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Últimas publicações do quadro “Crônicas de Ademar Rafael”

Crônica de Ademar Rafael

REGRAS AJUSTADAS

Em evento recente sobre Governança no Setor Público, promovido pelo Conselho Federal de Contabilidade–CFC, Conselho Regional de Contabilidade–CRC-PB e parceiros – no auditório Ariano Suassuna, de Tribunal de Contas do Estado da Paraíba em João Pessoa -, um dos palestrantes fez uma analogia acerca da legislação e de controle de
processos. Disse o técnico: “As regras e as práticas precisam ser ajustadas igual roupas de alfaiate, não pode ter sobras ou faltas.”

Caso o Brasil integrasse a lista dos países onde as leis são, de fato, iguais para cada cidadão a analogia teria lógica plena. Mas, como em nossa amado torrão as leis são seletivas perde o sentido. Vivemos um local onde a frase “Para os amigos as brechas das leis e para os inimigos os rigores das leis.” é aplicadas nos dias úteis, domingos e feriados.

Assim sendo, as regras citadas pelo técnico ficam mais próximas das roupas tamanho único, padrão universal, sobrando ou faltando a depender do usuário. Cada um ajusta ao seu modo.

Necessário se faz deixar registrado que além da seletividade das regras existem ainda as diferentes percepções entre quem as aplica e os que elas estão subordinados. Para os técnicos dos órgãos de controle no serviços público e os operadores do direito nas diversa instâncias as regras normativas são vistas como recipientes de bronze, sem qualquer flexibilidade. Os gestores que estão a elas subordinados, tendo dinheiro, encontram defensores da tese de que tais normas são flexíveis iguais a barras de gelatina, flexibilidade total.

Para ajustar estas duas percepções precisaríamos de mudança de comportamento dos dois lados. Isto, contudo, tem ficado mais distantes a cada ano. A sensação de poder, a arrogância e outros fatores inerentes ao individualismo impedem gestos em direção a convergência. Vamos seguir a perigosa trilha onde um grupo acredita que manda e o outro sabe que desobedecer tem baixo risco. Governança é, também, parceria.

Crônica de Ademar Rafael

QUINCAS FLOR

Na segunda estrofe do fantástico poema “O remorso falando ao avarento”, de Elísio Félix da Costa-Canhotinho, tem estes dois versos: “…Quem és tu? Quem são teus pais?/De onde vens? Pra onde vais?…”. Sem enveredar na parte filosófica das indagações todos nós reunimos condições de responder as indagações do poeta de Taperoá.

Se a primeira pergunta estender para os pais e os avós dos nossos pais as respostas sairão com muita dificuldade. A dificuldade para respondermos sobre nossos antepassados advém da nossa incapacidade de criarmos registros históricos e reais sobre nossos antecessores. Somos filhos de uma terra sem memória? Não afirmaria cem por cento, contudo, cabe registrar que nossa memória é, no mínimo, restrita.

No último dia 23.11 Joaquim Alves de Freitas, Quincas Flor, alcançou 160 anos do seu nascimento. Para organizar um evento alusivo à data fomos procurados por funcionários da Escola que leva seu nome em busca de informações. Quase nada tínhamos a oferecer. Se fossemos criar um “verbete” sobre o agropecuarista e empresário sofreríamos para juntar cinquenta palavras. Isto mesmo, pouco sabemos sobre nosso bisavô, o cidadão que emprestou seu nome durante muito tempo ao Distrito de Jabitacá, na época que era Varas de Quincas Flor.

Um dos objetivos do Instituto Cultural Quincas Rafael – ICQR é construir uma base de informações sobre personalidades da região para atender demandas como as apresentadas pela gestão, professores e alunos da Escola Estadual Joaquim Alves de Freitas. Estamos vencendo as barreiras burocráticas e esperamos que em 2025 estejamos na execução
desse nobre objetivo: Resgatar dados históricos sobre os que nos antecederam.

Recorremos e fomos prontamente atendidos pelo historiador Alexsandro Acioly da Silva – Leca de Amadeu, dos arquivos oriundos das suas pesquisar vieram informações confiáveis.

Crônica de Ademar Rafael

PAJEÚ É MANCHETE

Na última semana de setembro e nos dias iniciais do mês de outubro do corrente ano nossa região do Pajeú esteve em destaque em três grandes eventos culturais. Devemos comemorar o sucesso dos nossos conterrâneos. O momento atual precisa de poesias e música de alto nível. Chega de notícias sobre violência em todos formatos disponíveis.

O primeiro foi a linda festa dedicada ao centenário do poeta Otacílio Batista. Sua família reeditou o evento Tributo a Otacílio e dentro das comemorações dos cem anos do autor de “Mulher nova bonita e carinhosa/Faz o homem gemer sem sentir dor” seu neto Sandino Patriota lançou o livro “Otacílio Batista – Uma história do repente brasileiro”. Trata-se de uma publicação extraordinária que vincula o nome do poeta ao universo da cantoria de forma inseparável, merece ser lido e relido.

