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OPINIÃO DO PERNINHA
Muito se tem debatido nos últimos dias sobre a redução da maioridade penal, mas pouco ou quase nada tem sido feito para minimizar os problemas da violência provocada por menores infratores. Os índices, cada dia mais alarmantes, não param de crescer e a sociedade cobra providências por parte das autoridades competentes. O que temos observado é que as opiniões tanto no meio político quanto no meio jurídico são muito divididas e a impressão que fica é que o problema ainda deverá se arrastar por um bom tempo.
Sabemos que tudo não é tão fácil, ao ponto de ser resolvido com uma “canetada” ou a simples aprovação de Leis. Considerando que estamos tratando de adolescentes e que o nosso sistema prisional descredencia o discurso de caráter ressocializador, o assunto deverá ser debatido pelas entidades de classes, pela igreja, Ministério Público, Governo e a própria sociedade, esta a mais penalizada por falta de medidas coercitivas, que corroboram com a impunidade e deixam os nossos jovens acima da Lei.
É preciso que haja vontade, recursos financeiros, muita determinação e união entre os três poderes para encarar de frente essa problemática social que tem tirado o sono da nossa população, sobretudo, aquela que está nas periferias convivendo com a ausência das autoridades e entregue à própria sorte. Para muitos, o simples fato de reduzir a maioridade penal e jogar infratores (antes precoces) em nossas cadeias resolverá o problema. Será? Vamos ver como estão os nossos presídios.
O Conselho Nacional de Secretários de Justiça, Direitos Humanos e Administração Penitenciária, que esteve reunido em Recife, na última sexta feira de agosto (28) teve muito o que debater. Se não, vejamos: nunca se prendeu tanto no país. Há 607.731 pessoas atrás das grades, quando os presídios só têm vagas para 376.669. A taxa de aprisionamento no Brasil é de 299,7 para cada 100 mil habitantes, diz o Departamento Penitenciário Nacional (jun.2014). Em Pernambuco, são 31.150 pessoas (a quarta maior população do país) para 11.196 vagas.
É redundante falar em superlotação e fica claro que manter um preso nessas condições, as celas passam a ser fábricas de criminosos. O ambiente precário e insalubre, como é de se supor, dá margem para pensarmos horrores sobre os destinos de seus habitantes.
Como vemos, o problema não é tão simples como o ato de prender. Esta deverá ser a última opção. Antes, é preciso que o estado faça alguma coisa em defesa desses jovens que nem sempre enveredam por caminhos tortuosos pela índole da maldade, ou seja, em um sistema perverso como o nosso, onde pouca atenção está sendo dada a esse público, diremos sem medo de errar que estamos a todo instante criando cobras para nos morder.
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira – Setembro de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
Um verdadeiro exemplo de amor ao próximo
Muito oportuno e digno de registro o editorial do JC de 07/06, assinado por Cinthya Leite, mostrando a importância do espírito comunitário para a recuperação dos indivíduos que passam pelo AA – Alcoólatras Anônimos. A maioria absoluta dos alcoólatras frequentadores da instituição, que conseguem permanecer sóbrios por anos a fio, credita a nova vida ao apoio recebido por outras pessoas que passaram por situação semelhante.
Somente em Pernambuco, há 430 grupos que realizam os encontros semanais pelos quais o AA se notabilizou – em que se percebe o verdadeiro encontro, muitas vezes adiado, do alcoólatra consigo mesmo, no reconhecimento do descontrole sobre a bebida e de uma doença que precisa ser combatida. Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas no mundo inteiro sejam frequentadores de reuniões do AA, em 117 mil grupos espalhados por 180 países. A participação é gratuita, isenta de taxas e mensalidades. No Brasil, o número de grupos chega a 6 mil. Nesses encontros, a troca de experiências e a verbalização do problema cumprem o papel de uma terapia de grupo.
