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Crônica do Ademar Rafael

A VOZ DO POVO, UM PERIGO?

Sempre tive “um pé atrás” para os julgamentos e as sentenças cujas origens são justificadas com: “vontade do povo”, “vontade da maioria” e outras com mesmo fundamento. Esta desconfiança vem da quantidade de injustiças praticadas ao longo da história.

Ao defender atitudes ecumênicas no livro “Meu Cristo é mais Cristo do que o seu Cristo”, José Fernandes de Oliveira, nosso Pe. Zezinho, traz a seguinte texto: “… o povo nem sempre procura os melhores, mas aqueles com quem mais simpatizam. É coisa do povo e não nossa. De nossa parte, devemos tentar corresponder às escolhas do povo.”

Vejam que o autor não recomenda ignorarmos o que o povo pensa, recomenda tentar atender dentro do aceitável. Reconhece, no entanto, que os filtros utilizados para escolhas merecem uma crítica.

Fazemos parte do povo e por isto podemos responder a seguinte indagação: Consideramos o que mais simpatizamos para definir nossas escolhas? É muito provável que a resposta seja positiva para grande maioria dos que estão lendo este texto. Há erro nisto? Para mim cabe a palavra depende.

Os princípios fundamentais de democracia, quando estudados com isenção, não se limitam as questões simplistas de decisão da maioria. Existem outras variáveis. Não por acaso os bons colegiados das organizações sérias e maduras buscam decisões consensuais, evitam as escolhas por votos de maioria. Neste cenário o debate e a argumentação assumem o protagonismo. A estrela maior não é o voto é o consenso.

Vivemos um tempo em que grupos e redes sócias estão criando um exército que, por se julgarem em maior número, interferem em decisões difíceis de serem reparadas. Que tal fugirmos da comodidade do “estou
com a maioria” e enfrentarmos o debate livre, franco e aberto?


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