No penúltimo domingo (16/08), pela terceira vez este ano, o Brasil se rendeu às manifestações de rua pedindo a cassação de Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, tentando minar uma possível candidatura do ex-presidente Lula à Presidência, em 2018. A intensificação dos ataques diretos a Lula em toda onda de protestos, deixa bem claro o repúdio da sociedade ao padrinho político da presidente.
Sabemos que o ex-presidente é sem sombra de dúvidas a maior autoridade do partido mas, diante de tantos descalabros e da corrupção generalizada apurada pela operação Lava-Jato, que já pôs mais de trinta ladrões na cadeia, a situação tornou-se insustentável ao ponto de ver a própria sigla PT excomungada por uma boa parte da população.
A preocupação de grande parte dos políticos da situação é com a quantidade de pessoas envolvidas nas manifestações. Percebemos isso quando são feitas as comparações com os movimentos anteriores. Em todo caso, acreditamos que esses números não vêm ao caso. O que se percebeu claramente foi que o povo enviou o seu recado e que a onda de impeachment continua dando o tom dos protestos.
Enquanto auditores do Tribunal de Contas da União aguardam esclarecimentos das pedaladas fiscais praticadas pelo governo ao apagar das luzes de 2014 e a operação Lava-Jato continua desvendando mistérios de propinas subornos e todo tipo de falcatrua praticado pelo desgoverno do PT, D. Dilma se segura como pode para se manter no cargo e tenta dialogar com a oposição, mesmo lhe faltando habilidades para tal.
O momento é delicado e não achamos que o impeachment seja uma boa saída, pois além de ser um processo bastante traumático os custos serão incalculáveis. Precisamos sim, unir forças para evitar que o barco vá a deriva. Diferentemente do pensamento oportunista e irresponsável do ex-presidente FHC – Fernando Henrique Cardoso que, ao fazer uma análise das manifestações, deixou bem clara a sua vontade de ver o circo pegar fogo.
Lamentamos que um ex-chefe de Estado, detentor de um currículo capaz de fazer inveja a muitos intelectuais, se aproveite de um momento tão difícil para destilar o seu veneno e incitar de forma vergonhosa a população brasileira a enveredar por um caminho que só irá piorar as coisas (se é que isso seja possível).
Fazemos questão de ressaltar que não votamos na Dilma e nem nutrimos a menor simpatia pelo seu partido mas, o bom senso sugere que não peguemos carona nas desgraças alheias e muito menos apoiemos o esquadrão do “quanto pior melhor”, prática muito comum nos dias atuais.
Danizete Siqueira de Lima
Agosto de 2015.