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Crônica de Ademar Rafael

SEM ARREMEDOS

Os gestores públicos municipais estão com uma árdua missão para dar conta. Trata-se do tratamento de resíduos sólidos, assunto que que vem sendo postergado por motivos diversos. A hora chegou e os órgãos de controle estão ultimando providências legais para dar vida aos projetos. Caberá aos envolvidos unir os esforços e sair da zona de conforto.

Estudei muito este assunto por encomenda de um gestor público da região norte e tive acesso a vários artigos, projetos, planos e outros documentos que tratam do assunto. Assim sendo afirmo categoricamente que as soluções passam por três posicionamentos.

O primeiro tema precisa ser enfrentado como de interesse social, acompanhado por um modelo onde as questões relacionadas à saúde pública, sustentabilidade e geração de renda. A lei 12.305, de 02.08.2010, precisa ser ampliada, no tocante a harmonia entre as variáveis acima.

O segundo passa pela união de forças dos municípios, estados e união para com utilização de massa crítica disponível nos grandes centros de estudos nacionais; utilização à exaustão de convênios e cooperativas, Como no primeiro caso o rumo a seguir e formado por capacidade extrema de agregar valor, não devem ser excluídas rotas. No máximo estas precisam ser adaptadas e colocadas em pratica.

O terceiro posicionamento sugere que os processos devem caminhar ao lado do Marco Regulatório do Saneamento. Não vejo como descolar um coisa da outra. As regras estão postas, a Lei 14.026, de 15.07.2020 cria modelos, atribui responsabilidades e pede ação dos gestores.

Uma coisa é certa, não há espaço para improvisos e remendos. Ao poder público cabe unir forças com o setor privado e agir com base em projetos sustentáveis e que, de fato, promovam as soluções esperadas. Abdicar desse compromisso é renunciar ao poder recebido.

Crônica de Ademar Rafael

A MINHA 5G

Este assunto vai estar na pauta do Brasil e de outros países durante este ano. Pesquisando no site da “uol”, encontrei esta definição: “5G é a evolução natural das gerações anteriores — 3G e 4G — e traz como diferencial não apenas mais velocidade de conexão à internet no celular, mas outras aplicações que poderão revolucionar a sociedade, como objetos conectados e cidades inteligentes.”

Sem o intuito de reduzir sua importância para os beneficiários da tecnologia, resolvi fazer este texto sobre minha 5G. Vamos brincar?

O primeiro “G”, Gabiru. O filho de seu Elias do Calçamento. O Severino do Ginásio Industrial. Na quadra era o primeiro que chegava e o ultimo que saia. Completava times, ligava e desligava os refletores, cuidava das redes, buscava bolas, era porteiro e zelador. Um craque em todas essas posições.

O segundo “G”, Guarani. O único time que sob gestão de Aderval Viana, Zé Vieira e outros abnegados conseguia enfrentar o Nacional de Tabira. Aqui destaco o quinteto Batista, Dinda, Mimi, Mano e Toinho Tabaqueiro. A estes somavam-se os afogadenses Clóvis, Antônio Martins e Bartó Garcia.

O terceiro “G”, Geni. Ponta direita de outro time do mesmo Guarani, versão anterior. Compôs o elenco com craques do nível de Biu de Zeca, Célio, Fernando Jaburu e Clóvis que fez parte do dois momentos.

O quarto “G”, Grilinho. O menino de ouro do futebol afogadense. Como poucos superou a pequena massa corpórea com muita habilidade, dribles desmoralizantes e gols espetaculares. Qualquer relação dos cinco maiores de afogados seu nome fará parte da lista. Craque.

O Quinto “G”, Guaxinim. Torcedor fanático da Guarani, incapaz de gesto desrespeitoso com alguém. Grande músico. Um cidadão que faz falta ao mundo de hoje.

Crônica de Ademar Rafael

UMA MARCA

Várias pessoas já disseram antes de mim: “A coisa mais fácil de fazer é sugerir e a mais difícil é realizar.” Mesmo sabendo disto arrisco-me a fazer as sugestões adiante indicadas, ao prefeito de Afogados da Ingazeira-PE.