Assim como faz com o organismo, o álcool, apesar de droga lícita, pode destruir a vida de alguém em pouco tempo de vício. O acúmulo de anos entregues à bebida, consumida todos os dias, pode resultar num estrago devastador para o corpo e para a integridade psíquica dos viciados. As consequências logo regem as relações sociais, dificultando o desempenho no trabalho e minando, ou mesmo impossibilitando, a convivência familiar. A baixa autoestima e a solidão são comuns a vários membros iniciantes do AA. A força de vontade, a persistência e a confiança que advêm do contato com os demais integrantes do grupo, por sua vez, fundamentam o caminho da recuperação, para a qual a abstinência total é considerada a única opção e garantia. O tratamento da dependência alcoólica não prescinde de recursos medicamentosos, e até, do internamento. Mas os especialistas são os primeiros a aplaudir o trabalho bem-sucedido do AA, no suporte conferido ao tratamento com remédios.
O alcoolismo é um problema sério que aflige e mata milhões de pessoas todos os anos. O Brasil é um dos países campeões de consumo alcoólico, especialmente entre os jovens: quase 80% da juventude brasileira bebe, e o índice de dependentes já é de 19%. A entrada no vício começa cada vez mais cedo, na primeira adolescência, a partir de 11 ou 12 anos, de acordo com a Secretaria Nacional Antidrogas.
Quem conhece ou acompanha de perto o trabalho desenvolvido pelo AA, não tem como não tirar o chapéu para a organização. A dedicação e o zelo com que são tratados os dependentes chama à atenção de todos. Não por acaso, o Brasil é o terceiro País em número de grupos do AA, atrás apenas do México e dos Estados Unidos, onde a irmandade surgiu, em 1935. A chegada ao Brasil se deu em 1947, com a formação do primeiro grupo na cidade do Rio de Janeiro.
Parabéns a irmandade que completou 80 anos de história e relevantes serviços prestados aos dependentes do álcool e torçamos para que grupos semelhantes possam surgir na ajuda ao próximo, sobretudo, no combate aos vícios que tantos males têm causado à sociedade.
Por: Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira
OPINIÃO DO PERNINHA
No penúltimo domingo (16/08), pela terceira vez este ano, o Brasil se rendeu às manifestações de rua pedindo a cassação de Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, tentando minar uma possível candidatura do ex-presidente Lula à Presidência, em 2018. A intensificação dos ataques diretos a Lula em toda onda de protestos, deixa bem claro o repúdio da sociedade ao padrinho político da presidente.
Sabemos que o ex-presidente é sem sombra de dúvidas a maior autoridade do partido mas, diante de tantos descalabros e da corrupção generalizada apurada pela operação Lava-Jato, que já pôs mais de trinta ladrões na cadeia, a situação tornou-se insustentável ao ponto de ver a própria sigla PT excomungada por uma boa parte da população.
A preocupação de grande parte dos políticos da situação é com a quantidade de pessoas envolvidas nas manifestações. Percebemos isso quando são feitas as comparações com os movimentos anteriores. Em todo caso, acreditamos que esses números não vêm ao caso. O que se percebeu claramente foi que o povo enviou o seu recado e que a onda de impeachment continua dando o tom dos protestos.
Enquanto auditores do Tribunal de Contas da União aguardam esclarecimentos das pedaladas fiscais praticadas pelo governo ao apagar das luzes de 2014 e a operação Lava-Jato continua desvendando mistérios de propinas subornos e todo tipo de falcatrua praticado pelo desgoverno do PT, D. Dilma se segura como pode para se manter no cargo e tenta dialogar com a oposição, mesmo lhe faltando habilidades para tal.
O momento é delicado e não achamos que o impeachment seja uma boa saída, pois além de ser um processo bastante traumático os custos serão incalculáveis. Precisamos sim, unir forças para evitar que o barco vá a deriva. Diferentemente do pensamento oportunista e irresponsável do ex-presidente FHC – Fernando Henrique Cardoso que, ao fazer uma análise das manifestações, deixou bem clara a sua vontade de ver o circo pegar fogo.
Lamentamos que um ex-chefe de Estado, detentor de um currículo capaz de fazer inveja a muitos intelectuais, se aproveite de um momento tão difícil para destilar o seu veneno e incitar de forma vergonhosa a população brasileira a enveredar por um caminho que só irá piorar as coisas (se é que isso seja possível).
Fazemos questão de ressaltar que não votamos na Dilma e nem nutrimos a menor simpatia pelo seu partido mas, o bom senso sugere que não peguemos carona nas desgraças alheias e muito menos apoiemos o esquadrão do “quanto pior melhor”, prática muito comum nos dias atuais.
