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Posts tagged as “CRÒNICA DE ADEMAR RAFAEL”

Crônica de Ademar Rafael

Por:Ademar Rafael

APRENDER NA LUTA

Do clássico “As mil e uma noites”, na versão de Antoine Galland, retirei o trecho a seguir para dar rumo ao tema desta crônica: “É bom que os príncipes tenham de enfrentar desgraças; a adversidade lhes purifica as virtudes e eles aprendem o governar melhor”.

O que foi escrito no fantástico livro serve como uma luva para o momento atual quando o quesito é comportamento humano. Nesta época de “comodidades” poucos topam enfrentar adversidades e muitos preferem caminhar no mar das facilidades que normalmente levam o lugar nenhum.

Meu pai, em tom de brincadeira, sempre falava: “De puder fique sentado em vez de ficar de pé e fique deitado em vez de ficar sentado.” Desconheço a origem dessa frase e reconheço que ela tem perfeita aderência com o pensamento atual.

Em nossos dias os alunos não copiam mais enunciados que os professores colocam nos quadros, batem fotos. Para esmagadora maioria escrever um texto de cinco linhas é uma tortura. Os textos das redes sociais são substituídos por imagens de tudo. São aplausos, sinais de positivo ou negativo, “carinhas” ou outros sinais.

Nas empresas os fluxogramas das rotinas de serviços e os manuais são substituídos por mensagens de aparelhos móveis em linguagem tão diversificada que a sistematização e a uniformidade de procedimentos saem de cena. Simplificar processos é diferente de banalizar, menor esforço não é o mesmo que abandonar rotinas. Neste ponto estamos falhando muito e os serviços prestados estão perdendo a eficácia em nome de uma “praticidade” prejudicial para empresas e usuários.

Não é salutar fugir dos obstáculos, precisamos assumir nossos papéis e,com denodo, superar as dificuldades para criar musculatura e massa crítica para enfrentarmos um mundo cada vez mais competitivo.

Crônica de Ademar Rafael

JORNALISMO IDEAL

Os jornalistas William Corrêa e Ricardo Taira que atuaram juntos na TV Cultura escreveram os livro “Jornalismo ainda é cultura”, publicação que deveria ser leitura obrigatória e diária para todos que atuam nos diversos
meios de comunicação de massa.

O livro aborda de forma exemplar como deve ser o comportamento da imprensa diante de fatos relevantes com impacto na vida das pessoas, sugerem imparcialidade e profissionalismo, defendem que o contraditório é salutar e que a diversidade de idéias contribui para o amplo debate.

Quem assiste o Jornal da Cultura nota que o formato em que as notícias são comentadas por convidados que formam a bancada com os apresentadores ou apresentadoras. Nos assuntos em que os comentaristas discordam os espectadores podem escolher a versão que seu juízo de valor mais se aproxima.

A obra não poupa críticas às pautas sensacionalistas, as notícias revestidas de interesses financeiros e o noticiário “chapa branca” que tanto agradam aos governantes de plantão. O patrulhamento também é criticado. A publicação é uma aula sobre o jornalismo ideal.

Sobre a interferência do poder nas publicações os autores citam o caso do primeiro jornal da história, a “Acta Diurna”, criado pelo imperador romano Júlio César em 59 a.C. Em referido jornal, segundo a versão apresentada, o General publicava suas grandes conquistas, a expansão do Império Romano e as notícias que fortaleciam sua imagem. Nele não havia registros das derrotas e nem dos escândalos que envolviam o Imperador ou deus aliados.

Portanto, a prática de governantes interferirem e ditarem as pautas de grandes veículos de comunicação não é fato novo. O jornalismo ideal é possível? Seguindo orientações do livro, talvez. Não seguindo, jamais.

Crônica de Ademar Rafael

DANIZETE DE SIQUEIRA LIMA*

O menino Danizete deixou sal casa no Sítio Barra de Solidão para vir trabalhar com o tio Aniceto, no Bazar das Miudezas. Morou com os avôs maternos Seu Elias e Dona Maria que, segundo Jurandir de Helvécio, colocou-lhe o apelido Perninha de Abelha. Detentor de uma memória extraordinária e de uma inteligência matemática acima das melhores médias era capaz de citar à distância o local das mercadorias dentro da loja.

Como seu primo, Dimas, dorme com facilidade, muitas vezes foi acordado em Vitória de Santo Antão, quando o destino era Caruaru para fazer compras. Quando residia no Recife, no final dos anos 70, foi acordado
algumas vezes na garagem dos ônibus por passar pelo ponto final, sonhando com o Pajeú.

Através de Danizete conheci os amigos Tota Flor, Saulo Gomes, Carrinho de Lica, Arnaldo de Luiz Ernesto e tantos outros. Coube-me a difícil missão de substituí-lo no Bazar das Miudezas. Apesar da paciência de Aniceto comigo não foi fácil. Ele trabalhou no escritório de João Mariano, na fábrica de doce, deu aulas, oportunidade em que conheceu a menina Betânia, filha do estimado Silvino Teles e de dona Sônia Quidute e mãe dos seus filhos Patrícia e Darlan.

