadas com nossos recursos, a exemplo de cartões corporativos, passagens aéreas, hotéis caríssimos e outras benesses afetas a uma casta de privilegiados que pouco ou nada se preocupa com os destinos dessa Nação.
A nossa indignação é constante e, como já dissemos em crônicas passadas, somos céticos e não nos cansamos de repetir: é por essas e outras que NÃO ACREDITAMOS NO BRASIL.
Danizete Siqueira de Lima
Junho de 2015.