Caso Sandro Palmeira queira criar uma marca terá que pensar alto, buscar inspiração em Pereira Passos e JK, prefeitos nas primeiras décadas do século passado. Regaçar as mangas e fazer as seguintes obras: a) Concluir o projeto da feira no entorno da antiga Estação do Trem; b) Transformar o Rio Pajeú no trecho entre a Ponte Velha e o local onde era o Curral do Gado, no fim de Henrique Dias em áreas de produção de verduras e hortaliças e área de lazer; e c) Construir onde hoje está o Mercado Público um Centro Administrativo capaz de abrigar a Prefeitura e todas as Secretarias e Autarquias do município.

Ao ler este texto nosso prefeito e seus assessores podem pensar: “Esse Ademar é um gaiato, como encontrar recursos para tais obras numa época de crise?” A resposta que cabe é a seguinte: “Nos momentos em que os pessimistas estão reclamando de tudo e que os grandes empreendedores agem e fazem a diferença.” Vamos às fontes financiadoras dos projetos?

Para feira o caminho é buscar emendas parlamentares e os recursos disponíveis nos Ministérios com interesses na área, que os municípios não acessar por falta de projetos. Se procurar encontra.

No tocante ao Rio Pajeú o primeiro passo é envolver a CODEVASP, EMBRAPA e Universidades para elaboração de projetos e identificação de investidores fora do Brasil, assim como Fundações de empresas mundiais que operam no Brasil. Existem muitos com interesses na área.

O Centro Administrativo seria construído por meio de Parceria Público Privada. Junto das sugestões estamos indicando caminhos, transitar por eles cabe aos grandes gestores. Que tal sair da mesmice? Ação, ação…

Crônica de Ademar Rafael

CENTENÁRIO DO POETA

De todas crônicas que escrevi neste espaço esta é a que doeu mais. Uma dor infinita porque falar sobre meu pai, o poeta Quincas Rafael, nunca foi fácil. Com ele falecido a missão é muito pesada.

Em hipótese nenhuma eu fugiria dessa responsabilidade. Amanhã 02.03.2021 ele faria cem anos. A comemoração desse centenário foi cuidadosamente preparada e a família, juntamente com os amigos do velho poeta, fariam um grande evento em Jabitacá. A prudência, em função da pandemia, recomendou que a festa fosse transferida para
agosto deste ano, no período da festa de Nossa Senhora dos Remédios.

Na oportunidade, além de festejarmos o centenário vamos lançar a pedra fundamental do Instituto Cultural Quincas Rafael – ICQR e publicar Edital para realização de um concurso de redação com os alunos das escolas públicas. Referido concurso será conduzido pela Secretaria Municipal de Educação da Iguaraci, cuja secretária Rita de Cássia Mendes de Melo Siqueira foi um dos anjos da guarda que Deus deu a Quincas Rafael.

Do ICQR transcrevo: a) “MISSÃO – Divulgar a arte e a cultura regional, resgatando marcos e fatos históricos, preservando tradições e unindo o passado ao futuro.” b) “VISÃO – Ser referência para alunos, professores e
pesquisadores como entidade que promove o fortalecimento das artes e de culturas regionais, respeitando valores históricos.” c) “PRINCÍPIOS – VALORIZAÇÃO permanente da arte e da cultura regional –RESGATE de eventos históricos da região do Pajeú – PRESERVAÇÃO das tradições regionais – TRANSPARÊNCIA nas informações úteis e confiáveis sobre arte e cultura na área de atuação e CONSTRUÇÃO de alianças estratégicas.”

Precisamos materializar este sonho de Quincas Rafael, a Casa de Pedra por figurar como um dos símbolos de Jabitacá vai sediar o Instituto que dará vida a história das pessoas da nossa região. Nossa história precisa ser preservada e para isto teremos que colocar nossas energias a favor.

Crônica de Ademar Rafael

LUIZ CLÁUDIO JACINTO

Muitos leitores e muitas leitoras deste espaço sabem que o cidadão ao lado, é Pé de Banda. Os que não sabem agora passarão a ter conhecimento que o filho de “Ducarmo” tem esse nome.

Pé de Banda é meu amigo desde o início dos anos 1970, moramos muito tempo na Rua Quinze de Novembro. A mesma rua que abrigou Zé Pilão, Mestre Biu, Guaxinim, Edson Pilão, Edésio, etc. Desconfio que este monte de músicos foram a argamassa formadora do ritmo que nosso eterno camisa sete carrega consigo.