Reencontramo-nos no Banco do Brasil no início dos anos 80. Intensificamos a convivência, inclusive nas farras. Foi o parceiro predileto para os “rodetes” da irresponsabilidade que consistia em após uma noite de “cana brava” sairmos de Afogados por volta de cinco horas da manhã para tomarmos “outras” no Hotel de Dolores em Jabitacá, na Barraca de Jaime e no Elite Bar em São José do Egito, no Bar de Adalberto em Tabira e encerrar as atividades em torno de meia noite em Afogados.

Fizemos juntos périplos mais arriscados, nas mesmas condições etílicas. Dentre os quais podem ser destacadas as viagens para Tavares na Paraíba, indo pela Quixaba e voltando por Princesa Isabel e para Juazeiro do Norte. Graças a Deus e seu famoso sono não bateu em nenhuma dessas viagens.

É contador de “estórias” e recitador de alto nível. Estar com Danizete é ter a certeza de boas risadas e muitos versos de Pinto, de Lourival, de Ivanildo, de Geraldo, de Dedé Monteiro e de Diomedes Mariano, seu irmão. Tem cabedal suficiente para escrever vários livros sobre nossa região, não o fez ainda por comodidade.

Doido pelo sertão, disse-me durante um almoço Povoado Brejinho de Tabira, na data em que foi publicada a aprovação do seu filho Darlan no vestibular: “Morro de saudade disto aqui, Recife é bom para passeio.”.

(*) – Publicado originalmente no site www.afgadosdaingazeir.com.br, como Pessoas do meu sertão XXI.

Crônica de Ademar Rafael

NO ALTO DO HORTO

Existem obras que imortalizam seus construtores, a Estátua de Padre Cícero Romão em Juazeiro do Norte é uma delas. Mauro Sampaio, prefeito que entregou aos romeiros a magnífica obra, será sempre lembrado por tal feito.

Na condição de devoto o nosso também imortal Luiz Gonzaga ao compor “Viva meu Padim” escreveu: “Olha lá no alto do horto/ele ta vivo padre não ta morto/Olha lá no alto do horto/ele ta vivo padre não ta morto”. É desta forma que os romeiros enxergam Padre Cícero.

O monumento foi pensado originalmente com um pouco menos de 10 metros e posteriormente pelas mãos do engenheiro Rômulo Ayres Montenegro, que contou com ajuda do corretor de imóveis Jaime Magalhães, chegou aos 27 metros. A inauguração ocorreu no dia 01.11.1969 e tornou-se o principal ponto turístico de Juazeiro do Norte.

A festa de 50 anos da Estátua foi comemorada com a presença dos romeiros e de autoridades que anunciaram a construção de um teleférico que unirá o Estacionamento dos Romeiros à Colina. Dele o turista viria o belo cenário que é o Vale do Cariri, com as cidades de Barbalha e Crato ao sul e oeste, respectivamente.

A melhor noticia veio do Vaticano com o atendimento do pedido de perdão feito em 2006 pelo bispo Dom Fernando Panico. Com a sonhada reconciliação os processos de beatificação e santificação perdem os fatores impeditivos e pode avançar.

O romeiro que cumpre todo ritual vai à Colina do Horto, ao Memorial Padre Cícero, a Igreja do Socorro e assiste a missa dos “chapeuzinhos” na Igreja de Nossa Senhora das Dores. Para eles o Padre Cícero já é Santo. Cabe ao Papa decidir na hora que cada processo, com as comprovações, chegar ao seu domínio.

Crônica de Ademar Rafael

BLOG DO FINFA – MOMENTOS

Em maio do corrente ano fui procurado pelo titular deste blog para fazer um texto e ser inserido no livro alusivo aos sete anos das atividades do blogueiro. Na oportunidade ao ver o projeto da publicação acertamos que este cronista faria a apresentação e o renomado escritor afogadense Milton Oliveira faria o prefácio.

Elaboramos um texto compatível com a proposta e ao vermos o livro publicado detectamos, mais uma vez, a capacidade do blogueiro em criar. A publicação não pode ser reduzida a uma homenagem aos sete anos do
“Blog do Finfa”, precisa ser vista um legado para futuras gerações e uma fonte de consulta para quem pretende fazer algo grandioso.

Se fizermos uma analogia do livro com um fausto almoço podemos assim definir o projeto: A entrada seria um mix do prefácio, da introdução, e do texto do autor; os aperitivos seriam as manifestações dos leitores, oriundos de diversas origens políticas, econômicas e sociais; o prato principal os registros fotográficos e a sobremesa o que escreveu o e do poeta Diomedes Mariano.

Nos meio jornalístico sempre foram valorizados os profissionais criadores de inspirados títulos e manchetes. Assim foi, é e será. Pela chamada é que os leitores mergulham nos conteúdos. Neste quesito Finfa também trilhou com desenvoltura. O titulo do livro “Blog do Finfa MOMENTOS”, guarda perfeita com o ideia da publicação e está alinhada com versões disponíveis na rede mundial de computadores sobre o significado de momentos que afirma ser: “Espaço pequeníssimo (mas indeterminado) de tempo; curta duração; lance e ocasião oportuna.”

Aposto todas as fichas que o livro não tem vencimento, seu prazo é indeterminado e que sua publicação foi oportuna e que as fotografias nele inseridas ocasiões e serem comentadas e lembradas pelos adeptos da
informação clara e de fatos reais, num mundo dúbio e virtual.