Entre as várias opções disponíveis, optei pela leitura do livro “Dom Helder Câmara – O profeta da paz”, de autoria de Nelson Piletti e Walter Praxedes, para conhecer detalhes da vida do sábio bispo nordestino. Concluída a leitura pude perceber o quanto foi injustiçado nosso líder espiritual. Movido pelo verdadeiro sacerdócio transformava cada injustiça sofrida em matéria prima da sua luta em favor dos pobres.
Em qualquer lugar onde imperasse os mínimos valores sobre reconhecimento de alguém pelos seus feitos em favor de outrem, somente a “Cruzada São Sebastião” e o “Banco da Providência” seriam suficientes para imortalizar o seu criador. No Brasil, é diferente. Tais iniciativas serviram para que os adversários do sacerdote utilizassem sua devoção por referidas causas como alimento para os ataques e as perseguições.
Seu empenho na organização da igreja na América Latina e na criação da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil poderia ter recebido maior valorização da igreja, como instituição, e dos seus superiores em sua defesa nas horas em que foi largamente caluniado. .Morreu sem o título de cardeal. Isto, contudo, nunca serviu de obstáculo para sua incansável batalha em favor dos excluídos.
As gestões do governo brasileiro junto ao Comitê que outorga o Prêmio Nobel da Paz é de uma crueldade inarrável. O bom disto é que Dom Helder não merecia está presente na relação onde se encontram nome de personalidades que promoveram guerras em nome da paz. O mundo reconheceu sua obra, o Prêmio Nobel da Paz é minúsculo diante dela.
As hostilidades que recebeu foram convertidas em insumos para sua veemente defesa dos direitos humanos no Brasil e no mundo. Muitos que se aproximaram dele com interesses escusos nunca foram satanizados. Dom Helder injustamente foi demonizado. Nosso padre buscou como poucos irrigar a mente dos seus pares com o líquido da misericórdia, do perdão e do amor.
Sua obra não cabe em livros ou relatos humanos, tem dimensão universal. Obrigado Deus pela graça de ter sido contemporâneo de Dom Helder.
Por: Ademar Rafael