Home » Crônicas de Ademar Rafael (Page 14)

Você está lendo: Crônicas de Ademar Rafael

Crônica de Ademar Rafael

JOSÉ ANDELSON DOS SANTOS

Entra para galeria “Pessoas do meu sertão”, o personagem acima, conhecido como Dedé de Ninô. Amigo desde 1973 quando o saudoso Luiz Alves, diretor de Ginásio Industrial resolveu juntar as duas turmas do terceiro ano, unificando as aulas para este grupo no período noturno.

Desde o primeiro momento ficamos amigos. Eu já o conhecia como jogador do segundo time do Santa Cruz de Ninô ao assistir os treinos no campo do União e ver os jogos nas manhãs de domingo. Formamos dupla nas molecagens no Ginásio e com seu primo Bartó criamos o grupo musical “Trio Lorivá”, especialista em mudar as letras de músicas consagradas, criando versões hilárias. A paródia mais famosa foi a letra criada para música “Dona Teresa”, dos compositores Elias Soares e Clovis Dos Santos Matias e gravada por muita gente. Os versos criados pelo trio do ginásio narrava um incidente ocorrido durante uma aula de matemática do nosso querido Durval Galdino, os detalhes devem ser preservados em nome do respeito com nossas leitoras e nossos leitores.

No futebol, nas versões campo ou quadra, Dedé de Ninô foi um jogador habilidoso, detetor de muita raça e um potente chute. Na primeira derrota do time do Barcelona (1×2), entrega de faixas de campeão afogadense, fez os dois gols da equipe vencedora, formada por jogadores destaques do certame que não atuavam pelo time campeão. Este fato o credenciou para integrar o Barcelona no ano seguinte e ser bicampeão.

Dentro da sala de aula Dedé de Ninô foi um aluno brilhante, tirava boas notas nas disciplinas consideradas “bicho-papão”, esta característica aliada à sua dedicação o qualificou para ser aprovado em concorrido concurso do BANDEPE instituição financeira que serviu com zelo e competência chagando ao cargo de gestor de agência. No famigerado plano de adequação do banco perdeu o emprego por estar numa das agências a serem fechadas. O banco, em nome de um planejamento baseado em critérios contestáveis sobre todos os aspectos, perdia um dos seus melhores quadros. O capital vencia o talento, o dinheiro superou o ser humano, a lógica privatista vencia a lógica de desenvolvimento.

No quesito ser humano Dedé ganha as melhores notas. Ao perder injustamente seu emprego não ficou remoendo o fato. Passou a atuar como empreendedor na área de transporte de passageiros e com esta atividade criou com dignidade sua família. Hoje reside em Tabira e na chácara no “Travessão de Zé Lourenço” recebe amigos para comemorar a vida com muita fartura, belas histórias, músicas e poesias de primeira qualidade.

Dedé é um amigo com o qual passei alegres momentos na vida. As vaquejadas de Tavares e as festas que fizemos visando angariar recursos para festas de formatura e excursões na turma do Ginásio, em João Pessoa e Técnico de Contabilidade, em Fortaleza são registros inesquecíveis. Não integra esta galeria por ser meu amigo e sim por  representar muito bem nossa região em diversas áreas, é muito maior do que aqui está registrado.

Crônica de Ademar Rafael

PARA ONDE ESTAMOS INDO?

Amanhã com muita gratidão e fé em Deus estarei completando sessenta e cinco anos de idade. Excluídos os excessos praticados na juventude, tenho a esperança de ter contribuído de alguma forma para um mundo melhor, ter ajudado mais que atrapalhado.

Não cabe a mim essa análise. Sempre carregamos a tinta em nosso favor nos julgamentos, faz parte da natureza humana. Em nossos diálogos semanais procuro deixar uma mensagem para reflexão. Cada leitora e cada leitor tira suas conclusões, neste campo não cabe imposição de teses, jogamos no ar e a sua aplicação fica a cargo de cada pessoa.

