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Últimas publicações do quadro “Crônicas de Ademar Rafael”

Crônica de Ademar Rafael

FRASE REAL

Recentemente, em julgamento de extrema importância para o cenário político nacional e realizado no Tribunal Superior Eleitoral – TSE, membro do colegiado e titular do Supremo Tribunal Federal disse a seguinte frase: “Não há democracia sem judiciário independente.”

Poucas vezes em minha vida vi uma frase contendo tanta realidade.Quando dita em uma republiqueta como a caso brasileira ganha um peso maior. De fato, depois de trinta e seis anos, não fomos capazes de criar mecanismos que nos levem ao pleno cumprimento do preceito constitucional que textualmente diz: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” – Artigo 2 da Constituição Federal.

Sempre, por motivos diversos, percebemos a interferência de um poder sobre a área de autuação do outro. Sob nosso ponto vista isto deriva da nossa incapacidade para atendermos plenamente outro artigo da nossa Carta Magna que assegura: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência…”

Quando um dos poderes deixa de cumprir um dos cinco princípios citados na Artigo 37º da Constituição Federal outro poder sente-se no direito de interferir para reparo da omissão. O poder omisso sente-se invadido e a frase inicialmente citada ganha veracidade e consistência. A citação da democracia é acessório, o principal é a interferência que de certa forma reduz a independência pensada pelos constituinte de 1988.

Se os detentores de cargos públicos cumprissem as obrigações previstas na legislação a interferência deixaria de existir e a tal democracia teria terreno fértil para germinar. Em um país onde a frase “Manda quem pode e obedece quem tem juízo” é lei, falar em democracia é piada.

Crônica de Ademar Rafael

RESGATE HISTÓRICO

A comunidade de Jabitacá, histórico Distrito de Iguaracy – PE, neste ano comemora a centésima vigésima festa de Nossa Senhora dos Remédios, evento que os filhos da antiga Varas celebram o natal antecipado.

É uma festa tipicamente realizada com o esforço coletivo dos moradores da sede, das comunidades rurais do seu entorno, com apoio de habitantes do municípios e distritos vizinhos assim do poder público através da Prefeitura Municipal de Iguaracy.

Neste ano, inspirados pelo desejo de regatar a origem da festa com a chagada da imagem na localidade. José Roberto (Catuaba), Matheus Perazzo e Taciana Maria – todos vinculados com famílias devotas de nossa Senhora dos Remédios -, organizaram uma cavalgada no trajeto da Fazenda Riachão até a sede do Distrito.

Essa manifestação cultural tem origem na Europa e chegou ao Brasil na época do império. Sua pratica se entende por todo território nacional e os tipos mais comuns são: “Cavalgadas Progressivas, Cavalgadas de campo fixo, Cavalgadas de expedição – tipo acampamento, Cavalgada de passeio e Cavalgadas de desfile.” Para este cronista os idealizadores do evento e os participantes fizeram um mix dos tipos acima registrados ao promoverem um lindo espetáculo onde a tradição se encontrou com os tempos atuais em plena harmonia.

Personalidades foram homenageadas com banners expostos durante a travessia, todas com vínculos com a festa e com os costumes da região. Filhos ausentes: Rita de Cassia Lima, Zilmar Valença e Homenagens póstumas: Padre Celestino, Quincas Flor, Donatila Câmara e José Lopes Torres. Este reconhecimento demonstra a preocupação com as pessoas e as tradições locais. Parabéns, viva nosso sertão e seu povo. O instituto Cultura Quincas Rafael – ICQR ao ser chamado deu apoio ao evento e lutará para que seja repetido nos próximos anos, com outras abordagens.

Crônica de Ademar Rafael

A MENSAGEM E O VERSO II

No dia 01.11.2021 escrevi uma crônica sobre o lançamento de um livro de minha autoria tendo como parceiro o poeta e escritor Celso Brandão, desta feita, com a devida vênia de cada leitora e cada leitor deste espaço, vou falar sobre o segundo volume da obra cujo título é o mesmo destetexto.

A versão inicial contou com duzentas mensagens na versão atual são trezentas e sessenta e seis mensagens, uma para cada dia do bissexto ano de 2024. Como a proposta é similar permitam-me transcrever, com adaptações, o primeiro parágrafo da crônica inicialmente citada: “Nestes tempos de notícias fabricadas para atender grupos, de imposição de ideias, de cenários nebulosos avaliamos que uma leitura de conteúdo leve, com boa base em bons fundamentos pode aliviar as tensões naturais impostas pelo cotidiano. Nesta perspectiva este cronista e Celso Brandão apresentam o livro “A mensagem e o verso II”, contendo uma mensagem bíblica, uma ponderação sobre o texto sagrado e uma estrofe. Na mensagem poética este cronista tenta ampliar, por meio da poesia, as mensagens do livro sagrada e as ponderações de do amigo Celso.”

