Nos tempos da minha juventude havia uma mensagem de alerta aos motoristas que dizia: “Atrás de uma bola sempre vem uma criança”. Posteriormente, de forma pejorativa foi alterada para: “Atrás de uma bola sempre vem um fiscal”, outras versões vieram e a “bola” continuou migrando para os bolsos dos corruptos, em formato de propina.
Com este escândalo da FIFA podemos propor nova redação: “Atrás de um evento esportivo vem propina”, no futebol o resultado é detalhe, as negociatas fazem mais gols que os artilheiros.
Nada, no entanto, é novo no processo. O jornalista inglês Andrew Jennings ao publicar “Jogo Sujo – O mundo secreto da FIFA – Compra de votos e escândalo de ingressos”, editado no Brasil pela Panda Books trouxe uma narrativa clara sobre as “brincadeiras” dos cartolas. Juca Kfouri, que escreveu uma mensagem na primeira contra capa do livro, produziu diversos artigos sobre o tema e da mesma forma do inglês o que ganhou foram vários processos na justiça.
Agora, sob as garras da grande águia, a bomba estourou. O FBI, que representa muito mais os interesses dos americanos do que uma instituição em busca da limpeza no futebol, está contribuindo para que a sangria seja estancada. No que vai dar? É muito cedo para avaliarmos.
Qualquer pessoa de bom censo sabe que a maior lavanderia de dinheiro sujo na atualidade opera nos esportes em geral, o futebol é um deles. Os jogos olímpicos, os grandes certames são controlados por “investidores” e “fundos de investimentos” cujos recursos têm origens pra lá de duvidosas. As grandes redes de comunicação do todo mundo, os cartolas, as casa de apostas e os
“empresários” dos esportes caminham no mesmo lamaçal.
Quanto o tetracampeão Carlos Alberto Parreiras afirmou que no futebol o gol era “detalhe” tinha em mente apenas o que ocorre no campo do jogo. Sua tese deriva da percepção que o condicionamento físico, as estratégias e o pragmatismo superam o ponto alto do futebol. Desconhecia nosso treinador que de fato o gol virou detalhe o importante está fora das arenas esportivas e
chama-se DINHEIRO.
Para não fugir da norma geral, aplicável em todos os casos de denúncia de corrupção, o presidente Joseph Blatter afirma que nada sabe, que foi traído e que fechará os dutos por onde a corrupção desvia os recursos da entidade. Tenho ligeira desconfiança que ele aprimorou seu discurso no país que organizou o último campeonato mundial, conhecido como Copa do Mundo.
O jogo está no início, teremos o tempo normal, os acréscimos, a prorrogação e os pênaltis. Mudará é o local da disputa, saem as arenas entram os tribunais.
Por: Ademar Rafael