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Crônica de Ademar Rafael

DANIZETE DE SIQUEIRA LIMA*

O menino Danizete deixou sal casa no Sítio Barra de Solidão para vir trabalhar com o tio Aniceto, no Bazar das Miudezas. Morou com os avôs maternos Seu Elias e Dona Maria que, segundo Jurandir de Helvécio, colocou-lhe o apelido Perninha de Abelha. Detentor de uma memória extraordinária e de uma inteligência matemática acima das melhores médias era capaz de citar à distância o local das mercadorias dentro da loja.

Como seu primo, Dimas, dorme com facilidade, muitas vezes foi acordado em Vitória de Santo Antão, quando o destino era Caruaru para fazer compras. Quando residia no Recife, no final dos anos 70, foi acordado
algumas vezes na garagem dos ônibus por passar pelo ponto final, sonhando com o Pajeú.

Através de Danizete conheci os amigos Tota Flor, Saulo Gomes, Carrinho de Lica, Arnaldo de Luiz Ernesto e tantos outros. Coube-me a difícil missão de substituí-lo no Bazar das Miudezas. Apesar da paciência de Aniceto comigo não foi fácil. Ele trabalhou no escritório de João Mariano, na fábrica de doce, deu aulas, oportunidade em que conheceu a menina Betânia, filha do estimado Silvino Teles e de dona Sônia Quidute e mãe dos seus filhos Patrícia e Darlan.

Reencontramo-nos no Banco do Brasil no início dos anos 80. Intensificamos a convivência, inclusive nas farras. Foi o parceiro predileto para os “rodetes” da irresponsabilidade que consistia em após uma noite de “cana brava” sairmos de Afogados por volta de cinco horas da manhã para tomarmos “outras” no Hotel de Dolores em Jabitacá, na Barraca de Jaime e no Elite Bar em São José do Egito, no Bar de Adalberto em Tabira e encerrar as atividades em torno de meia noite em Afogados.

Fizemos juntos périplos mais arriscados, nas mesmas condições etílicas. Dentre os quais podem ser destacadas as viagens para Tavares na Paraíba, indo pela Quixaba e voltando por Princesa Isabel e para Juazeiro do Norte. Graças a Deus e seu famoso sono não bateu em nenhuma dessas viagens.

É contador de “estórias” e recitador de alto nível. Estar com Danizete é ter a certeza de boas risadas e muitos versos de Pinto, de Lourival, de Ivanildo, de Geraldo, de Dedé Monteiro e de Diomedes Mariano, seu irmão. Tem cabedal suficiente para escrever vários livros sobre nossa região, não o fez ainda por comodidade.

Doido pelo sertão, disse-me durante um almoço Povoado Brejinho de Tabira, na data em que foi publicada a aprovação do seu filho Darlan no vestibular: “Morro de saudade disto aqui, Recife é bom para passeio.”.

(*) – Publicado originalmente no site www.afgadosdaingazeir.com.br, como Pessoas do meu sertão XXI.


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