O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, analisou em resumidas linhas o resultado do PIB em 2014, divulgado pelo IBGE, ao final do mês de março. Conciso, admitiu a estagnação sentida na pele por toda a cadeia produtiva, mas foi cauteloso no emprego das palavras, divididas em três sucintos parágrafos. Nos termos usados pelo representante da autoridade monetária do país, o que houve foi uma “pausa” no crescimento econômico.
Em nota veiculada no site do Banco Central ele arrematou que os ajustes fiscais tendem a construir “bases mais sólidas para a retomada da confiança e do crescimento”. Ponto final.
O presidente cumpre o seu papel. Mas daí a convencer os brasileiros existe uma distância enorme. Pois 0,1% de expansão da atividade econômica nos coloca nos patamares de 2009, quando a crise internacional estava no auge. A referência é preocupante, mesmo sem uma contração oficial, porque o cenário agora é outro. A pausa registrada no PIB, mencionada por Tombini, está longe de ser inofensiva e já leva o Brasil a bater na porta da recessão.
E para que isto aconteça basta que a máquina encolha por dois trimestres seguidos, o que não será difícil diante da crise política que escancara os prejuízos com a corrupção, paralisa contratos, puxa o desemprego, retrai investimentos privados. Sem falar no consumidor que, assustado com a inflação próxima de 8% nos últimos 12 meses, já vem puxando o “freio de mão”.
O resultado de estagnação captado pelo IBGE oficializa a triste realidade deste gigante adormecido. Embora a presidente Dilma Rousseff tenha dito, após a divulgação do balanço de 2014, que o escândalo da Petrobrás é uma página virada, não é bem assim que a banda toca. Achamos muita “cara de pau” e frieza por parte do poder público, quando os números lhes são desfavoráveis. Sem bases sólidas, a controvertida política econômica brasileira padece e expõe alguns sintomas de sua doença, que vão da alta dos combustíveis e da energia elétrica à rápida desvalorização do real frente ao dólar.
A situação que estamos vivenciando foi muito bem traduzida nas palavras de Bruna Siqueira Campos, do diário econômico (Diário de Pernambuco), em matéria recente, quando afirmou: “No ano letivo, somos aquele aluno que passou raspando e agora está cortando um dobrado para acompanhar o restante da turma”.
Assim sendo, concordamos que a pausa citada pelo presidente do BC, de fato é necessária. Mas porque precisamos respirar. É como diz o adágio mais que popular: “se cochilarmos o cachimbo cai”.
Danizete Siqueira de Lima
Abril de 2015.