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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
SIMETRIA
Além do talento de grande poeta, outra qualidade destacável em Diomedes Mariano é a sua capacidade de valorizar a produção poética dos seus pares, recitando-as e dando-lhes relevo. Em uma das nossas conversas Dió, como carinhosamente é chamado o poeta da Barra de Solidão, falou-me sobre Dudu Morais. Depois de recitar algumas estrofes do jovem tabirense afirmou que Dudu havia comprado ingresso para entrar na festa frequentada pelos grandes poetas do Pajeú.
Recentemente comprei o livro “Nas rédeas da poesia”, de autoria de Dudu Morais. Carlos Véras, Genildo Santana, Adeval Soares, Francisco Melo, Alexandre Morais e Colô Cordeiro nas apresentações e no prefácio da publicação ratificam a avaliação de Diomedes, ou seja, dizem que o
“menino” entrou precocemente para o time dos poetas da cidade onde reina o mestre Dedé Monteiro.
Com a maestria de sempre Dedé assim qualificou Carlos Eduardo Silva Morais em mote oferecido para mãe do poeta: “Eu não sei se meu filho é mais vaqueiro/mais poeta, mais doido ou mais doutor”.
O soneto “Apelo”, inserido no livro, expressa uma angústia silenciosa que não cala no íntimo de muita gente. ““ Excelentíssimos senhores exegetas,/Renomados “doutores” bacharéis/Que discutem “justiça” nos papéis,/Tendo fulcro em doutrinas tão completas./Se puderem, revejam suas metas,/Não se escondam por trás de seus anéis,/Que a justiça, ela é cega, mas seus pés/necessitam trilhar estradas retas./O problema maior é que a preguiça/Limitou por demais pra que a justiça/Se encontrasse na mão de poucos “reis”./E, a meu ver, só existe este defeito:/É querer que a LEI seja o DIREITO/E tirar a JUSTIÇA só das leis “”.
Concluída a leitura arisco-me a afirmar que Dudu Morais emprega em seus poemas a mesma simetria que o poeta Raimundo Caetano emprega nos versos que produz ao som da viola. Quem descobre algo como “… O teu andar delicado,/feito o vento na pastagem…” tem todo direito de ter uma foto na galaria dos poetas do sertão. Solta o bridão poeta.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Tive o privilégio de passar a penúltima semana de 2016 e a primeira semana de 2017 no meu querido Pajeú. Em oito dias convivi com o que há de melhor em nossa cultura.
Em Afogados da Ingazeira no dia 25.12.2016 o evento “Pajeú em poesia”, em sua nona versão, materializou o jeito nosso de fazer cultura, com gosto e cheiro do sertão. As intervenções dos declamadores e os shows de “Coração de Poeta” e “Canto e Poesia” cobriram o espaço da festa com poesia. A apresentação de Jonathas Malaquias juntou o clássico e o popular no mesmo palco na forma defendida por Ariano Suassuna. Dedé Monteiro, o homenageado, foi merecidamente aplaudido de pé.
Na primeira semana do ano, em São José do Egito, a festa dos “102 anos de Louro e 100 anos de Zezé Lulu”, mais uma vez o Instituto Lourival Batista e parceiros nos brindaram com espetáculos sem igual. A missa dos cantadores sob a batuta do padre-poeta Luizinho e as apresentações representaram puras manifestações de cultura popular. A empatia entre plateia e palco é algo mágico.
Na abertura do seu show, em companhia do irmão Val Patriota, do sobrinho Tonfil e os músicos Guilherme Eira, Luizinho de Serra, Greg e Miguel, Bia Marinho deu a senha ao gritar: “Como é bom cantar no terreiro de casa”. Foi um grito por mim traduzido como: “Aqui quem canta de galo somos nós”. A interpretação de “Utopia”, que Lourival chamava a “música do padre” deixou a plateia em estado de transe.
Para fechar o firo comprei o livro “O rei me disse fica, eu disse não – 100 repentes de Lourival Batista”, de autoria de Marcos Nunes Costa, Marilena Marinho e Raimundo Patriota.