Desde a época do segundo quadro do Santa Cruz de Ninô que Pé de Banda se destacava como jogador atrevido, dono de um drible desconcertante e chute potente. Integrou, como goleiro, o fantástico time do América Mirim treinado por Bartó Garcia. Foi meu jogador no Barcelona, sei como poucos do seu potencial. Certa vez em Salgueiro, num jogo sensacional entre Barcelona x Tiradentes ele mais de uma vez fez a torcida ficar muda. Perdemos a partida por diferença de um gol, no entanto a atuação de Pé de Banda ficou na história.

Assisti muitas partidas em que Pé de Banda puxou a responsabilidade para si e em jogadas fenomenais desatou todos os nós das defesas adversárias. Era como fermento, quanto mais levava pancada mais crescia. Jogava com gosto em um gramado impecável, em um campo de terra batida, numa quadra de taco ou cimento esburacado. Gostava de jogar futebol e jogava muito.

Integrou grande times, fez parte de grandes elencos. Muitos ganharam mais fama com gols após passes certeiros do ponta mais meia que conheci jogando. Para mim sua posição deveria ser meia direita à moda antiga, passava bem e concluía com maestria.

Por motivo de contusões e excessos nas farras parou de jogar em alto nível cedo. Como nunca foi de ficar reclamando da sorte o que já fazia na época de jogador ganhou força em companhia de Agenor. Nascia um cantor invejável. Fui testemunha de muitos aplausos que Pé de Banda ganhou pelo mundo como intérprete.

Tem um carisma peculiar, por ter pouca maldade levou muitas porradas de vida. Suas qualidades superam seus erros como larga margem. Herdou da mãe a capacidade de fazer as pessoas se sentirem em casa na casa dele. Seu maior patrimônio são seus amigos, uma farra com o velho Pé de Banda tem atrativos não encontrados em eventos sem sua presença.

Existem algumas músicas que tocam sua alma, ele prefere cantar as que tocam a alma dos amigos. Da mesma forma que deu passes perfeitos para gols alheios ele canta para deixar os outros mais alegres. Assim é o “Craudo”, como o treinador Sóstenes o chamava.

Crônica de Ademar Rafael

ONDE ESTAMOS?

Respondendo uma indagação de uma grande amiga que tentava descobrir onde está a sociedade formada por seres viventes em comunidade. Registrei em sua rede social a seguinte resposta: “A sociedade está numa encruzilhada onde marcaram encontro a brutalidade, a insanidade, a imbecilidade e a intolerância. Cada uma vindo
de um lado.”

Talvez a forma simplista que defini o momento atual do mundo, esteja muito abaixo do ideal. No entanto é assim que percebo nossa atualidade. Nos encontramos numa encruzilhada e uma força magnética nos impede de avançar numa direção, de evoluir como “ser humano”.

As quatro variáveis inseridas em minha resposta despontam como fatores que, ao se juntarem, formam uma mistura extremamente perigosa. A capacidade de diálogo está exaurida, a prática de ouvir o outro foi abolida e a habilidade de argumentar algo está em fase terminal.

Em casa, nos empregos e no convívio social estamos nos deixando contaminar pelo quarteto “brutalidade, insanidade, imbecilidade e intolerância”. O pior de tudo, estamos assim reagindo sem notar, tudo está ocorrendo de forma automática.

Os “pegas”, outrora realizados com carros envenenados, hoje são realizados por meio das redes sociais. As pessoas, como zumbis, são levadas à praticas danosas para si e para seus pares. As trilhas que nos trouxeram a este ponto são visíveis, nós e que as ignoramos. Fazemos de conta que não passamos por elas vendo cada alerta.

Em nome do individualismo fomos avançando e hoje o retorno custa muito caro. Uma parada já seria suficiente para reduzir os estragos na teia social. Difícil é encontramos voluntários para darmos uma parada nessa insana caminhada. Nenhuma autoridade, formal ou informal, no planeta terra tem e legitimado para dar “o murro na mesa”. Precisamos agir, quem topa?

Crônica de Ademar Rafael

DESTRUIR E VENDER BARATO

Esta tem sido a prática nociva que nossos “patriotas” governantes utilizam desde o governo do príncipe FHC durante processos de vendas das estatais que julgam ineficientes. Assim ocorreu e acontece com o nosso Correios. Esta empresa que durante muito tempo perdia apenas para o Corpo de Bombeiro no quesito confiança.