Danizete Siqueira de Lima
Agosto de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
Dia desses, ao folhear um matutino de grande circulação, uma matéria despertou a nossa atenção pelo fato de convivermos diuturnamente com os números assustadores da violência, não só aqui no Brasil, mas em todo o nosso planeta e, por mais que a justiça se esforce, os números não param de crescer. A matéria – mais que lúcida – foi publicada no caderno Opiniões e trazia a assinatura de Geraldo Euclides, mestre em filosofia e servidor do TRT6.
Dizia a mesma: “Provavelmente, jamais tenha havido um lugar onde qualquer integrante da sociedade se sentisse totalmente seguro entre seus pares, nem mesmo nos países ditos avançados e com alto índice de desenvolvimento humano, como na Dinamarca, Suécia, Noruega, Austrália, Suíça. A Dinamarca, por exemplo é o país da União Europeia onde há o maior número de violência de gênero. Segundo uma pesquisa pública pela agência de Direitos Fundamentais, 52% das dinamarquesas consideram ter sofrido algum tipo de violência física ou sexual. A média europeia é de 33%”.
A Noruega lembrou em julho passado os quatro anos do massacre na ilha de Utoya, que vitimou cerca de 90 jovens. A motivação do atirador teria sido político-ideológica, figurando – ao lado das frequentes e conhecidas motivações religiosas – como mais uma das possíveis razões de assassinatos e massacres de pessoas pelo mundo. Sem contar com as corriqueiras e estúpidas matanças de animais, como o tradicional massacre de baleias e golfinhos praticado no litoral dinamarquês, anualmente, com uma brutalidade descomunal que deixa os ambientalistas do mundo todo chocados e desolados.
Seja contra animais ou contra os próprios seres humanos, a verdade é que sempre fomos violentos. Mas os homens, igualmente, sempre lutaram contra tais bestialidades e teorizaram sobre aquilo que seria talvez a sua natureza: a violência.
Para Thomas Hobbes, por exemplo, matemático, teórico político e filósofo inglês do século 17, considerado um dos maiores teóricos do Estado moderno, ao lado de outros contratualistas como Locke e Rousseau, os homens criaram o chamado Estado Civil ou Estado de Direito para evitar, sobretudo, a morte violenta por parte de outros homens e garantir o direito á propriedade privada. Teorizou que, antes da existência de qualquer norma reguladora, os homens viviam no “estado de natureza”. Trata-se da situação “primitiva”, por assim dizer, em que cada indivíduo corria o risco de ser brutalmente assassinado a qualquer instante e por qualquer razão, tendo seus pertences expropriados, sem ter absolutamente a quem reclamar, pois não havia ainda Estado de Direito nem contrato social. Tudo era de todos e, ao mesmo tempo, ninguém era dono de nada.
Observando os números que a imprensa tem divulgado nos últimos dias, sobre a violência contra a nossa fauna, flora e, sobretudo, contra os seres humanos, parece realmente que ainda estamos no pleno estado de natureza pensado por Thomas Hobbes, afinal as pessoas são agredidas e assassinadas brutalmente a qualquer hora e em qualquer lugar, como se praticamente os agressores tivessem o direito de agredir, roubar, matar.
Marginais levam seus pertences, trucidam você e seus familiares e a sensação que fica é a de que não existe mesmo a quem recorrer. E vejam que estamos em pleno século vinte e um.
Danizete Siqueira de Lima
Agosto de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
Aqui neste espaço, sempre que oportuno, temos feito duras críticas à presidente Dilma Rousseff, pelo seu desgoverno na condução das rédeas desse pais. Mas quando alguma medida é digna de elogio, também, não nos furtamos em fazê-lo já que temos convicção de que o exercício da nossa cidadania deve ser imparcial e de forma bastante responsável.
Hoje trataremos de um assunto que vinha se arrastando há vários anos e gerando muita polêmica entre governo e sociedade. Finalmente, a decisão de enfrentar o desrespeito cometido pelos ciclomotores – as motos de até 50 cilindradas, conhecidas como cinquentinhas e que já respondem por 15% dos acidentes com motos em Pernambuco – foi tomada. Não pelos municípios, como vinha sendo cobrado e esperado, mas pelo governo federal.
