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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Fazendo uma releitura da forma que os governistas foram tratados por Eduardo Cunha e pela oposição, durante o processo do impedimento da presidente Dilma, fui forçado a buscar informações sobre o modelo utilizado. No livro “As 48 leis do poder”, de Robert Greene e Joost Elffers, onde comecei a encontrar pistas.
No capitulo que trata da décima quinta lei “Aniquile totalmente o inimigo”, os autores assim resumem o assunto: “Todos os grandes líderes, desde Moisés, sabem que o inimigo perigoso deve ser esmagado totalmente. (Às vezes, eles aprendem isso da maneira mais difícil.) Se restar uma só brasa, por menor que seja, acabará se transformando numa fogueira. Perde-se mais fazendo concessões do que pela total aniquilação: o inimigo se recuperará e quererá vingança. Esmague-o, física e espiritualmente”.
Dentro do meu campo de observação, este enunciado foi repetidamente aplicado nas manifestações dos defensores do impedimento nas comissões, nas votações e nas entrevistas. Não permitir que defensores do mandato da presidente assumissem postos de destaque nas comissões na Câmara e Senado encontra guarida na parte da décima quinta lei relacionada com as perdas advindas com concessões dadas.
No livro, uma citação atribuída a Napoleão Bonaparte, diz: “Para obter a vitória definitiva, é preciso ser cruel”. Este “conselho”, sob meu ponto de vista, foi aplicado de forma exemplar pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O deputado carioca assim agiu em todas as oportunidades. A intervenção na escolha do relator foi uma delas.
Na comissão do senado, as vozes de Cássio Cunha Lima, Simone Tebet e Ronaldo Caiado sedimentaram cada intervenção em elementos da lei acima descrita. O foco era eliminar definitivamente o que restava do inimigo após a batalha na Câmara.
Almas ingênuas e puras podem avaliar que houve excesso por parte dos defensores do impedimento, contudo, temos que entender que esta lei é válida nos casos em que o inimigo possa, no futuro, retornar com força total. Assim é a luta pelo poder. Valeu tudo e o que sobrar.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Segundo o canadense David Orrell em “Economitos – Os dez maiores equívocos da economia” foi a estagflação – combinação de altos índices de desemprego e inflação – que mais contribuiu com as quedas de Leonard James Callaghan e de James Earl “Jimmy” Carter, Jr. nos cargos de primeiro ministro britânico e presidente dos Estados Unidos da América.
Como sabemos, em seus lugares assumiram, respectivamente, Margaret Thatcher e Ronald Reagan. Eles trouxeram uma nova ordem econômica que protegia as economias dos seus países e diluía dos demais. O modelo econômico promovido pelos dois líderes, baseado na concepção de estado mínimo e livre comércio, foi utilizado em nosso país em doses homeopáticas ou cavalares nos governos Dilma, Lula, Collor e FHC. Itamar resistiu bravamente.
Tendo presente que nosso país está com sua atividade econômica em estágio de estagflação e que um governo de características progressistas será substituído pelo modelo liberal,: 😮 pisca alerta avisa que nova onda de redução do tamanho do estado pode está nos rondando. Atualmente as únicas riquezas que dispomos para levar ao mercado são o petróleo do pré-sal, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Serão triturados?
Para sair do vermelho o Brasil tem três caminhos: o primeiro é utilizar parte das reservas cambiais; o segundo, ir novamente ao FMI – Fundo Monetário Internacional e pegar um empréstimo e o terceiro reduzir o tamanho do estado para gerar caixa, com privatizações. Minha avaliação é que somente o primeiro está distante do pensamento dos novos governantes.
Ensina-nos o mestre canadense que o efeito da estagflação traz infelicidade para as pessoas e afirma: “Não há nada como a alta dos preços e o risco de perder o emprego para irritar o eleitorado”. Com um cenário deste e com os compromissos assumidos durante o processo de afastamento de Dilma sendo cobrados, não precisamos de muito esforço para percebermos que novos sócios serão incluídos no contrato social do Brasil.
A história será repetida? Os fundamentos defendidos no Consenso de Washington estão de volta? Caso as respostas sejam positivas, resta-nos orar.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA ADEMAR RAFAEL
Desde que me aposentei no Banco do Brasil recebo convites para ministrar palestras sobre educação financeira e consumo consciente. Estes convites motivam-me a ficar atento aos níveis de endividamento da população, especialmente os assalariados da iniciativa privada e funcionários públicos, estudando as causas e, principalmente, os efeitos.
