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CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

Além de um certificado
Recebi convite para abrir um ciclo de palestras para acadêmicos de administração e de ciências contábeis no inicio de maio. Como o tema principal foi “Perspectivas e tendências no mercado de trabalho para administradores” resolvi entregar mais que a encomenda, levando o debate para algo além dos certificados e dos currículos.
Apresentei, extraindo da Revista Administradores de 02/03.13, dados relativos as 4,8 milhões de empresas existentes no Brasil, sobre o número de 1,3 milhões de estudantes matriculados nos cursos de administração e as três áreas com maiores percentuais de ocupação, Administração Geral, com 28,8%, Administração Financeira com 13,3% e Administração em Recursos Humanos com 9,5%. Na sequência coloquei no centro das discussões  os sistemas ABCD e RSTU, dando ênfase a cada variável, conforme abaixo.
Atitude – Motivação social acima da motivação biológica. Habilidade aprendida/adquirida para responder de forma consistente a um objeto social.  Observadas as atitudes de um sujeito, pode-se prever a forma como se irá comportar. 
Bom senso – Ligado às noções de sabedoria e de razoabilidade que define a capacidade de uma pessoa para se adequar a regras e costumes visando promover julgamentos e escolhas. Segundo Aristóteles: ”O bom senso é elemento central da conduta ética, uma capacidade virtuosa de achar o meio termo e distinguir a ação correta”. 
Compromisso – Deriva do termo latim compromissum e refere-se a uma obrigação contraída ou à palavra que se honra. Compromisso é como uma promessa ou uma declaração de princípios
Disponibilidade – Presentes e prontos – acessível – qualificados e dispostos a servir ou auxiliar. Colocar o interesse pessoal abaixo do interesse coletivo, sem eliminá-lo.
Respeito – Sua presença torna salutar a convivência em busca dos objetivos comuns entre empresa, clientes internos e clientes externos. Sua ausência faz nascer uma selva onde uns mandam e outros obedecem, em um clima onde a criatividade e a participação são aniquiladas pelo medo.
Simplicidade – Deve estar presente nas ações administrativas. Coisas muito complicadas emperram o crescimento dos negócios, inibem a participação das pessoas e geram desconfiança entre os agentes. 
Transparência – Ambiente onde os líderes escondem informações dos liderados e vice-versa não pode haver empatia e não havendo empatia inexiste o círculo virtuoso representado pela soma de energias positivas rumo aos mesmos objetivos.
União – A base de tudo. Imaginar uma empresa onde a união não esteja presente em seu cotidiano é imaginar um bando de pessoas agrupadas, sem foco em nada, cada um por si. Espaço onde o “eu” é mais forte que o “nós”.
Por entender que os posicionamentos e as habilidades inseridas nos dois sistemas extrapolam o ambiente profissional, resolvi trazê-los para este espaço, que sejam úteis. 
Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

Capital, a grande jogada.
Na década de 80, em Barbalha no Ceará, um grande comerciante daquela região disse-me em conversa informal que não havia juros caros havia sim negócios mal arquitetados e com geração de riqueza em escala inferior aos investimentos.
Com o tempo, diante do crescimento das minhas responsabilidades no Banco do Brasil e na iniciativa privada, descobri que o barbalhense tinha razão. Enquanto defensor da corrente desenvolvimentista que estimula a produção, com inserção ao consumo, distribuição de renda e proteção da espiral que gera riqueza permanente, vejo preocupado a especulação sugar a capacidade produtiva de muitas empresas e países.
O capital sem fronteiras, dependendo do local em que está sendo movimentado, pode tomar o café da manhã na Europa, almoçar na América e jantar na Ásia. Um “enter” de um analista de mercado, famoso agiota cibernético, é mais importante que a produção.
Para ter uma ideia do estrago, no início dos anos 80 o PIB mundial era de US$ 10 trilhões e a soma dos ativos financeiros representava US$ 12 trilhões, em plena crise de 2008 o PIB do mundo estava orçado em US$ 50 trilhões e os ativos financeiros alcançava a marca de US$ 300 trilhões. Isto é a riqueza cresceu cinco vezes e a especulação cresceu 25 vezes. A ditadura financeira esmaga projetos de países e a aproxima de zero a autonomia das nações. A roleta russa do capital segue o caminho da destruição em massa.
No Brasil a gangorra da Bolsa de Valores e as aventuras de investidores estilo Eike Batista têm causado muitos danos à economia nacional e independência financeira de “sócios” amadores. As empresas do Grupo “X” chegaram a ser avaliadas em trono de R$ 100 bilhões, hoje estão valendo de 15 a 20 por cento daquele valor. A perda ficará para os compradores das suas ações e para o governo via BNDES uma vez que os recursos do especulador estarão muito bem protegidos. Esta é a regra, os amadores geram as riquezas dos profissionais da engenharia financeira especulativa.
Ativos da VALE e PETROBRÁS estão de ladeira abaixo, os arranjos especulativos e os investimentos em áreas com retorno abaixo do esperado são os agentes motivadores.
O mundo a cada dia fica mais ficção e menos realidade. As crises da Europa e dos Estados Unidos derivam da negligência e da omissão de gestores das nações envolvidas, muitos deles com os pés e as mãos no mercado de capitais. Silvio Berlusconi, que mandou na Itália por muitos anos,dá sustentação a esta afirmativa. Capital especulativo extermina a capacidade produtiva das nações. O dia da China chegará, é uma questão de tempo. 
Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