No último dia 31/07, o Diário Oficial da União publicou a sanção da presidente à Lei 13.154/2015, que altera o (CTB) – Código de Trânsito Brasileiro e desobriga as prefeituras brasileiras de emplacar as cinquentinhas, deixando a responsabilidade inteiramente com os órgãos de trânsito estaduais, ou seja, os Detrans. A expectativa é de que, com a decisão que foi muito protelada pela maioria dos municípios, principalmente o Recife, a desordem promovida por uma boa parte dos condutores esteja, ao menos, no começo do fim.
Na prática, o governo federal resolveu toda a questão ao retirar do inciso 17 do artigo 24 do Código de Trânsito Brasileiro o nome ciclomotor. Esse inciso dizia que competia aos municípios registrar e licenciar ciclomotores e veículos de propulsão humana e tração animal. Com a retirada do termo ciclomotores, o registro e o licenciamento das motos de até 50 cilindradas passam a ser determinados diretamente (e sem cabimento a interpretações equivocadas, como vinha acontecendo) pelos Artigos 120 e 130 do CTB, que definem como competência do estado a função de registrar e licenciar todo e qualquer veículo automotor.
Com a mudança, apenas a fiscalização continuará sendo feita pelos municípios. E disso eles não terão como fugir. Não tem indecisão ou falta de coragem política que os isente desse papel. Sejam as cidades que municipalizaram o trânsito – porque a repressão será feita pelos agentes municipais, como é o caso do Recife, Olinda e Jaboatão, para citar alguns – ou as que ainda não assumiram a gestão. Nesse caso, as prefeituras têm convênios com o Estado e os agentes estaduais atuam na fiscalização.
O momento é de comemoração. A decisão firme da nossa presidente com o total apoio do Ministério das Cidades merece todo o nosso aplauso, pela coerência em unificar o entendimento técnico sobre a importância de se promover o emplacamento dos ciclomotores que vinham atormentando a vida de milhões de brasileiros.
Sabemos que o simples registro e emplacamento das cinquentinhas não vai acabar com os acidentes, mas, pelo menos, a partir da legalização dos veículos, os infratores serão punidos com os rigores da Lei, o que não deixa de ser uma forma de inibir atitudes irresponsáveis que culminam com acidentes fatais, engrossando as estatísticas que nos colocam como um dos países que tem o trânsito mais violento do planeta.
Por: Danizete Siqueira de Lima
OPINIÃO DO PERNINHA
Qualquer cidadão com um mínimo de sensibilidade que tenha assistido ao vídeo mostrado na manhã de 29/07, no programa Bom dia Pernambuco, deve concordar conosco: é vergonhoso e causa muita revolta vermos o descaso com que é tratado o patrimônio da União – construído com suor e lágrimas dos nossos heróis trabalhadores. A dilapidação do patrimônio público, bastante corriqueira nessa “Pátria de ninguém”, deveria ser coibida com mãos de ferro pelos poderes competentes, havendo punição severa aos que, quando não é o próprio governo, são apadrinhados por ele e se julgam imunes a qualquer tipo de penalidade prevista na Constituição.
Morei em Recife durante dez anos e quando circulava pela BR 101 ou suas imediações, muitas vezes a caminho da Cidade Universitária, ficava encantado com a imponente arquitetura modernista mostrada pelo prédio da SUDENE- Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, e não perdia oportunidade de comentar com amigos: sem sombra de dúvidas é um dos prédios mais bonitos da capital pernambucana. Criada como uma autarquia subordinada diretamente à Presidência da República, através da Lei 3.692, de 15/12/1959, a SUDENE era responsável por coordenar o interesse de 11 estados (todo o Nordeste mais Minas Gerais e Espírito Santo), mas, até hoje ela não disse para que veio. Um indicativo de que o órgão perdeu o seu prestígio é a data da última reunião do Conselho Deliberativo com os governadores, que ocorreu em 2013.
A SUDENE de hoje representa uma sombra do poder que exerceu com seus altos e baixos até a década de 1990. Nos anos finais, contudo, mergulhou numa série de escândalos de corrupção e terminou sendo extinta em 2001, na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.Em 2007, o ex-presidente Lula ressuscitou a autarquia. Mas a ideia de recriar um órgão de planejamento regional virou um fardo na burocracia brasileira.