É preocupante a elevação dos níveis de comprometimento de salários com o pagamento de dívidas. Tenho tido acesso a casos em que cinquenta por cento da massa salarial é consumida por débitos de curto prazo, tais como juros e limites de cheques especiais e parcelas de cartão de crédito e empréstimos.
Com a redução da renda familiar em virtude do nível de desemprego atual, extinção de horas extras e outros benefícios a situação tem ficado fora do controle. A inadimplência no comércio o nos bancos está em escala crescente.
As ofertas de crédito e de produtos induzem ao perigoso erro de fazer renegociações para colocar as prestações dentro dos apertados orçamentos, contudo, na maioria dos casos a elevação dos juros e os prazos alongados colocam os saldos devedores acima da capacidade de solvência dos devedores.
O professor e instrutor financeiro Michael Justin Lee ao escrever “Caminho Chinês – Estratégias para prosperidade e riqueza” apresenta-nos oito características que ao longo do tempo acompanham os chineses.
Não por acaso duas delas – Reduza as dívidas ao mínimo e Jogue na defesa Financeira -, estão relacionadas com atitudes que podem gerar as duas últimas palavras do subtítulo do livro: Prosperidade e riqueza. Tais características são deixadas de lado por contumazes devedores.
Somente com um rigoroso controle dos gastos, redução dos níveis de endividamento e com consumo consciente a população brasileira pode sair da encarrascada que mergulhou. Precisamos incorporar os dois posicionamentos dos chineses em suas ações. Caso contrário e futuro, se houver, será muito mais negro. Este conselho vale também para nossos governantes.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
O título desta crônica pode sugerir que estamos falando da economia praticada em nosso país. No entanto, deriva do livro “A economia dos desajustados – Alternativas informais para um mundo em crise”, de autoria das especialistas em inovação Alexa Clay e Kyra Maya Phillips. Nele, sem defender ou incentivar as práticas, as americanas atestam que a pirataria joga muita massa no bolo da macro economia e facilita o acesso aos produtos pelas classes menos afortunadas.
Corroborando com a pesquisa certa feita ouvi um músico profissional afirmar que a sua intensa agenda de shows era motivada pela grande quantidade de CDs piratas, gravados sem sua autorização e vendidos em cada esquina. Isto é, a pirataria era seu maior marketing.
Na publicação as escritoras registram que na China existe o processo “shanzhia” – conhecido entre nós como Xing ling – que promove a pirataria, a imitação e adaptação de marcas e produtos em favor dos consumidores. A China e a Índia defendem que: “… se apropriar da propriedade intelectual de empresas maiores, sobretudo ocidentais, é um dever ético, especialmente quando essas companhias não colocam preços acessíveis em seus produtos”.
Argumentos parecidos foram detectados pelos membros da CPI da Pirataria, conforme registros assentados no livro “A CPI da Pirataria – Os segredos do contrabando e da falsificação no Brasil”, publicado em 2005 pelo Deputado Luiz Antônio de Medeiros, presidente da comissão. A sociedade e os governos que concordam e apoiam tais justificativas criam o ambiente favorável para tolerância ao erro e a fraude além de criarem a cultura da transgressão. Este assunto é detalhado no livro “Cultura das transgressões no Brasil”, trabalho coordenado por Fernando Henrique Cardoso e Marcílio Marques Moreira.
A pesquisa de Clay & Phillips menciona a forma que Brasil e Alemanha trataram a quebra de patentes para medicamentos essenciais. Os dois países solicitaram licença das empresas farmacêuticas para produção de genéricos. Nos casos o detentor da patente não foi lesado e o acesso melhorou. É possível agir dentro de limites aceitáveis. Por que não o fazemos?
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
O Juiz de Direito Marcelo Russell no livro “Juízo Final – Um poder passado a limpo” menciona um perfil de um bom Juiz. “Ser juiz de toga… Aquele que tem a honra de vestir a beca. Dizer onde está o direito, distribuir a justiça entre os jurisdicionados, corrigir o equilíbrio da balança mantendo em perfeito balanceamento as relações interpessoais. Ter moderação, comedimento e, fundamentalmente, ser honesto. Isso é ser um magistrado.”
Em várias cidades que residi e exerci atividades no Banco do Brasil encontrei Magistrados com tais características. Homens que tratavam o exercício da profissão como um verdadeiro sacerdócio e com quem os jurisdicionados podiam contar, suas decisões eram revestidas de justiça e equilíbrio.
Enquanto Presidente de Rotary e Venerável de Loja Maçônica em inúmeras oportunidades fui contemplado com valores relativos a multas processuais que tais juízes repassavam para que referidas entidades promovessem o bem estar social. Em muitas ocasiões convocávamos os Magistrados para acompanhar as ações empreendidas com os recursos e ouvíamos que o papel deles fora cumprido ao direcionar as quantias. Solicitavam, no entanto, comprovação da
sua correta utilização.
