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Crônica de Ademar Rafael

OS PINGOS DOS ‘IS”

Hoje nosso diálogo fica por conta da “impaciência”, da “irritabilidade” e da “imprudência”. Esses fenômenos estão presentes em nosso cotidiano e se não cuidamos deles em tempo hábil iremos nutrir outros fenômenos capazes de gerar grandes conflitos em nossa individualidade e na convivência em ambientes sociais. Sempre que saio de casa busco controlar e se possível extinguir estes direcionamentos e sem julgamentos verificar sua presença no comportamento das pessoas com que me relaciono.

A cada dia é perceptível a nossa impaciência com a simples demora de um elevador, de um atendimento numa fila qualquer, uma explicação de um atendente ou de um médico. O mundo da competição nos remete para o universo onde a pressa detém todas as cartas do jogo, isto tem afetado nossa maneira de agir.

Na sequência somos atacados pelos vírus da irritabilidade, ou seja, a impaciência tem gerado alta dose da energia que move o gatilho da irritação e com ele atingimos todos, principalmente nós mesmo. Este caminho promove todo tipo de desentendimento em situações abaixo da banalidade, insignificantes e passiveis de ser ignoradas sem prejuízos. O conflito tem substituído o diálogo na maioria das ocasiões.

O terceiro degrau, após os sintomas anteriores, é a imprudência. Pessoas ponderadas estão perdendo o controle e pessoas que tinham pouco controle ficando brutalizadas no tocante a medir os efeitos dos
seus atos.

Se perguntarmos a um condutor de um veículo grande ou pequeno, com muitos passageiros ou sozinhos, o que motivou a opção para avançar um sinal iremos escutar: “Não tenho paciência com essa demora, fico irritado com a lerdeza desse ‘povo’, estou com pressa, não suporto essa letargia”. Como se ver as desculpas para imprudência são os primeiros fatores. Precisamos agir enquanto há tempo, neste caso com certa pressa.

Crônica de Ademar Rafael

AMIGOS DE QUINCAS RAFAEL – II

Dando sequência aos textos relacionados com os grandes amigos do meu pai hoje falaremos sobre o nobre Francisco Vicente Sobrinho, conhecido como Chiquinho Vicente.

É o segundo do grupo de três amigos que residiram no município de Iguaracy e estiveram presentes em boa parte das aventuras do contador de história de Jabitacá.

Desde meus tempos de criança convivi com os diálogos entre Quincas Rafael e Chiquinho Vicente. Com minha capacidade de absorção da época enxergava uma admiração e respeito mútuo não havia disputa e sim muita cooperação, um ouvia o outro com atenção dedicada aos irmãos.

O prudente, carismático e educado Chiquinho Vicente teve como principal atividade a agropecuária. Como tal foi cliente do Banco do Brasil, sempre honrando seus compromissos. Com essas qualidades e munido de extrema capacidade de fazer e manter sadias amizades foi eleito para os cargos de vereador e prefeito em sua terra. No exercício das funções nunca mudou seu jeito de ser, sua forma mansa e pacífica estiveram com ele em todas as oportunidades.

Teve como residência fixa a “Fazenda Passagem Funda”, local imortalizado na música “Que nem Vem Vem”, um dos sucessos de Maciel Melo, Lutou bravamente pela construção da Barragem do Rosário, obra
inaugurada durante seu mandato como prefeito. Em 2021 por deliberação de Assembleia Legislativa de Pernambuco a PE-282, que liga a sede do município ao Distrito de Jabitacá, seu caminho ao se deslocar da sua residência, passou a ter o seu nome. Merecida homenagem.

Chiquinho Vicente foi uma prova de que fidalguia e nobreza são qualidades inatas, quem as tem não perde em função de cargos que exerce e dos “encantos” do poder. Um exemplo que merece ser seguido.

Crônica de Ademar Rafael

TROCA INDEVIDA

Para retomar as atividades ligadas à formação jovens que buscam o primeiro emprego, em Programa conduzido pelo SENAR-PB, com preparação de material para volta das aulas presenciais tenho lido bastante sobre comportamento, mudança de atitude e adaptação.