Como os nossos governantes não gostam de deixar nada pela metade, acabaram com o pouco que restava. O prédio da autarquia que vinha servindo de abrigo para o Ministério da Saúde, IBGE e 23 varas ligadas ao TRT – Tribunal Regional do Trabalho, teve o seu fechamento ordenado por decisão da Justiça Federal, no dia 28 de julho. A surpresa da interdição tomada pelos presentes na solenidade de posse de João Paulo (PT), ex-prefeito do Recife, na superintendência do órgão, não acometeu o antecessor, o vereador de Maceió, José Márcio de Medeiros Maia (PROS).” Ele contou que desde abril do ano passado, por conta de problemas estruturais, solicitou ao Ministério da Integração a locação de imóvel para transferir as atividades enquanto o prédio seria reformado”.
Não foi por falta de aviso. Todos sabiam que a medida seria tomada a qualquer momento. Relatórios e mais relatórios da Defesa Civil, bem como, notas técnicas de engenheiros ligados ao próprio órgão, davam conta de que o prédio estava tendo infiltrações e rachaduras que comprometiam toda a sua estrutura. Destarte, ficamos sem entender a nomeação de João Paulo para, simplesmente, comunicar através do seu 1º ato administrativo, a suspensão das atividades. Diante do total absurdo, perguntamos: não seria mais prudente aproveitar a vinda do Ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi para pedir a restauração total do imóvel e depois cuidar da parte administrativa?
Seria cômico se não fosse trágico. Concordamos que a SUDENE não tenha cumprido com o seu papel. Em todo caso não merecia acabar dessa forma. Na pior das hipóteses, o governo poderia ter poupado, pelo menos, a suntuosidade daquela arquitetura que conta com mais de meio século de história.
Danizete Siqueira de Lima
Agosto de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
A inadimplência como fruto da irresponsabilidade.
Na segunda feira (13/07), o Diário Oficial da União, publicou a medida provisória assinada pelo presidente interino, Michel Temer, ampliando de 30% para 35% da renda mensal do trabalhador – aposentado ou pensionista – o limite do salário que poderá ser comprometido no pagamento das parcelas do empréstimo consignado (aquele que o banco antecipa em seu contracheque o valor da prestação).
O que mais nos surpreende é que, de acordo com o texto, 5% desse limite é reservado exclusivamente para o pagamento de despesas com cartão de crédito. Ora, em tempos de crise e considerando que vivemos em uma sociedade que adora consumir, a medida implica em mais dores de cabeça para uma categoria que já sobrevive a duras penas. Ficamos sem entender como essas medidas são tomadas sem a menor preocupação em proteger o trabalhador, em detrimento de favorecer as casas de crédito e operadoras de cartões, num momento em que os juros estão pela hora da morte e, ainda, com previsão clara de que a Taxa Selic deverá subir pelo menos duas vezes até o final do ano.
Se olharmos pelo retrovisor veremos que os dados divulgados recentemente pelo Banco Central dão conta de que quase metade da renda das famílias brasileiras está comprometida com dívidas. Esse endividamento chegou a 46,3% em abril, o maior percentual desde o início da pesquisa, em 2005. A conta considera o total das dívidas das famílias em relação à renda acumulada nos últimos 12 meses. Economistas e especialistas em finanças pessoais costumam criticar a ampliação do limite de endividamento dos trabalhadores. Dizem que isso cria a ilusão de que as pessoas terão mais dinheiro, em um momento em que a economia está praticamente estagnada e há ameaça de aumento do desemprego.
È bom lembrar que no ano passado, o Ministério da Previdência decidiu ampliar o prazo máximo de pagamento de empréstimo consignado para os aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de 60 para 72 meses (6 anos).
Consideramos as medidas tanto do Ministério da Previdência quanto do Governo Federal como alternativas irresponsáveis que induzem a sofrida massa trabalhadora ou inativa a comprometer em níveis não aceitáveis a sua renda familiar que, na maioria dos lares, mal dá para arcar com as necessidades básicas como: aluguel, comida, medicamentos, passagens de ônibus, água, luz, gás de cozinha, etc.
Essa prática é corriqueira. Quem não lembra do ex-presidente Lula em seu último mandato chamando a crise externa de “marolinha” e mandando o povo consumir? Mais de uma vez eu o vi utilizar os canais de televisão com o seguinte discurso: não deixe de trocar o seu automóvel ou de comprar o eletrodoméstico que está faltando em sua casa. O real é uma moeda forte, a economia anda muito bem e o Brasil não pode parar.
