É natural que os donos de uma empresa sem capital de giro, faltando recursos para investimentos, com clientes pagando por seus produtos e serviços um preço abaixo do custo, equipamentos sucateados, estrutura deficiente e funcionários com baixo nível de comprometimento tenham dificuldades para encontrar um administrador que assuma o posto de principal executivo.
No Brasil temos um grupo de empresas com estas características e, surpreendentemente, uma fila enorme de pessoas querendo o principal posto. São os candidatos e candidatas a prefeito.
Com raríssimas exceções, as prefeituras do nosso país estão com os problemas citados no início desta crônica, agravados por situações peculiares. Mas, a lista de pretendentes é grande e a briga pelo cargo maior ainda.
Seria muita inocência entendermos que os postulantes e as postulantes concorrem aos cargos por patriotismo, por disposição de servir à população desprovidos de outros interesses. Considerando as dificuldades aqui apontadas, as intervenções dos controles sociais internos e externos uma imprensa ávida por escândalos na gestão pública e pelo denuncismo em vigor tais cidadãos e cidadãs merecem nossos aplausos.
A lista é composta por pessoas de todos os sexos, de diversas origens sociais e eclético nível de estudo. Os enormes desafios não se configuram como fatos inibidores, a cadeira de prefeito é o objeto de desejo de todos.
Durante a fase de campanha as soluções para todos os problemas são apresentadas, novos projetos são mencionados em cada reunião, cada comício e estampados nos programas de governo impressos e citados nos programas de rádio e televisão.
Se todo mundo sabe que a capacidade de gerar receitas está exaurida, que a possibilidade de cortar gastos é nula de onde vem esta “força estranha” demonstrada no período eleitoral? O que conduz então este imenso contingente na direção da cadeira de mandatário municipal? Até o ano passado não encontrei respostas para estas indagações. Não vislumbro perspectivas de encontrá-las em 2016, referidas questões ficarão em aberto por muitos e muitos anos.
Utopicamente sonho com a criação de um projeto de nação a partir dos municípios. Neste projeto os munícipes seriam protagonistas e não seriam vistos apenas como eleitores. Prioridade seriam eleitas, obras não ficariam paralisadas e os raros recursos seriam direcionados para projetos estruturantes e geradores de benefícios sociais e financeiros. O eleito ou a eleita executaria o que foi acertado com apoio dos “sócios”. Se o modelo atual está falido por que não tentar outro? Sonhar grande não é pecado, feliz 2016.
Por: Ademar Rafael