Junto das leituras necessárias para bem executar as tarefas recebidas surge, com nitidez, a percepção que estamos, equivocamente, trocando a convivência harmoniosa pela discórdia no universo político e em áreas ligadas à família, à religião e ao trabalho, contaminando-os.

Mesmo reconhecendo as limitações naturais de um leigo em muitas destas áreas, tenho clareza que a cada dia estamos nos distanciando do perdão e nos aproximando da falta de piedade, da capacidade de ouvir e respeitar pensamentos diferentes dos nossos.

No livro “A sabedoria da transformação” a Monja Coen ao falar sobre encontros “inter-religiosos” que participa transcreve uma ponderação do 14° Dalai Lama em evento realizado na cidade de São Paulo. Diz a
Santidade Budista: “Todas as grandes religiões do mundo, com ênfase no amor, na paciência, na tolerância e no perdão promovem valores internos. Mas a realidade do mundo hoje é outra, e se apoiar apenas na ética religiosa já não mais adequado. Acredito que chegou o tempo de encontrarmos um caminho para pensar sobre espiritualidade e ética que vá além da religião.”

Se pegarmos esse pequeno texto, para uma reflexão, descontaminada dos efeitos negativos das escolhas acima citadas, vamos identificar muitos caminhos a serem construídos em cima de terra que nós mesmo arrasamos, vamos perceber que é necessário muita ação individual em nome do coletivo. As trilhas percorridas não nos levarão ao porto seguro. É imperioso que voltemos a ser seres humanos gregários, que a intolerância seja trocada pela harmonia que o sentimento do perdão retorne aos nossos corações e mentes.

Crônica de Ademar Rafael

A FOME INSISTE

No próximo mês o movimento idealizado por Betinho, o irmão de Henfil imortalizado na letra da música “O bêbado e o equilibrista” de Aldir Blanc e João Bosco, comemora trinta anos. Em setembro de 1992 as pessoas que ocuparam o Aterro do Flamengo na cidade do Rio de Janeiro estavam criando a mobilização que entrou nos registros históricos como “Ação da Cidadania contra a Fome a Miséria e pela Vida”.

O presidente Itamar Franco deu apoio governamental para o projeto. Betinho, alegando problema de saúde, não aceitou cargos no governo. Segui com na luta sem o tão sonhado crachá ou outros benefícios. Dessa mobilização inicial nasceu a campanha “Natal sem Fome” e com base no Mapa da Fome a necessidade de criar Comitês Locais. A lógica dos comitês, corretamente utilizada, tinha com base a seguinte indagação: “Como posso participar de uma campanha nacional se no meu entorno tem pessoas morrendo de fome?”

Na formação destes comitês os funcionários do Banco do Brasil, com apoio de entidades locais, dos clubes de serviços – especialmente Rotary, Lions e Maçonaria – e voluntários anônimos deram vida a milhares de base arrecadadoras de donativos e inúmeras equipes para entrega dos alimentos arrecadados. O projeto ganhou musculatura e mesmo com o falecimento do Betinho, dia 09.08.1997, continuou sua
espiral virtuosa.

Governos que sucederam Itamar Franco lançaram mão da ideia e criaram programas para assumir os encargos dos voluntários. Era a promessa que o inciso III do Artigo 3º da nossa Constituição deixaria de ser de ser letra morta. Nomes foram criados: “Bolsas, com FHC”; “Fome Zero, com Lula”, “Bolsa Família, com Dilma” e “Auxílio Brasil, governo atual”.

Todos, com intuito de gerar popularidade e votos, foram incapazes de trazer a solução definitiva para o problema, os números atuais são tão alarmantes e vergonhosos como os que tínhamos há trinta anos.

Crônica de Ademar Rafael

CENTENÁRIO – ZÉ VICENTE DA PARAÍBA

Ontem galáxias “Cultura Popular” e da “Cantoria de Viola” se unificaram para comemorar o centenário do poeta José Vicente do Nascimento, nascido em Pocinhos – PB em 07.08.1922. Defendo a tese de que ninguém, além deles, tem a sublime capacidade de escrever sobre um poeta. Esses seres iluminados, que Zé de Cazuza definiu em livro como “Poetas encantadores”, são detentores de ilimitada capacidade de criação. Definir isto é missão impossível.

