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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELO PODER DA PARCERIA

Na leitura de um livro sobre convivência harmônica tomei conhecimento da obra “O cálice e a espada”, escrita pela socióloga Riane Eisler e enquanto lia referida publicação fui informado de outra da mesma autora, intitulada “O poder da parceria”.

Inicialmente, quem é Riane Eisler? Trata-se de uma judia que na infância foi arrancada da Áustria, para fugir dos nazistas; criou-se em Cuba e graduou-se em sociologia nos Estados Unidos, para onde se mudou antes de revolução promovida pela turma de Fidel.

O que “O poder da parceria” tem de especial? Além de uma mensagem perfeita sobre convivência sem dominação, é uma obra que traz às claras a necessidade de fazermos nossa parte no enfrentamento às mentiras dos que se acham dono do mundo.

Com o livro e as palestras pelo mundo, a renomada ativista social oferta a cara para receber bofetadas por narrar os estragos promovidos pelas grandes companhias de comunicação ao centralizar e manipular informações; cita os danos causados pela produção massificada de armas por empresas como General Eletric, General Dynamics, Hughes e outras, sediadas principalmente nos Estados Unidos, na França e na Rússia; relata como as organizações Nestlé, Dow Chemical, Chevron, Conoco e outras manipulam variáveis da cadeia alimentar mundial, com foco nos lucros em detrimento do prejuízo à saúde dos consumidores de alimentos industrializados na forma de “commodities”…

Seguindo a lógica da publicação, em lugar de registro proibindo a utilização do conteúdo, existe a seguinte mensagem: “Você está autorizado a reproduzir as tabelas seguintes e repassá-las para outras pessoas. Os materiais nesta seção têm o intuito de ajudar a incorporar a parceria à sua vida e ao mundo”. No material disponibilizado estão diversas sugestões para que os conceitos sobre parceria sejam debatidos, ampliados e aplicados na vida cotidiana.

Os exemplos de vida da escritora dão sustentação aos métodos apresentados que encaminha o leitor para ações direcionadas aos relacionamentos consigo mesmo, com os mais próximos, com o trabalho e a comunidade, com nosso

país, com outros países, com a natureza e com o espírito. A sua caminhada dá consistência ao que está escrito.

Ao concluir a leitura do livro veio à minha mente a ação da nossa conterrânea Aline Mariano, na Secretária Municipal de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas do Recife. Desde que assumiu a função, a neta de Dona Laura Ramos, tem buscado soluções junto a parceiros públicos e privados. O seu ato de

coragem ao assumir o cargo e sua gestão tem tudo haver com o texto do livro. Deslocar-se da dominação para parceira somente com atitude, isto Aline tem.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELA VOLTA

Sempre desejei que minha volta ao nordeste acontecesse no formato fogo brando, estilo aquele utilizado para prepararmos o mungunzá e assim está ocorrendo. Não é fácil desapegar-se de lugares e pessoas que lhe deram mais que receberam, esta é minha relação com Marabá.

Uma vez tomada a decisão coloquei o carro na rodagem e ao cruzar o rio Araguaia em Araguatins – TO, o rio Tocantins no Estreito – MA e o rio Parnaíba em Floriano – PI percebi que as terras dos grandes rios estavam ficando para trás.

O reencontro com o triangulo CRAJUBAR – Crato x Juazeiro x Barbalha – CE e com Afogados da Ingazeira – PE foi a entrada; transitar no pedaço de chão com a maior concentração de poetas por metro quadrado do mundo, composto pelas cidades de São José do Egito – PE, Prata e Sumé – PB foi a “pinga” com caju para abrir o apetite e o trajeto entre Campina Grande e João Pessoa – PB foi o prato principal.

Os primeiros dias serviram para procurar a nova morada e reencontrar os amigos Zé Carlos de Neco Piancó, Inalva e filhos. No final de semana os presentes começaram a aparecer. Assistir o programa televisivo “Sala de Reboco”, com apresentação de Santana o Cantador, tendo como atração principal a cantora Liv Moraes, filha do excepcional Dominguinhos, fez com que a volta fosse carimbada com o selo de qualidade da cultura nordestina.

O melhor, no entanto, estava a caminho. O colega Zé Carlos ao visitar São José do Egito, durante a Festa Universitária trouxe-me o livro “Zé Marcolino – Conversa sem protocolo”. Em referida obra Marcos Passos, filho legítimo da terra dos cantadores apresenta um apanhado sobre Zé Marcolino, o gênio de Sumé – PB que presenteou Pernambuco com sua presença, enquanto morador em Serra Talhada, terra do Rei do Cangaço.

