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Últimas publicações do quadro “Crônicas de Ademar Rafael”

Crônica de Ademar Rafael

CULTURA DO DENUNCISMO

Quem residiu em pequenas comunidades, onde todos os moradores se conhecem pelo nome e sobre os outros sabem os erros e as suas virtudes, conviveu com alguém que tinha a fama de fofoqueiro. Era uma pessoa que passava “o dia na janela cuidando da vida alheia”. As vezes essa pessoa era tratada com discriminação, mas não passava disto.

Essa época romântica se foi, hoje nos deparamos com um fenômeno o social conhecido “Cultura do denuncismo”. Este exagerado posicionamento é praticado por muitos sob o guarda-chuva do “eticamente correto”. Um entendimento que em nome da proteção dos interesses coletivos podemos acusar sem provas, inventar fatos e situação que levam reputações para lata do lixo.

São Tomaz de Aquino nos fala sobre tais excessos, sobre a falta de critérios objetivos para acusarmos e sobre a forma inadequada que julgamos. Existe uma regra, defendida por muita gente com amplo conhecimento do tema, que aponta os regimes autoritário como ambiente propícios para prática da “Cultura do denuncismo”. Com todo respeito a essa linha de pensamento defendo que o mundo está contaminado com essa falsa ideia de “justiça”.

Quando alguém se auto empodera do direito de fiscalizar a vida alheia, sem medir as consequências dos seus atos, vai errar na dose. Precisamos, ao meu ver, seguir essa receita: “Antes de dar a sentença/Escute todos os lados/Escute quem denuncia/Escute os acusados/Só assim se zera a lista/ Com os réus injustiçados.” Percebam que a estrofe começa na fase da sentença, no entanto a conselho serve para o início do processo.

Muitos defende a tese: “Errou tem que pagar.” No entanto, antes de atribuir a pena devemos verificar: O erro foi realmente praticado? Qual as condições que foi praticado? Poderia ter sido evitado? Com as respostas dessas indagações ficamos mais próximo de justiça. Assim acredito.

Crônica de Ademar Rafael

AS DISTRAÇÕES

Se fizermos uma consulta a nossa memória recente, sobre um atendimento realizado por um funcionário de empresa pública ou privada, vamos nos lembrar que entre uma ação e outra o colaborador consultou o celular ou uma rede social por meio do computador utilizado durante o período dispensado para nos atender.

Este fenômeno é real um todo mundo e estas fugas figuram como principais “ladrões de tempo” da atualidade. Essa prática, além da percepção como descortesia, é o principal fato motivador da queda de produtividade nas organizações. Essa perda de energia para o correto desempenho da atividade a cargo de cada servidor extrapola a questão do desleixo com o foco e alcança, também, a baixa qualidade dos produtos e serviços. As métricas para medir o estragos são falhas e na maioria das vezes esbarra no politicamente correto.

O palestrante e especialista em produtividade Chris Bailey, publicou no Brasil em 2019 “Hiper foco – Como trabalhar menos e render mais”. Não pensem que se trata de um livro estilo “receitas de bolo” é, de fato e de direito, uma publicação com abordagem baseada em dados de várias pesquisas sérias. Para nos devolver o controle das nossas atividades com o foco necessário, produzindo de forma coerente com perfeita aderência com nossas habilidades o autor traz diversas sugestões, uma delas pode parecer exagero: “Coloque seu telefone longe do seu campo de visão”. Existem situações que esta medida extrema é a única solução. Defendo essa ação em durante realização de tarefas que exigem atenção máxima. Cada uma e cada um tire suas conclusões.

Que as mensagens do WhatsApp, Instagram, outras redes sociais e canais de vídeo nos tira o foco e aumentam nossas distrações poucos discordam. Em sua defesa existem muitas teses, quase todas desprovidas de argumentações consistentes. Cada uma e cada um avalie, o pisca alerta está ligado faz tempo, ignorar é um risco.

Crônica de Ademar Rafael

SEM LIMITES? NÃO!

Para tentarmos decifrar essa polêmica sobre Banco Central autônomo x independente, ao meu juízo de valor, precisamos entender a origem da anomalia. Um dos conceitos de autonomia é “capacidade de governar-se pelos próprios meios” e entre os conceitos de independência podemos citar: “liberdade, autonomia, autodeterminação, isenção, imparcialidade, neutralidade, soberania, insubmissão, ausência de subordinação…”.

Sabiamente os legisladores da Lei Complementar – LC nº 179, de 24.02.2021 colocaram em preâmbulo o seguinte texto: “Define os objetivos do Banco Central do Brasil e dispõe sobre sua autonomia e sobre a nomeação e a exoneração de seu Presidente e de seus Diretores; e altera artigo da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.” O que motivou a colocação da palavra “autonomia” e não “independência”? A certeza de que mutações das regras econômicas e fenômenos sociais impedem o pleno uso de “isenção, imparcialidade e neutralidade.” No mundo real agentes financeiros são mais ouvidos e atendidos do que os interesses do país.

