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Últimas publicações do quadro “Crônicas de Ademar Rafael”

Crônica de Ademar Rafael

CLÓVIS AUGUSTO RABELO DOS SANTOS

Este texto é o primeiro de uma trilogia adaptada da crônica “Pessoas do meu sertão XVII”, publicada no site www.afgadosdaingazeira.com, sobre Clóvis de Dóia, Jucá Neto e Paulo Rato.

Clóvis de Dóia, afogadense da gema, zagueiro de altíssimo nível e líder nato. Descrevendo sua atuação em campo, o colega do Banco do Brasil e seu companheiro em jornadas memoráveis, Célio registrou: “Baixinho que subia quase da altura das nuvens”.  Nesta verdade acrescento que poucos jogadores no futebol mundial tiveram a perspicácia de Clóvis em relação ao tempo da bola e a rapidez na recuperação caso perdesse o primeiro bote, fato raro.

Tenho na lembrança um duelo travado por Clóvis e Edmilson Barbudo em jogo entre o Guarany e Comercial de Carnaíba. Em tal partida os dois titãs disputaram cada bola com valentia e sagacidade, como o atacante não fez
gol o baixinho venceu a disputa.

Além das habilidades como jogador Clóvis exerceu, com extrema maestria, a liderança em campo, seu grito era uma ordem, os treinadores tinham nele a sua voz no decorrer das partidas.

Fora das quatro linhas é uma companhia agradável, um “papo cabeça” e um sertanejo completo por gostar de cantorias de viola, de vaquejada e de ser admirador da nossa caatinga, de preferência toda verde com gado
pastando.

Por opção, Clóvis transformou sua casa numa trincheira onde recebe amigos para conversar, jogar cartas e tomar uma quando é possível. Sempre que encontro o amigo Elias Mariano pergunto por Clóvis, o baixinho foi referência para este cronista e para minha geração quando direcionávamos nosso olhar para sua dedicação e compromisso com tudo que era convocado para fazer.

Por:Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

CASAS DE CARIDADE

Como dissemos na crônica anterior as “Casas de Caridade” podem ser consideradas como a maior obra do Padre Ibiapina. Na concepção do projeto, na atração das irmãs de caridade e no seu funcionamento são
visíveis as características do pensamento do padre sobralense.

No período de 1860 a 1872 o Padre Ibiapina construiu vinte e duas Casas de Caridade, sendo: Três no estado de Pernambuco, três no Rio Grande do Norte, seis no estado do Ceará e dez no estado da Paraíba, entre elas a
Casa de Caridade de Santa Fé, no município de Solânea, local que o missionário veio a falecer no dia 19.02.1883.

A atração das irmãs de caridade era feita na própria comunidade, sem observar critérios da igreja que centralizava suas ações com base em ações de freiras vinda da Europa.

A principal função das Casas de Caridade era receber meninas órfãs dando-lhes educação completa, para serem esposas, mães e desenvolverem uma vida ativa. As internas eram também qualificadas para exercícios ligados a cozinha, cultivo de lavouras destinadas para alimentação e artesanatos para venda e obtenção de recursos.

Entre as regras definidas nos regimentos das Casas de Caridade podemos destacar os direcionamentos para evitar a preguiça, a ociosidade e as conversas e incentivar o trabalho e o entendimento sobre o amor de Deus.

A administração das Casas de Caridade era feita pelas superioras com fiscalização presencial, por meio de visitas e através de cartas do seu fundador. Após sua morte entraram em declínio por falta de apoio da
comunidade e principalmente da igreja que discordava com o formato. A Casa de Caridade de Santa Fé em cada dia 19 recebe uma legião de devotos e no dia 19.02 de cada ano há grande evento religioso.

Por: Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

PADRE IBIAPINA

Os traços de comportamento e as práticas presentes nas transcrições abaixo, extraídas de livro de Padre José Comblin, provam que nosso país padece de doenças crônicas há muito tempo.

A primeira: “Sempre chamou a atenção pelas suas qualidades profissionais e morais. Assumiu a defesa dos injustiçados com paixão. Acreditava no direito e na justiça e queria que reinassem na sociedade nordestina e brasileira. Entrou em conflito com uma sociedade elitista e tradicional, ode as relações sociais tradicionais eram mais fortes do que do que as leis ou a justiça que se aprende na faculdade.” A segunda: “A sua palavra era incisiva, até mesmo agressiva. Ele não aceitava a ilegalidade, a corrupção, os abusos, as manobras dos governantes para
contornar a lei. Era rígido na aplicação das normas morais e jurídicas. Não aceitava o jogo tradicional dos poderes. Queria uma reforma moral do governo.”

