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CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

RAFAELFAZENDO A SUA PARTE

Na última segunda-feira de março do corrente ano publiquei a crônica “Gangorra” versando sobre o cotidiano dos agricultores do oeste da Bahia. Volto ao assunto com uma prestação de contas sobre a produção de soja na safra 2014/2015 naquela região.

No início de julho-15, ao pernoitar na cidade de Balsas – Maranhão, recebi um exemplar da revista “Nosso Estilo Agrícola” contendo informações sobre os números da última safra na região “MATOPIBA”, acrônimo criado com as iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que ocupa uma área de 73 milhões de hectares, em 337 municípios e foi responsável por 9,7% da produção de soja do Brasil, superando os estados de Goiás e Mato Grosso do Sul os quais produziram 8,9% e 7,7%, respectivamente, conforme dados da CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento.

Como o texto anterior abordou a área de soja do estado da Bahia, também para lá dedico esta prestação de contas. Na safra 2014/2015 o estado da Bahia produziu em torno de 3,88 milhões de toneladas de soja as quais convertidas em reais pelo preço médio de 07.15 – R$ 63,67/60 kg -, corresponde a inclusão de 4,12 bilhões na economia nacional. A produção obtida representa um acréscimo de 17,5% por cento sobre o volume produzido na safra 2013/2014. Isto é, numa economia parada e apontando baixo um crescimento deste indica que o produtor brasileiro merece muito mais atenção do que tem recebido.

Ao mergulhar no mundo da soja percebe-se que, conforme aponta o site www.agrolink.com.br/cotações/Hitórico, em julho de 2014 a saca de soja estava com o valor médio de comercialização estimado em R$ 58,52. Em um ano a variação no preço foi de 8,8%, portanto abaixo da inflação no período que registra variação superior a 9%.

Considerando que a cadeia produtiva da soja é uma atividade extremante dolarizada e que em julho de cada o produtor já está com os contratos de aquisição de insumos e venda antecipada fechados, os ganhos ficaram por conta do aumento da produção.

Mesmo com o governo atual tendo nomeado para o cargo de Ministra de Agricultura uma mulher que entende como poucos as atividades agropastoris de grande escala o país deve uma política agropecuária, que contemple a cadeia da soja cuja participação no bolo é significante. Desde o governo de João Figueiredo não temos um plano para o setor, no máximo um arremedo que as autoridades chamam de plano de safra, imediatismo puro.

Não tenho dúvida que se os produtores de soja tivessem suntuosos escritórios na Avenida Paulista o Governo daria a mesma atenção que dá aos senhores da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

ademarSOU CONTRA

Uma cidade do sertão nordestino tinha em sua área territorial, além da sede, dois Distritos. Em cada um deles um Vereador. Conta o folclore político que quando o vereador do Distrito “A” pedia a palavra o Vereador do Distrito “B” disparava: “Sou contra”. Quando a manifestação era do Vereador do Distrito “B” o “Sou contra” se invertida, sem que um soubesse o que o outro iria propor.

É mais ou menos o que está ocorrendo no Brasil atualmente. Qualquer coisa que tenha origem numa ação de um petista, independente do que seja, recebe um: “Sou contra”. O lado petista repete a mesma frase para tudo que nasce em ambiente extra PT sem fazer o mesmo estrago. É estranho que o partido que bancou o projeto político que tirou o Brasil da mesmice tenha perdido a adesão popular e a credibilidade que o levou ao poder.

Motivos para isto sobram, contudo, também é surpreendente a forma como parte da imprensa trata um mesmo assunto quando realizado por um não petista e por um membro do Partido dos Trabalhadores. A revista Época assim tratou FHC em publicação de 24.04.2004: “O ex-professor, senador, ministro e presidente da República Fernando Henrique Cardoso agora é uma celebridade. Desde que deixou o Palácio do Planalto, no ano passado, FHC já faturou cerca de R$ 3 milhões dando palestras para empresários e intelectuais, no Brasil e no exterior.”.

