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Crônica de Ademar Rafael

TRAGÉDIAS NA TRAGÉDIA

Qualquer ser humano com o mínimo de bom senso não concorda com o posicionamento que pessoas sem cargos eletivos, políticos e jornalistas estão adotando diante dessa tragédia que atingiu o povo gaúcho. É inadmissível vermos pessoas sem o mínimo de sensibilidade no coração manipular fatos, politizar e banalizar o sofrimento das vítimas e das ações empreendidas pelos governantes para abrandamento da catástrofe. Neste texto cito três situações que incomodam.

A primeira são as postagens das redes sociais que abordam a situação com sentimento preconceituoso, narrando depoimentos de pessoas do sul em relação aos nordestinos. Ora essa discriminação indefensável não pode ser utilizada em um momento da angustias e perdas. Esse posicionamento separatista sempre houve e continuará existindo com ou sem calamidades em qualquer dos territórios envolvidos. A briga Sul x Norte é vergonhosamente histórica.

A segunda são os pronunciamentos com cunho ideológico de políticos e empresários. É preciso entender que se não quer ajudar fique em silêncio. Uma manifestação desproposital anula muitas vezes uma ação em andamento. Todos podem contribuir com atos e atitudes. Politizar, comparar ou jogar no campo ideológico o sofrimento alheio é, no mínimo,  ação desaconselhável.

A terceira são publicações de alguns órgãos da imprensa nacional, que teimam em ser seu esgoto. Charges, editoriais e pautas deslocadas do atendimento das necessidades do povo gaúcho é ato condenável. Novamente ao serem questionados citam a liberdade de expressão.

Nosso país, sequelado por desigualdades sociais históricas, não merece esse tipo de comportamento. Os gestores públicos municipais, estaduais e federal, dos três poderes precisam agir mais e falar menos. Os brasileiros exigem respeito. Abaixo o preconceito, a mentira e o descaso.


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