A indagação que serve como título desta crônica não caiu de paraquedas em minha vida, tem sido um questionamento feito com muita assiduidade nos últimos anos. Honestamente não sei para onde vamos com tanta
intolerância, despeita e discriminação.

Perto da tempestade dos despropósitos que correm nas redes sociais as fofocas de antigamente foram transformadas em leves brisas. Por mais estapafúrdia que seja a mensagem publicada o público que com ela se
identifica curte, compartilha e comenta. Uma insanidade é transformada em verdade e segue fazendo estragos.

Nos últimos três anos, por força da pandemia e dos trabalhos em casa, tenho sido seletivo nas leituras para tentar neutralizar os impactos negativos que determinadas mensagens das redes sociais. Tenho conseguido em parte. Não é fácil se livrar da carga nociva que compõem os textos e as figuras. Perdemos nosso censo de ridículo? Estamos sendo levados pela tempestade?

Como já afirmei em outras oportunidades, em temas complexos, não tenho as respostas. Tento me preservar com as ferramentas disponíveis, a poesia tem ajudado muito. Que Deus nos ajude a sair dessa enrascada.

Crônica de Ademar Rafael

É O AMOR…

A leitura direta do título acima pode nos levar na direção da música que turbinou a carreira dos irmão cantores sertanejos Zezé de Camargo e Luciano, contudo, nesta  crônica é utilizado como base de sustentação da linha de pensamento sugerida.

Este assunto é trazido ao nosso diálogo semanal por estarmos em ano de eleição, época que os políticos gostam de manifestar seu apoio quanto a importância do tema para o país. Depois de eleitos os educadores são jogados para os últimos lugares nas filas das prioridades.

Em virtude de alimentar o sonho de ser um deles vejo que os educadores são imprescindíveis para formar as gerações futuras sem as amarras da dependência e da alienação. Para tanto precisam lançar mãos de uma habilidade única para mudarmos o mundo: O AMOR.

Do livro “E o verbo se fez parábola”, de autoria do juiz do Direito Haroldo Dutra Dias, retiro um fragmento que narra com extrema clareza os benefícios advindos com a utilização de tal habilidade, vejamos: “…O verdadeiro educador é aquele que está imbuído de sabedoria. Ninguém destituído de experiência de vida pode educar. Ensinar requer experiência no trato como assunto em pauta. Para que alguém se torne um verdadeiro educador é preciso amar os educandos. … O educador que não tem amor pelo educando pode transformar a verdade em um bastão. Pode humilhar o educando com sua sabedoria e constranger o aprendiz com sua experiência.” O pensamento do escritor mineiro nos aproxima do que escreveu o educador Içami Tiba, em seu famoso livro “Quem Ama, Educa!”.

Que o maior educador da história de humanidade, Jesus Cristo, nos ilumine na difícil tarefa de encontrar no esgoto da política brasileira algo menos putrefato. Quando alguém, movido pelo princípio aqui destacado, assumir cargos de comando nosso maior gargalo começará a ser destravado. Os educadores precisam ser amados pelos governantes.

Crônica de Ademar Rafael

A FEIRA LIVRE

Tenho por hábito, desde a infância, visitar o espaço das feiras livres é grande a minha identificação com o que ali acontece. Trabalhei em feiras. Inicialmente ajudando feirantes nas montagens das barracas e na arrumação das mercadorias nos domingos em Jabitacá e depois como vendedor nas feiras de Afogados da Ingazeira e Tavares, como empregado do saudoso Aniceto Mariano nos tempos do Bazar das Miudezas.

