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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
HISTÓRIAS REPARTIDAS
Depois de brindar os amantes da boa leitura com o poético “Perto do Coração” o jornalista Magno Martins presenteia seus leitores com “Histórias de Repórter”, cuidadosa coletânea sobre os bastidores da sua ação jornalística.
Na publicação fica clara e relação que a esmagadora maioria dos nossos governantes exige da imprensa. Quando pretendem que suas ideias e seus projetos alcancem o grande público ficam dóceis e atendem os jornalistas com esmero. Este procedimento vem de longe e é destacado por Samuel Wainer no livro “Minha razão de viver – Memórias de um repórter”, ao detalhar a entrevista a ele concedida por Getúlio Vargas na fazenda “Santos Reis” onde se encontrava no exílio voluntário.
No entanto, quando seus interesses são contrariados ou quando detém altos índices de popularidade rejeitam qualquer tentativa para atender profissionais de imprensa antes paparicados.
Numa época em que as mensagens curtas dos blogs substituem as grandes reportagens e as entrevistas estruturadas uma publicação com a riqueza de detalhe apresentada pelo jornalista afogadense ganha relevância histórica.
Em um país que despreza seus registros históricos uma obra com esta característica apresenta-se como verdadeira relíquia e fonte de pesquisa para neófitos da profissão.
De forma exemplar, Magno apresenta fatos angariados na sua convivência com protagonistas nos cenários políticos e artísticos nos últimos trinta anos, dando clareza a detalhes mantidos a sete chaves em seu rico arquivo particular.
O livro, com a linguagem que caracteriza o blogueiro pernambucano, merece ser arquivado junto da obra de Sebastião Nery “A eleição da reeleição” por narrarem “pérolas” dos nossos políticos e serem assinadas por corajosas figuras do jornalismo nacional.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
UM TERÇO DE UM SÉCULO
No final do mês de julho ao passar por uma banca de revista deparei-me com a edição comemorativa da Revista Seleções de “Reader’s Digest”, publicação criada em 1922 por Lila Bell Wallace e Dewit Wallace, em Nova York e que chegou em nosso país em fevereiro de 1942.
No final dos anos sessenta e início dos anos setenta Seleções foi importante para minha formação de leitor compulsivo, meu pai recebia todo mês e indicava leituras em cada publicação.
Na edição especial de aniversário foram replicadas matérias publicadas durante os setenta e cinco anos, aqui destaco: “Como o Brasil abateu um invasor”, de Lois Mattox Miller, publicada no primeiro número que atesta os resultados positivos de sanitaristas brasileiros nas lutas contra os mosquitos Aedes aegypti (Osvaldo Cruz) e Anopheles gambiae (Barros Barreto); “Santos Dumont, pai da Aviação”, de Marion Lowndes, inserida originalmente na publicação de dezembro de 1942validando o invento do nosso conterrâneo e “O maior arranha céu do mundo”, de J. D. Ratcliff, publicada em setembro de 1969, sobre as torres do World Trade Center de Nova York.
Transcrevo um dos textos replicados na edição comemorativa em cada uma das sessões que mais gosto de Seleções: “Flagrantes da vida real – EM UMA ESTARADA de mão de dupla, vi um painel eletrônico no meio da pista que me chamou a atenção. Achei que podia ser alguma informação importante sobre desvios ou fim da pista de mão dupla, por isto dei uma olhada. Mas o aviso dizia: Preste atenção na estrada (Helen Lam, Canadá, 2010)”, “Piadas de Caserna – EM PRINCÍPIOS de 1944, um grupo de aviadores americanos estava alojado numa hospedaria chinesa em Kweilin. O empregado da casa, Cha, vinha nos acordar de madrugada para missões de combate como o aviso: Vamos! Chegou a sua hora! (Cap. J. M.O., 1950)” e “Rir é o melhor remédio – CONHECEMOS um
cavalheiro que, após um exame completo, ouviu do médico esta sentença: Muito pouco sangue em sua corrente alcoólica (Collier, 1954)”. Referida revista informa de verdade, que venha o centenário.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
AGRESSÃO EXTREMA
A agressão é uma prática indefensável e por isto impossível convivermos pacificamente com ela. Registros históricos marcam situações que os agredidos não detinham quaisquer elementos de defesa.
No livro bíblico, em Mateus 02,16-18, está descrita a matança das crianças por ordem de Herodes, após não receber as informações que esperava dos reis orientais.
Na idade média as agressões às crianças são facilmente identificadas em relatos sobre o trabalho infantil que chegou ao pico na época da Revolução Industrial.
A foto da menina Kim Phuc com o corpo todo queimado em função de ataques durante a Guerra do Vietnã, causou indignação a todos que tiveram acesso a imagem publicada em julho de 1972.