Aliados em cargos?
Ao ler a análise que compõe o texto DESPRETÍGIO postada pelo titular desse blog, em 23.05.13, mesmo à distância, tentei encontrar as respostas para o caso e aqui apresento minha percepção.
Todos sabem que a matriz de cargos de confiança no executivo brasileiro é gerada nas fontes poder legislativo, aliados e atração de novos aliados, este é o modelo vigente negá-lo e tapar o sol com arupemba.
Como Afogados da Ingazeira, por questões diversas, abdicou do direito de ter um representante na Assembleia Legislativa perdeu uma das fontes. 
A cidade tem sido administrada por membros da Frente Popular que sustenta Eduardo e nesta condição teria uma boa fatia no bolo do poder. Se isto não está ocorrendo há algo estranho. O correto seria compartilhar o poder, não faz parte da tradição ser aliado sem cargos, afinal isto é BRASIL.
Surgiram novas lideranças com legitimidade capaz de induzir o governante ao convencimento de uma aliança, após oferta de participação no poder? Seria muita pretensão de minha parte ter esta resposta, estou fora da região há muito tempo. Em caso negativo temos outra fonte sem água.
Sobra, portanto, a coluna do meio (aliados) é neste ponto que devemos focar o facho de luz. Não acredito em DESPRESTIGIO, pode está havendo o caso do aliado “bonzinho”, aquele que diz amém, que não reclama e para manter a política de boa vizinhança aceita a nomeação de estrangeiros. Nesta hipótese um conselho as lideranças locais: “Briguem agora, amanhã poder ser muito mais difícil, depois de amanhã impossível”.
Uma coisa é certa este fato penaliza Afogados da Ingazeira, quando a farinha é pouca a parte de quem mexe o pirão é retirada primeiro. Nomes nossa cidade tem de sobra. Enumerá-los pode causar injustiça e por isto não o fazemos.
Um alerta: “A indicação deve recair sobre pessoas competentes, indicar um incompetente pode ser pior do que a não indicar”. Afogados da Ingazeira não pode ficar fora do tabuleiro do poder em Pernambuco é hora de agir sob o viés da legitimidade, nada de nepotismo ou coisa parecida. 
Por Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

Nunca é tarde.

Quando alguém me pergunta qual foi o maior dano que FHC causou ao Brasil não tenho duvida para afirmar que foi a reeleição. Esta verdadeira desgraça que o príncipe do tucanato nos deixou de herança nasceu em negociatas que jogam o dinheiro do mensalão em escala inferior.

O pensamento atual do senador Aécio Neves em apresentar propostas visando extinguir a reeleição e alterar os mandatos para cinco anos, com coincidências dos pleitos de vereador a presidente da república tem meu modesto aval. Numa única oportunidade eliminaríamos o casuísmo da reeleição e os elevados gastos com eleições a cada dois anos.

Vários colegas do senador no PSDB são radicalmente contra a extinção da reeleição, continuam com a mesma visão mesquinha dos promotores da mudança no processo ocorrida durante do primeiro mandato de FHC.