Estes fatos ocorreram entre os anos de 1830 e 1850 e foram os motivos que levaram cearense de Sobral José Antônio Pereira Ibiapina a abandonar as atividades jurídicas nos exercício dos cargos de advogado e juiz e política na condição de Deputado Federal e tornar-se José Antônio de Maria Ibiapina, o Padre Ibiapina.

Após curto espaço de tempo atuando como padre, vigário-geral e professor em Recife e Olinda o Padre Ibiapina embrenhou-se pelo sertão para realizar a sua grade obra, as Casas de Caridade, além da construção de hospitais, cemitérios e igrejas. Por não rezar na cartilha da igreja romanizada foi perseguido. Os benefícios das suas ações alcançaram muitos nordestinos. Mesmo com processo de beatificação em andamento poucos conhecem sua história, outra doença crônica: “Não valorizamos quem deveríamos valorizar e enaltecemos quem deveria ser esquecido.” Fabricam heróis falsos e compramos como verdadeiros.

Por: Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

DANOS IRREPARÁVEIS

São alarmantes os números apresentados por organismos dedicados a soluções para da poluição mundial, especialmente a presença de plásticos nos oceanos. O braço da Organização das Nações Unidas – ONU, que trata do tema assegura que anualmente são jogadas em torno de oito milhões de toneladas de plásticos em águas marítimas.

Os pescadores de redes manuais, arrastões e os que atuam em alto mar denunciam que o plástico está substituindo os peixes. Heloisa Schürmann professora, escritora e navegadora que já deu várias voltas no mundo pelos mares está numa cruzada contra tal poluição.

A revista Família Cristã de fevereiro de 2019 apresenta entrevista com o Consultor Ambiental Anderson Castanho Gatti. Nela ele faz uma alerta sobre os desafios que a humanidade tem para evitar que em 2050 os oceanos contenham mais plásticos do que peixes, ratificando as observações dos pescadores e aponta como grande dificuldade a demorada decomposição do material.

Na publicação de janeiro de 2019 a Época Negócios traz a matéria “Nosso futuro é circular” sobre iniciativas do italiano Giulio Bonazzi no Grupo Aquafil. O caro chefe é um produto feito através de uma fibra composta de materiais reciclados, cuja origem principal vem de material é recolhido nos oceanos.

O inglês Alexander Parkes, o americano John Wesley Hyatt e o belga Leo Hendrik Baekeland, cada um com suas descobertas nos deram o plástico, mas, nada podem fazer para nos ajudar com o problema atual.

Cabe a cada morador da terra fazer suas opções e escolhas. A omissão pode custar muito mais caro do que pensamos e os danos impactarão cada vez mais os nossos destinos. O uso limitado, o descarte correto e
a reciclagem seria um bom inicio. Quem topa?

Por: Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

TURBULÊNCIAS?

Desde 1985, época que passei a utilizar os serviços de transporte aéreo, vi sucumbir várias empresas de viação em nosso país. Na lista encontramos as grandes VASP e VARIG e as medianas CRUZEIRO DO SUL, TRANSBRASIL e TABA.

Para identificarmos os motivos das falências em um mercado como o nosso não encontramos respostas satisfatórias para várias indagações. São os preços praticados? Os altos custos operacionais? As intervenções do Estado? As relações trabalhistas?

Cada um tem um elenco de motivos para justificar o fracasso. Nos últimos anos a TAM e a GOL passaram por dificuldades, no caso da TAM sanadas com a flexibilização de capital externo. Recentemente a AVIANCA ficou na iminência de parar suas operações caso o pedido de Recuperação Judicial não fosse acatado na forma que foi solicitado.

Não pretendemos neste espaço esgotar o assunto, nosso propósito e fazermos uma reflexão sobre o nosso modelo. Se os preços são altos, os serviços de qualidade inferior, principalmente nos quesitos pontualidade e no atendimento dentro dos aeroportos e no fornecimento de bebidas e comidas durante os vôos o que promove tantos problemas financeiros nas companhias?

Sabemos que foi a força das operadoras junto a ANAC e demais órgãos fiscalizadores que impuseram as restrições às bagagens e a cobrança de volumes excedentes sem a prometida redução nos preços das passagens. Então o que justifica as seguidas crises do setor, mesmo com as aeronaves lotadas na maioria dos trajetos?

Duas coisas são reais nesta história. Nós usuários somos reféns do sistema imposto e novas falências estão rondando o mercado da aviação comercial no Brasil. Abrir este mercado será a solução? Não sei.

Por:Ademar Rafael