A crise econômica que atravessa boa parte do planeta não pode e nem deve ser chamada de marolinha (termo usado pelo ex presidente Lula, em 2008, no seu segundo mandato). O Brasil, por suas relações comerciais com a China (nossa maior compradora de aço), tem sentido na pele esses efeitos e isso ficou patente nos últimos resultados financeiros de empresas como Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Vale do Rio Doce.
Na Petrobras, mesmo que muitos acreditem que tudo esteja resolvido por força das ações da Operação Lava-Jato, é bom que se registre que as cicatrizes deixarão marcas por muito mais tempo do que se imagina. O setor energético vem sobrevivendo a duras penas, mesmo com os sucessivos reajustes e só deverá dar uma respirada quando a ajuda de fato vier via São Pedro e os nossos reservatórios possam dar um descanso as termelétricas, que custam caro e tanto tem tirado o sono dos consumidores.
Em suma: ninguém passa incólume pela crise e o setor imobiliário é um dos mais castigados. O aperto no crédito restringe a intenção das famílias em adquirir imóveis e tende a sustentar um nível elevado de distratos, pavimentando o caminho para uma espiral negativa de lançamento e dificuldades adicionais de vendas. A situação apontada por especialistas agrava a perspectiva para as incorporadoras, que já lidam com a deterioração do cenário macroeconômico e o enfraquecimento da confiança dos consumidores.
Com inflação elevada e baixo crescimento econômico, já suficientes para afastar clientes dos estandes de vendas, a postura mais rígida dos bancos em relação ao mercado imobiliário faz cair o número de negócios. Reflexo desse processo pode ser observado nos três primeiros meses deste ano. No período, das 15 principais empresas de capital aberto do setor, 11 informaram perdas em volume bruto medido pelo Valor Geral de Vendas, umas mais outras menos, variando entre 7% e 90%. Em alguns casos, os números do começo do ano foram influenciados também pela ausência de contratações na faixa 1 do Minha Casa Minha Vida, que abraça famílias com renda mensal de até R$ 1,6 mil e tem subsídio quase total oferecido pelo governo para a compra do imóvel.
Os números acima são chamativos e nos levam a uma reflexão: será que a crise imobiliária chegou à nossa cidade? Acho que não. Esses dias estivemos a procura de um imóvel comercial para locação e ficamos impressionados com o que vimos. Parece brincadeira. Qualquer espaço entre 12/20 metros quadrados próximo ao centro é em torno de R$ 2.000,00. Isso mesmo, a média está entre 2,0 e 2,5 salários mínimos. E se você falar em comprar aí o bicho pega.
Não vou me deter em números para não parecer exagero, mas imóveis comerciais acima de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) é só o que tem por aqui e se você andar mais um pouco e resolver comprar uma casa velha para derrubar, dando sorte, já consegue ofertas na casa de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
Até pouco tempo Recife era a capital brasileira que tinha o quarto metro quadrado mais caro do país. Perdia para São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília . Pelo visto, a nossa capital deve ter sido ultrapassada por Afogados da Ingazeira e hoje terá que se contentar com a 5ª colocação.
Danizete Siqueira de Lima