Um projeto dessa envergadura enfrentará resistência de muitas vertentes políticas e pode desencadear um fato novo no cenário. Grande perigo é o neto de Tancredo mudar de idéia se por acaso seu partido conseguir tirar o PT da presidência da república, cara e coragem para isto os tucanos já demonstraram que tem de sobra.

Fazer “mea culpa” neste momento não isenta o senador dos pecados praticados no processo inicial. No inicio para beneficiar o seu partido, cuja estrela máxima ocupava o cargo máximo do executivo no Brasil, e posteriormente ao ser beneficiado com a reeleição de governador em Minas Gerais. Pousar como santo muitas vezes tem iludido os eleitores do Brasil.

De uma coisa tenho certeza. Alguém precisa apresentar um projeto que elimine a reeleição no executivo e limite o número de reeleições no mesmo cargo do legislativo. Precisamos oxigenar o poder no Brasil e com as regras atuais isto é um sonho inalcançável. Torçamos para que este arrependimento seja verdadeiro e não outro golpe, caso seja a primeira opção que o senador tenha êxito em sua pretensão.

Com raríssimas exceções os ocupantes de cargos no executivo têm trabalhado no máximo os dois anos centrais dos mandatos. O primeiro é para criticar o antecessor e o último para garantir a reeleição ou sucessão. Lembrar que cada mandato é de apenas quatro anos e ser isento no pleito é algo que nossos políticos teimam em não incluir em seu cotidiano e nas ações de governo.

O custo do sistema em vigor tem sido muito alto, merecemos alterar o modelo vigente e procurar consertar as falhas com um projeto político que pense no longo prazo e não apenas na próxima eleição.Até outubro de 2014 não faltarão salvadores da pátria, pena que depois de eleitos assumem o modelo que condenaram na campanha.

Por Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

Quanto custa uma vida?
Defendo a tese que a vida de um ser humano jamais pode ser avaliada em função de idade, grau de instrução, local de nascimento ou outra classificação qualquer. É uma a vida e ponto. O responsável pela extinção de uma vida não pode ficar impune. No entanto, não é o que ocorre na prática. Vejamos os casos a seguir.
Os pilotos americanos que por irresponsabilidade amplamente comprovada nos autos causaram a morte de 156 pessoas no dia 29.09.2006 ao receberem os benefícios das leis jogaram o valor das vidas ceifadas nas lixeiras dos tribunais. A pena de três anos, um mês e dez dias, em regime aberto, arbitrada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, lavrada em outubro de 2012 pode ter amparo jurídico, mas, também é baseada em princípios que prefiro não comentar.
A falta de acionamento do sistema anticolisão deve ter ficado pelo tortuoso caminho que as provas percorrem ao serem questionadas por uma defesa bem remunerada e sucumbiu na submissão que historicamente o Brasil teima em manter na relação que mantém com a pátria dos pilotos Jan Paul Paladino e Joseph Lepore.
De forma diferente agiu a Bolívia no tocante aos brasileiros retidos no país vizinho, em função do acidente ocorrido no jogo Corinthians e San Jose, na cidade de Oruro em 20.02.13. Neste caso as autoridades bolivianas afirmaram que o depoimento em que um jovem no Brasil assumiu a autoria do disparo do sinalizador não tem validade por ter corrido no território brasileiro e mantiveram os brasileiros presos.
Se a justiça brasileira tivesse agido da mesma forma que justiça boliviana agiu, no caso dos pilotos americanos, é possível que os “ex-donos do mundo” jamais acatariam. Um cidadão americano vale muito mais que o habitante de outra nação, pelo menos na cabeça deles.
A frouxidão brasileira e o rigor boliviano transitam em direções opostas, as legislações são diferentes, no entanto, o que fez a diferença não foram as leis e sim a atitude de quem deveria zelar pelo seu povo. 
A banalização do crime no Brasil está criando um pântano que avança em rota divergente da lógica e do bom senso, esmagando-os.As famílias que perderam seus entes queridos no acidente da Gol jamais se conformarão com o julgamento, principalmente por terem a certeza que em caso inverso o resultado seria muito diferente.
Não há meio para concordarmos com a forma que justiça brasileira tem tratado os criminosos. Sem uma mudança de comportamento o Brasil ficará por muitas gerações com o título de “nação da impunidade”.
Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