A leitura do livro fez com que este “cigano” fosse novamente contaminado com os causos e as coisas do nosso sertão. Os depoimentos, as letras das músicas e as entrevistas inseridas no extraordinário trabalho de pesquisa envia nossa atenção para atos e procedimentos do sertanejo. Marcolino foi, é e será o extrato vivo de cenários que não somente inspiraram suas magistrais criações como representam o que há de melhor no universo matuto: a simplicidade, a amizade e a coragem.

É magnífico descobrir que o nordeste continua, por meio da arte dos seus habitantes, sendo uma fonte inesgotável de produções artísticas superiores a soma dos “enlatados” produzidos para “artistas” fabricados por meio de estratégias de marketing patrocinadas pela mídia venal. Nada, entretanto, calará vozes do nível de Marcolino, Santana, Liv Moraes… Viva o sertão.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

ADEMARTERCEIRIZAÇÃO

Nos anos 80 os bancos particulares deixaram de receber contas de água, luz e telefone de usuários, ou seja, de não clientes. Como na época não havia os correspondentes bancários as filas nos bancos oficiais dobravam quarteirões.

Na condição de membro do Sindicato dos Bancários de Crato, Juazeiro e Barbalha fui participar de um simpósio em Fortaleza, para tratar do assunto. No encontro ouvi do representante do Banco Central que a instituição pouco poderia fazer diante da força da Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN.

No final dos anos 90 manifestei-me contra as privatizações, durante uma aula de Economia na Faculdade de Administração de Governador Valadares – Minas Gerais. O professor, um jovem picado pela mosca do “neocapitalismo”, solicitou que eu apresentasse uma razão plausível que justificasse meu posicionamento. Aleguei que o problema principal era nossa comprovada incapacidade de fiscalizar e citei a experiência vivenciada nos anos 80, quando o fiscalizador apresentava-se impotente diante do fiscalizado.

Ele ponderou que as agências reguladoras dariam conta do recado. Nossas privatizações mudaram o nome para concessões e como todos sabem tais agências são balcões de negócios em favor das empresas e contra os usuários.

O projeto de terceirização em andamento (Projeto de Lei 4.330/2004) segue rota parecida, isto é, caminha para piorar o que não presta. Em um país onde a qualidade dos produtos e dos serviços é discutível – vejam as estatísticas nos órgãos de defesa dos consumidores – e onde uma reclamação a um funcionário relapso e incompetente pode ser transformado em um processo de assédio moral a flexibilização da forma proposta cheira a um retrocesso.

O que nos espera será algo próximos dos seguintes cenários: Havendo pleno emprego as empresas terceirizadas enfrentarão dificuldades para captar e locar mão-de-obra; com a taxa de desemprego em alta as terceirizadas sangrarão os trabalhadores; hospitais deixarão de atender em função de greves dos funcionários das terceirizadas que trabalham na lavanderia e empresas de ônibus reduzirão a oferta dos serviços porque as terceirizadas não fizeram à manutenção dos veículos.

A convivência entre a república sindical que se transformou nosso Brasil e os novos agentes que surgirão com modelo sugerido pelos nossos “nobres” legisladores será uma guerra em que morrerão os funcionários e a já debilitada qualidade dos produtos e serviços.

Como eu gostaria de está enganado. Com a palavra os empresários, os sindicatos, os trabalhadores, o governo e a justiça do trabalho. A expansão da Súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho merece atenção redobrada.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELOUTROS DESAFIOS?

Exatamente 12221 dias depois estou retornando à terra que deixei no dia 19.01.1982 para correr o mundo em busca de sonhos, trabalhos, amigos, família época que pude deparar-me com outros adereços jogados no matulão, alguns deles contra vontade. O mundo ensina e cobra alto.

Com limitações, boa dose de coragem e apoio de amigos, familiares e colegas de trabalho consigo ver que a trajetória passada teve mais acertos que erros. Esforcei-me pouco para desconstruir os rótulos de “grosseiro”, “mal humorado”, “radical” e “comunista”. De certa forma eles afastaram aproveitadores.

Tenho plena convicção que não utilizei ninguém como batente para ser promovido e não permiti ser usado como escada para os outros. Sempre defendi a justiça e a verdade como parâmetros inarredáveis na convivência social e no mundo dos negócios. Isto custou muito caro algumas vezes.