Em agosto de 2016 a guerra civil da Síria apresentou ao mundo a fotografia do pequeno Omran Daqneesh, após bombardeio na cidade de Aleppo. Com advento da internet referida imagem chocou o mundo.
Na guerra civil urbana enfrentada diariamente pelos moradores das grandes cidades do Brasil, o tiro que atingiu Arthur na barriga da mãe, por força de tiroteio na favela do Lixão, em Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro, supera toda e qualquer crueldade.
Procurar os motivos que expõem crianças a eventos da natureza dos citados acima é perda de tempo, cada um com o sentimento interior encontrará uma resposta diferente.
Dificilmente chegaremos a um ponto que nos encaminhe para que fatos da espécie sejam evitados. Os casos de ontem somam-se aos de hoje e aos que virão amanhã e, nessa pisada, continuaremos teimando em buscar uma resposta que atenda as expectativas das vítimas e seus familiares.
Teremos condições de reverter este quadro ou vamos continuar assistindo as agressões? O dano é das crianças, o pecado da raça humana.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
PASSA A RÉGUA
Na nossa Constituição Federal em seu Artigo 20, Inciso IX, podemos ler: “São bens da União: …os recursos minerais, inclusive os do subsolo. ”É possível que na época da elaboração da Carta Magna este texto expressava um pouco de verdade, nos dias atuais são onze palavras compostas de cinquenta e duas letras em estágio terminal.
A parte solida dos recursos minerais que não está sob o manto da VALE, atual nome de Companhia Vale do Rio do Doce, pertence a uma mineradora nacional ou de capital externo.
A porção gasosa é explorada pela Petrobrás ou por uma das empresas vencedoras de processos de concessão ou privatização. Mesmo tratamento é recebido pelo quinhão líquido e inflamável, conhecido como petróleo.
A água como sabemos é explorada por empresas privadas que engarrafam água mineral e pelas concessionárias de serviços público, algumas delas já privatizadas.
Na questão da água potável a joia da coroa é o Aquífero Guarani, considerado precioso bem do nosso subsolo, que alcança Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Do total de 1,2 milhões de km², em torno de 70% (840.000 km²) estão em nosso território, precisamente nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Sem estresse para o sistema poderá ser explorado 28 Km³/ano da parte que nos cabe no latifúndio aquático, estes recursos minerais estão sendo explorados atualmente por meio de poços, basicamente no estado de São Paulo.
Mas, como somos um país diferente e nossos governantes gostam de transformar o texto constitucional em letra morta o governo atual, estrategicamente, está negociando com as gigantes Nestlé e Pepsi a exploração de referida riqueza em processo de concessão.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
ESCRAVIDÃO NOSSA.
A exploração do homem por ele mesmo vem desde o tempo do sofrimento hebreu na Babilônia e no Egito, passou pela servidão na Idade Média, pelo período escravocrata no Brasil Império e chega aos nossos dias com o mesmo requinte de crueldade.
Quando vemos as cenas de refugiados em barcos infláveis tentando atravessar o mar mediterrâneo e remetemos nossos olhares para as cenas descritas por Castro Alves no poema sobre os navios negreiros, enxergamos o mesmo filme de segregação entre os povos.
Nos países de origem os escravos atuais são explorados na indústria da pesca, na mineração, na agricultura e outras áreas. Ao serem “acolhidos” nos países que conseguem desembarcar são levados a atividades extremas para o limite do corpo e da alma, em troca de uma ração diária. As senzalas das fazendas de café foram trocadas moradias insalubres, feitas com os restos das sobras e em locais impróprios para sobrevivência de insetos.
Na esmagadora maioria dos países, inclusive o Brasil, os “latinos”, os “africanos” e “indianos” são explorados na execução de serviços indignos para qualquer ser humano. A exploração sexual e o tráfico de órgãos fecham o ciclo de perversidade e de submissão que o modelo atual de escravidão apresenta ao mundo.
A ditadura da tecnologia, a centralização da riqueza e a flexibilização das relações trabalhistas sugerem que a situação agora verificada tende a se agravar nas próximas décadas. Se levarmos em consideração os cenários disponíveis a legião de excluídos crescerá em escala geométrica.
Vozes isoladas ecoam sem serem captadas. Pedidos do Papa Francisco e de outros humanistas são ignorados. Nós relutamos em estender a mão para os que estão nos batentes abaixo do nosso, mas, para ficarmos na zona de conforto suportamos as pisadas dos que estão nos batentes superiores. O individualismo e a falta de misericórdia serão os insumos que alimentarão o sistema vigente.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
TRATAMENTOS DESIGUAIS
Quando ampliamos o conceito “É o pacto federativo que define as funções dos entes federados – União, estados e municípios – e a fonte que vai subsidiar tais responsabilidades. Em outras palavras: quem faz o que e de onde sai o dinheiro para pagar a conta”, extraído de ponderação do ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto, podemos alcançar os incentivos fiscais existentes na área de atuação da SUDENE.