A ignorância e a informação errada.
Na vasta obra de “Os nonatos” há um trabalho que fala sobre: “… é fundamental saber o que é fundamental…”. A tese reforça a teoria de que devemos aprender o que importante e deixar de lado as coisas banais que são impostas pelos modismos ou por informantes desqualificados.
Caminhando nesta trilha encontramos um grande dilema. A informação incorreta quando alcança alguém que desconhece a verdade e a toma como tal pode gerar o tipo mal informado que pensa que sabe. No caso da informação com equivoco chegar a alguém que conhece a história verdadeira causa um mal estar, mas, não muda o conhecimento. 
Alimentados pela primeira hipótese muitas pessoas saem pelo mundo divulgando versões inverídicas e defendo-as como verdades absolutas. Muitas vezes colocando em risco a segurança e a saúde de pessoas desavisadas. 
Existe o grupo que por motivos alheios a sua vontade não tem acesso à informação e por isto sempre aplico um desconto quando me deparo com uma pessoa que não teve acesso à informação e cobro ágio ao encontrar um “intelectual de fundo de quintal” que esbanja sabedoria por meio de fundamento tão falso quando uísque do Paraguai. Faço isto por entender que o primeiro tem cura e o segundo carrega consigo um mal incurável: “A certeza que tudo sabe”.  
Mesmo com o volume de informações impostas pelas minhas atividades procuro filtrar muito para evitar cair na tentação que sei alguma coisa, e continuar sendo  um eterno aprendiz.  Contudo, ao comparar meus conhecimentos com as versões apresentadas nos parágrafos seguintes preferi ficar com o que sabia e ignorar as informações ali contidas.
No Jornal da Band do dia 12.04.13 a ancora sapecou: “A enchente do Rio Tapajós está causando prejuízos no Pará, em Itaituba perto de Belém…” Como Itaituba fica a aproximadamente 1.350 km de Belém é possível que a jornalista tenha perdido as aulas de geografia.
Livro de história do 9º ano do ensino fundamental, Editora Scipione, Projeto Radix, informa em sua página 49 que Antônio Conselheiro “… fundou a comunidade Canudos em fazenda da região sul da Bahia”. Somente invertendo o  mapa da Bahia poderíamos situar Canudos na região sul daquele Estado.
A primeira mensagem pode passar despercebida pela rapidez que é repassada, a segunda – por estar escrita – faz um estrago maior, também porque  se trata de uma obra utilizada na formação de jovens. 
Meu esforço é para que este espaço possa informar utilizando versões próximas da verdade, desconfio de verdades absolutas. 

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

Monopólio infinito
A liberdade de mercado tão difundida nos governos do PSDB não passou pelo estado do vice-presidente Marco Maciel, no quesito transporte intermunicipal de passageiros. Em Pernambuco a Auto Viação Progresso Ltda dá as cartas. Impera um sistema de exclusividade que joga por terra as regras de concorrência e competitividade.
Antes de criticar talvez fosse o caso de termos acesso ao teor do convite do Governador Agamenon Magalhães, realizado em 1952, conforme narra o site oficial de empresa. De repetente nele há uma cláusula de exclusividade eterna.
Sou do tempo que podíamos utilizar o misto de Zé de Preta, o ônibus de Jola, a Realeza de seu Pedro e a Princesa do Agreste de Seu Louro. Quando começou o império da Progresso eu já estava no Ceará, somente quando volto em Pernambuco sofro com a qualidade dos serviços.
Na última semana de março comprei uma passagem para o trecho Recife/São José do Egito, com intuito de descer em Jabitacá. Por não ter feito as perguntas certas ao comprar o bilhete na hora do embarque fui informado que o coletivo após Albuquerque Né tomaria o rumo de Afogados da Ingazeira-Tabira-São José do Egito. Neste caso a culpa é minha. Na compra da passagem eu deveria ter indagado o funcionário sobre o trajeto.
Como o horário de embarque apontava 12h30min, quinze minutos antes desci a plataforma, com alguns minutos de atraso embarcamos. Um contumaz usuário do sistema tranquilizou-me: “É assim mesmo, nunca sai no horário”. Quando o ônibus deu partida uma nuvem de muriçoca, carapanã no Pará, fez um passeio sobre nossas cabeças. Como o veículo era dotado de ar condicionado e tinha os vidros vedados deduzi que o criatório pertencia ao coletivo, portanto, produção própria sem risco de ser mosquito da dengue.
Do Recife até Arcoverde o coletivo fez paradas somente nas rodoviárias de Caruaru e Arcoverde, sem qualquer informação sobre o tempo de parada. Depois de saída da rodoviária de Arcoverde veio a parada quem ninguém merece. Ponto de apoio da empresa sem a menor condição de higiene, com ofertas de produtos aquém das necessidades dos usuários. Este tipo de parada, principalmente em áreas urbanas, configura-se como venda casada. 
Ficam estas indagações: Os marcos regulatórios relacionados com o assunto estão sendo observados em tempo hábil? No vencimento de referida concessão de serviços público a empresa citada é mais competente que as demais no atendimento das exigências dos editais? Estão comparecendo outros concorrentes?   
Os usuários merecem algo melhor, concorrência quase sempre é sinônimo de competitividade e bons serviços.  