Além de ser umas das maiores e mais prestigiadas feiras do Pajeú a feira de Tabira foi fonte de inspiração para o magistral poeta Dedé Monteiro criar o poema “Fim de feira”. São estrofes que definem com brilhantismo as cenas verificadas nos momentos finais de uma feira livre. A grande feira da capital do agreste pernambucano inspirou o poeta para com compor a música “A feira de Caruaru”, um dos inúmeros sucessos de Luiz Gonzaga. Sobre o tema o paraibano Sivuca e a paraibana Glorinha Gadelha fizeram a extraordinária música “Feira de mangaio”, que a mineira Clara Nunes interpretou com maestria. A letra merece todos os aplausos e a melodia é um das obras primas do grande instrumentista de Itabaiana.

Na condição de funcionário de funcionário do Banco do Brasil trabalhei em duas cidades baianas cujas feiras são dignas de registros a de Serrinha e de Vitória da Conquista, no bairro Brasil. Sobre a primeira fiz esta estrofe em 2002: “Aqui existe uma feira/ Que lembra Caruaru/ Tem farinha, tem beiju/Foice, facão e peixeira/ Balde, panela e peneira/Tem coentro e cebolinha/Tem bode, frango, sardinha/E pomada para unguento/ Se você quer sortimento/Venha a feira de Serrinha.”

Recentemente li o livro “Dias de feira”, do blogueiro Júlio Bernardo, que decifra em detalhes o entorno de uma feira livre. Narra as regras entre os feirantes, a relação de confiança entre feirantes e clientes, as rotinas do antes, durante e após feiras. Quem gosta o assunto fica encantado com a narrativa do filho de um feirante e, principalmente, com as lições que a feira livre nos dar gratuitamente.

Crônica de Ademar Rafael

DIMAS BESERRA DE LIMA

Nesta primeira crônica do ano, relacionada com o tema “Pessoas do meu sertão”, vamos falar sobre um personagem conhecido em Afogados da Ingazeira como Dimas Pai Véi, Dimas de Ernesto ou Dimas. É detentor de carisma diferenciado, dono de estilo próprio e de ironia inigualável. Conheci Dimas assim que cheguei em Afogados da Ingazeira em 1972. Era obrigatório passar em frente a sua residência na Manoel Borba, ao lado da Serralheria de Mestre Biu, sua fama de bom dorminhoco deve ter origem na capacidade de dormir com o barulho da serras e lixas nas peças confeccionadas na serralheria.

Nesta época aprendi com Dimas habilidade de manter o controle da situação, mesmo com a chapa pegando fogo, tento utilizar sem o mesmo êxito. Esta habilidade foi captada durante as jornadas de partidas de sinuca que Dimas travava com George de Zé Daca. Vi muitas vezes Dimas perder uma partida por errado um bola considerada fácil para o nível dele e ao controlar os nervos, não sei como, na partida após a saída do adversário ele deixava somente a “carambola” em cima da sinuca, as demais bolas estavam devidamente encaçapadas.

Jogando futebol Dimas foi um jogador tipicamente “chato”, um pequeno deslise de um defensor era por ele transformado num lance de perigo em milésimos de segundos. Se fazia de morto para dar o bote e como maribondo da capote nunca errava. Nas vezes que o enfrentei na condição ode treinador do Barcelona eu sempre avisava aos meus jogadores: “Cuidado com Dimas Pai Véi, do nada ele aparece criado confusão para nossa defesa.” Este alerta evitou muito problemas.

Enveredou pela política e foi vereador em sua terra por um mandato. Não se adaptou ao regime da vereança e foi cuidar da vida. Depois de andar pelo mundo Dimas criou um dos mais antigos bares de Afogados da Ingazeira, muita gente boa bate o ponto regularmente no seu estabelecimento. É, de fato, muito bom ser atendido por Dimas e Marinês.

Para narrar as histórias engraçadas de Dimas seria necessário um livro. Vou pular essa parte e registrar que ele domina como pouco a arte de brincar um artigo criado na China e aperfeiçoado na França. O Rei dos Trocadilhos Lourival Batista, em verso antológico assim qualificou tal brinquedo: “Baralho tem quatro ases/Quatro duques, quatro três/Quatro quatros, quatro cincos/Quatro oitos, quatro seis/Quatro noves, quatro setes/Quatro dez, quatro valetes/Quatro damas, quatro reis.”

