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Crônica do Ademar Rafael

CELSO MONTEIRO FURTADO

A nação que teima em ser colônia, que insiste em ser guiada pelos outros e que tem na subserviência sua maior marca pouco se esforçou para prestar a homenagem merecida neste ano do centenário do filho de Pombal – PB, conhecido como um dos maiores economista que a terra produziu.

O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, no artigo “Método e paixão em Celso Furtado” aponta elementos importantes sobre a contribuição do economista nordestino para ciência econômica em todo mundo. De referido artigo, para melhor fundamentar este texto, retirei o trecho a seguir transcrito: “O uso da liberdade ganha pleno sentido em Furtado porque é marcado pelo dom da criatividade. A contribuição de Furtado à teoria econômica e à análise da economia brasileira e latino-americana pode ser explicada em termos de método, mas é, antes de mais nada, fruto de uma enorme capacidade pessoal de pensar e criar. Furtado sabe disto, e certamente não é por acaso que a epígrafe de um de seus livros é uma frase de Popper reconhecendo que a ‘descoberta científica é impossível se não se tem fé em ideias puramente especulativas e muitas vezes destituídas de toda precisão’”.

É difícil imaginar que a nação cuja economia foi conduzida em vários momentos por “meninos de recado” de Chicago e que vê no “Consenso de Washington” variáveis benéficas para o Brasil dedicar um gesto de apoio para o economista que ia buscar na fonte dos grandes pensadores da economia as teses que poderiam ser adaptadas em favor da nossa independência, passando é claro pelo seu crivo, submetida a sua capacidade de “pensar e criar” e gerar justiça social.

Nos anos 1950 Celso Furtado contribuiu com ideias para o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek e para criação da SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste. Na primeira metade da década de 1960 foi Ministro do Planejamento do governo João Goulart, quando foi idealizador do Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social. Foi inserido na lista de cassados na edição do Ato Institucional nº1 pelo Regime Militar. Exilou-se no Chile, Estado Unidos e França. Retornou ao Brasil em 1979 e como Ministro da Cultura do governo Sarney contribuiu com a primeira lei de incentivo à cultura editada em nosso país.

Para fechar, sugiro a leitura de “Celso Furtado – 100 anos Pensamento e Ação” do professor Antônio Correia de Lacerda, da Editora Contra Corrente e registro a estrofe que fiz a pedido de um professor universitário de João Pessoa: “Para o mundo um grande economista/Nosso Celso, nascido em Pombal/Respeitado nos tempos da CEPAL/Que defino também como humanista/Quando alguém o chama comunista/Desfaz com a verdade uma aliança/A SUDENE só serviu para gastança/Não seguiu o modelo projetado/O PAÍS QUE GEROU CELSO
FURTADO/ENTERROU SEU PROJETO DE ESPERANÇA.”

Crônica do Ademar Rafael

AS MORDAÇAS

Pelas comodidades que as redes sociais proporcionam participo de grupos em alguns dos diversos aplicativos disponíveis. Seleciono cada grupo em função do interesse em dialogar virtualmente com membros de tais agrupamentos.

Uma coisa, no entanto, não me deixa muito à vontade. É a lista de restrições que a maioria dos grupos impõe aos seus membros. Mensagens como: “Aqui é proibido fazer postagens sobre política, religião e futebol.” Não tendo muito interesse em outros quesitos fico fora de grupos com estas ou outras condicionantes.

O que me leva pensar e agir assim? Desde que nasci sou impiedosamente contrário a qualquer tipo de freio na convivência humana. Defenderei até a última hora do plano terreno que se alguém cometer excessos que pague por eles. Criar barreiras tira do ser humano um valor que não devia ser negociável: A liberdade.

Quando alguém me ver em local onde imperam proibições, pode afirmar com toda certeza que ali estou por força da capacidade que tenho de desenvolver para “engolir sapos” em nome da convivência coletiva.

No meu ponto de vista, cuja particularidade pode ser questionável, essas restrições impostas em nome da fantasia do “evitar conflitos” expõem nossa incapacidade de conviver com o contraditório e de habitar o mesmo universo com pessoas que pensam diferente.

Já registrei muitas vezes que acredito no crescimento derivado do contraditório, da habilidade com argumentos que não tentem eliminar ou desqualificar o pensamento do outro. Esta prática, de acordo com o que penso, está nos transformando em pessoas duras, amargas e incapazes de discutir até exaustão dos argumentos em busca da concordância possível. Que tal liberarmos geral em nome do diálogo pleno?