A obra, além dos “improvisos trocadilhados ou trocadilhos improvisados” de Louro, registra cinco textos da lavra de Marilena Marinho. Somente quem teve o privilégio da companhia de Louro e Dona Helena é capaz de produzir coisa semelhante. A edição comemorativa do centenário do terceiro faraó é sem similar.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Reza o folclore carioca que um dos fundadores do combativo Jornal “O pasquim”, que circulou de 1969 a 1991 durante o lançamento de um livro de sua autoria, foi abordado por um gozador com a seguinte proposta: “Escreva ai uma besteira”. O escritor, com o humor natural do carioca, levantou a cabeça e disse ao engraçadinho: “Dite”.
Sem precisar que alguém ditasse nada, desde 1974, eu gosto de escrever besteiras. Para tirá-los da gaveta criei o site www.matutodasvaras.com.br. O nome foi para legitimar o tratamento que com orgulho recebo do colega e amigo Danizete Siqueira Lima, o Velho Perninha.
Em referido site o curioso leitor ou a curiosa leitora pode encontrar textos em versos e prosa que venho escrevendo desde os tempos do Ginásio Industrial. Estão separados em cinco grupos.
O primeiro denominado “Do Pajeú ao Salamanca”, revela trabalhos em parcerias e individuais e traz em seu título os nomes dos rios que cortam os municípios de Afogados da Ingazeira – PE e de Barbalha – CE, respectivamente.
O segundo intitulado de “O sertão, o cerrado e a floresta”, contém poemas e crônicas que escrevi na época que fui morador nos três principais ecossistemas do Brasil, fora de Pernambuco.
Nos volumes de “Da foice ao face”, terceiro grupo, estão inseridas as estrofes que publico no face book em cada domingo, desde 2012.
Nas coletâneas “Dos bodes aos blogs”, quarto grupo, registrei as crônicas que publico semanalmente em blogs de Afogados da Ingazeira.
No quinto e último grupo estão três trabalhos acadêmicos, sendo dois de produção isolada e um em parceria com colegas do Banco do Brasil.
Tenho certeza, contudo, que com um pouco de paciência e uma dose de boa vontade os interessados encontrarão algo de futuro. O intuito é somente levar tais publicações ao julgamento dos leitores e das leitoras.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
É real que ao final de alguns “realities shows” tenhamos dificuldade para apontar algo positivo, se colocarmos toda edição em um hipotético liquidificador dar muito trabalho para extrair meio copo de alguma coisa.
Do programa “Master Chef Profissionais” exibido pela Rede Bandeirantes e vencido pela paulista Dayse Paparoto, consigo extrair uma grande lição: “Foco, Adaptabilidade, Coragem e Atitude pode mudar o resultado esperado de qualquer jogo”.
Saindo do lugar comum da “faca entre os dentes”, a Chef nascida em Mogi das Cruzes com a faca entre os dedos foi cortando um a um dos seus concorrentes. No programa em que todos os demais postulantes ao premio maior declararam que preferiam enfrentar Dayse na final ao avaliarem que era a mais fácil de ser vencida ela venceu e deu um recado: “Não estou para brincadeira”, ninguém levou sua mensagem a serio.
Ouvi no mundo corporativo em mais de uma oportunidade a seguinte frase: “Prefiro um funcionário mediano com regularidade do que uma estrela com altos e baixos”. Na minha percepção a regularidade foi a principal força que levou Dayse á vitória.
Para atingir alto pico de regularidade a vencedora utilizou o quarteto – FACA = Foco + Adaptabilidade + Coragem + Atitude – com extrema competência. Quando ficou diante de situações inéditas teve coragem e atitude para criar um ambiente favorável e entregar o que foi solicitado. Com foco adaptou-se à dificuldade e dela tirou proveito.
Ao deparar-se com eventos que desconhecia o processo e os resultados advindos com sua ação não teve medo. Cresceu com as adversidades e por meio do possível aproximou-se do ideal.