Em fevereiro de 2020, no encontro dos antigos funcionários do Banco do Brasil de Afogados da Ingazeira conversávamos na AABB e ele me perguntou se eu já tinha netos. Respondi que não, ele prontamente disse: Pense num troço bom. O minha neta é louca pelo velhinho aqui e deu a sua gargalhada peculiar. Aqui cabe um registro: “Além da sua neta, caro amigo, muita gente gosta de estar com você.” Valeu amigo, vida longa.

Crônica de Ademar Rafael

DEFEITO NA ORIGEM

Nas últimas décadas no século passado os conceitos de qualidade foram exaustivamente divulgados em livros e congressos. Certa oportunidade ouvi de um consultor a seguinte ponderação: “Não tente colocar qualidade em um produto ou serviço com falhas em sua origem. Pode até melhorar, chegar o excelência é impossível.”

Esta linha de pensamento serve para alicerçar nossa reflexão de hoje, que busca entender as deformações encontradas na sociedade ocidental. O que nos leva a abandonar a empatia e privilegiar o egoísmo? Sabemos que a Grécia, o berço da democracia, é uma das colunas utilizadas para nossa formação política. O professor Renato Nogueira em seu livro “Mulheres e deusas”, nos lembra que na Grécia antiga “…as mulheres, os estrangeiros e os escravos eram proibidos de votar.”

Se nossas raízes estão fincadas em solo com as características acima e a arvore gerada foi adubada com a lógica do “modelo americano” assentado em fundamentos da competitividade, do retorno do investimento e da obrigatoriedade de sucesso como produzir algo com outras propriedades? É impossível. Simplificando a abordagem podemos afirmar que se uma arvores está plantada numa área de lamaçal para subir nessa arvore temos que sujar os pés na lama e que tais resíduos serão espalhas pelo tronco e pelos galhos onde pisarmos.

Nada mais evidente que a manutenção das características originais. Neste ponto a ponderação do consultor inicialmente citado ganha força. Não precisamos com um curso de confeiteiro para sabemos que se os ingredientes do um bolo trazem em si o preconceito e a exclusão social o bolo produzido manterá tais características.

Para mudarmos precisamos ter coragem, para renunciarmos a conceitos estabelecidos é necessário convencer alguém. Deixar como estar é melhor, sair da caixa dar muito trabalho. O imediatismo nos engessa.

Crônica de Ademar Rafael

CORRIDA DE OBSTÁCULOS

Com leitura do livro “Zilda Arns – Uma biografia”, do jornalista e professor Ernesto Rodrigues é possível identificar com clareza como as ações em favor dos menos favorecidos em nosso país se transformam em provas de “corrida de obstáculos”. No mundo do capital os interesses individuais estarão sempre à frente dos interesses coletivos.

A médica e sanitarista Zilda Arns idealizadora e defensora incansável da Pastoral de Criança, do “soro caseiro”, da “reidratação oral”, do aleitamento materno e de tantas outras ações que salvaram vidas enfrentou muitos obstáculos de setores que deveriam apoiar suas iniciativas. Superou cada um deles com tenacidade. Morreu defendendo tais princípios em 12.01.2010 vítima de desmoronamento provocado pelo terremoto que abalou o Haiti. Desde os primórdios do seu projeto, na pequena cidade de Florestópolis-PR, surgiram barreiras, vou citar as três
principais.

A primeira da igreja católica que entendia não haver necessidade de criar a Pastoral da Criança, correto seria colocar dentro da Pastoral do Menor. Com muita conversa esta barreira foi removida. A segunda barreiras veio
da indústria farmacêutica, das farmácias e de alguns pediatras. Viam o projeto como ameaça para venda maciça de medicamentos para diarreia e desnutrição as duas causas do grande número da mortalidade infantil no mundo. Esta barreira contou com a participação da imprensa, movida por interesses financeiros. A terceira foi a desconfiança da UNICEF – Fundo das Nações Unidas para Infância. Esta entidade tentou de varais formas
impedir o acesso aos recursos da Campanha Criança Esperança, realizada em conjunto com a Rede Globo, pela Pastoral da Criança. Os resultados das ações fizeram com que a distribuição de um percentual fixo da volume arrecadado fosse direcionado para Pastoral por decisão da rede de TV.