O povo atendeu ao chamado e aqueles menos sensatos perderam os seus créditos, tiveram os seus nomes incluídos em SERASA, SPC, a quebradeira foi generalizada (menos dos bancos), mas Lulinha não veio pagar conta de ninguém, nem Dilminha vai pagar por ele. Essa, coitada, não está pagando nem as contas do governo.
Por: Danizete Siqueira de Lima
OPINIÃO DO PERNINHA
Muito lúcida e oportuna a matéria intitulada apertem os cintos, do economista e consultor Sérgio C. Buarque, que circulou no caderno político do Jornal do Commercio, semana passada.
No início do texto o autor comenta: “o governo sumiu. E não tem ninguém a bordo desta nave descontrolada com capacidade para pilotar e conduzir o Brasil a um voo seguro para o futuro. Turbulências sacodem e desestabilizam o país e o empurram em voo cego para o abismo”. Lamentavelmente, não há qualquer dose de exagero nas palavras ali contidas. Que o digam os últimos números de desaprovação do governo central, notadamente no Norte e Nordeste, regiões do país onde a presidente Dilma teve votação expressiva frente ao seu opositor; que o digam os escândalos desvendados pela operação Lava Jato e que, perigosamente, se aproximam cada vez mais do Planalto; que o digam os auditores do TCU – Tribunal de Contas da União que exigem a todo custo notas explicativas da nossa presidente sobre as manobras contábeis feitas em seu último exercício financeiro (2014), ferindo frontalmente a LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal.
Diante de tantos desastres é possível alguém de bom senso acreditar que o Brasil aguentará mais três anos e meio sem governo, até as eleições de 2018?
E o pior: o que se imagina em termos de mudanças? Quais seriam os candidatos ao tão cobiçado cargo de presidente?
Lula (de novo), José Serra, Aécio Neves, Marina Silva, Alckmin? Meu Deus, quanta crueldade com a nossa Pátria!
Certo mesmo é que as questões acima merecem bastante reflexão e que a presidente Dilma não tem a menor condição de recuperar a governabilidade. O que impera é a desconfiança da sociedade, a falta de apoio político no Congresso com o PT ressabiadoe o PMDB, partido do vice presidente Michel Temer, cada vez mais distanciado dos propósitos governamentais e se sentindo acuado diante de tantos desmandos e falcatruas.
Lá fora, também é visível o cenário de crises e incertezas com a Grécia dando default em seus credores, perdendo confiança e podendo ser expulsa da Zona do Euro; a China – que é a maior consumidora de aço brasileiro – parando de crescer e comprometendo mais ainda a nossa Balança Comercial e o frequente aumento do desemprego nos Estados Unidos, são fatores que corroboram (e muito) com a fragilidade das nossas forças podendo transformar a “marolinha” satirizada por Lula no seu governo em um grande Tsunami.
E desse aí só Jesus poderá nos salvar.
Por: Danizete Siqueira de Lima
Julho de 2015.
OPINIÃO DO PERNINHA
Quando a meta passa a ser obsessão
O último ano do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff foi dificílimo de governar, principalmente, no que diz respeito ao cumprimento das metas pré-estabelecidas. E por uma razão muito simples: ano eleitoral onde gastou-se demasiadamente com as costuras políticas para vencer as eleições a qualquer custo, não havendo a menor preocupação do governo em fechar as torneiras da economia para se cumprir o tão badalado Superávit Primário.
Nem as famosas “pedaladas fiscais” foram suficientes para o governo cumprir com a LRF-Lei de Responsabilidade Fiscal, mandando-a para as “cucuias” acompanhada de um “pibinho” e do fantasma da inflação que continua nos rondando. O governo foi reeleito, o Congresso fez arrumadinho na LDO-Lei de Diretrizes Orçamentárias e D. Dilma entrou 2015 firmando o compromisso de cumprir as metas que lhe fossem impostas.