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

Os extremos em Recife.
Numa área em que o Brasil para ficar ruim tem que melhorar bastante a capital de Pernambuco dispõe de um aeroporto acima da média. Localizado em espaço urbano com boa disponibilidade de hotéis, shopping e restaurantes. Pena que os motoristas de táxi ficam disputando corridas com maior retorno financeiro de forma incompatível com a boa pratica de turismo receptivo.
As linhas de metrô em operação no Recife superam as ofertas da esmagadora maioria das capitais brasileiras, algumas delas sem este modelo de transporte urbano. Os arredores das estações carecem de uma melhor estrutura, especialmente relacionadas com segurança e acessibilidade. Câmaras de monitoramento, postos policiais, pisos e escadas rolantes minimizariam tais deficiências. 
No sentido contrário das estruturas do aeroporto e metrô encontramos o Terminal Rodoviário de Recife. O TIP como é conhecido está muito abaixo do aceitável. Utilizar os serviços na rodoviária da capital pernambucana é desaconselhável. 
Nos restaurantes as áreas onde são manipulados os alimentos não estão á vista dos usuários, como determina as normas sobre fornecimento de refeições, façamos justiça à simpatia dos atendentes. Uma visita da ANVISA, do Corpo dos Bombeiros e prepostos do PROCON, mesmo com excesso de boa vontade, seria sinônimo de interrupção dos serviços.
Banheiros, escadas rolantes, terminais eletrônicos, acessos às plataformas de embarques, acesos as linhas do metrô e guichês de vendas de passagem estão muito distante do ideal.
Seria importante que a SOCICAM, empresa que assume administração do Terminal rodoviário do Recife, encontrasse uma forma de retribuir com serviços os valores cobrados dos usuários do sistema de transporte que opera no TIP. A competência dos funcionários que recolhem os tíquetes das taxas de embarque precisa ser transportada para os encarregados de reformar o terminal que se encontra em estado terminal, coma profundo.  
Deixo um conselho para os governantes do querido Pernambuco que adoram sair pelo Brasil dando exemplo de gestão pública: “Numa dessas viagens passem por Goiânia, capital de Goiás, e vejam que é possível receber bem através de um Terminal Rodoviário decente”.
Fui usuário da rodoviária do Bairro de Santa Rita em Recife e vibrei com a construção do Terminal no Curado, hoje tenho saudades da antiga rodoviária.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