Somente uma pessoa movida pela fé, carregando consigo a pragmatismo alemão daria conta de conduzir com êxito um projeto dessa envergadura. A obra de Zilda Arns não é referência no mundo por acaso.

Crônica de Ademar Rafael

NOSSA IDENTIDADE

A indústria do turismo é uma das maiores e mais sustentáveis fontes de renda em diversas partes do mundo. O consumo de um turista perpassa o universo perceptível pelos apressados. Um olhar míope identifica somente os valores gastos com transporte, hospedagem a alimentação. É muito mais que isto. Países com potencial turístico inferior ao Brasil superam nosso faturamento com o turismo ao adotarem políticas de atração que inexistem em nosso país.

Alguns estados adotam boas iniciativas que para ganharem musculatura e credibilidade carecem de atenção permanente, métricas confiáveis e comprometimento das comunidades beneficiadas com os recursos gerados. Destaco aqui o “BORA PENAMBUCAR.” Uma inteligente a abrangente campanha da Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco – SETUR, Empresa de Turismo de Pernambuco – EMPETUR, Agência Pernambucana de Vigilância – APEVISA com adesão dos municípios pernambucanos. Nela estão incluídos roteiros, mapas, guias, selo turismo seguro, etc.

Afogados da Ingazeira, que aderiu à campanha, está realizando eventos para entrega do PASSAPORTE PERNAMBUCO, recebi o meu na Sorveteria Bom Jesus e percebi o envolvimento da Secretaria de Administração,
Desenvolvimento Econômico e Turismo com o assunto. Parabenizo o prefeito e demais agentes públicos e privados que abraçaram a causa. A fixação de uma marca e de uma identidade se faz com medidas desta natureza. Uma
região é vendida turisticamente com campanhas institucionais corretas.

Permitam-me duas sugestões: a) Incentivem no próximo ano um concurso de fotografias dos pontos turísticos de nosso município entre os alunos da rede pública e privada e b) Levem os alunos das escolas de um bairro para
conhecerem pontos turísticos de outro bairro, assim alunos do Pedro Pereira conhecerão o Vianão e a Barregam de Brotas e alunos do Jorge e São Braz conhecerão o Museu da Radio Pajeú, esta rica troca de experiências servirá de laboratório para outras ações sobre o tema turismo. Avancem, somos muitos maiores do que pareceremos, falta-nos divulgação pelos meios corretos.

Crônica de Ademar Rafael

JOSÉ ALBERTO ALVES DA SILVA

Para encerrar o ano trazemos para galeria “Pessoas do meu sertão” este filho de Tabira que na infância foi ajudante de Dedé Monteiro nos serviços ligados à sacristia da Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios. Foi contaminado pela docilidade do grande poeta e com isto desenvolveu uma capacidade extrema de fazer e manter amizades duradouras.

Posteriormente exercendo o ofício de sapateiro percorreu as férias do sertão atendendo seus conterrâneos e criando uma invejável rede de amigos. Entre uma martelada e outra, uma feira e outra desenvolveu o raciocínio matemático, habilidade que o levou a ser professor da disciplina em Tabira e Ingazeira, nesta última cidade exerceu o cargo de Secretário de Finanças da Prefeitura Municipal.