Crônica do Ademar Rafael

A VOZ DO POVO, UM PERIGO?

Sempre tive “um pé atrás” para os julgamentos e as sentenças cujas origens são justificadas com: “vontade do povo”, “vontade da maioria” e outras com mesmo fundamento. Esta desconfiança vem da quantidade de injustiças praticadas ao longo da história.

Ao defender atitudes ecumênicas no livro “Meu Cristo é mais Cristo do que o seu Cristo”, José Fernandes de Oliveira, nosso Pe. Zezinho, traz a seguinte texto: “… o povo nem sempre procura os melhores, mas aqueles com quem mais simpatizam. É coisa do povo e não nossa. De nossa parte, devemos tentar corresponder às escolhas do povo.”

Vejam que o autor não recomenda ignorarmos o que o povo pensa, recomenda tentar atender dentro do aceitável. Reconhece, no entanto, que os filtros utilizados para escolhas merecem uma crítica.

Fazemos parte do povo e por isto podemos responder a seguinte indagação: Consideramos o que mais simpatizamos para definir nossas escolhas? É muito provável que a resposta seja positiva para grande maioria dos que estão lendo este texto. Há erro nisto? Para mim cabe a palavra depende.

Os princípios fundamentais de democracia, quando estudados com isenção, não se limitam as questões simplistas de decisão da maioria. Existem outras variáveis. Não por acaso os bons colegiados das organizações sérias e maduras buscam decisões consensuais, evitam as escolhas por votos de maioria. Neste cenário o debate e a argumentação assumem o protagonismo. A estrela maior não é o voto é o consenso.

Vivemos um tempo em que grupos e redes sócias estão criando um exército que, por se julgarem em maior número, interferem em decisões difíceis de serem reparadas. Que tal fugirmos da comodidade do “estou
com a maioria” e enfrentarmos o debate livre, franco e aberto?

Crônica do Ademar Rafael

A MAIS SENSATA DAS MEDIDAS

Em um momento de crise como a que estamos assistindo para enfrentamento do novo coronavírus ou COVID-19, com proferem os intelectuais, o que mais precisávamos era um elenco de homens públicos com foco nos interesse reais do país e não com intento puramente eleitoral.

Se o nosso parlamento fosse ocupado por homens com envergadura compatível com os cargos que ocupam a prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos e vereadores só sairia de mesa de negociações depois que fosse aprovada. Os partidos, caso fossem de fato legendas com pautas nacionais, obrigariam seus filiados a tratarem o assunto das eleições com a mesma intensidade que estimulam a discórdia e a banalização de assuntos sérios.

A proposta de emenda à Constituição defendida na última semana de março pelo Senador Major Olímpio, do PSL paulista careceria de apoio pleno das duas casas legislativas, Câmara e Senado. Tendo presente os interesses que a aprovação da PEC enfrenta é possível que a sensata medida seja morta no nascedouro.

Na justificava da sua proposta, escreve o Senador: “… Dessa forma, a prorrogação dos mandatos dos atuais Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores, levando à conseqüente coincidência das eleições em 2022, na forma como proponho, contribuirá de forma efetiva para a diminuição dos custos da Justiça Eleitoral, liberando gastos bilionários para a União neste momento de uma crise em virtude da Pandemia do Coronavírus, que necessitará de grande aporte financeiro para proteger a população e combater o vírus.”

Seria muito bom que esta crise deixasse como principal herança a coincidência dos pleitos eleitorais. Seria sonhar muito? O Brasil merece esta resposta dos nossos legisladores, com eles a palavra e a decisão.

Por: Ademar Rafael

Crônica do Ademar Rafael

PAULO BALBINO BARROS

Esta crônica é a terceira e última da trilogia adaptada da crônica “Pessoas do meu sertão XVII”, publicada no site www.afgadosdaingazeira.com sobre Clóvis de Dóia, Jucá Neto e Paulo Rato.