Mesmo com essas limitações não poderia deixar esta data passar em branco. O poeta Zé Vicente da Paraíba, que para nosso orgulho residiu no Pajeú em outras cidades de Pernambuco, conviveu com poetas de várias gerações em seus oitenta e cinco anos e nove meses de vida terrena. Conviveu com Antônio Marinho e a turma de atualmente honra a profissão de violeiro, como tanto honrou o filho de Pocinhos.

Quem foi ouvinte de programas radiofônicos sobre cantoria de viola nos anos 1960 a 2000 ouviu Zé Vicente da Paraíba ao vivo ou por meio das suas gravações, afinal ele tem participação ativa no LP “Violeiros” o primeiro do gênero, gravado em 1955 em inúmeros outros títulos.

Com o brilhantismo que caracteriza as suas ponderações, Bráulio Tavares no prefácio do livro de Zé Vicente da Paraíba “Fiz do choro das cordas da viola/o maior ganha-pão da minha vida”, obra organizada por José Mauro de Alencar e publicada em 2009, escreveu: “Querem ver o tamanho da Cantoria de Viola? Vejam este livro, pequena amostra da produção de um poeta que nem sequer é um dos mais famosos de sua arte. Quem conhece Zé Vicente, fora do âmbito dos admiradores da Cantoria? Muito pouca gente, embora – para dar só um exemplo – seus versos sobre a natureza tenham sido gravados por Alceu Valença, Marília Pêra, Ruy Maurity e outros. Zé Vicente, como tantos parceiros seus que figuram nestas páginas, foi em certo momento saudado como pioneiro por ter sido um dos primeiros cantadores a gravar seus versos no vinil. Vejam as ironias da História. O disco de vinil acabou. As gravadoras de discos estão acabando. O mercado fonográfico onde não cabia a Cantoria de Viola está desmoronando em câmara lenta até onde a vista alcança. Os improvisos e os poemas de Zé Vicente, preservados na memória de quem era capaz de entendê-los, ficaram, estão aqui, e serão passados adiante…” e arremata: “Zé Vicente, teu verso está escrito numa tinta que o tempo não desbota.”

Ler este livro é passear sobre nuvens carregadas de poesias. Como minúsculo aperitivo transcrevo a primeira estofe da música “O autor da natureza”, gravada por Zé Ramalho: “O que prende demais minha
atenção/É um touro raivoso numa arena/Uma pulga do jeito que é pequena/Dominar a bravura d um leão/Na picada ele muda a posição/Pra coçar-se depressa com certeza/Não se serve da unha nem da presa/Se levanta da cama e fica em pé/Tudo isso provando o quanto é/Poderosa e suprema, a natureza…” Poema feito em parceria com Passarinho do Norte.

Crônica de Ademar Rafael

MUDAR E UNIR, REGRAS SALUTARES.

Por ser um defensor da tese que nosso estilo de vida e nossas ações, assim como os processos das organizações, sofrem influencias externas e por isto precisam ser mudadas sempre busco ler os cenários e as tendências perceptíveis com as ferramentas que disponho.

Recentemente, ao preparar conteúdo para aulas que aplico em turmas do Programa Jovem Aprendiz, deparei-me com os processos de mudança que as empresas precisaram lançar mãos para superar os obstáculos advindos com a pandemia e logo em seguida com os efeitos nefastos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Estes novos posicionamentos, aplicáveis às organizações, podem ser trazidos para nossa vida com as adaptações cabíveis.

Para melhor entendimento destaco práticas recentemente incorporadas nos processos organizacionais e como mencionei aplicáveis em nosso cotidiano. Tais conceitos são extraídos da matéria “Da cadeia linear à circular – Quinta revolução”, publicada na revista HSM-Management número 152, assinada por Marcelo Souza.

