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Crônica de Ademar Rafael

RETALHOS DA VIDA

Recentemente em uma mensagem do Padre Ênio Marques de Oliveira vi a frase “Pai tecelão, obrigado pelos muitos retalhos que compõem minha vida.” Esta frase, que inspira esta crônica, remeteu minha atenção para um mote que criei a algum tempo: “O todo da nossa vida/É feito de fragmentos”. Em contextos diferentes o tema é o mesmo, ou seja, nossa vida é constituída pelos seus diversos momentos.

A pergunta que faço é a seguinte: “Como você está ordenando os múltiplos retalhos da sua vida?” Neste assunto uma peça do nosso artesanato, que inclusive foi tema de linda música de Cascatinha e Inhana e carrega seu nome “Colcha de retalhos” nos dar uma aula que nenhum livro de sociologia ou de filosofia foram capazes.

Em referida peça cada retalho com tamanho, cor e de tecidos distintos prova que é possível a convivência entre os diferentes. O mosaico formado pela multiplicidade de cores e formatos sugere que ser diferente não é sinônimo de ser inimigo, que ter origem distinta não significa ser o adversário e ser abatido.

Que possamos aprender com a frase do Padre, com meu mote e com a “Colcha de Retalhos” que devemos buscar até a exaustão os motivos para viermos em paz com os que pensam diferentes e tem outras
preferência divergentes das nossas.

A intolerância segrega, discrimina e mata. A tolerância junta, abraço e dar vida. Precisamos, de forma indolor, praticar atos que harmonizem a convivência e multipliquem os valores que nos levam a paz.

Na peça do artesanato a chita, o brim, a mescla, o linho, a seda e tantos outros tipos de tecidos se unem e formam algo majestoso aos olhos de quem possui sensibilidade. O que nos impede de copiar esse fenômeno no nosso convívio? Procuro e não encontro resposta, alguém sabe?


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