PAULO RATO, cria das Varas de Quincas Flor, sua querida Jabitacá. Informalmente foi uma agência de empregos em Recife, muitos jovens do sertão chegaram ao primeiro emprego na capital através da rede de amizade de Paulo Rato. Seu escritório por muito tempo funcionou na mesa de um bar que ficava na esquina da Imperatriz com a Rua do Hospício, na boêmia Boa Vista. Em tom de brincadeira eu costumava dizer que Jabitacá havia dado três “autoridades”: “Ademar, Fernando Boy e Carlos Pessoa”. Sempre aparecia alguém para dizer: “Pode incluir Paulo
Rato nesta lista”, tanto concordo que me retiro deixando os três.

Paulo servia também como conselheiro para assuntos que versavam como se portar na mesa, abordar uma paquera ou participar de um processo seletivo. Ele detinha ainda a qualidade de dormir no chão para deixar a cama para um amigo. Tinha muito pouco apego para coisas materiais, mesmo não sendo rotariano aplicava uma das máximas do Rotary: Dar de si sem pensar em si.

Amante da boa música, estando no sertão, não perdia uma seresta com Lostiba, Zá Marinho, Marquinhos, Chico Arruda, Pé Roxo, Pé de Banda e, principalmente, com Val.  Estivemos juntos em vários congressos de violeiros e inúmeras cantorias pé de parede, ali ele expunha toda sua sensibilidade em relação à poesia.

Em seus últimos dias de vida e João Pessoa, recebeu a visita de poucos amigos. Contou com o apoio do primo Assis, que com tal gesto deu suporte ao que Quincas Rafael escreveu no final do poema “Meu carro velho quebrou”: “… Esse teu nome ASSIS/Devia ser era ação”. Deixou uma legião de amigos e o exemplo de como viver sem apego ao dinheiro.

Por: Ademar Rafael

Crônica do Ademar Rafael

José Marcolino Alves

Os sertanejos que ajudaram transformar Paulo Afonso na atual potência do setor elétrico, em alguns finais de semana tinham uma agenda cheia. Primeiro tomavam umas doses de pinga com um preazinho assado ou peixe frito; depois, ouviam uma cantoria de pé-de-parede com Chudu x Jô Patriota x Bule-Bule, com direito a participações de Heleno Cai-Cai x Manoel Filó e após meia noite, no famoso COPA – Clube Operário de Paulo Afonso -, dançavam ao som de Zé Marcolino.

Ouvir o menestrel de Sumé era a maneira mais animada e barata de voltar ao sertão. Suas letras, verdadeiros hinos, transportavam os sertanejos para suas cidades de origem, ao som da sanfona. É muito difícil encontramos uma pessoa do sertão que não saiba um trecho de “Numa Sala de Reboco”. Zé Marcolino teve a sensibilidade de levar para a música a falência da atividade rural familiar e o abandono das grandes propriedades pelos filhos dos antigos donos, “Fazenda Cacimba Nova” e “Serrote Agudo”, espelham tais realidades. Sebastião Dias, contou com a
capacidade encontrada nos grandes poetas para criar o mote: “A estrada matou quem escreveu o mais belo poema da estrada”.

O mote ligou o acidente que causou a morte de Marcolino a sua música “Estrada”, eternizada na voz de Bia Marinho, no trabalho Zeto & Bia. Maciel Melo e Petrúcio Amorim, grandes talentos da música nordestina, bebem na fonte de Marcolino.

Por inspiração de Padre Assis, Dedé Monteiro, Zé Liberal e outros iluminados de Tabira a cidade realiza a cada ano uma festa denominada a “Missa do Poeta”. N evento o Pajeú presta homenagem ao talentoso paraibano. Saiba caro poeta que Lostiba, Chico Arruda, Val, Bia, Flávio José, Delmiro Barros, Marquinhos, Pé Roxo, Pé de Banda, Bigodão e todos sertanejos, amantes da boa música, nunca deixarão sua obra ser engolida por esta mídia teleguiada, você é eterno.

(*) – Publicada originalmente no site www.afogadosdaingazeira.com.br, Pessoas do meu sertão VII.

Crônica do Ademar Rafael

TEMOS O QUE MOSTRAR

Caminhando pelo Parque de Exposições Henrique Vieira de Melo, na cidade de João Pessoa-PB, palco da Expofeira Paraíba Agronegócios em seu ano cinquenta podemos afirmar que os estados do Nordeste têm muito para mostrar no quesito produção agropecuária.