Para tirar o seu sossego, como se não bastasse o escândalo da operação Lava Jato, o TCU – Tribunal de Contas da União quer que a presidente preste alguns esclarecimentos sobre as manobras contábeis que fecharam as contas do governo no exercício de 2014. Sobre esses esclarecimentos, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) anda constrangido com a ordem que recebeu do Planalto: defender o crime financeiro que foi cometido no outro governo. Tem dito a amigos que foi chamado para “consertar o futuro” e não para justificar os erros dos outros.
Pela nossa ótica Levy está corretíssimo. Por Lei, a responsabilidade e as contas são da presidente. Contudo, para se manter no cargo, acreditamos que o ministro irá usar sua credibilidade para a ajudar a Dilma se safar de punições previstas na Constituição.
Olhando para o quadro que aí está, a nossa constatação é a seguinte: com o Congresso Nacional atrapalhando todas as votações de interesse do governo e o ajuste fiscal caminhando a passos de tartaruga, a meta que sobrou para a presidente Dilma em condições de ser alcançada foi a de superar os ex-presidentes no quesito da impopularidade. E de pedalada em pedalada parece que a danada vai conseguir.
De acordo com o último resultado da pesquisa CNI/Ibope, divulgada no dia 1º do corrente, o seu índice de aprovação é de apenas 9%, se igualando a gestão Sarney (março de 1986) e superando o ex-presidente Collor em seu pior momento (agosto de 1992), às vésperas do impeachment, quando tinha a aprovação de 12%.
Ora, se a presidente empatou com a reserva hídrica de Cantareira (SP) atingindo o famoso “volume morto” em seis meses de governo, torna-se crível que ela irá bater os números alcançados por Sarney e, de quebra, conseguir o impeachment para dar uma lição em Collor.
Coragem não lhe falta e se depender da ajuda dos seus aliados, a começar pelo ex-presidente Lula, pelo chefe da casa civil, Aloísio Mercadante e por uns ministrozinhos que ela tem escolhido ultimamente é só um pouquinho de paciência.
Por: Danizete Siqueira de Lima
Julho de 2015
OPINIÃO DO PERNINHA
Iniciamos a primeira crônica do mês parabenizando à nossa querida Afogados da Ingazeira pela passagem dos seus 106 anos de emancipação política. O centro Desportivo Lúcio Almeida foi o palco das festividades que marcaram a semana com a realização da 11ª EXPOAGRO, que iniciou no dia 27/06 e se estendeu até ontem, trazendo atrações artísticas de peso como Alceu Valença, Flávio José, Victor e Léo e tantos outros que fizeram a alegria dos presentes.
A ANABB- Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, bimestralmente, publica o Jornal Ação e, curiosamente, uma dessas publicações trouxe uma historinha que me chamou à atenção pela simplicidade e grandeza na lição que ela transmite. Referida história é contada por Reinaldo Fujimoto – vice-presidente administrativo financeiro da Associação. Vejamos:
“Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve numa clareira e, depois de um pequeno silêncio me perguntou:
– Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos por alguns segundos e respondi:
– estou ouvindo um barulho de carroça.
-Isso mesmo – disse meu pai – é uma carroça vazia.
Perguntei pra ele:
– Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
– Ora – respondeu meu pai –, é muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do
barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.
Tornei-me adulto e, até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando para intimidar, tratando o próximo com grossura inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz de meu pai dizendo: “quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz”.
É muito comum encontramos em nosso cotidiano pessoas com as características acima, principalmente nas relações de trabalho. Semana passada, ao ver uma entrevista do Jô Soares com a nossa presidente Dilma Rousseff, a primeira coisa que me veio à mente foi essa breve e sábia história. E por uma razão muito simples: por mais que se diga humilde e queira parecer uma pessoa de diálogo, a presidente é altamente agressiva, prepotente e não consegue esconder o seu mau humor e muito menos a sua arrogância diante de situações adversas.
O resultado de tudo isso é que o seu índice de popularidade está cada vez mais baixo e ela tem se dado muito mal com as grandes questões nacionais, por não querer descer do pedestal e reconhecer que o governo não anda bem, a economia está de mal a pior, a inflação bate a nossa porta e que ela sozinha não irá a lugar nenhum. Tem que fazer um governo participativo.
Por essas e outras, até que a nossa presidente tenha uma mudança comportamental digna de quem ocupa o mais alto posto do País, irei sempre associá-la ao BARULHO DA CARROÇA.
Danizete Siqueira de Lima
Julho de 2015