Um verdadeiro exemplo de amor ao próximo
Muito oportuno e digno de registro o editorial do JC de 07/06, assinado por Cinthya Leite, mostrando a importância do espírito comunitário para a recuperação dos indivíduos que passam pelo AA – Alcoólatras Anônimos. A maioria absoluta dos alcoólatras frequentadores da instituição, que conseguem permanecer sóbrios por anos a fio, credita a nova vida ao apoio recebido por outras pessoas que passaram por situação semelhante.
Somente em Pernambuco, há 430 grupos que realizam os encontros semanais pelos quais o AA se notabilizou – em que se percebe o verdadeiro encontro, muitas vezes adiado, do alcoólatra consigo mesmo, no reconhecimento do descontrole sobre a bebida e de uma doença que precisa ser combatida. Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas no mundo inteiro sejam frequentadores de reuniões do AA, em 117 mil grupos espalhados por 180 países. A participação é gratuita, isenta de taxas e mensalidades. No Brasil, o número de grupos chega a 6 mil. Nesses encontros, a troca de experiências e a verbalização do problema cumprem o papel de uma terapia de grupo.
Assim como faz com o organismo, o álcool, apesar de droga lícita, pode destruir a vida de alguém em pouco tempo de vício. O acúmulo de anos entregues à bebida, consumida todos os dias, pode resultar num estrago devastador para o corpo e para a integridade psíquica dos viciados. As consequências logo regem as relações sociais, dificultando o desempenho no trabalho e minando, ou mesmo impossibilitando, a convivência familiar. A baixa autoestima e a solidão são comuns a vários membros iniciantes do AA. A força de vontade, a persistência e a confiança que advêm do contato com os demais integrantes do grupo, por sua vez, fundamentam o caminho da recuperação, para a qual a abstinência total é considerada a única opção e garantia. O tratamento da dependência alcoólica não prescinde de recursos medicamentosos, e até, do internamento. Mas os especialistas são os primeiros a aplaudir o trabalho bem-sucedido do AA, no suporte conferido ao tratamento com remédios.
O alcoolismo é um problema sério que aflige e mata milhões de pessoas todos os anos. O Brasil é um dos países campeões de consumo alcoólico, especialmente entre os jovens: quase 80% da juventude brasileira bebe, e o índice de dependentes já é de 19%. A entrada no vício começa cada vez mais cedo, na primeira adolescência, a partir de 11 ou 12 anos, de acordo com a Secretaria Nacional Antidrogas.
Quem conhece ou acompanha de perto o trabalho desenvolvido pelo AA, não tem como não tirar o chapéu para a organização. A dedicação e o zelo com que são tratados os dependentes chama à atenção de todos. Não por acaso, o Brasil é o terceiro País em número de grupos do AA, atrás apenas do México e dos Estados Unidos, onde a irmandade surgiu, em 1935. A chegada ao Brasil se deu em 1947, com a formação do primeiro grupo na cidade do Rio de Janeiro.
Parabéns a irmandade que completou 80 anos de história e relevantes serviços prestados aos dependentes do álcool e torçamos para que grupos semelhantes possam surgir na ajuda ao próximo, sobretudo, no combate aos vícios que tantos males têm causado à sociedade.
Por: Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira