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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARRIMA E CONTEXTO

Meu grande amigo Bartó de Zé Garcia, residente em Recife-PE., no dia 17.04.2016, após registros poéticos na “domingueira” que promovemos no FACEBOOK, fez o seguinte comentário: “Não sou um entendido em poesias; mas, gosto de ver versos formando um conjunto perfeito, não só na rima, mas também no desenvolvimento do contexto. Enfim, a poesia deve trazer, literalmente, uma contribuição para quem escreve é para quem lê…”.

Discordo quando ele afirma que não é “entendido em poesia” tendo nascido na região que Rogaciano Leite classificou como: ”… terra onde as almas são todas de cantadores…”. Filho do Pajeú, já nasce doutorado em poesia, esse dom divino. No tocante as condicionantes representadas pelo binômio “rima e contexto” entendo que meu amigo tem razão plena.

Durante uma cantoria de Ivanildo Vila Nova e Raimundo Caetano recebi do poeta Zé Dantas, um exemplar do livro “Atrativos turísticos da Paraíba – Decantados em poesia”, cuja autoria é dele e de Daudeth Bandeira. Referidos paraibanos descrevem de forma exemplar particularidades de pontos turísticos, de festas regionais, da culinária e da produção artística do estado da Paraíba.

A obra é farta não somente nas informações, como também, nos quesitos “rima e contexto” título e tema desta crônica. Os autores, poetas paraibanos, fazem uma descrição rimada de cada elemento abordado cujo conteúdo desperta a atenção do turista para visitar cada região e cada cidade para ver de perto as belezas da terra de José Lins do Rego.

O livro guia, encomendado aos poetas por prepostos de órgãos responsáveis pelo crescimento e fortalecimento do turismo na terra onde o sol nasce primeiro no Brasil, reúne um conteúdo soberbamente detalhado sobre o potencial turístico do litoral ao sertão, passando pelo brejo e pela Borborema.

Nada mais coerente de que a terra que nos deu Augusto dos Anjos, Ronaldo da Cunha Lima e Ariano Suassuna, apresente-se para o turista em forma de versos, principalmente quando são perfeitos em rimas e contexto, atendendo com folga as condicionantes impostas pelo amigo Bartó.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARO EX-VICE!

Com Dilma descendo a ladeira quem emergirá na rampa com força total? A resposta é: Michel Miguel Elias Temer Lulia. Os fatos que transformarão o peemedebista em nosso presidente germinaram com o processo do impedimento, contudo, foram semeados ao longo do tempo. O solo, a água e os fertilizantes uniram-se na forma que a presidente tratou seu vice.

Até a véspera do dia 29.03.16, data do rompimento do PMDB com o governo, Dilma equivocadamente acreditou no trecho da letra da música “A Natureza das coisas”, de Irah Caldeira que afirma: “… pode acontecer tudo inclusive nada. Se avexe não…”. Dormir ao lado dos pajés do Partido do Movimento Democrático Brasileiro é correr risco incontrolável, é subestimar a capacidade deles em “invocar espíritos, e exercer seus poderes oraculares, vaticinantes e curativos”.

Muitos defendem a tese que Temer representa a parte não degradável do esgoto que se transformou o Governo (PT + PMDB), após a depuração nas lagoas de decantação da Operação Lava Jato. Para este cronista o vice detém habilidades suficientes para recolocar o Brasil nos trilhos, mas, o histórico do seu partido e os “amigos” podem gerar fatos e atos capazes de colocar o país em um buraco mais profundo e mais largo. O tempo dirá.

Na época do impedimento de Collor o vice Itamar Franco era a reserva moral. Aos troncos e barracos fez a travessia possível. Michel Temer não tem o mesmo perfil apesar de ser mais estrategista que o mineiro de Juiz de Fora. Nos dois, o instinto de vingança é parecido.

Os otimistas podem afirmar que o jogo não acabou e que no Senado o placar pode ser alterado em favor da presidente. Não defendo esta hipótese. Os altos interesses em disputa, a estagnação da economia e o desgaste do Partido dos Trabalhadores sugerem um cenário desfavorável aos atuais detentores do poder.

Espero com muita fé que este processo possa, de fato, tirar o Brasil da inércia e recolocá-lo no caminho do desenvolvimento e da paz social. O povo brasileiro merece algo melhor. Que venha o novo tempo e com ele a harmonia.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARPADRE CÍCERO

A revista Família Cristã número 963, de março de 2016, trouxe longa reportagem sobre a reconciliação da igreja com o Padre Cícero Romão Batista. Na chamada de capa registra: “A fé venceu a incompreensão, Padre Cícero, santo pelo povo, é reconciliado pela Igreja Católica”.

O processo, segundo o texto, foi reaberto no início do século XXI após o cardeal Joseph Ratzinger pedir informações ao bispo do Crato. Na época o religioso alemão exercia o cargo de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, portanto, antes de assumir o papado em substituição a João Paulo II.

A decisão do Vaticano comunicada a Dom Fernando Panico bispo do Crato, lavrada em carta de dezembro de 2015, sob a orientação do Papa Francisco, foi festejada pelos romeiros do Padim Ciço e reparou tardiamente as penas imputadas ao sacerdote cearense.

Os algozes do Padre Cícero sob o manto da hierarquia da Igreja Católica não perdoaram a insistência do sacerdote na defesa dos fenômenos ocorridos em Juazeiro do Norte a partir do dia primeiro de março de 1889, envolvendo a beata Maria de Araújo.

O livro “Padre Cícero – Poder, fé e guerra no sertão”, do jornalista Lima Neto aponta exageros verificados na condução dos processos movidos contra Padre Cícero. O empenho de Dom Joaquim José Vieira, autoridade maior da igreja no Ceará na época, para impedir que o “milagre de Juazeiro” fosse reconhecido pela Igreja recebeu apoio de figuras destacadas do clero e da política.

O cardeal Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, que deu todo apoio a Dom Joaquim, chegou a afirmar que o caso de Juazeiro era obra do Satanás uma vez que fomentava a histeria e o fanatismo.

Com o posicionamento atual da Cúpula da Igreja Católica os processos de beatificação e santificação de Padre Cícero ganharão impulso. Como as mentes e os corações dos devotos já outorgam tais títulos ao Padim Ciço a legitimação por parte do Santo Ofício seria a vitória de fé e da devoção sobre a intransigência que acompanha muitas autoridades no clero e fora dele.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARMÉTODO CONTÍNUO

Um antigo ditado popular afirma: “A ocasião faz o ladrão”. Em nosso país as ocasiões fazem-se presentes no cotidiano, nada obstante os esforços realizados nos últimos anos para punir os faltosos. Os escândalos “Anões do Orçamento”, “Collor x PC Farias”, “Sanguessugas”, “Mensalão” e “Lava Jato” formam uma sequência de desvios de conduta sem que o subsequente seja dificultado pelas apurações realizadas no anterior.

Explicações sobre a manutenção do solo fértil para novas investidas podem ser identificadas no livro “Capitalismo de laços”, do professor Sérgio Giovanetti Lazzarini. A obra faz uma analise das ligações entre os setores públicos e privados, sob o conceito de “laços”, aqui entendidos como: “Relações entre atores sociais para fins econômicos”. Adaptado, em nosso caso, para: “Relações entre atores sociais para privilégios pessoais”.

Publicado em 2011 o livro apresenta estudos, realizados entre 1995 e 2009, onde se constata, entre outras variáveis, que as empresas campeãs em doações aos candidatos vencedores dos pleitos para Presidente da República, realizados em 1998 (FHC) e 2002 (Lula) conseguiram acesso preferencial a recursos financeiros via empréstimos subsidiados de bancos públicos ou por meio de investimentos em áreas reguladas pelo setor público.

O subtítulo do livro “Os donos do Brasil e suas conexões”, inspiram o conteúdo das pesquisas e constatações. Escreve o autor na página 45: “A relação clientelista é evidente: doações de campanha em troca de benefícios diretos ou indiretos a empresas privadas”. Por nossa conta adicionamos “e aos seus sócios e dirigentes”.

Ao deixar o Ministério da Justiça, José Eduardo Cardoso afirmou: “É difícil ser republicano neste país”. Sobre isto em 1627 o Frei Vicente do Salvador (1564-1635): “Nenhum homem nesta terra é republico, nem zela ou trata o bem comum, senão cada um do bem particular”. Esta citação encontra-se na página 12 de “A República inacabada”, de Raimundo Faoro.

Insisto que somente com coragem e vergonha na cara poderemos tapar este nocivo sangradouro por onde escapam muitos bilhões.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELDOM HELDER

Entre as várias opções disponíveis, optei pela leitura do livro “Dom Helder Câmara – O profeta da paz”, de autoria de Nelson Piletti e Walter Praxedes, para conhecer detalhes da vida do sábio bispo nordestino. Concluída a leitura pude perceber o quanto foi injustiçado nosso líder espiritual. Movido pelo verdadeiro sacerdócio transformava cada injustiça sofrida em matéria prima da sua luta em favor dos pobres.

Em qualquer lugar onde imperasse os mínimos valores sobre reconhecimento de alguém pelos seus feitos em favor de outrem, somente a “Cruzada São Sebastião” e o “Banco da Providência” seriam suficientes para imortalizar o seu criador. No Brasil, é diferente. Tais iniciativas serviram para que os adversários do sacerdote utilizassem sua devoção por referidas causas como alimento para os ataques e as perseguições.

Seu empenho na organização da igreja na América Latina e na criação da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil poderia ter recebido maior valorização da igreja, como instituição, e dos seus superiores em sua defesa nas horas em que foi largamente caluniado. .Morreu sem o título de cardeal. Isto, contudo, nunca serviu de obstáculo para sua incansável batalha em favor dos excluídos.

As gestões do governo brasileiro junto ao Comitê que outorga o Prêmio Nobel da Paz é de uma crueldade inarrável. O bom disto é que Dom Helder não merecia está presente na relação onde se encontram nome de personalidades que promoveram guerras em nome da paz. O mundo reconheceu sua obra, o Prêmio Nobel da Paz é minúsculo diante dela.

As hostilidades que recebeu foram convertidas em insumos para sua veemente defesa dos direitos humanos no Brasil e no mundo. Muitos que se aproximaram dele com interesses escusos nunca foram satanizados. Dom Helder injustamente foi demonizado. Nosso padre buscou como poucos irrigar a mente dos seus pares com o líquido da misericórdia, do perdão e do amor.

Sua obra não cabe em livros ou relatos humanos, tem dimensão universal. Obrigado Deus pela graça de ter sido contemporâneo de Dom Helder.

Por: Ademar Rafael