Nos primeiros anos da penúltima década do século passado foi aprovado no concorrido concurso do Banco do Brasil, assumiu em Afogados da Ingazeira e logo foi levado para agência de Iguaracy onde desenvolveu consistente trabalho como fiscal. Nesta atividade e em toda sua carreira no banco, fez um trabalho diferenciado. Provou que é possível rentabilizar o banqueiro, aumentar renda de clientes e contribuir com o desenvolvimento regional. Popularizou o apelido que todos o conhecem: Beto Fuscão. Revelando-se amante da poesia e da mesa farta de comidas e bebidas. É um grande anfitrião, sua casa sempre teve a porta aberta aos amigos.

Foi vítima de um dos famigerados Planos de Adequação do Quadro de Funcionário impostos no Banco do Brasil. Arrumou as malas e foi trabalhar em Taguatinga–TO. A troca da caatinga pelo cerrado, da pequena propriedade familiar pelas extensas lavouras de soja não lhe assustaram. Realizou um trabalho destacado e na primeira oportunidade voltou para o nordeste. Sob as bençãos de São Miguel, legitimou-se em Tavares – PB como um talento pronto para assumir cargo de gerência.

Com a habilidade peculiar, faro em negócios, foco nas pessoas e dedicação exerceu o cargo de Gerente nas agências de Sumé, Monteiro, Sapé e Princesa Isabel na Paraíba e em Pesqueira, em seu Pernambuco. Carregou no currículo a marca de superar metas e fazer negócios sustentáveis. Priorizado os interesses do Banco e projetos particulares descuidou da saúde. Em tempo mudou-se para João Pessoa, dedicou-se ao tratamento e neste ano foi contemplado com o transplante de rins. Sem rejeição quanto ao órgão recebido está concluindo a fase de cuidados extremos e preparando-se para reassumir seus negócios, especialmente no ramo ceramista com a fábrica de tijolos em Santa Rosa – Ingazeira-PE.

Beto Fuscão, figura ímpar no quesito contar “estórias”, criar fatos e manter amigos terá muito tempo para cuidar dos netos e continuar animando as rodas de conversas, habilidades estas que ele amplia como

poucos. A grandeza da obra do pequeno tabirense não cabe numa crônica, precisaria de um livro. Obrigado amigo, sua amizade nos engrandece.

Crônica de Ademar Rafael

PILARES DO DOMÍNIO

Desde os tempos da Mesopotâmia, portanto há mais de cinco mil anos, que o domínio de uma nação sobre outra ou de um grupo sobre outro tem como principal base sustentação as armas e o dinheiro, podem estar juntos ou separados, ausentes nunca. Em alguns momentos a religião e a ideologia foram utilizados como atalhos para perpetuação do domínio, a estrada principal continuou sendo a dupla armas e o dinheiro, posteriormente classificado como capital.

Com estas ponderações quero expor meu pensamento de que é uma grande utopia imaginarmos que alguma coisa justa e movida pela inclusão social seja gerada a após uma reunião do G-20. Os países centrais ao oferecerem alguma migalha aos países pobres o farão em troca de reciprocidade em negócios. Decodificando: Darão com um dedo e tirarão com os outros nove. Isto mesmo, para receber uma ajuda um país firma compromissos para priorizar empresas sediadas nos países “doadores” em suas compras governamentais.

Teria sentido de justiça este tipo de ação se os organismos fizessem um levantamento das necessidades dos países pobres e as apresentasse aos donos do capital para que fossem feitas as ações sem exigência de contra partida. Fora disto é mais ou menos assim. O país rico doa as ampolas e o algodão e obrigam quem os recebe a comprar as vacinas e outros medicamentos em empresas a eles ligadas.

O jogo de cena, os discursos e os gestos de “boa vontade” destes encontros são fantasias muito bem orquestradas. Poderíamos afirmar que as compras seriam feitas com ou sem ajuda, uma vez que os países pobres pouco produzem, isto também é fato. Mas, julgar que as “doações” são movidas pelo solidariedade é muita inocência. O binômio armas e dinheiro serão sustentáculos da dominação por mais uns cinco mil anos. Quem discorda do que aqui foi abordado tem suas razões eu tenho as minhas. Não precisamos brigar por isto.