No mesmo período Bia Marinho, sobrinha de Otacílio, fez uma turnê em Portugal na companhia de Marinho, Greg e Miguel – seus talentosos filhos –, levando na bagagem o que temos de melhor. Esse quarteto é sucesso em cada apresentação. Na terra de Fernando Pessoa não foi diferente. As melodias alcançam outra escala nas interpretações de Bia Marinho e seu três filhos. O velho continente redeu-se à competência da filha e dos netos de Lourival Batista e de Dona Helena Marinho.

Em outubro Gilmar Leite, poeta de São José do Egito, lançou o livro “Coração português”, publicação que junta o rio Pajeú ao mar e ao rio Tejo. Na “Nota do autor”, Gilmar escreveu: “Navegando nos mares do lirismo lusitano, sentado na proa de um canto fadista, velejando na poesia portuguesa, percorrendo intuitivamente os bairros de Alfama, Madragoa, Mouraria, Bairro alto e do Miradouro da Graça, contemplando o mare o rio Tejo, eu descobrir que palpita no meu peito um coração português…”. Sem dúvida amigo Gilmar, tenho certeza que Fernando Pessoa vibrou com cada um dos cento e trinta e um sonetos que estão em seu belíssimo livro. Viva nosso Pajeú viva nossa cultura.

Crônica de Ademar Rafael

UM NOVO CICLO VENCIDO

Prezadas leitoras e prezados leitores eis que chegamos ao final do décimo primeiro ano do nosso contato semanal. Na próxima segunda, dia 20.11.2023, iniciaremos o ano DOZE e sob as bençãos de Deus ultrapassaremos a crônica de número SEISCENTOS.

Nestes ONZE anos discorremos sobre muitos assuntos, tivemos oportunidade de refletirmos acerca de vários temas, tenho certeza que nossa convivência foi de harmonia, com algumas discordâncias. Isto faz parte de uma relação deste tipo. A exposição da minha percepção sobre algo não foi, é ou será sinônimo de concordância plena. Defendo a tese que aprendemos muito com o contraditório.

Mesmo assim uma constatação deixa-me triste. De 2012 até hoje pioramos nosso comportamento no quesito paciência com as pessoas que pensam diferente de nós. A intolerância subiu vários degraus, o preconceito saiu do controle e as mazelas trazidas pelas notícias falsas e os impactos negativos das redes socias tem gerado danos irreparáveis.

Resta-nos vibrar com a perenidade da solidariedade em grande parte da nossa população, durante a travessia da pandemia COVID 19 e de outras tragédias ambientes ou sociais, demos uma resposta cristã. Os bons ainda existem, algumas vezes são impedidos de agir por forças do mal, mas, com persistência fazem o que tem que ser feito.

Que saibamos escolher a lado certo, que tenhamos capacidade de superar obstáculos e vencer as barreiras impostas contra nossa vontade. Neste período tive a graça de ser avô, publiquei dois livros e vi letras de minha autoria serem musicadas. Tenho clareza que escrever para vocês toda segunda feira é algo gratificante, por meio deste espaço minhas ideias tem alcançado patamares que eu não alcaçaria sozinho. Obrigado de coração, vamos continuar defendendo o que acreditamos. Serei fiel a cada leitora e cada leitor, sempre com a verdade ao nosso lado.

Crônica de Ademar Rafael

O GRANDE ENIGMA

Nas atividades que desenvolvo atualmente, consultor e instrutor de curso para jovens em busca do primeiro emprego, tenho que estudar bastante. Um dos temas presentes nos estudos é o comportamento dos consumidores. Descobrir como eles pensam e agem é a difícil tarefa.

Pertenço a uma geração que teve influência para o consumo de produtos e uso de serviços nas propagandas do rádio, depois da televisão e nos últimos anos das redes sociais. Durante as décadas de 1980 e 1990 as novelas e os programas televisivos para as crianças davam a senha para o que deveria ser usado, literalmente ditava regras e modas.

Com a pulverização das mensagens via redes sociais, com sua capacidade extrema em espalhar uma mensagem pelo mundo em segundos a cabeça do consumidor passa por um fenômeno que supera a capacidade de absorção, neste ponto o teor da mensagem é decisivo para ser captado.

O termo “efeito manada”, muito utilizado durante campanhas eleitorais pelos analistas de pesquisas ao tentar interpretar seus impactos na decisão do eleitor para sair do campo da dúvida para opção por este ou aquele candidato tem compatibilidade com o comportamento dos consumidores em suas compras. Essa separação também é tema de diversos estudos, as respostas são diversas.

O premiado professor e pesquisador Damon Centola, da Universidade da Pensilvânia – EUA, no livro “Mudança – Como as grandes transformações acontecem”, divulga parte dos seus estudos com base em pesquisas confiáveis e aponta que a disseminação do comportamento humano segue regras diferentes do que a propagação de um vírus, ou seja seguem padrões próprios. Decifrar esses padrões é a tarefa para sociólogos e operadores de marketing de massa. Quem descobrir essa trilha será detentor da informação mais desejada no mundo do consumismo. A busca está aberta, quem chegar na frente ganha o jogo do mercado.