Na posição oposta assisto com muita reserva a forma como alguns
Magistrados apresentam-se para população. Percebe-se que a moderação e o comedimento citados acima não fazem parte do seu cotidiano. Ficar em evidência, participar de eventos e dar entrevistas são atividades mais prazerosas para estas figuras. O exercício da função de juiz com a isenção que o cargo exige fica em segundo plano.
Boa parte dos magistrados aproximam-se do perfil indicado no primeiro paragrafo desta crônica. É possível que os juízes deslumbrados pelos holofotes não tenham percorrido os caminhos que Marcelo Russell percorreu. O sertão ensina até quem sabe muito, mas, não tem a capacidade de ensinar o quem pensa que sabe.
A assertiva “Ser juiz é renegar muita coisa, dentre elas, a riqueza”, também inclusa no livro acima citado, não acompanha todos. É uma pena.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Na segunda semana de janeiro deste ano desloquei-me da Chapada do Araripe no Ceará com destino a Marabá, com direito a um pernoite em Carolina, cidade situada na Chapada da Serra das Mesas no Maranhão. Ao passar pelos “Gerais de Balsas”, no estado do Maranhão, percebi o quando a falta de políticas agrícolas e industriais tem penalizado nosso país.
Em 1982 quando cheguei ao cariri cearense, precisamente na cidade de Barbalha, encontrei a Usina Manoel Costa Filho em pleno funcionamento e uma unidade da EPACE – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Ceará desenvolvendo as atividades com êxito.
A Usina de açúcar absorvia toda produção de cana dos municípios de Barbalha, Missão Velha, Jardim e Crato e a unidade de pesquisa produzia sementes de feijão e sorgo.
Atualmente nas áreas anteriormente ocupadas com cana-de-açúcar existe um pouco de cana para produção da rapadura, banana, pastagens e outras culturas de baixo resultado financeiro e no local da EPACE não existe nem placa de indicação.
Enquanto isto na região de Balsas no Maranhão que no início dos anos 80 era uma fronteira agrícola em fase embrionária é hoje uma área de produção de grãos em expansão. Quem corta a região através da BR-230, a famosa Transamazônica, encontra lavouras nos municípios de Pastos Bons, São Domingos do Azeitão, São Raimundo das Mangabeiras, Balsas e Riachão além de reflorestamentos nos municípios do Carolina e Estreito.
Caso nosso país dispusesse de políticas agrícolas e industriais os ciclos de desenvolvimento regionais não seriam interrompidos abruptamente, teriam vida longa e resultados duradouros.
A região do cariri cearense procurou outras atividades econômicas, com destaque para serviços médicos de alta complexidade, faculdades com cursos de primeira linha, comércio e indústrias de pequeno porte. Sem estas alternativas a geração de emprego e renda no CRAJUBAR – Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha estaria próximo de zero.
As fontes de produção atual poderiam conviver com a produção de açúcar e álcool, com as pesquisas da EPACE e outras atividades que ficaram pelo caminho em função da paralisação das operações da Usina.
A força dos empreendedores rurais, presentes nas cidades do Maranhão e em outras fronteiras agrícolas desafiam os obstáculos criados pelo poder público cujo desempenho nos últimos anos tem tido destaque unicamente na geração de crises políticas, aumento da carga tributária e gastos excessivos.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RARAEL
É natural que os donos de uma empresa sem capital de giro, faltando recursos para investimentos, com clientes pagando por seus produtos e serviços um preço abaixo do custo, equipamentos sucateados, estrutura deficiente e funcionários com baixo nível de comprometimento tenham dificuldades para encontrar um administrador que assuma o posto de principal executivo.
No Brasil temos um grupo de empresas com estas características e, surpreendentemente, uma fila enorme de pessoas querendo o principal posto. São os candidatos e candidatas a prefeito.
Com raríssimas exceções, as prefeituras do nosso país estão com os problemas citados no início desta crônica, agravados por situações peculiares. Mas, a lista de pretendentes é grande e a briga pelo cargo maior ainda.
Seria muita inocência entendermos que os postulantes e as postulantes concorrem aos cargos por patriotismo, por disposição de servir à população desprovidos de outros interesses. Considerando as dificuldades aqui apontadas, as intervenções dos controles sociais internos e externos uma imprensa ávida por escândalos na gestão pública e pelo denuncismo em vigor tais cidadãos e cidadãs merecem nossos aplausos.
