JOÃO ÉZIO NUNES MARQUES
Alguns médicos ao assumirem suas funções ampliam o que foi jurado na data da colação de grau. O Juramento de Hipócrates e demais textos lidos na cerimônia servem apenas de piso. Com isto outros valores e posicionamentos são colocados em prática na atividade diária e na relação médico x paciente.
Entre profissionais que assim procedem podemos incluir João Ézio. Quem foi por ele atendido saiu do atendimento com a indicação de uma droga para combater a doença e um afetuoso abraço e uma amizade perene. Isto mesmo, nosso homenageado de hoje sempre procurou curar a dor e quem a estava sentido.
Arrisco-me a dizer que boa parte dessa empatia nasceu de conceitos aplicados pelos seus pais, Seu Romão e Dona Salvina, na pousada que foi amparo para muitos sertanejos em Recife durante muitos anos. Referido espaço sobrava carinho no atendimento e respeito pelas pessoas. Era um ambiente de inclusão social, sem dúvida.
Em anos das décadas de 1970 e 1980 convivi com João Ézio. Fui paciente, amigo e companheiro em diversos eventos, principalmente ligados às cantorias de pé de parede. Dono de um sorriso largo, abraço fraterno e alto nível de sensibilidade ele sabia conquistar e manter amigos. Sem imposição, defendia a cultura regional como poucos.
Mudou-se para o estado do Pará e em sua atuação como médico em Marabá firmou-se como o profissional que colocava a cura dos seus pacientes acima das condições de pagar. Anos depois ao assumir a gerência do Banco do Brasil naquela cidade encontrei muitos contemporâneos de João Ézio. Todos ratificavam o que eu já sabia, Deus o colocou no mundo para fazer o bem, para respeitar pessoas e ser cidadão pleno.
Disputou uma eleição para prefeito em Afogados da Ingazeira, os eleitores preferiram eleger seu adversário. Voltou ao Pará e continuou sendo o amigo de sempre. A derrota não tirou sua vontade de ajudar.
Reza a lenda que na virada de ano de 2009 para 2010, em evento familiar, ele fez uma recomendação para Procuradora Municipal de Marabá. Neste pedido solicitava uma atenção para comigo que na época exercia o cargo
de Secretário de Saúde do Município de Marabá. Nunca o encontre pessoalmente para agradecer. Sei que recebi além do apoio institucional, ganhei uma amiga vigilante aos meus passos.
Atualmente reside em Palmas onde continua recebendo amigos em sua residência, cuidando dos seus descendentes e distribuindo o carisma que é sua principal marca. Em festa de aniversário recebeu uma legião de
amigos oriundos de todas terras por onde passou. Não pude estar presente. Espero revê-lo brevemente e dizer, no formato presencial, o que não consegui expressar nesta crônica. Ele merece muito mais.