No penúltimo programa e na grande final focou sua atuação não apenas na derrota dos oponentes, mas, principalmente em ser superior a ela mesma. Suportou as críticas e as pressões com altivez. Mereceu vencer por ter superado os medos de aprender fazendo bem feito. Viva a FACA.
Por:Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Depois de ouvir umas duzentas previsões sobre ano de 2017 fui tirar um cochilo após um almoço regado a buchada de bode, cachaça de cabeça,baião de dois e sobre mesa de doce de jaca. Durante o merecido sono fui levado, em sonho é claro, para uma cerimônia na floresta amazônica, no lado do Peru. Na montanha próxima à Cusco um chefe tribal recebia mensagens do além sobre acontecimentos no Brasil em 2017 e 2018.
Com extrema nitidez e falando nossa língua o feiticeiro peruano, de nome Arierref, garantiu que após cumprir a nobre missão de salvar o país do caos com as mudanças nas leis orçamentárias e previdenciárias o Presidente Temer será tragado pelo “ralo” da Lava Jato. Junto com ele outros sessenta cinco detentores de cargos públicos, eletivos ou por nomeação caminhão ao encontro das trevas.
O Congresso Nacional fará emergir outro salvador que, montado na PEC dos gastos e na reforma da previdência, apresentará aos investidores mundiais o “Brazil News”. Justificando que o prazo de duração do mandato, em torno de quinze meses, será insuficiente para completar sua obra prima o presidente eleito na forma do § 1º, do Artigo 81 da Constituição Federal aprovará uma emenda prorrogando seu mandato por dois anos. Com ela a partir de 2020 as eleições para todos os cargos eletivos dos Municípios, Estados e União serão em uma única data.
Revigorado com o mandato estendido o presidente brasileiro fará uma viagem internacional no segundo trimestre e ao retornar verá o Brasil ser campeão mundial na Rússia ao vencer a Alemanha com um gol de pênalti oriundo de uma encenação de Neymar, no último minuto da partida.
No final de 2018 o presidente, ex Ministro do Supremo Tribunal Federal, alia-se ao STF, à Justiça Federal e ao Congresso Nacional para conceber um indulto especial de natal. Serão beneficiados com a medida presos da Lava Jato. Os favorecidos trocarão a cadeia por um “chip” instalado no corpo e a impossibilidade de assumir cargos públicos até 2028. Acordei assustado e resolvi registrar tudo nesta crônica.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Após o retalhamento que os nossos Deputados Federais fizeram com o pacote anticorrupção – PL 4850/16 – oriundo de emenda popular com apoio irrestrito do Ministério Público, Onyx Lorenzoni – DEM-RS, relator da matéria na Comissão Especial, declarou que seus colegas haviam feito “picadinho” da proposta original.
Com outro grau de proporcionalidade os Ministros do Supremo Tribunal Federal – (STF) fizeram algo parecido com a Medida Cautelar na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 402 Distrito Federal, de lavra do colega Marco Aurélio de Mello, que afastou o Renan Calheiros da Presidência do Senado e da linha de substituição do Presidente da República. O senador, por iniciativa própria, e posteriormente através de documento da Mesa Diretora da casa que preside, não acatou a Liminar justificando que caberia uma análise pelo pleno do Supremo.
O plenário do STF, por seis votos a três, manteve o político alagoano no cargo de Presidente do Senado, excluindo a prerrogativa de substituir o Presidente de República em caso de ausência ou impedimento conjunto com o Presidente da Câmara. Isto mesmo, um presidente faltando parte.
Portanto, o senador Renan Calheiros agindo por demanda de parte dos seus pares tentou dar caráter de urgência para aprovação imediata do Projeto de Lei recebido da Câmara, sendo a iniciativa barrada em votação do plenário, foi o único beneficiado com a decisão do STF. Renan Filho, Governador do Estado de Alagoas, assim reagiu após a deliberação que atendeu demanda do seu pai. “A decisão foi pautada pelo espírito público e respeito às opiniões divergentes”.
