As escolhas
A toda poderosa, como diria Clodovil Hernandes, exibiu em janeiro dois seriados em sua programação de férias cujos conteúdos foram adaptados de livros consagrados e carregados de fatos polêmicos.
O primeiro trata-se do clássico “O Tempo e o Vento” de Érico Veríssimo, adaptado inicialmente para o cinema e exibido em três capítulos. A obra tem como tema central as histórias de Ana Terra e da sua neta Bibiana.
Tais mulheres enfrentaram as condições postas, convencionadas pelos homens da época e mesmo com as escolhas amorosas fora do “quadrado” marcaram suas posições ao imprimirem um sentido de missão em suas vidas, forjado na defesa de ideais que entenderam como corretos.
A saga das gaúchas remete nossa atenção para várias reflexões sobre a dependência feminina e sobre os efeitos quando o círculo traçado é rompido. No caso, sob nossa ótica, os fins justificaram os meios, a garra da avó e da neta superaram os estragos causados com suas perigosas escolhas.
O segundo seriado, levado ao ar com o título “Amores Roubados”, adaptação livre do livro “A Emparedada da Rua Nova”, de Carneiro Vilela, destaca os envolvimentos de três mulheres: Celeste, Isabel e Antônia, com o conquistador Leandro.
Foquemos nas aventuras de mãe e filha, Isabel e Antônia. A mãe, com a carência causada por um casamento sem sal, não suportou os encantos do conquistador. A filha, do alto da sua insubordinação
juvenil, entregou-se ao “Don Juan” do sertão com o ímpeto que conduz os amantes aos ilimitados prazeres da carne.
Em “Amores Roubados” os danos causados com as escolhas, classificadas como equivocadas pelo sistema em vigor, ficaram muito acima dos benefícios. Diferente do primeiro seriado, aqui os meios não justificaram os fins, mas, o julgamento não pode ser feito apenas das escolhas e sim deve alcançar direitos negados,
condições impostas e outras variáveis. Com a palavra os liberais e os puritanos de plantão.
Por: Ademar Rafael