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Últimas publicações do quadro “Crônicas de Ademar Rafael”

Crônica de Ademar Rafael

MODO BRASIL

Em pleno século XXI muitos gestores públicos brasileiros seguem em seus cargos como se imperadores fossem, isto é, governam com poderes soberanos, colocando seus interesses acima dos interesses do país, dos estados e dos municípios.

Na última semana de janeiro muitas notícias circularam a respeito de atividades desenvolvidas pela Agência Brasileira de Inteligência – ABIN, com utilização do “modo Brasil” e distante das atribuições previstas na Lei 9.983, de 07.12.1999. Em respeito aos profissionais que atuam na agência, dotados de habilidades compatíveis com as atividades a seu cargo, não tenho intuito de entrar em detalhes sobre procedimentos, mas sugiro uma reflexão se dispositivos legais foram ignorados, se informações foram manipuladas, se objetivos foram desviados, etc.

Ao criar o órgão a Lei acima indica: “Art. 3º Fica criada a Agência Brasileira de Inteligência – ABIN, órgão de assessoramento direto ao Presidente da República, que, na posição de órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência, terá a seu cargo planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar as atividades de inteligência do País, obedecidas a política a as diretrizes superiormente traçadas nos termos desta Lei. Parágrafo único. As atividades de inteligência serão desenvolvidas, no que se refere aos limites de sua extensão e ao uso de técnicas e meios sigilosos, com irrestrita observância dos direitos e garantias individuais, fidelidade às instituições e aos princípios éticos que regem os interesses e a segurança do Estado.”

Referido dispositivo legal define, com extrema clareza, outras competências para ABIN, que carrega consigo traços do Serviço Nacional de Informações – SNI, instituído pela Lei 4.341, de 13.06.64 para servir ao regime militar. Esta herança não invalida a importância da ABIN no fornecimento de dados confiáveis ao Presidente, no mundo da tecnologia a inteligência não pode ser descartada.

Crônica de Ademar Rafael

MISTÉRIOS

Mesmo tendo passando boa parte da minha vida estudando cenários, especialmente quando trabalhei com gestão de recursos de terceiros de 2014 a 2017, não consigo desvendar os mistérios escondidos nos atos de pessoas que lutam para ganhar uma eleição de prefeito em nosso país.

Vamos aos fatos reais. Com o falido pacto federativo e os encargos impostos aos municípios com a municipalização de serviços, especialmente saúde e educação, o ente federativo conhecido como município é uma empresa falida. Raríssimos municípios são geradores de recursos próprios suficientes para não ser dependente de repasses da União, cada vez mais escassos em tempo de orçamento curto.

Assim os mistérios são: Como um empresário de sucesso, um renomado profissional liberal ou um cidadão do povo deseja administrar uma massa falida, inclusive gastando no pleito somas superiores aos valores recebidos ao sentar por quatro anos na principal cadeira do executivo municipal? O que leva uma pessoa a deixar suas confortáveis residências e seus luxuosos escritórios para percorrer ruas alagadas, bairros periféricos sem segurança nenhuma para disputar voto a voto pelo cargo de gestor de uma prefeitura em cidade do interior, desprovida de qualquer perspectiva quanto a dar as respostas desejadas pelos munícipes.

Aqui faço um relato de um caso real. Em uma das cidades que atuei como gestor do Banco do Brasil o prefeito ao fazer uma visita de cortesia a minha residência comentou: “- Aceitei o desafio de disputar a eleição por entender que no cargo teria a chance de devolver a esse povo parte do que dele recebi.” E completou: “- Aqui cheguei há 20 anos com um diploma de médico um filho pequeno e a esposa grávida, hoje disponho de bom patrimônio e tenho situação financeira confortável. Somente cuidando bem do dinheiro público e ofertando serviços públicos de excelência devolverei um pouco do que recebi.” Durante três anos comprovei o que me disse o prefeito. Será que esta lógica alcança todos?  Duvido muito.

Crônica de Ademar Rafael

A QUEM INTERESSA?

É raro um organismo internacional que não seja menino de recado dos países centrais e que para atestar sua submissão não tenha a “coleira” nas mãos dos “xerifes do mundo”, os EUA.

Não foge esta regra a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, organização criada no final dos anos 1940, com a missão de cuidar do desenvolvimento econômico dos países membros por meio de estudos e reuniões destinadas a discutir políticas públicas e econômicas que possam sugerir caminhos seguros para as nações que a integra.

Em 2023 essa organização errou três vezes ao emitir opiniões sobre o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB no Brasil. Mas, no final do ano sentiu-se à vontade para emitir um relatório que joga gasolina pura sobre as labaredas do mercado, ao afirmar que a dívida pública do Brasil deverá atingir 80% do PIB em 2024, alcançando 90% em 2047. Tais fatos segundo a OCDE seriam catastróficos para o país e os investidores externos.