As regras que norteiam os trabalhos do Supremo e da Câmara amparam a reforma da decisão ocorrida na tarde do dia 07.12.2016 e as emendas aprovadas na fatídica madrugada do dia 30.11.2016. No entanto, os questionamentos aparecem com a percepção de que os beneficiários são agentes públicos que cometeram deslizes. Vale lembrar que na votação do impedimento de Dilma no senado também houve o picadinho.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Sem um centavo do Ministério que Temer acabou e recriou cujo Ministro “engomadinho” promoveu um único espetáculo: “A queda de Geddel Vieira Lima” foi recriada na capital pernambucana a “Embaixada do Pajeú”.
Onde está localizada? Em Camaragibe, estrada de Aldeia Km 6,8, Avenida Rotary, 431. O que tem lá? Cultura saindo por todas as frestas de um conjunto de casas rodeado por muita natureza. Quem participa? Bia Marinho, sua turma e convidados.
No dia 04.1.216 estive lá o com absoluta certeza afirmo: Presenciei um dos mais belos espetáculos de cultura que vi em minha vida. Ouvir Bia Marinho, Val Patriota, Antônio Marinho, Greg, Miguel, Tom, Graça, Luizinho de Serra e demais artista em um cenário daqueles prova que vale a pena lutar e defender a cultura gerada sem cachês milionários, que nasce da espontaneidade.
A proposta é realizar um evento em cada mês, com o mesmo formato, ou seja, tendo como foco principal a junção do binômio “amigos + cultura”, tendo com causa o alimento da alma.
Posso até ser considerado exagerado ao elogiar artistas do meu sertão. Jamais, no entanto, poderei ser acusado por não saber separar o joio do trigo quando o assunto é cultura regional.
No fundo da residência existe um alpendre interligado com a mata que convida não apenas para um merecido sono numa rede, convida para sentar e ouvir um violão bem tocado, um verso recitado, a voz do nosso “Sabiá” ou as inconfundíveis interpretações de Val Patriota.
“Em canto e poesia” que espalha cultura pelo mundo tem um ambiente para recarregar as baterias, para inspirar novos espetáculos e, principalmente, para receber amigos. Que o sorriso perene e acolhedor de Dona Helena esteja sempre na porta e que as bênçãos de São José protejam esta casa onde a cultura é tratada com dignidade.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Deixar de cair na tentação de expor ao extremo os ímpetos de auditor é comprovadamente a maior dificuldade enfrentada por membros das comissões de transição de governos. Todo profissional escalado para levantar os dados fornecidos pelo governo em fase final e elaborar um relatório consistente sobre a real situação do ente público insiste em procurar erros, em apontar desvios de conduta e criticar ações dos governantes em fim de mandato.
Os Tribunais de Contas tem buscado dar luz ao processo ao editarem manuais e listas de procedimentos para serem utilizados pelas comissões. No entanto, quando as informações começam a chegar os membros indicados pelo governo futuro travam uma guerra sobre assuntos que fogem dos objetivos da nobre missão.
Esta perda de tempo e a dispersão de energia para finalidades não previstas nos roteiros elaborados por técnicos dos tribunais além de gerar desgastes desnecessários inibe e elaboração de um relatório que possa de fato auxiliar o futuro mandatário na tarefa de fazer melhor do que está sendo feito, conforme promessas durante o período eleitoral.
Os eixos principais de uma transição de governo são: a) examinar os contratos “em ser”; b) verificar o estágio das obras em andamento, comparando os valores liberados com a parte executada e os saldos disponíveis com o que falta executar; c) avaliar a dotação e a lotação de servidores, assim como a compatibilidade entre o custo de pessoal e o limite institucional com gastos em tal rubrica; d) analisar os convênios firmados com demais entes da federação, inclusive as prestações de contas; e) emitir relatório onde a situação real – especialmente disponibilidades x compromissos – fique evidenciada.
Destacar erros e julgar contas não ajuda o novo gestor e cria um cenário em que as soluções submergem diante das críticas. Portanto: Menos auditoria e mais informações úteis e confiáveis. Relatórios alinhados com a natureza de missão ajudam os gestores em ações seguras e eficazes.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Na última sexta-feira do mês de outubro, durante as festividades de aniversário da nossa querida Rádio Pajeú de Educação Popular, o Cine São José recebeu o poeta Alexandre Morais, o sanfoneiro Lindomar e os cantores e compositores Maciel Melo e Paulo Matricó.