O lançamento será no próximo dia 04.08.23 às 19:00 horas no Arquivo Público Municipal Manoel Arão, situado na Rua Coronel Luiz de Góis, 170 – Vila da Estação, em evento que contará com apoio da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esportes de Afogados da Ingazeira e do Instituto Cultural Quincas Rafael – ICQR.

Os tiverem oportunidade de ler referida obra, não tenho dúvidas, terão acesso a uma publicação onde a simplicidade aliada aos ensinamentos do Livro Santo pode promover a base que necessitamos para trilhar nosso caminho diário e tem força para reduzir os impactos negativos de notícias com vieses discordantes da rota sugerida por Jesus Cristo em seu magníficos ensinamentos. Trata-se, de fato, de uma publicação onde a mensagem tem como principal fundamento promover a paz que tanto precisamos.

Crônica de Ademar Rafael

SEBASTIÃO SIQUEIRA

Retornamos ao tema “Pessoas do meu sertão” para falar sobre um cidadão do Pajeú que muito nos ensinou com seu jeito de ser. Trata-se de Sebastião Siqueira conhecido em nosso meio como Beijo do Cartório e para os mais antigos Beijo de Zé Fiscal.

Antes de ser meu amigo ele foi amigo do meu pai, sua versão sobre Quincas Rafael está detalhada em texto que produzi para apresentação do livro “Afogados deu de tudo”. Aqui vamos tratar do que ele nos deixou como exemplo, entre suas habilidades duas se destacam.

A primeira, sua capacidade para produzir motes sobre os quais os cantadores de viola criavam estrofes excepcionais porque seus motes traziam o cheiro da terra sertaneja após as primeiras chuvas, revestidos com lirismo e alta dose de sensibilidade.

A segunda era sua paciência para explicar às pessoas simples como funciona o universo jurídico. Com seu sorriso cativante explicava em detalhes as minúcias do judiciário, os prazos alongados para decidir sobre coisas simples e, principalmente, as particularidades existentes numa ação. Era um decodificador dos termos jurídicos para os leigos.

Convivemos muitos anos em Afogados da Ingazeira, eu no Bazar das Miudezas e Banco do Brasil e ele no Cartório de Humberto. Frequentávamos os mesmos ambientes e por este motivo posso afirmar que Beijo era um cidadão pleno quanto aos valores morais e nas ações na defesa da nossa cultura raiz. A dupla vitoriosa Sebastião Dias e João Paraibano foi por ele muito incentivada nos momentos iniciais.

Sua legião de amigos extrapolava o cenário das cantorias e o campo jurídico, fazia amigos tratando de assunto sério ou tomando um café em dos pontos comercias no entorno do Posto de Pedro Salviano. Faz muita falta como poeta, como operador do direito e como cidadão.

Crônica de Ademar Rafael

QUANDO AGIREMOS?

Em pronunciamento há 39 anos o Papa João Paulo II afirmou: “Hoje quando o egoísmo, a indiferença e a insensibilidade dos corações estão se espalhando de forma assustadora, o quão intensamente precisamos de uma renovação da sensibilidade a uma pessoa, à sua pobreza e sofrimento! O mundo clama por misericórdia…”

Não sabia o papa peregrino que além de não atendermos seu pedido, nós agravaríamos a situação. Isto mesmo, há quase quatro décadas da exortação do polonês o que se alastrava à época se alastra atualmente com maior intensidade. A foto do mundo em 2023 é pior do que em 1984.

Se recorrermos a rede mundial de computadores em busca do significado da palavra misericórdia em nossa língua encontramos entre outras definições: “…sentimento de dor e solidariedade com relação a alguém que sofre uma tragédia pessoal ou que caiu em desgraça; dó, compaixão, piedade…”, descobriremos também que a misericórdia se realiza na hora que agimos em direção a comportamentos que promovem o perdão, a indulgência, a graça, a clemência…

Ora, como podemos ver claramente, para atendermos o pedido de Karol Józef Wojtyła e aplicarmos a misericórdia no sentido literal precisamos somente utilizar ferramentas disponíveis em nosso interior e abandonar costumes que nos impedem de agir. Entre tais costumes destacamos os citados pelo papa, acima registrados.

Sobre um fato não tenho dúvida. A mudança de postura individual é que fará a diferença, esperar pela ação alheia é continuar omisso e não agir da forma que nosso criador sugere por meio do seu filho. Ser misericordioso pode até figurar entre as obrigação de um cristão, no entanto, julgo que para exercer legitimamente essa prática não precisa comungar da mesma fé, precisa sim não sermos egoístas, indiferentes, insensíveis e seguirmos o caminho que São João Paulo II nos sugere.