Entre os afagos hipócritas, valorizações temporárias e meus valores morais preferi, em todos os momentos, os últimos. Se houve uma coisa que nunca negociei foram minhas escolhas éticas. Isto, contudo, nunca permitiu que assumisse a condição de senhor da verdade.

O açodamento e os excessos do início da carreira foram substituídos pela prudência. A rotina das transferências deram-me uma visibilidade que a permanência numa mesma região e mesma atividade negaria. A coerência, a humildade e os estudos foram fortalecidos por princípios do Rotary e da Maçonaria e transformaram-se nos principais pilares da minha vida profissional.

Ao sair do Banco do Brasil em março de 2007 até o dia 03.07.15 desempenhei vários papéis no primeiro, segundo e terceiro setores da economia. Dediquei para cada missão recebida toda energia disponível. O insucesso e o sucesso caminharam juntos, utilizei aprendizados com o primeiro como alavancas para alcançar o segundo. Serviços bancários, metalurgia, saúde, educação, finanças
públicas, estudos de cenários e contabilidade foram áreas que atuei aplicando os métodos e conceitos que entendia com válidos.

As atividades em sala de aula, como professor ou como aluno, foram as mais gratificantes e as gestões no âmbito do voluntariado deram-me muita paz interior. As marcas positivas deixadas pelo caminho foram cunhadas com muita ajuda dos colegas de trabalho, incentivei e cobrei a participação coletiva. Provei que carreira solo tem prazo curto e que a união de forças produz resultados duradouros.

O segundo semestre de 2015 dedicarei ao ócio, em 2016 não sei o que virá. A única certeza é que ainda tenho muito para aprender e aplicar em favor das causas que acredito. Deus, como sempre, guiará a trajetória futura.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELA BOLA

Nos tempos da minha juventude havia uma mensagem de alerta aos motoristas que dizia: “Atrás de uma bola sempre vem uma criança”. Posteriormente, de forma pejorativa foi alterada para: “Atrás de uma bola sempre vem um fiscal”, outras versões vieram e a “bola” continuou migrando para os bolsos dos corruptos, em formato de propina.

Com este escândalo da FIFA podemos propor nova redação: “Atrás de um evento esportivo vem propina”, no futebol o resultado é detalhe, as negociatas fazem mais gols que os artilheiros.

Nada, no entanto, é novo no processo. O jornalista inglês Andrew Jennings ao publicar “Jogo Sujo – O mundo secreto da FIFA – Compra de votos e escândalo de ingressos”, editado no Brasil pela Panda Books trouxe uma narrativa clara sobre as “brincadeiras” dos cartolas. Juca Kfouri, que escreveu uma mensagem na primeira contra capa do livro, produziu diversos artigos sobre o tema e da mesma forma do inglês o que ganhou foram vários processos na justiça.

Agora, sob as garras da grande águia, a bomba estourou. O FBI, que representa muito mais os interesses dos americanos do que uma instituição em busca da limpeza no futebol, está contribuindo para que a sangria seja estancada. No que vai dar? É muito cedo para avaliarmos.

Qualquer pessoa de bom censo sabe que a maior lavanderia de dinheiro sujo na atualidade opera nos esportes em geral, o futebol é um deles. Os jogos olímpicos, os grandes certames são controlados por “investidores” e “fundos de investimentos” cujos recursos têm origens pra lá de duvidosas. As grandes redes de comunicação do todo mundo, os cartolas, as casa de apostas e os
“empresários” dos esportes caminham no mesmo lamaçal.

Quanto o tetracampeão Carlos Alberto Parreiras afirmou que no futebol o gol era “detalhe” tinha em mente apenas o que ocorre no campo do jogo. Sua tese deriva da percepção que o condicionamento físico, as estratégias e o pragmatismo superam o ponto alto do futebol. Desconhecia nosso treinador que de fato o gol virou detalhe o importante está fora das arenas esportivas e
chama-se DINHEIRO.

Para não fugir da norma geral, aplicável em todos os casos de denúncia de corrupção, o presidente Joseph Blatter afirma que nada sabe, que foi traído e que fechará os dutos por onde a corrupção desvia os recursos da entidade. Tenho ligeira desconfiança que ele aprimorou seu discurso no país que organizou o último campeonato mundial, conhecido como Copa do Mundo.

O jogo está no início, teremos o tempo normal, os acréscimos, a prorrogação e os pênaltis. Mudará é o local da disputa, saem as arenas entram os tribunais.

Por: Ademar Rafael