Eu vou embora, hospital, mas não consigo,
Esquecer o clamor que existe aqui,
O teu aspecto sinistro vai comigo,
Grande parte de mim eu deixo em ti.
Vou, mas quero que fique aqui contigo,
Os momentos de dores que vivi,
A coberta mofada, o leito antigo,
Onde em transe deitei mas não dormi.
A face do médico autoritário,
Nada menos que reles operário,
Da industria da morte, essa tirana.
Que pra ela na terra o maior lucro,
É lacrar as gavetas do sepulcro,
Prender restos mortais de carne humana.
Diniz Vitorino.