Desde que me aposentei no Banco do Brasil recebo convites para ministrar palestras sobre educação financeira e consumo consciente. Estes convites motivam-me a ficar atento aos níveis de endividamento da população, especialmente os assalariados da iniciativa privada e funcionários públicos, estudando as causas e, principalmente, os efeitos.
É preocupante a elevação dos níveis de comprometimento de salários com o pagamento de dívidas. Tenho tido acesso a casos em que cinquenta por cento da massa salarial é consumida por débitos de curto prazo, tais como juros e limites de cheques especiais e parcelas de cartão de crédito e empréstimos.
Com a redução da renda familiar em virtude do nível de desemprego atual, extinção de horas extras e outros benefícios a situação tem ficado fora do controle. A inadimplência no comércio o nos bancos está em escala crescente.
As ofertas de crédito e de produtos induzem ao perigoso erro de fazer renegociações para colocar as prestações dentro dos apertados orçamentos, contudo, na maioria dos casos a elevação dos juros e os prazos alongados colocam os saldos devedores acima da capacidade de solvência dos devedores.
O professor e instrutor financeiro Michael Justin Lee ao escrever “Caminho Chinês – Estratégias para prosperidade e riqueza” apresenta-nos oito características que ao longo do tempo acompanham os chineses.
Não por acaso duas delas – Reduza as dívidas ao mínimo e Jogue na defesa Financeira -, estão relacionadas com atitudes que podem gerar as duas últimas palavras do subtítulo do livro: Prosperidade e riqueza. Tais características são deixadas de lado por contumazes devedores.
Somente com um rigoroso controle dos gastos, redução dos níveis de endividamento e com consumo consciente a população brasileira pode sair da encarrascada que mergulhou. Precisamos incorporar os dois posicionamentos dos chineses em suas ações. Caso contrário e futuro, se houver, será muito mais negro. Este conselho vale também para nossos governantes.
Por: Ademar Rafael