O mesmo semanário escreveu sobre Lula em 30.04.2015: “Quando entregou a faixa presidencial a sua pupila, Dilma Rousseff, em janeiro de 2011, o petista Luiz Inácio Lula da Silva deixou o Palácio do Planalto, mas não o poder. Saiu de Brasília com um capital político imenso, incomparável na história recente do Brasil. Manteve-se influente no PT, no governo e junto aos líderes da América Latina e da África – líderes, muitos deles tiranetes, que conhecera e seduzira em seus oito anos como presidente, a fim de, sobretudo, mover a caneta de seus respectivos governos em favor das empresas brasileiras”.

Esta moda de ex-líderes saírem pelo mundo dando aulas de como fazer, inclusive de coisas que não fizeram, já foi e é exercida pelos americanos Henry Alfred Kissinger, Ronald Reagan e Bill Clinton; pela britânica Margaret Thatcher e pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. Fiquem certos caros leitores que todos eles defenderam interesses de quem os contrata. Os temas das palestras são previamente negociados e os recados seguem um roteiro anteriormente ajustado. Quando a “Coca-Cola” paga não se fala em “Pepsi”, quando a “Ford” contrata não é citada a “Fiat”, assim é o jogo.

Seremos sempre tendenciosos quando julgamos como verídico somente algo oriundo de um grupo seja político, religioso ou empresarial. Rótulos quase sempre nos leva a miopia e julgamento prévio pode encerrar numa injustiça. Satanizar um grupo e santificar outro é um caminho tortuoso.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

ademarA VOZ ROUCA DAS RUAS.

Todo político “cara lisa” tem um pronunciamento padrão diante dos movimentos de rua. Quando estão participando como oposicionistas afirmam que o fazem em nome da democracia e em favor de causas nobres, ao serem alvos dos movimentos, durante o exercício de cargos eletivos, dizem que se trata de prorrogação de eleições, atitudes golpistas e outras qualificações depreciativas.

Os eventos de 2013, 2014 e deste ano, com destaque para os realizados em 15.03.2015 e 12.04.2015 têm atores comuns, motivos diversos e recados últiplos. Assusta que um governo cujo partido foi criado entre movimentos populares tenha esquecido a receita que pregava por todo país na época que estavam fora do poder central.

Para decifrar tais movimentos a professora Esther Solano e os jornalistas Bruno Paes Manso e Willian Novaes, entraram nas manifestações e publicaram o livro “Mascarados – A verdadeira história dos adeptos da tática Black Bloc”. Referida publicação deveria ser lida e relida pelos governantes e através do “Método Kumon” aplicada aos agentes da segurança pública e privada.

O conteúdo do livro nos livra dos falsos mitos que o movimento é feito pela elite, por rebeldes sem causa e por favelados remunerados por golpistas. Os autores revelam os verdadeiros motivos que levam tantas pessoas para as ruas e dão luz sobre os reais destinatários das mensagens além de decodificar as razões para os excessos.Após a leitura você pode até discordar dos efeitos das manifestações, especialmente quando à destruição de bens públicos e privados, no entanto, jamais ignorará as razões dos manifestantes. É infinita a lista de motivos, sua grande maioria provocada pela omissão do poder público e da iniciativa privada.

O acesso às informações e o ambiente que cerca os descontentes servem de insumos para proliferação das revoltas e o extravasamento nas vias públicas, algumas vezes com atos de selvageria. A violência aplicada pelos manifestantes é compatível com o grau de insatisfação com o que estão recebendo em bens e serviços públicos e privados.

A visão equivocada de que o movimento tem com destinatário apenas o setor público desaparece com a leitura de “Mascarados”. Vários depoimentos constantes na obra provam que existem vilões em outras camadas sociais. Detentores de cargos na União, Estado e Municípios são os alvos principais, contudo, outros alvos existem. A imprensa e as grandes organizações privadas da indústria e do comércio também são foco. Isto fica cristalino no texto.

Desqualificar os movimentos é um caminho que nossas autoridades tem escolhido para tentar reduzir o sua importância. Isto, contudo, não leva ao atendimento das reivindicações. Desçam do pedestal, calcem as sandálias da humildade e debatam com os manifestantes, ainda há tempo. Caso empurrem com a barriga os desdobramentos podem sair do controle.

Por: Ademar Rafael