Quem é de minha faixa etária lembra de Gastão, Zezito Sá, Dinha Carteiro, Dário, Zé Barbosa e Dona Hilda. Éramos atendidos de forma humanizada. Um telegrama ou uma outra comunicação urgente chegava ao destinatário na hora certa.

O que houve com essa secular empresa? Foram colocando novos serviços, novos encargos e novos desafios sem fornecer aos seus servidores as condições ideais de trabalho. Criaram uma rede de correspondentes que, diferente do estava escrito nos contratos, escolhiam serviços deixando para agências convencionais às responsabilidades relativas aos serviços de menor retorno financeiro. Jogaram um Banco no interior das agências postais. Deixaram funcionário de carreira fora dos principais cargos.

Que empresa suportaria impactos desta envergadura sem perder eficiência? Que estrutura não seria rompida com tanto peso e falta de reforço na base? Possíveis excessos cometidos pelas entidades sindicais deram força para o discurso privatizante, nada justifica a campanha depreciativa do dono na empresa que pretende “torrar” no segundo semestre.

Mesmo enfrentando uma concorrência desproporcional, pelo que representa a atividade e pelo tamanho do negócio muitos compradores aparecerão, os preços dos serviços serão ajustados ao mercado, virá uma eficiência aparente, os investidores ficarão mais ricos e o Brasil mais pobre. Uma premonição: “Os correios serão comprados com capital chinês ou com dinheiro americano via FedEx – Express Brasil”.

Crônica de Ademar Rafael

PEDRO ALVES DE OLIVEIRA NETO

Após leitura da crônica sobre Antônio José de Lima, minha amiga e colega do Banco do Brasil Leni Gomes escreveu: “Muito bom. Admiro profundamente sua capacidade incrível de ‘cronicar’ fatos.” Respondi: “Isto é como foto, se o(a) modelo presta, sai bom.”

Com esta minha ponderação, na resposta para Leni, aumentei a responsabilidade para compatibilizar esta crônica com a “foto” de Doutor Pedro Alves a ser revelada. Para esta missão vou invocar auxílio de três escritores pelos quais tenho grande admiração: Machado de Assis, Rubem Braga e Fernando Sabino.

Pedro de Sebastião da Farmácia, como prefiro chamá-lo, é um médico à moda antiga. Cura a doença do paciente e apoia conforta a família, tornando-se um amigo, não se limita a fazer um atendimento. É um devotado para profissão. Silvino Teles, acadêmico de medicina e esposo de minha sobrinha Regina, sem reservas relatou o seguinte: “Ademar, Doutor Pedro ganha de nós não apenas na experiência, ganha também na garra e na resistência. Depois de horas em um centro cirúrgico, realizando cirurgias de alta complexidade, com ele sai com mais energia do que na hora que entrou.”

Pela sua credibilidade junto aos operadores do sistema de saúde, público e privado, na Capital funciona como um anjo da guarda dos sertanejos no quesito vagas em hospitais. Aqui cabe uma ressalva. Quando Doutor Pedro ajuda numa internação não o faz tirando ninguém da fila, está sim mobilizando sua rede de amizade para criação de uma nova vaga. A justiça é talvez a sua maior marca, a segunda para mim é sua capacidade de perdoar os que lhe traíram durante a caminhada. Este binômio é a argamassa da sua paz de espírito.

Na política é um humanista que aplica teses onde a justiça social e o não preconceito ditam as normas. Prefere a ação do que a utopia. Foi Prefeito em Iguaraci e na última eleição se reelegeu Vice da chapa de Zeinha.

Conhece o sentimento, as carências e, principalmente, o valor do sertanejo. Sabe o nome da maioria dos amigos e com eles fala regularmente. É a mesma pessoa em um restaurante sofisticado de Boa Viagem ou numa barraca de festa no Povoado de Catingueira, dos distritos de Jabitacá e Irajaí, na sede do município ou na Bodega de Dimas Pai Véi.

Minha amizade com Doutor Pedro é antiga, com ele conversei sobre muitos assuntos e em todas as oportunidades que conversamos ele faz questão de ressaltar sua admiração ao velho Quincas Rafael. Quando o poeta de Jabitacá retornou da internação em Recife disse-me: “Estou vivo graças e Deus, Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro e a Doutor Pedro e Antônio Mariano.” De mesma forma que meu pai muitos têm relatos sobre a ação de Pedro Alves em seu favor. Obrigado amigo, siga fazendo o bem.