A LC acima em seu primeiro artigo primeiro assim define o objetivo do Banco Central: “Art. 1º  O Banco Central do Brasil tem por objetivo fundamental assegurar a estabilidade de preços. Parágrafo único. Sem
prejuízo de seu objetivo fundamental, o Banco Central do Brasil também tem por objetivos zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e
fomentar o pleno emprego.” O que narra a ampliação indicada no “Parágrafo único” joga por terra a cômoda posição defendida por muitos, com interesses diversos, que o Banco Central pode definir a taxa de juros somente com a finalidade de controlar a inflação.

Assim sendo a política de juros precisa ser tempestiva, correta e dura em alguns casos, porém, jamais distante de outras variáveis como “atividade econômica e pleno emprego”. Como o Brasil precisa ser respeitado mais que os especuladores, defendo a autonomia e condeno a independência.

Crônica de Ademar Rafael

FALSA HUMILDADE

A frase a seguir, atribuída Blaise Pascal filósofo, escritor e matemático francês, serve de inspiração para nossa reflexão desta data. “A falsa humildade é puro orgulho”.

No mundo corporativo e nas ralações de amizades vez por outra encontro pessoas com vestes temporárias de cordeiros. Temporárias porque ao conseguirem o que buscam vestem a roupa real. Isto mesmo, muitas pessoas apresentam uma humildade falsa para obter benefícios, galgar posições elevadas, no mundo social e nas empresas onde trabalham.

No meio político é comum ouvirmos a seguinte ponderação: “Fulano mudou muito depois que se elegeu, antes falava com todo mundo e hoje fica trancado em seu mundo”. Este fenômeno já ocorreu com alguém do seu relacionamento? Em caso positivo tenha certeza que a humildade antes apresentada era falsa e como aponta o intelectual francês era movido pelo orgulho.

Necessário se faz entender que muitas vezes qualificamos como humildade a forma simples que algumas pessoas aplicam em seus atos e no seu cotidiano. Ser simples é diferente de ser humilde, a simplicidade aplicada pelos humildes verdadeiros é algo muito intenso. Em um exercício de autoavaliação eu me considero uma pessoa simples, mas, estou muito distante de ser humilde. Tendo melhorar nesse quesito, não é fácil.

No site “www.significados.com.br” encontramos: “A humildade é um sentimento de extrema importância, porque faz a pessoa reconhecer suas próprias limitações, com modéstia e ausência de orgulho.” Percebam a sintonia dessa percepção com a frase inicial. Da humildade verdadeira o orgulho passa distante, da falsa humildade ele é um aliado. Na bíblia encontramos diversos registros sobre humildade. Na vida cotidiana muitos poderosos exige humildade e não aplicam ou quanto o fazem é com extrema falsidade. Abaixo o orgulho, viva a humildade.

Crônica de Ademar Rafael

OTIMISMO EM BAIXA

No universo das minhas atividades profissionais ou fora dele tenho encontrado cada dia maior número de pessoas com níveis de otimismo próximo de zero. Ao investigarmos as causas nos surpreendemos. São diversos os fatores alegados e o que de fato amedronta é a falta de vontade dessas pessoas em mudar. Ou seja falta disposição para “girar a chave”.

Motivos para minar nosso otimismo temos, justificativas para manter o otimismo em alta dispomos. O que nos leva a escolher as opções do primeiro grupo? Cada uma ou cada um tem as respostas. Julgamos que a falta de otimismo é o caminho mais curto para pararmos ou andarmos em direção contrário à superação dos objetivos.

Acreditamos que otimismo em níveis altos é muito mais do que empolgação momentânea, está vários degraus acima de entusiasmo relâmpago. O otimismo precisa de um base sólida, não pode estar exposto aos impactos de ventos brandos, deve suportar tempestades, tal qual a casa construída sobre rochas, como nos ensina a bíblia sagrada.

A frase a seguir, lavrada pela cantora Ana Coralina, expressa sob nosso ponto de vista, como deve ser composta a base de sustentação do nosso otimismo. “Diga o que você pensa com esperança. Pense no que você faz com fé. Faça o que você deve fazer com amor!” Percebam que é traduzida por um conjunto ações cuja harmonia cria a espiral de sustentação.

Não duvidamos que as dificuldades são crescentes, as exigências em escalas geométricas e nossas energias com limites. Como escalar esses atores e fazer com que a peça teatral tenha um final feliz? Será que a “esperança”, a “fé” e o “amor” adicionados com boa dose de “atitude tempestiva” não representa um início. Precisamos ver que fatores motivacionais do otimismo não podem estar presentes apenas na largada ou na reta final, se faz presente em todo trajeto. Aparecendo somente em partes do caminho perde para dificuldades.