
“Eu sei que, quando temos pequenos incômodos, devemos procurar uma UBS, não é?” A dúvida do produtor cultural Alex Apolonio, natural de Garanhuns, é também a de muitas pessoas em Pernambuco: como funciona a rede de saúde no estado e a quem recorrer quando se precisa de atendimento?
A rede estadual de saúde vai da Atenção Primária nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) à alta complexidade em hospitais e centros de referência, integrando esforços entre o Governo de Pernambuco, os municípios e o Governo Federal para garantir a prevenção e o cuidado integral à população. Mas será que todo caso precisa ser encaminhado para uma unidade de emergência ou hospital?
A diretora geral da Atenção Primária da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), Rafaela Niels, explica que nem todos os quadros exigem atendimento em unidades de urgência e emergência. O primeiro passo, para quem não apresenta um quadro agudo, deve ser buscar a atenção primária.
“A Atenção Primária é reconhecida internacionalmente como o espaço capaz de resolver até 85% dos problemas de saúde da população. Se um paciente tem, próximo de sua casa, uma unidade de saúde da família, ele deve ser acompanhado pela equipe desta unidade durante toda a vida, porque é nesse espaço que os profissionais devem monitorá-lo. À medida que tratamos esses pacientes na Atenção Primária, conseguimos reduzir as filas nos hospitais, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), diminuir os casos de agravamento e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida da população”, destacou a gestora.
Já quando o caso é de urgência e emergência de média complexidade, quem precisa de atendimento deve procurar uma das UPAs espalhadas pelo estado. Ou seja, são destinadas a situações que não podem esperar por um atendimento ambulatorial, que é aquele agendado com antecedência.
“É aquela situação de emergência, como quando você quebra uma perna, precisa fazer uma sutura, sofre um infarto. Esse é o tipo de atendimento imediato. Infelizmente, as pessoas, às vezes por dificuldade de acesso ou por falta de conhecimento, acabam procurando a UPA por motivos que não justificam esse tipo de atendimento. Isso acaba sobrecarregando o serviço e dificultando o fluxo de quem realmente precisa de urgência”, explica a diretora geral de Assistência Integral à Saúde, Adriana Bezerra.
Além das UPAs, o estado dispõe das Unidades Pernambucanas de Atenção Especializada (UPAEs) e de uma Unidade Pernambucana de Atenção Especializada e Reabilitação (UPAE-R). A primeira funciona como centro de especialidades médicas, oferecendo consultas com especialistas, exames e procedimentos. Já a UPAE-R é voltada principalmente para a reabilitação de pacientes, com foco na pessoa idosa.
“A UPAE é aquela unidade onde você vai encontrar especialistas, garantindo toda a linha de cuidado. É um acesso regulado: o paciente passou por uma unidade de Atenção Primária do município, o médico solicitou o atendimento com um especialista e, a partir disso, é gerada uma senha junto à Central de Regulação do Estado, que agenda a consulta. Já a UPAE-R é voltada para reabilitação, especialmente do público idoso, oferecendo atendimento ambulatorial, com a diferença de que, nessa unidade, o paciente tem acesso à parte de reabilitação, com serviços como fisioterapia, hidroginástica, terapia ocupacional, entre outros”, explicou Adriana Bezerra.
HOSPITAIS – Além dos hospitais regionais espalhados pelo estado, Pernambuco conta com seis grandes emergências que são referências em atendimentos de alta complexidade. O Hospital da Restauração (HR), no Recife, é a maior emergência do Norte-Nordeste, especializado em trauma, neurocirurgia, neurologia, cirurgia geral, clínica médica e ortopedia. Também na capital, o Hospital Getúlio Vargas (HGV) se destaca em cirurgia geral, cirurgia vascular, traumatologia, urologia, ortopedia, clínica médica e bucomaxilofacial. O Hospital Otávio de Freitas (HOF) atende em clínica médica, cirurgia geral, cardiologia, neurologia, urologia e pediatria.
No interior, o Hospital Regional do Agreste (HRA), em Caruaru, é referência para o Agreste e parte do Sertão, com foco em traumatologia, ortopedia e cirurgias geral e bucomaxilofacial. Já o Hospital Barão de Lucena (HBL), também no Recife, oferece atendimento em obstetrícia de alto risco, pediatria, oncologia (UNACON), clínica médica, cirurgias de alta complexidade e hemodiálise. Por fim, o Hospital Agamenon Magalhães (HAM), em Casa Amarela, é referência em clínica médica, cardiologia, otorrinolaringologia e maternidade de alto risco.
“Esses são hospitais que não têm a chamada ‘porta aberta’, ou seja, o paciente só deve chegar a essas unidades por meio da regulação. Por exemplo: o paciente vai à UPA e é identificada a necessidade de transferência pela gravidade do caso. Assim, é solicitado um leito de internação para tratamento de alta complexidade, e ele é encaminhado via Central de Regulação. Existem exceções, como a UTI Obstétrica, que é porta aberta. Fora isso, o paciente precisa ser regulado”, explicou Adriana Bezerra.
O mais novo equipamento de saúde do estado, o Hospital da Mulher do Agreste Luísa Cavalcanti Maciel, foi entregue em maio de 2025 e é a primeira das cinco maternidades que serão construídas pelo Governo de Pernambuco, com foco na ampliação da assistência materno-infantil no estado. Com investimento total de R$ 84,8 milhões, a unidade beneficiará mais de 50 municípios do Agreste, abrangendo as Regionais de Saúde IV e VI.
Com previsão de realizar mais de 700 partos por mês e cerca de 8 mil partos por ano, o hospital é referência em obstetrícia de alto risco e foi equipado com tecnologia de ponta, incluindo exames de ultrassonografia convencional e com doppler, tomografia computadorizada, mamografia, ecocardiograma, entre outros serviços.
CENTRAL DE REGULAÇÃO DE LEITOS – É um órgão da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) responsável por coordenar o acesso a leitos hospitalares no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o estado. Sua principal função é avaliar as solicitações de internação e encaminhar os pacientes para as unidades de saúde mais adequadas ao seu perfil clínico e à complexidade do caso, garantindo um atendimento eficiente e equitativo.

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