A inadimplência como fruto da irresponsabilidade.
Na segunda feira (13/07), o Diário Oficial da União, publicou a medida provisória assinada pelo presidente interino, Michel Temer, ampliando de 30% para 35% da renda mensal do trabalhador – aposentado ou pensionista – o limite do salário que poderá ser comprometido no pagamento das parcelas do empréstimo consignado (aquele que o banco antecipa em seu contracheque o valor da prestação).
O que mais nos surpreende é que, de acordo com o texto, 5% desse limite é reservado exclusivamente para o pagamento de despesas com cartão de crédito. Ora, em tempos de crise e considerando que vivemos em uma sociedade que adora consumir, a medida implica em mais dores de cabeça para uma categoria que já sobrevive a duras penas. Ficamos sem entender como essas medidas são tomadas sem a menor preocupação em proteger o trabalhador, em detrimento de favorecer as casas de crédito e operadoras de cartões, num momento em que os juros estão pela hora da morte e, ainda, com previsão clara de que a Taxa Selic deverá subir pelo menos duas vezes até o final do ano.
Se olharmos pelo retrovisor veremos que os dados divulgados recentemente pelo Banco Central dão conta de que quase metade da renda das famílias brasileiras está comprometida com dívidas. Esse endividamento chegou a 46,3% em abril, o maior percentual desde o início da pesquisa, em 2005. A conta considera o total das dívidas das famílias em relação à renda acumulada nos últimos 12 meses. Economistas e especialistas em finanças pessoais costumam criticar a ampliação do limite de endividamento dos trabalhadores. Dizem que isso cria a ilusão de que as pessoas terão mais dinheiro, em um momento em que a economia está praticamente estagnada e há ameaça de aumento do desemprego.
È bom lembrar que no ano passado, o Ministério da Previdência decidiu ampliar o prazo máximo de pagamento de empréstimo consignado para os aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de 60 para 72 meses (6 anos).
Consideramos as medidas tanto do Ministério da Previdência quanto do Governo Federal como alternativas irresponsáveis que induzem a sofrida massa trabalhadora ou inativa a comprometer em níveis não aceitáveis a sua renda familiar que, na maioria dos lares, mal dá para arcar com as necessidades básicas como: aluguel, comida, medicamentos, passagens de ônibus, água, luz, gás de cozinha, etc.
Essa prática é corriqueira. Quem não lembra do ex-presidente Lula em seu último mandato chamando a crise externa de “marolinha” e mandando o povo consumir? Mais de uma vez eu o vi utilizar os canais de televisão com o seguinte discurso: não deixe de trocar o seu automóvel ou de comprar o eletrodoméstico que está faltando em sua casa. O real é uma moeda forte, a economia anda muito bem e o Brasil não pode parar.
O povo atendeu ao chamado e aqueles menos sensatos perderam os seus créditos, tiveram os seus nomes incluídos em SERASA, SPC, a quebradeira foi generalizada (menos dos bancos), mas Lulinha não veio pagar conta de ninguém, nem Dilminha vai pagar por ele. Essa, coitada, não está pagando nem as contas do governo.
Por: Danizete Siqueira de Lima