Da janela do metrô
Em viagem para participar de encontro das famílias Filomeno, Menezes e Bernardo na cidade de Tuparetama pernoitei em Recife no dia 28.03.13. Na manhã do dia seguinte peguei o metrô na Estação Shopping, ao lado do Geraldão com destino ao Terminal Rodoviário de Recife – TIP.
Até a Estação Largo da Paz foi possível ver quanto nossa capital foi agredida pela ocupação desordenada. São prédios magistrais ao lado de residências simples numa estética criada e mantida pela especulação imobiliária. Sebastião Dias, atual prefeito de Tabira, certa vez falando sobre o pavão disse: “… e a beleza das penas, não encobre as pernas feias.” Isto vale para referido cenário. A ostentação presente em alguns edifícios não faz desaparecer a simplicidade de outros. Este mosaico faz parte das grandes cidades, Recife apenas segue o modelo. 
No trajeto entre as estações Joana Bezerra e Afogados notei que o programa “Minha casa minha vida” tem muito espaço para ocupar. A ordem pode até ser invertida, em ambiente de pobreza extrema a vida digna antecipa-se à moradia.
No trecho Ipiranga/Rodoviária encontrei vastas áreas com matagais, verdadeiras comunidades urbanas com cara do interior. Espaço muitas vezes maior do que a famosa Floresta Negra da Alemanha, lá seria tratado como “imensa floresta”, nós o percebemos de outra forma. Quem possui a Amazônia áreas deste tipo não passam de “lotes com matagal”.
As mangueiras, os coqueirais e os cajueiros circundados por residências de alvenaria, madeira, flandres e papelões remetem nossa atenção para um mundo diferente. A música “Gente humilde” traça o perfil dos habitantes destas localidades. Como é bom sabermos que o Brasil da Avenida Paulista, da Avenida Vieira Souto e da Avenida Boa Viagem convive com agrupamentos urbanos desprovidos de requinte, porém, cheios de outros atrativos.  
A viagem de metrô, cortado a cidade de Recife, para este catingueiro residente em Marabá funcionou como um colírio que deu clareza aos olhos para fazer uma releitura da Veneza brasileira. A distância muitas vezes provoca um afastamento das nossas raízes e o reencontro é salutar, devolve-nos a certeza que não pertencemos ao universo onde moramos, estamos ali emprestados. 
Os nomes Barro, Tejipió, Alto do Céu e Curado ao serem lidos no vagão e nas estações fazia o nordestino voltar para seu mundo, é possível viver fora do nosso torrão, contudo, ao pisarmos na terra natal somos revestidos por um imã que nos prende ao chão e munidos de uma voz interior que grita: “Vale a pena ser nordestino, pernambucano e sertanejo”. 
Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

A quem interessa o caos.

Na penúltima semana de março os telejornais das grande redes de televisão abertas apresentaram o caos nas rodovias localizadas nos entornos dos principais portos do Brasil. As matérias foram centralizadas nos portos de Santos, São Paulo e Paranaguá, Paraná e vincularam a situação ao escoamento da super safra de soja.
Para melhor entendermos o tamanho do problema é necessário fazermos um cálculo. Com uma produção estimada em 80 bilhões de toneladas se exportarmos somente 40% (32 bilhões de toneladas) necessitaríamos de 1 milhão, isto mesmo 1 milhão de caminhões, cada um com 32 toneladas.

Não há infra-estrutura que consiga conviver com uma situação destas sem estrangulamento e criá-la seria pouco inteligente, na maior parte do ano ficaria obsoleta uma vez que o escoamento da soja é sazonal. Se buscarmos as causas encontraremos três grandes motivos.

Motivo um: A opção pelo transporte rodoviário que os governos desde JK impuseram ao Brasil, movidos por interesses da indústria de veículos pesados.  A construção de grandes estruturas de armazenagem nas áreas portuárias e a utilização de ferrovias e hidrovias seriam boas alternativas.

Motivo dois: A ausência de uma correta política de armazenagem de produtos agrícolas, nas áreas produtivas, gera uma situação perversa para os produtores. Como não existem armazéns suficientes os produtos são vendidos antes da colheita e as grandes empresas multinacionais deitam e rolam sem correr os riscos inerentes à atividade, ou seja, o agricultor corre o risco e é obrigado a vender seus produtos “na folha” por preços abaixo do que conseguiria se pudesse armazenar.

Motivo três: Falta de uma política de crédito rural e de controle da produção, como fazem os países desenvolvidos. Lá a produção é induzida através de uma política onde a preservação do produtor “nativo” está acima de qualquer outra variável interna ou externa. Em tais países os produtores muitas vezes ganham para não produzir, por estas bandas produzem para tentar sobreviver. A solução para este motivo é mais complexa, envolve recursos que não existem e a questão cultural, somos bons em produção e deixamos a desejar em estratégias.

Fazer alardes sobre as deficiências da infra-estrutura do Brasil, sem detalhar os motivos, é prestar informações incompletas. Muitas vezes isto ocorre sob orientação de organizações com alto interesse na área e na perenidade da dependência dos produtores. Ser atravessador, inclusive no mercado externo, é um grande negócio.

Por: Ademar Rafael