É interessante percebermos que no Japão este mesmo parâmetro situa-se acima de 260% do PIB (266%) e nos EUA supera 110% do PIB (112,9%). Em tais países a luz verde não foi, sequer, trocada pela luz amarela por parte da OCDE. No nosso caso sob o guarda-chuva de uma previsão, sob encomenda de alguém, a luz vermelha foi acesa.

Sabemos da nossa eterna deficiência em gerar riqueza para o país e o povo brasileiro e nossa subserviência aos países ricos, mas emitir um parecer desta envergadura, sob meu ponto de vista sugere fazermos a pergunta indicada no título desta crônica.

Atualmente integra a OCDE trinta e oito países, cada um recebe um tratamento diferenciado, o nosso pelo que se ver é o mesmo que as classes abastadas dedicam aos excluídos. Será coincidência? Acho que não.

Crônica de Ademar Rafael

ÚNICA LUZ

Recebi com muita alegria a notícia que a TV CULTURA, ligada a Fundação Padre Anchieta em São Paulo colocaria no ar o “Programa Balaio”, apresentado pelo cantor e compositor Renato Teixeira e seu filho Chico Texeira com entrevista de artistas cujas produções musicais sejam dignas de assim serem classificadas.

Na estreia, dia 10.12.23 e no programa seguinte em 17.12.23, os entrevistados deram sinais da linha que o programa seguirá. Na primeira data esteve conversando e cantando Almir Sater, no domingo seguinte estiveram no programa Anastácia e Daniel Gonzaga, o filho de Gonzaguinha e neto de Luiz rei do baião, melhor é quase impossível.

Conforme anúncio da própria emissora o “Programa Balaio”, apesar de exibido aos domingos às 09:00 horas, guarda similaridade com o “Viola, minha viola” de Inezita Barroso e o “Sr. Brasil” de Rolando Boldrin somente no bom gosto musical e no nível dos entrevistados.

Não tenho dúvida que os amantes de música de alto nível serão agraciados todo domingo com atrações aderentes com suas preferências musicais, os apresentadores/entrevistadores possuem ligação com o melhor da nosso música raiz. As manhãs de domingo passam a ter um programa com conteúdo musical defensável.

Torço para que a Fundação Padre Anchieta consiga se livrar da sanha dos entreguistas liberais que imperam na política paulista e nunca caia na rede de arrasto da privatização defendida por essa gente. Hoje, com todo respeito para com os que pensam diferente, vejo como única luz na escuridão essa emissora de São Paulo.

Dos serviços concedidos no Brasil a comunicação de massa via televisão é, talvez, o que devolve a pior resposta. A TV CULTURA tem sido a exceção da regra, o “Programa Balaio” e prova disto, que tenha vida longa.

Crônica de Ademar Rafael

RESPEITO AOS LIMITES

Recentemente recebi insistentes abordagens de uma entidade em que estou fazendo um curso a distância com oferecimento de outro treinamento. Respondi que no futuro, após conclusão do curso atual, eu examinaria a oferta. Em função da insistência da vendedora eu respondi que hoje, diferente de tempos idos, eu respeito muito meus limites. Ela, como boa vendedora, ouviu e me parabenizou por não tentar assumir compromissos acima das possibilidades de atendimento.

Permitam-me nesse início de ano, depois dos excessos nas festas natalinas e  “réveillon”, sugerir que respeitemos nossos limites. Façamos tudo que pode no tempo hábil. Respeitar limites não é ser omisso é cumprir suas obrigações sem estressar sal capacidade.

Os estudiosos sobre o assunto enumeram longa lista de sequelas deixadas pelos excesso de atividades, de busca de informações e outras formas de descumprimento das regras ligadas à nossa capacidade laboral. Como leigo e por ter sido vítima desse sistema quero deixar as ponderações abaixo para reflexão, cada leitora e cada leitor aproveita o que entender como salutar para o caso pessoal.

Julgo que quando não respeitamos a linha divisória entre o possível e o ideal atraímos, no mínimo, três sequelas: Alto endividamento, frustração e impotência. O alto endividamento ocorre quando gastamos acima das disponibilidades, movidos muitas vezes pelas ofertas demasiadas de produtos e serviços; a frustração aparece ao tentarmos resolver os problemas do mundo sem estarmos prontos para solucionar as nossas dificuldades e a impotência surge ao tentarmos acessar, informações, cargos, poder em níveis acima da nossa possibilidade de absorção e de darmos respostas compatíveis com as responsabilidade assumidas.

Pensem nisto, eu estou vigilante e tenho melhorado muito minha qualidade de vida. Acredito ser sábia e decisão de respeitarmos nossos limites.