A Comissão para a proteção de menores, composta de 17 membros, criada há um ano pelo papa Francisco para lutar contra a pedofilia na Igreja Católica, não está poupando críticas às atuações dos cardeais, ou as nomeações de bispos, e colocam o Vaticano muitas vezes em uma saia justa. Em poucos meses, duas decisões do papa geraram reações públicas de alguns membros dessa comissão.
O último caso foi a nomeação do cardeal australiano George Pell, em um cargo equivalente ao de ministro da Economia para o Estado do Vaticano. Pell foi acusado por uma vítima de abusos sexuais de querer comprar seu silêncio. Negando as acusações, o cardeal disse estar disposto a comparecer, novamente, perante uma comissão que investiga o assunto na Austrália. Outro caso de grande repercussão foi a nomeação, por parte do papa, no início desse ano, do bispo chileno, Juan de La Cruz Barros. A escolha gerou fortes críticas, devido às acusações de abuso que pesam contra o religioso.
Vários membros da comissão manifestaram sua “preocupação”, publicamente, depois de Barros ter assumido o cargo como bispo de Osorno, uma cidade do sul do Chile. Na comissão, Peter Saunders, chefe da Associação nacional de Vítimas de Abusos durante a infância na Grã-Bretanha (NAPAC), e a irlandesa Marie Collins representam as vítimas de abusos sexuais.
“George Pell é cardeal da igreja e sua autoridade é, portanto, imensa no Vaticano. Será uma enorme pedra no sapato do papa Francisco, se o autorizarem a permanecer no seu cargo”, disse Saunders, em entrevista ao canal australiano Nine. A Comissão para a Proteção da Infância lembrou a seus membros que “não tem jurisdição para comentar casos individuais, ou investigações em curso”.
O grupo pediu aos bispos e cardeais que lutem contra os abusos, ressaltando que “aqueles que estão em uma posição de autoridade devem agir de maneira rápida e transparente, com a clara intenção de garantir que justiça siga o seu curso”. Para o especialista em Vaticano e biógrafo do Papa, Marco Politi, alguns membros da comissão se sentem obrigados a denunciar e a criticar a hierarquia da instituição por sua frustação diante da postura da Santa Sé para combater o problema.
Pelo visto, nem o sumo pontífice, maior autoridade mundial da Igreja Católica, é perdoado quando o assunto refere-se à pedofilia. Temos consciência de que é obrigação de todos nós defender esses menores mas, como a diz a Bíblia: “ a quem for dado mais será cobrado mais”.
Destarte, a Igreja Católica vai penar muito para restabelecer a sua credibilidade diante dos fiéis, haja vista a quantidade de escândalos que vieram a público nos últimos anos, provocados por membros da igreja, sem quaisquer escrúpulos e desprovidos de compromisso cristão. O que é mais grave.
Danizete Siqueira de Lima
Junho de 2015.