Os expositores presentes no evento trouxeram animais de alta linhagem e alto padrão genético. Fato este perceptível ao examinarmos bovinos de corte e leiteiro, caprinos, ovinos, animais de montaria e serviços. Os resultados dos julgamentos atestam que os animais nordestinos estão à altura dos rebanhos das regiões detentoras dos melhores plantéis.

Não temos áreas e capacidade de apascentamento dos estados do Tocantins, Goiás, Pará, Moto Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, no entanto, estamos fazendo nosso dever de casa quanto e melhoria da genética.

Foi gratificante ver expositores de Custódia, Sertânia, Afogados da Ingazeira e outras cidades do sertão de Pernambuco, especialmente ao percebemos que a parceria Rebanho Mister Bode e Rebanho JC, do afogadense Jailson Cordeiro, trouxe premiação para animal da região.

As palestras e os debates sobre assunto de alto interesse para atividade agropecuária nordestina podem ser destacados como ponto alto do evento. O uso de novas tecnologias para mitigar os efeitos dos problemas climáticos do semiárido nas atividades dos empreendedores rurais é
outro caminho já percorrido pelos nossos empresários do campo.

Registramos, contudo, as ausências do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI e Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio – SENAC. Um evento desta envergadura não deve limitar-se à parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE. A cooperação entre as quatro entidades pode dar musculatura aos eventos de interesse comum e fortalecer a cadeia produtiva nacional. Fica a dica, abaixo a competição e o individualismo, viva as alianças estratégicas.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

ESTÁ NO LIVRINHO

Sem entrarmos no mérito do julgamento em que o Supremo Tribunal Federal, em 16.02.2017, atribuiu ao Estado a obrigação de indenizar presos mantidos em condições degradantes ou tratamento desumano nos presídios espalhados pelo país, nesta crônica pretendemos mostrar que tudo tem amparo no “livrinho” que os legalistas tanto defendem.

O inciso terceiro do artigo quinto da Constituição Federal assim está redigido: “Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. No inciso quarenta e nove do mesmo artigo podemos ler: “É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. Este último dispositivo constitucional ganhou reforço com a Súmula Vinculante 11, de 13.08.2008, também do Supremo.

O tema é polemico e no julgamento de fevereiro último três ministros ponderaram que as indenizações deveriam ser convertidas em redução das penas e não obrigatoriamente serem pagas em dinheiro.

Algumas perguntas, no entanto, merecem ser respondidas por quem de direito. Quando as condições degradantes surgirem em decorrência de rebeliões ou motins, promovidos pelos detentos, também caberá indenização? A ocorrência de crimes tipificados no Artigo 163, da Lei 2.848, de 07.12.1940, que trata de atentados contra bens públicos, será devidamente apurada e os prejuízos serão indenizados?

A total incompetência do poder público em manter a ordem nos presídios e sua comprovada impotência para evitar que as organizações criminosas ditem as regras nas casas penais dão guarida a decisões da espécie. Estas, mesmo com amparo constitucional, causam indignação aos cidadãos e as cidadãs de bem, vitimadas pelo sistema vigente.

Quem teve um ente querido extraído do seu convívio por um criminoso que possa vir a receber uma indenização desta precisa de muito controle para não declarar alto que “no Brasil o crime compensa”. Passou da hora de separarmos o joio do trigo. Punir respeitando é diferente de proteger. Atualmente é quase impossível sabermos de que lado encontra-se a lei.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARTRANSPARÊNCIA x CORRUPÇÃO

 Nos anos 90 a febre era qualidade, em tudo encontrávamos os compromissos das organizações com o tema. Posteriormente a qualidade deixou de ser um diferencial e foi incorporada automaticamente nos produtos e serviços. Alguns teimaram em dizer que tinha sem ter e foram banidos.

Na virada do século a palavra de ordem passou a ser transparência. O primeiro grande movimento nessa direção foi a criação do “Índice de Opacidade”, criado por Joel Kurtzman, por demanda da PriceWaterhouseCoopers, para medir a falta de transparência nos países.

Warren Bennis, no capítulo três do livro “Transparência – Como criar uma cultura de valores essenciais nas organizações”, intitulado como “A nova transparência”, define índice de opacidade como a avaliação dos países a partir das seguintes áreas de interesse: “Corrupção nas empresas e no governo, ineficácia de seu sistema legal, aspectos negativos de sua política econômica, insuficiência de suas práticas contábeis e governança”.