Crônica de Ademar Rafael

LIBERDADE, O QUE É?

Quando nos dispomos a apresentar nossa ideia para julgamento dos leitores e das leitoras em um espaço da mídia virtual devemos estar conscientes que alguns textos serão contestados. Nesse ponto sou muito tranquilo, sempre saberei suportar as críticas. Assim sendo apresento meu ponto de vista sobre o que é liberdade, sem o intuito de ter aceitação plena.

Durante esta quarentena imposta pela pandemia da COVID-19 descobri, entre outras coisas, que liberdade não é apenas o que eu julgava ser. Para mim, antes desta experiência, liberdade era poder ir e vir, era agir conforme seu livre arbítrio sem ter restrição prévia.

Alguém pode indagar: “Novamente Ademar não tomou o remédio tarja preta?” Quem assim estiver pesando fique certo que estou com pleno domínio da minha capacidade de pensar.

Se durante esta quarentena muitos queriam ter a liberdade de não sair para trabalhar e outros tantos lutavam pelo direito de sair de casa, de manter sua rotina sem alteração, de fazer suas escolhas como sempre fizera. Vejam que para cada grupo a liberdade tinha um significado diferente. O primeiro grupo desejava se proteger e o segundo grupo não via necessidade para tanta proteção.

O que mais assustou nesse dilema. De uma hora para outra cada habitante da terra foi jogado numa “sala contaminada” e suas escolhas, antes livres, passaram a depender de protocolos impostos por pessoas alheias a sua vontade.

Neste jogo de cartas marcadas descobri que liberdade não é um bem individual, é uma conquista coletiva. Não terei liberdade se os que me cercam estão sem liberdade. Ser livre é não criar embaraços para ninguém, é ser humano de dentro para fora, é zerar o egoísmo e dar asas para liberdade dos que nos rodeiam.

Crônica de Ademar Rafael

Nossa Academia

Em uma cantoria na cidade de Apodi – RN, em 2007, o poeta Raimundo Nonato da dupla dos Nonatos inseriu nos versos centrais de uma sextilha a seguinte assertiva: “…Se a cultura vai mal/quem faz não pode estar bem…”. Esta ponderação continua atual no Brasil. Se perguntarmos a cem jovens que com seus fones de ouvido escutam músicas dos diversos aplicativos quem foi Jackson do Pandeiro, Cartola e Noel Rosa é possível recebermos respostas corretas de minúsculo número dos entrevistados.

De fato, fazer cultura em nosso país é para os fortes. Entre tais seres podemos identificar o poeta e produtor Iranildo Marques em Serra Talhada. Com a coragem que marca os sertanejos Iranildo ciou um Festival anual de poesias, dando-lhe o nome: “Vamos fazer poesias”. Sua tenacidade e a participação de poetas de vários estados materializou o sonho.

Com o crescimento do evento veio novo projeto, o “Clube da Poesia Nordestina”. Ancorado no festival o clube ganhou musculatura em 2020, com pandemia e tudo, foi criada a “Academia Literária Virtual do Clube da Poesia Nordestina”. A entidade nasceu com mais de cem membros, seus objetivos são assim sintetizados: a) Sem qualquer preconceito, reunir poetas visando o aprimoramento cultural: b) Perpetuar a memória dos que lutam pelo desenvolvimento da Cultura Popular; c) Manter, nos formatos impresso ou virtual, acervos de publicações dos acadêmicos e/ou parceiros; d) Promover atividades que assegurem a divulgação da Academia no âmbito nacional e internacional, inclusive com venda de publicações pelos meios eletrônicos e convencionais; e) Estimular, por meio de certames a concessão de premiação aos participantes assim como conceder honrarias para pessoas que agiram em favor da cultura.

Mesmo com a pandemia foram publicadas seis coletâneas e realizadas dezoito lives em 2020 e duas em 2021.  Mais de vinte vídeos superaram mil acessos, alguns superaram a marca de cinco mil visitas. Vandré ensinou que “…quem sabe faz a hora…”. Iranildo fez, parabéns. Viva a cultura.