A lista é composta por pessoas de todos os sexos, de diversas origens sociais e eclético nível de estudo. Os enormes desafios não se configuram como fatos inibidores, a cadeira de prefeito é o objeto de desejo de todos.
Durante a fase de campanha as soluções para todos os problemas são apresentadas, novos projetos são mencionados em cada reunião, cada comício e estampados nos programas de governo impressos e citados nos programas de rádio e televisão.
Se todo mundo sabe que a capacidade de gerar receitas está exaurida, que a possibilidade de cortar gastos é nula de onde vem esta “força estranha” demonstrada no período eleitoral? O que conduz então este imenso contingente na direção da cadeira de mandatário municipal? Até o ano passado não encontrei respostas para estas indagações. Não vislumbro perspectivas de encontrá-las em 2016, referidas questões ficarão em aberto por muitos e muitos anos.
Utopicamente sonho com a criação de um projeto de nação a partir dos municípios. Neste projeto os munícipes seriam protagonistas e não seriam vistos apenas como eleitores. Prioridade seriam eleitas, obras não ficariam paralisadas e os raros recursos seriam direcionados para projetos estruturantes e geradores de benefícios sociais e financeiros. O eleito ou a eleita executaria o que foi acertado com apoio dos “sócios”. Se o modelo atual está falido por que não tentar outro? Sonhar grande não é pecado, feliz 2016.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Os três mandatos completos, a reeleição de Dilma e as peraltices levaram o PT – Partido dos Trabalhadores, Lula e a Presidente a tão alto nível de desgaste perante parte dos brasileiros que o fenômeno já virou uma corrosão.
A situação é tão complicada que vale uma comparação com a fábula abaixo, registrada em livros de Esopo e contada em prosa e verso no Oriente Médio e na Ásia.
“O velho, o menino e o burro – Um velho resolveu vender seu burro na feira da cidade. Como iria retornar andando, chamou seu neto para acompanhá-lo. Montaram os dois no animal e seguiram viagem. Passando por umas barracas de escoteiros, escutaram os comentários críticos: Como é que pode duas pessoas em cima deste pobre animal! Resolveram então que o menino desceria, e o velho permaneceria montado. Mais na frente tinha uma lagoa e algumas velhas estavam lavando roupa. Quando viram a cena, puseram-se a reclamar: Que absurdo! Explorando a pobre criança, podendo deixá-la em cima do animal. Constrangidos com o ocorrido, trocaram as posições, ou seja, o menino montou e o velho desceu. Tinham caminhado alguns metros, quando algumas jovens sentadas na calçada externaram seu espanto com o que presenciaram: Que menino preguiçoso! Enquanto este velho senhor caminha, ele fica todo prazeroso em cima do animal. Tenha vergonha! Diante disto, o menino desceu e desta vez o velho não subiu. Ambos resolveram caminhar, puxando o burro. Já acreditavam ter encontrado a fórmula mais correta quando passaram em frente a um bar. Alguns homens que ali estavam começaram a dar gargalhadas, fazendo chacota da cena: São mesmo uns idiotas! Ficam andando a pé, enquanto puxam um animal tão jovem e forte! O avô e o neto olharam um para o outro, como que tentando encontrar a maneira correta de agir. Então ambos pegaram o burro e o carregaram nas costas. Além de divertida, esta fábula mostra que não podemos dedicar atenção irracional para as críticas, pois estas acontecerão sempre, independente da maneira em que procurarmos agir.”
Tem sido assim com o Lula, Dilma e o PT. Nada que é feito pelo trio agrada. Vejamos as situações no último trimestre. A presidente demorou a visitar as áreas atingidas pela catástrofe de Mariana, foi criticada. Ao publicar a regra que permitiu que o F.G.T.S. dos atingidos fosse sacado recebeu críticas de todo lado. Quando Lula e o PT manifestaram-se sobre as “traquinagens” de Delcídio Amaral foram duramente criticados, Dilma ficou calada no primeiro momento recebeu uma avalanche de críticas.
Existem erros da dupla Lula e Dilma, o PT tem tido um comportamento distante das suas pregações na época que era oposição, contudo, em 2016 o Brasil não pode continuar como a “casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão”. Este processo de impedimento vai custar muito caro.
Se não é possível perdoarmos as falhas cometidas pela trinca, vamos unir forças e ajudar nosso país e sair da enrascada. Com falta de vontade e crítica em demasia vamos avançar pouco. Feliz ano novo, vida nova e novas ações.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Por mais que os membros do PC – Partido da Conspiração – digam o contrário afirmamos sem medo de errar que não existe crise que dure eternamente ou que alcance todos os setores da economia.