Na primeira medição, conforme matéria de Clovis Rossi publicada na Folha de São Paulo em 26.01.2001, o Brasil foi classificado como último entre os países da América Latina e Singapura ficou na liderança como o país mais transparente.

Atualmente a “Transparência Internacional” analisa o ranking dos países quanto à corrupção. Em 2015 o Brasil ficou como 76º colocado na medição feita no universo de 168 países e territórios, perdendo sete posições em relação ao estudo de 2014. O país líder foi a Dinamarca e na última colocação ficaram Coreia do Norte Somália.

Com a aceleração das investigações da “Lava Jato” é muito provável que continuaremos ladeira a baixo. Por estas bandas transparência somente no discurso. As delações premiadas estão mostrando atos de corrupção até onde jamais alguém suspeitaria.

Inúmeros estudos apontam que a melhor forma de enfrentarmos a corrupção é dando total transparência aos nossos atos. Nesta direção matéria assinada por Lizandra Magon de Almeida e Adriana Salles Gomes e publicada na Revista HSM Management, número 117, de julho/agosto-2016, sob o título “Empresas contra a corrupção”, afirmam categoricamente que e necessário “transformar virtudes em hábitos, mudar processos e práticas tendo a transparência como principio e criar uma comunidade moral”.

Estamos prontos para isto? Até que ponto nossas organizações públicas e privadas querem que a transparência saia do papel e seja praticada na plenitude? Caminhos e bons exemplos existem. Vamos em direção à Dinamarca ou teimaremos em seguir rumo à Coreia do Norte e à Somália?

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

ADEMARO RISCO

Não tenho qualquer preconceito quanto a participação de representantes de qualquer meio na atividade política, contudo, fico de orelha em pé quando um comunicador entra no cenário político às vésperas de uma eleição.

Nos anos 80, na antiga TVS e atual SBT, sob a batuta de Wilton Franco, os senhores Roberto Jefferson, Wagner Montes e Sérgio Malandro apresentavam as vísceras do subúrbio carioca em um programa diário, “O povo na TV”. O sensacionalismo, que dava as cartas e as fichas, deu visibilidade ao trio.

Como se sabe os dois primeiros ingressaram na política. Roberto Jefferson alugou, arrendou e negociou o PTB – Partido Trabalhista Brasileiro da forma que quis até apresentar-se como delator do “Mensalão” e ser cassado em 2005. Wagner Montes, que continuou na televisão com programas similares ingressou na politica carioca em 2006 e nela obteve expressivas votações para deputado estadual.

Sílvio Santos, ao apresentar-se como candidato para presidente na eleição de 1989, criou um tumulto tão grande que os políticos tradicionais caçaram e acharam um jeito de cassar sua candidatura.

Recentemente, Magno Martins publicou um texto falando sobre a decisão do repórter Francisco José, da Rede Globo, em não aceitar o convite para ser candidato a vice-prefeito em Recife. Tentação que não resistiram Antônio Brito e Hélio Costa, jornalistas que ingressaram na política. O primeiro como deputado e governador do Rio Grande do Sul e o segundo com senador por Minas Gerais, estes responderam às convocações “patrióticas”.

Na Câmara Federal, no Senado, em Assembleias, em Câmaras Municipais e em diversas prefeituras temos inúmeros políticos que chegaram aos cargos montados na visibilidade adquirida em rádios e televisões espalhadas pelo Brasil. Muitos deles que no comando dos seus sensacionalistas programas tinham solução para tudo deram com os burros n’água, outros costuraram “novas alianças” e permanecem na cena política.

Recentemente o apresentador Datena sinalizou que será candidato à prefeitura de São Paulo. Os programas “Brasil Urgente” na TV Bandeirantes e programa na Rádio Bandeirantes são cabos eleitorais de primeira grandeza. Caso seja confirmada a candidatura teremos a dupla Datena e Celso Russomanno como estrelas do pleito e correndo em raia próxima o eclético João Doria Jr.

Marta Suplicy e Haddad podem até negar em público, mas, sonham com um deles na condição de vice, seria uma ajuda respeitável em uma disputa onde quem elege é um eleitorado capaz de eleger Pitta e congêneres e demonstra grande aptidão para correr riscos. É esperar o prazo das filiações e das convenções. Uma certeza: Teremos “cavalo” novo no páreo.

Por: Ademar Rafael