Jamais, contudo, chegaremos à essência da sua desigual distribuição.Neste assunto, como no acesso à justiça, quem tem recursos – materiais e financeiros – é merecedor de maiores benefícios.
Sabemos que grandes produtores de cana-de- açúcar da zona da mata recebem maiores incentivos que os produtores da mesma lavoura em Santa Cruz da Baixa Verde; que os produtores de frutas nos projetos irrigados do São Francisco e dos municípios de Barbalha e Missão Velha no Ceará ganham benefícios maiores que os produtores do brejo paraibano; que os produtores de leite das bacias leiteiras do agreste pernambucano e da região de Batalha em Alagoas merecem maiores cotas do que os produtores do sertão do Pajeú em Pernambuco.
Ao nos depararmos com iniciativas para expandir os benefícios contemplados na Lei Complementar 125/2007, com inclusão de novos municípios dos estados do Espírito Santo e de Minas Gerais assim como a inclusão de municípios do estado do Rio de Janeiro, propostas dos Deputados José Fernando Aparecido de Oliveira (PV-MG) e Evair Vieira de Melo (PV-ES) julgamos pertinentes as indagações a seguir: “Mesmo sabendo que as regiões onde estão localizados os novos municípios são merecedoras de tratamento especial é justo que sejam por meio de incentivos da SUDENE?” “Referido atendimento não devia ser coberto com outros fundos uma vez que os recursos da SUDENE sequer atendem os moradores do semiárido nordestino?”.
Com a palavra os legisladores do Nordeste, uma vez que eleitores que os elegeram não acessam os incentivos por lei a eles destinados.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
SEM LUZES E SEM TÚNEIS.
O possível exagero do título desta crônica tem origem no paredão de mármore que o gestor público brasileiro tem diante de si atualmente.
Como se os problemas estruturais não fossem suficientes para tirar o sono dos administradores públicos eis que surgem três fatos para torrar os limites da paciência e da capacidade de gestão.
O primeiro é uma imprensa movida por interesses financeiros que se acha no direito de destituir quem entender. A preservação da fonte possibilita que notícias reais ou fantasiosas caminhem juntas na perspectiva de desestabilizar qualquer governo. Limite não é censura é equilíbrio.
O segundo é a decantada “opinião pública”. Que se altera com a mesma velocidade da mudança de uma biruta de aeroporto em dia de ventos fortes e apresenta-se de acordo com interesses pessoais e de grupos em prejuízo aos interesses de toda comunidade.
O terceiro é a clara guerra entre os poderes constituídos – Executivo, Legislativo e Judiciário – cuja independência repousa na literatura. Cada um defende pontos de vista dispares e quando questionados afirmam que agem em sintonia com a “opinião pública”.
Esmagadora maioria dos nossos governantes, após a mentirosa redemocratização, agem de forma pouco republicana. Tais ações fertilizam o terreno para que as três “forças” acima mencionadas nasçam, floresçam e produzam frutos.
A instabilidade que deriva dos erros dos gestores com adição dos três ingredientes sob comentário levam a uma ingovernabilidade por falta de saídas ou luzes ao seu final. É o preço das escolhas indevidas.
As soluções passam por um profundo reordenamento político, jurídico e social cujos atores não tem a menor interesse em realizar. É possível que caminhemos à deriva até o caos total. Como existe uma teoria que “do caos vem a ordem” é nela que devemos apostar nossas fichas.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
AJUDA INDEVIDA?
A crise que atualmente esmaga as perspectivas de um futuro melhor na Venezuela deriva da uma escolha equivocada dos Governos Chaves-Maduro para minimizar o fosso social daquele país.
O modelo, com largo apelo social, denominado de bolivariano tinha um dos eixos a inclusão social aliada à distribuição de benefícios sociais com recursos oriundos das receitas do petróleo. Os defensores da prática dizem que o renda de um país precisa alcançar todo povo dando oportunidade aos excluído até então.
Com todo respeito aos que assim pensam, destaco que esta escolha por mais justa que pereça ser tem vida curta. A fonte de renda distribuída sem reciprocidade vicia e cria uma espiral negativa. Todo recipiente de onde as retiradas são superiores as entradas caminha para o esvaziamento.
Vi em Caracas e em La Guaíra, capital do estado de Vargas e importante porto venezuelano, quanto à política chavista herdada com ênfase por Maduro foi nociva. Na periferia de referidas cidades acumulam-se problemas que numa escala geométrica agrava o desnível social que o regime dizia combater.
A distribuição incontrolada de benefícios sociais sem que os beneficiários retribuam com produção de bens ou serviços que guardem compatibilidade com os recursos recebidos é caminho tortuoso que alguns governantes teimam em percorrer.