O espaço estava lotado e as pessoas participaram do evento com longos aplausos e entoando melodias interpretadas pelos artistas convidados para comemoração dos cinquenta e sete anos da emissora que atravessa décadas informando, divertindo e educando no sertão de Pernambuco.
Durante as apresentações deixei que minha memória voltasse no tempo para lembrar Gegê Araújo, Valdecyr Menezes, Gilberto, Roberval, Vanderley Galdino, Bigodão, Seu Dino, Seu Ulisses, Fernando, Miguel e tantos outros que este espaço seria insuficiente para registrar.
Com extrema competência Alexandre Morais recitou poemas citando os bispos e as pessoas que fizeram a rica história da Rádio Pajeú; Lindomar passeou pelas veredas do sertão; Maciel e Matricó cantaram sucessos.Tudo com a cara da homenageada.
Maciel Melo ao destacar sua alegria por estar presente nas festividades declarou que a Pajeú teve relevante importância na sua formação musical uma vez as músicas da sua infância chegavam através das ondas da aniversariante em sua humilde moradia em Iguaraci. Tais melodias inspiraram o “Caboclo Sonhador”.
Foi gratificante ver um filho de Iguaraci utilizando os microfones da emissora que deu voz a poemas de Quincas Rafael e Manoel Jerônimo Neto, nas impecáveis interpretações do inesquecível Valdecyr Menezes.
Como foi bom ouvir jovens cantando as músicas apresentadas, numa demonstração que o gosto pela boa música continua habitando as mentes no sertão do Pajeú.
Juntinho da porta onde Seu Antônio Aleixo recebia os ingressos senti muito orgulho de ser do sertão e ser ouvinte da Pajeú desse os anos 60.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Sempre que chegava à cidade do Rio de Janeiro eu cumpria um ritual: Procurar uma banca para comprar o exemplar do Jornal do Brasil. Passar os olhos no velho JB era uma obrigação, fazia bem.
Recentemente ao desembarcar no aeroporto do Galeão fui até uma banca de jornal, nos dias atuais uma loja de conveniência que também vende revistas e jornais, corri os olhos nas prateleiras de exposição e senti falta do Jornal do Brasil, como seria interessante ler sobre o Brasil da Lava-Jato no melhor jornal publicado neste país.
Sabemos que a versão impressa do JB deixou de circular no dia 01.09.2010, ou seja, há uma pouco mais de seis anos. O formato digital tira a satisfação de manusear o JB, com todo respeito aos defensores da leitura eletrônica, a troca nos encaminha a uma analogia: É o mesmo que comer tripa do bode sem sal.
Fundado em 1891 o JB enfrentou os donos do poder desde o nascedouro.Várias vezes sua redação foi invadida, vários repórteres e diretores de redação foram ameaçados e presos. Teve como adversários pessoas do nível de Roberto Marinho, Carlos Lacerda e Assis Chateaubriand, com seu jeito matreiro venceu algumas batalhas.
Entre as diversas batalhas com os governantes a mais destacada talvez tenha sido as publicações paralelas na edição que trouxe o famigerado Ato Institucional nº 5. A aventura agravou a conturbada relação com o governo militar e causou a prisão do Diretor José Sete Câmara.
Nos anos 70 migrou da Avenida Rio Branco, no centro da cidade do Rio de Janeiro, para o famoso prédio na Avenida Brasil nº 500. Na busca pela sobrevivência retornou para o centro da cidade.
Para não ficar órfão de tudo comprei o livro “Jornal do Brasil – História e Memória”, escrito pela jornalista Belisa Ribeiro, para narrar “os bastidores das edições mais marcantes de um veículo inesquecível”.
Sem saudosismo ou coisa parecida garanto: O JB FAZ FALTA.
Por: Ademar Rafael