No Brasil de hoje um setor corre por fora da crise que assusta até os otimistas de plantão. Trata-se do setor de grandes shows com participação de cantores “estourados” como se diz na gíria dos eventos e de grandes nomes do mercado musical.
Na primeira semana de julho durante a EXPOAMA – Exposição Agropecuária de Marabá, a cidade que enfrenta uma crise econômica e financeira sem precedentes, promoveu shows da dupla Zezé de Camargo e Luciano e Wesley Safadão, entre outros.
No mesmo mês, a cidade de São João dos Patos, situada no meio norte do Maranhão patrocinou show de Wesley Safadão com casa cheia e lucros para os organizadores.
Na Exposição do Crato estiveram presentes Wesley Safadão, Ivete Sangalo e Roberto Carlos, isto mesmo, forró “estilizado”, axé e romantismo em um único circuito de shows.
Considerando que os cachês de Wesley Safadão e de Ivete Sangalo estão acima de R$ 500 mil e que onde eles se apresentam é sinônimo de casa cheia e lucros para os promotores dos eventos, temos que reconhecer que a crise está distante desta elite musical. Zezé de Camargo e Luciano, assim como Roberto Carlos, operam numa faixa alta quanto aos respectivos cachês e como os demais aqui citados suas apresentações são assistidas por multidões.
Salutar é sabermos que nossos artistas estão em um universo não alcançado pela crise nacional. Talento e capacidade de mobilização eles têm, aos nomes consagrados somam-se outros e assim a roda gira. Enquanto artistas “estourados” somem outros assumem o lugar, o dinamismo do setor causa inveja a qualquer cadeia produtiva da economia.
Ficar em casa reclamando da crise não tem sido a receita para o publico que lota as praças de eventos pelo Brasil, a diversão faz parte do nosso cotidiano. Mesmo em época de vacas magras não podemos perder uma das nossas melhores características: nosso jeito festeiro.
Uma coisa fica sem resposta. Vários destes eventos são bancados por prefeituras e governos estaduais que gritam com a redução dos repasses da União e a queda de receitas próprias. Como conseguem encontrar recursos para cobertura das despesas? Alguém sabe?
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Quando Alexander Murray Palmer Haley (Alex Haley), que faleceu em 1992 com 71 anos, escreveu em 1976 o livro “Negras Raízes” relatando a sagra de seu trisavô Kunta Kinte não tinha em mente o que esperava o povo africano no século XXI.
A captura na terra natal, os horrores vividos nos porões dos navios negreiros detalhados na obra de Alex Haley e imortalizados por Castro Alves no poema “O navio negreiro” trouxeram relatos sobre um passado que não deveríamos rever, contudo, as cenas atualmente observadas no Mar Mediterrâneo extrapolam as narrativas do escritor e do poeta.
É muito complicado entendermos o que leva os países da Europa a blindarem suas fronteiras para evitar o acesso dos africanos tendo estes mesmos países exportados seus “filhos” para outros países antes, durante e após as guerras mundiais. Não é possível negar a importância desses europeus no desenvolvimento das nações que as receberem, mas, aceitar as restrições agora impostas é no mínimo um contra censo.
Os defensores das políticas de (i)migração em vigor na Europa asseguram que entrada desenfreada dos africanos comprometeria a estabilidade econômica – financeira e as relações trabalhistas nas nações receptoras. Precisamos separar os marcos financeiros dos marcos humanitários, os primeiros em nenhuma hipótese podem suprimir os segundos.
Caso as sete nações mais ricas do mundo destinassem um percentual do que ganham com o setor armamentista para criar empreendimentos estruturantes nas miseráveis nações africanas reduziria a necessidade daquele povo ter que sair em busca de vida digna. As das nações em estado de miséria total do continente africano durante muitas décadas foram exploradas, na condição de colônias, por países do G-7 ou por aliados deles. Empresas com sedes nas nações centrais exploram os países da periferia descaradamente.
“Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!/Desce mais… inda mais… não pode olhar humano/Como o teu mergulhar no brigue voador!/Mas que vejo eu aí… Que quadro d’amarguras!/É canto funeral!… Que tétricas figuras!…/u cena infame e vil… Meu Deus! Meu Deus! Que horror.” Que este minúsculo trecho de “O navio negreiro” possa servir de alerta para os ricos que gastam fortunas com seus animais de estimação e cegam diante do horror vivido pelos irmãos da mãe África.
Por aqui também estamos tratando os irmãos do Haiti de maneira diferente que tratamos os italiano, alemães, turcos, libaneses e tantos outros nas primeiras décadas do século passado. Ser humano não pode ser tratado como produtos e serviços, com certificados de origem e selos de qualidade. Sejamos gente…
Por: Ademar Rafael