Em qualquer país é possível aliar a distribuição de renda com geração de receitas. Os ensinamentos do associativismo e do cooperativismo estão aí para serem aplicados. Já atuei nessa área e posso afirmar com total segurança que sendo a “utopia” substituída pelo “pragmatismo” a fonte geradora das receitas distribuídas torna-se sustentável.
O nosso vizinho caribenho tem cura? Sim, para isto é necessário que a lógica econômica do “pragmatismo” tome o lugar da “utopia bolivariana” e o país volte a produzir receitas para suporta às políticas sociais.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
CULTURA TEM FRONTEIRAS?
Nesta polêmica sobre a invasão de “seres estranhos” nas festas juninas do nordeste, especialmente Campina Grande-PB, tenho uma visão intermediária, ou seja, não fico com o oito e muito menos com o oitenta.
Acredito que nas grandes áreas de shows pode sim ter a presença de cantores e de bandas de fora, desde que não extrapolem o bom censo, deve ter o espaço divido com artistas regionais. Nossa música nordestina atravessa uma grande fase, temos nomes de talento para representar nosso universo musical aqui e pelo mundo. Não temos porque ter medo.
As quatro estrofes a seguir representam minha percepção sobre a universalidade do que produzimos. A crítica feita sobre o “sertanejo” e a “sofrência” no forró não tem a mesma intensidade quando artistas de fora do Brasil apresentam-se em nosso país.
Pro teatro em Mossoró/Levo a dança da catira/Para Praça de Tabira/Levo um show de carimbó/Chitãozinho e Xororó/Na festa de Parintins/Pra Palmas em Tocantins/Levo a dança do xaxado/E o Quinteto Violado/Pra Marília, Assis e Lins.
Levo a Festa do Divino/Pra feira em Caruaru/O frevo e o maracatu/Eu levo pra Ouro Fino/Valdir Teles e Laurentino/Levarei pra Castanhal/Levarei para Natal/O Gaúcho da Fronteira/E a moda pantaneira/Exporto para Sobral.
Levarei o Boi Bumbá/Pra Vitória da Conquista/Levo o nosso cordelista/Pra festa de Cuiabá/Levo para Maringá/Xote, forró e baião/Vou levar o vanerão/Pro São João de Jequié/E a dança do Sairé/ Levo pra Jaboatão.
Caprichoso em Juazeiro/Garantido em Petrolina/E o São João da Campina/Levo pro Rio de Janeiro/O nosso Dedé Monteiro/ Fará show em Macapá/Vou fazer em Marabá/Uma grande cavalhada/E farei uma vaquejada/No centro de Corumbá.
Viva a cultura brasileira, desde que nos represente e tenha sentido.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
SEMIÁRIDO
Os interessados em uma visão critica sobre as politicas publicas desenvolvidas ao longo do tempo para mitigar os efeitos da estiagem no semiárido leiam o livro “Dom Sertão, Dona Seca”,escrito por um filho de Princesa Isabel, na Paraíba.
Luiz Augusto Crispim ao apresentar a obra afirma: “Em vez de palanque eleitoral, o povo da Paraíba, em particular, e do Nordeste em geral, devia, todo ano, marcar hora e lugar para ler Dom Sertão, Dona Seca de Otávio Sitônio Pinto, na praça principal de Princesa Isabel, de Mossoró, do Recife e do resto desse mundo de Deus, mas também do diabo na terra do sol”. Seu conselho deriva do costume dos gregos que liam em praça pública, em tom de comício.
O autor, baseado em estudos profundos e no conhecimento sobre o tema, atesta no ensaio que antes de tentarmos mudar as características da região devemos desenvolver atividades compatíveis com as suas características naturais e sua aptidão. A base das medidas propostas seguem, de perto, os ensinamentos do nosso conterrâneo José Artur Padilha com seus experimentos no município de Afogados da Ingazeira.
Aponta a obra que a ampliação da região conhecida como polígono das secas para o litoral e outros estados fora do Nordeste não passou de uma manobra política para alcançar com incentivos fiscais os aliados das autoridades que aprovaram a medida. E sem ficar em cima do muro emite opiniões, como as abaixo, sem medo das discordâncias. “A lavra predatória do arado e do fogo são o cangaço da terra”. “Transpor o Chico é como aterrar o Pantanal com o Planalto Central”. “O diluvio milagroso do São Francisco não resolveu a seca nem em sua ribeira”. “Chuva é água, mas água não é chuva”.
Apesar do principal objetivo do ensaísta ter sido analisar a área por ele denominada como SAIR–Semiárido Irregular, o autor fez registros da política, do cangaço, do poder dos coronéis, da mineração e d’outros assuntos que traduzem nossa rica história de lutas a sacrifícios.
Por: Ademar Rafael