No texto, cujo título já indica uma mudança, o executivo aponta a necessidade de enxergarmos “os resíduos como recursos”, de convivermos com a “diversidade”, utilizarmos “energias de fontes renováveis” e adotarmos “pensamento sistêmico”. Percebam que as sugestões transitam no mundo onde a competição é trocada pela cooperação. É neste universo que devemos nos colocar.

A pandemia e os obstáculos naturais do nosso tempo não permitem a individualidade como prática salutar. Precisamos unir forças, eliminar os desperdícios e ampliar nossa linha de raciocínio. Tenho insistido nisto em minha vida, levado essa mensagem aos meus alunos e trazido para reflexão neste espaço. Que tal estimularmos nossas características de “seres gregários”, transformando os pares em aliados?

Crônica de Ademar Rafael

AMIGOS DE QUINCAS RAFAEL

Com a devida vênia de cada leitora e cada leitor desse espaço, permitam-me mencionar na última semana de cada mês uma personalidade da região, aqui classificada como amigos de Quincas Rafael. Este projeto tem sustentação no que aprendi com o velho poeta das Varas: “A atenção que devemos dispensar para os amigos, verdadeiros anjos da guarda”.

Meu pai, com sua habilidade em dizer as coisas de forma simplificada, sempre indicava em nossos diálogos que entre os seus incontáveis amigos seis se destacavam. Três deles da região de Jabitacá e três que fizeram parte da sua história na fase de juventude em Afogados da Ingazeira, cidade onde nasceu no dia 02.03.1921.

Até o final deste ano, na forma indicada no parágrafo inicial, irei trazer informações sobre cada um deles. Uma coisa garanto: “São pessoas que foram exemplos em suas atividades, com eles aprendemos o precisamos preservar suas memórias.” O primeiro a ser citado é José Lopes Torres, Zé Torres para os conterrâneos. Fazendeiro e político de Jabitacá, residiu na Fazenda Carnaíba. Foi um homem de qualidades raras, uma delas servir aos amigos e correligionários com extremo zelo.

As palavras covardia, omissão e traição nunca fizeram parte do seu dicionário. Do seu modo foi justo e solidário em todos os atos que praticou. Sua casa tinha portas abetas, aqui deixo um exemplo. Na época  que demolimos a antiga Casa Amarela em Jabitacá, Zé Torres cedeu a sua casa na rua principal do Distrito para minha irmã morar até que fosse construída a sua nova residência, ao lado da Casa de Pedra.

Com dedicação e compromisso Zé Torres foi vereador e prefeito em Iguaracy, nunca traiu seus ideais, nunca se permitiu fugir das obrigações em favor do coletivo. Sua abnegação com os interesses da sua terra precisam ser lembrada por muitas gerações, as homenagens que recebeu em vida e após seu falecimento são merecidas. Seu estilo faz falta.

Crônica de Ademar Rafael

SUBMISSÃO CONVENIENTE

Com o esgotamento das pautas relacionadas com COVID-19 e Guerra entre Rússia e Ucrânia os assuntos que predominam na imprensa escrita e falada e nas e redes sociais são: Eleições 2022, Aumento dos combustíveis e inflação. Vamos fazer algumas ponderações sobre os dois últimos temas, uma vez que entendemos que as publicações acerca de tais temas está muito distante da verdade, o império reinante é o da manipulação.

Sobre o aumento dos combustíveis muito se fala na oscilação do dólar, nos efeitos da guerra acima destacada e nos tributos incidentes sobre os produtos derivados do petróleo. O peso desses três fatores sobre os aumentos perde de longe para o real motivo. Qual é este motivo Ademar? O grande culpado nessa história é o sistema de precificação utilizado pela Petrobrás. Foi criado em 2016 no Governo de Temer. Seu nome?  Preço de Paridade Internacional – PPI. Tal modelo dar total privilégio aos ditames do mercado internacional, o lucro é única meta.

