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ESPAÇO DA POESIA

dioJoão falou de vaqueiro e fazendola,
Do sofrer da criança abandonada,
Que se deita num canto de calçada,
Sobre o grude do fundo da sacola,
Foi João um Pelé jogando bola,
Um Benito de Paula no piano,
Criou asas tal qual um pelicano,
Dia dois de setembro ao céu voou,
SE SOUBEREM ME DIGAM QUEM FICOU,
NO LUGAR DE JOÃO PARAIBANO.

Eu não quero saber qual foi a placa,
Do veículo que vinha em disparada,
E nem qual ambulância encomendada,
Com bombeiro, enfermeiro, cama e maca,
Eu nem quero saber em qual barraca,
João bebeu suas doses de cinzano,
Qual a marca do terno, a cor do pano,
Com que nosso poeta se enterrou,
SE SOUBEREM ME DIGAM QUEM FICOU,
NO LUGAR DE JOÃO PARAIBANO.

Diomedes Mariano.

ESPAÇO DA POESIA

 

dioNos desertos fatais do mundo ingrato,
Vejo todos meus anos consumidos,
Mergulhado em profundo anonimato,
Vou cumprindo a missão dos excluídos.
Mas não importa que exponham o meu retrato,
No salão dos que são desconhecidos,
Pois os gênios só são deuses de fato,
Quando são a cadáver reduzidos.
Se a glória só vem depois da morte,
No declínio de tudo eu serei forte,
Pra fugir dos que nunca me abraçaram.
Morrerei sem dizem uma pronúncia,
O silêncio será minha renúncia,
Aos troféus que na vida me negaram.
Diniz Vitorino.

ESPAÇO DA POESIA

dioUm espelho eu conduzia,
Para olhar minha beleza,
Porque já tinha certeza,
Que ela desaparecia.

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Quem quiser sentir saudade,
Faça do jeito que eu fiz,
Vá para um lugar distante,
Sem querer como eu não quis,
Demore uns tempos por lá,
Que depois você me diz.

(Rafaelzinha)
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Plantei um pé de saudade,
No fundo de um panela,
Só de sete em sete dias,
Eu colocava água nela,
Pra ela não crescer demais,
Matar quem cuidava dela.
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Depois que a gente envelhece,
Tudo fica diferente,
São muitas léguas pra traz,
São poucas léguas pra frente,
A gente caçando a vida,
A morte caçando a gente.
(Autores desconhecidos)

ESPAÇO DA POESIA

dioDepois que eu não poder mais,
Resolver os meus problemas,
Entrego o pescoço a forca,
Entrego as mãos as algemas,
Escrevo em letras de sangue,
Meus derradeiros poemas.

Uma seca como esta,
No sertão não é comum,
Se a cabra tem três cabritos,
Dois dos três dormem em jejum,
Porque o leite do peito,
Só dar pra sustentar um.

Moacir Laurentino.

ESPAÇO DA POESIA

dioReconstrução da Pátria

Como te sentes, minha pátria amada?
Outrora mãe dos filhos gentis,
E hoje pobre, quase despojada,
Pelo império dos corruptos vis.

A tuia fauna foi assassinada,
Na tua flora não ha mais raiz.
Se tua honra foi violentada,
Quando o teu povo viverá feliz?

Mas quando um dia os que te exploram
Sentirem o pranto que teus olhos choram,
Manchando as lanças que teu corpo ferem.

Com mãos honestas reconstruiremos,
A pátria digna que nós merecemos,
E não a pátria que os corruptos querem.
Por: Sebastião Dias.

ESPAÇO DA POESIA

dioADEUS:

Eu vou embora, hospital, mas não consigo,
Esquecer o clamor que existe aqui,
O teu aspecto sinistro vai comigo,
Grande parte de mim eu deixo em ti.
Vou, mas quero que fique aqui contigo,
Os momentos de dores que vivi,
A coberta mofada, o leito antigo,
Onde em transe deitei mas não dormi.
A face do médico autoritário,
Nada menos que reles operário,
Da industria da morte, essa tirana.
Que pra ela na terra o maior lucro,
É lacrar as gavetas do sepulcro,
Prender restos mortais de carne humana.
Diniz Vitorino.

ESPAÇO DA POESIA

dioVinte e oito do seis é o início,
Deste evento pra lá de positivo,
Onde o pátio do centro desportivo,
Terá vários modelos como ofício.
O forró bem tocado expõe o vício,
Das pessoas nascidas no sertão,
Sertanejos modernos também vão,
Aplaudir muita música popular,
VAI TER MUITO FORRÓ PRA SE DANÇAR,
MESMO APÓS A FOGUEIRA DE SÃO JOÃO.

Quem quiser escutar Alceu Valença,
Vá de carro, de moto ou vá a pé,
Quem quiser escutar Flávio José,
Faça todo um esforço, pois compensa,
Víctor e Léo farão toda diferença,
Como sendo também grande atração,
Júnior e Emanuel outros que são,
Nosso orgulho, assim como Lindomar,
VAI TER MUITO FORRÓ PRA SE DANÇAR,
MESMO APÓS A FOGUEIRA DE SÃO JOÃO.

Por: Diomedes Mariano

ESPAÇO DA POESIA

dio1Se chover para o ano eu vou voltar,
A colher as benesses do roçado,
Cortar terra molhada com arado,
Tirar milho do silo pra plantar,
Comprar juntas de bois para engordar,
Pra vender com seis meses mais na frente.
Secar vagem de fava em lage quente,
Pra depois que bater, negociar,
SE CHOVER PARA O ANO EU VOU VOLTAR,
A VIVER DO ROÇADO NOVAMENTE.

Se chover para o ano, noite e dia,
Para encher cacimbão, rio e represa,
Vou trocar a moldura da tristeza,
No retrato bordado da alegria,
Promover vaquejada e cantoria,
Da maneira que fiz antigamente,
Que a chuva molhando o chão da gente,
Não tem terra melhor pra se morar,
SE CHOVER PARA O ANO EU VOU VOLTAR,
A VIVER DO ROÇADO NOVAMENTE.

Diomedes Mariano.

ESPAÇO DA POESIA

dioNo mundo de hoje, onde se quer que esteja,
A vida é guerra, ninguém vive em paz.
Esta perdeu-se dentro da peleja,
Que o próprio tempo contra o tempo faz.

Quem não tem nada, tudo ter deseja,
Quem tem de tudo não se satisfaz,
O que tem pouco por ter mais almeja,
O que tem muito ainda quer ter mais.

Reina a ganância sempre insatisfeita,
Enquanto a fome do ter mais se deita,
Sobre as alfombras do ter tudo é pouco.

Enquanto a vida insatisfeita dura,
Vai cavando em seu ventre a sepultura,
Para enterrar-se, quando estiver louco.

Dedé Monteiro.

ESPAÇO DA POESIA

dioTODOS OS DIAS
Todos os dias você é lembrada,
Mas ha aqueles que a saudade aperta,
E a gente fica sem entender nada,
E o peito sangra qual ferida aberta.

Todos os dias você nos desperta,
Mesmo distante, mesmo assim calada,
Para os tropeços desta estrada incerta,
Que em sua ausência nem parece estrada.

Todos os dias unidos na fé,
Nós procuramos prosseguir de pé,
Por entre as trilhas que você deixou.

Todos os dias, sorrindo ou chorando,
Tenha certeza que estamos tentando,
Fazer do jeito que você mandou.

Homenagem do Poeta Dedé Monteiro, à mãe dele, após alguns meses do falecimento dela.