ADESISMO
Ao publicar o terceiro livro de trilogia Escravidão o escritor Laurentino Gomes além de expor a parte cruel da natureza humana, aquela que nos coloca abaixo do mais irracional dos animais, apresenta de forma clara uma doença crônica que grassa em nosso país desde o descobrimento.
Que patologia é essa Ademar? Respondo prontamente: ADESISMO. Uma doença que corrói as riquezas da nação em favor dos eternos beneficiários de verbas, poder, cargos e outras benesses que um estado insano fornece aos seus vampiros.
O recorte a seguir atesta o que houve nas últimas décadas do século XIX e que treze décadas depois continua ocorrendo: “Em pouco tempo, recém-convertidos à causa republicana, os mesmos antigos barões do café, senhores de engenho, charqueadores, pecuaristas e outros senhores escravagistas – eles próprios ou seus famílias -, que até pouco antes mandava me desmandavam no Império, passaram a dar as cartas no novo regime…”
Para não forçarmos muito a memória vamos lembrar que muitos que lambiam as botas dos generais aderiram ao bloco que elegeu Tancredo, seguiram com Sarney, Collor, FHC, Lula, Dilma, Temer e o atual presidente, em janeiro abraçarão o novo mandatário. Figuras públicas e privadas carregam o vírus do adesismo e transferem aos seus descendentes.
Nos adesistas de hoje sem muito esforço será identificado DNA de pessoas que estavam nas caravelas de Cabral, na época das capitanias Hereditárias, na chegada de Dom João VI, na Independência e outros momentos cujos fatos históricos viraram uma página na perspectiva de criar um novo enredo. Os governantes usam tais figuras para se sustentarem e justificam a convivência com a desculpa da governabilidade que representa nitidamente a falta de um projeto isento de vampiros. Atrair tais figuras e menos custoso que criar alternativas de independência.