No tocante a inflação temos um ingrediente também prejudicial ao Brasil que é o aumento da taxa SELIC. Seu foco é rentabilizar os capitais de investidores. Até as lâmpadas das salas de reunião no Banco Central sabem que para o modelo inflacionário que vivenciamos o aumento da taxa de juros pouco interfere. Esta nefasta medida tem algum efeito nos ciclos inflacionários derivados de alto consumo, não é o caso atual. Nossa inflação está subindo por força de outros eventos. Destacamos: Custo dos alimentos, provocado pela falta de política relacionada com estoques reguladores e aumentos dos serviços que sofrem impactos dos preços dos combustíveis e da energia.

Nossos governantes de antes, de hoje e de amanhã, que se beneficiam com os dividendos pagos pela Petrobrás e com os valores atraídos pelas altas taxa de juros promovem discursos condenando a Petrobrás e o Banco Central, para enganar os desavisados. Internamente seguem com a submissão conveniente aos donos do capital.

Crônica de Ademar Rafael

POLÍTICA DE FORMA AMPLA

A jovem advogada e comunicadora Gabriela Prioli publicou em 2021 o livro “Política é para todos”, obra lúcida, pertinente e rica em detalhes. A obra decifra de forma palatável conceitos sobre Estado, República,
Poderes, Partidos e outros assuntos ligados ao tema. Dedica capítulo específico para esmiunçar as diferenças entre democracia e autoritarismo, não se limita a criticar esse ou aquele governante. Como todo bom livro traz informações relevantes sobre os temas a que se dispôs a escrever dando clareza.

Ao escrever sobre “Para que sevem os partidos” demonstra com riqueza de detalhes as falhas do nosso sistema partidário. Diferente de outros autores não o faz com tom professoral. Registra fatos e, como o mesmo formato da nossa crônica semanal, deixa que cada um faça a reflexão sobre o assunto e tire suas conclusões.

Para este cronista os registros inseridos nos capítulos “Como os votos se transformam em mandatos”, “Qual o papel dos eleitores”, “Como são financiadas as eleições e por que isto importa”, “Qual o papel dos
eleitores no processo democrático” e “Como participar da política além das eleições” mereceriam entrar nas pautas das mídias sociais, tais como: Blogs, jornais, revisitas, rádios e redes de televisão aberta e por
assinatura.

Tenho certeza que se tais temas fossem debatidos de forma individualizada, demonstrando a sua vinculação com os interesses coletivos, a população teria acesso a ricos debates. São assuntos com estreita relação com nosso cotidiano que ficam à margem dos debates diários. A preferência, com raras exceções, é destacar a polarização.

Que tal convocar autoridades e postulantes a cargos nas próximas eleições para identificar as suas visões sobre os assuntos destacados no quarto parágrafo desta crônica? Fica a dica para os titulares dos blogs e apresentadores de programas diários em nossa região.

Crônica de Ademar Rafael

OBEDIÊNCIA QUASE ZERO

Nos protocolos de posse da esmagadora maioria das nossas autoridades existe o ritual do juramento de obediência à Constituição. É, sem dúvida, um dos atos mais desrespeitados que eu conheço.

Após as posses os “incisos” do artigo 3º da nossa Carta Magna se transformam em letras mortas e são jogados nas valas comuns do fosso social da nação brasileira. O que dizem referido textos: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”

Encontrar uma ação que busque atender a utopia de “sociedade livre, justa e solidária” é uma tarefa muito mais difícil do que sobreviver na condição de excluído neste país onde a injustiça social é uma marca centenária.

No quesito “garantir o desenvolvimento nacional” pouco se fez nestes duzentos anos de pseuda-independência. A centralização de riqueza em determinadas regiões privilegiadas com a totalidade dos investimentos foi e é pratica comum. O pacto federativo não passa de uma névoa fina que se dissipa sem necessitar de ventania, desaparece por si.

Sobre “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” é possível em alguns momentos, com esforço extremo, identificarmos movimentos nessa direção. Contudo, a autoridade que o fez agiu pensando em popularidade e garantia da permanência do seu grupo no poder, não passam de políticas de mandato, nunca de estado.

O quarto inciso está umbilicalmente ligado à negação aos três que o precede. Ignorado por autoridades e por grande parte da sociedade, especialmente, aquela reside na casa grande.