
Por Rinaldo Remígio
Nas esquinas e salões de Afogados da Ingazeira, onde o som do carnaval ecoava como um chamado irresistível à alegria, três nomes se tornaram eternos na memória coletiva. Não eram apenas músicos; eram mestres que traduziram emoções em notas e fizeram da música um presente à cidade.
Seu Dino, o professor Dinamérico Lopes, era daqueles que transformavam o Piston em uma extensão de sua alma. Cada sopro, cada vibrato, trazia uma energia contagiante que fazia tremer não só seus lábios e mãos, mas também os corações que o ouviam. Nos desfiles e bailes, sua presença era certeza de um espetáculo inesquecível.
E havia Seu Guaxinim, que fez do Saxofone dourado um confidente e parceiro de emoção. Quando tocava, parecia que o instrumento respirava junto com ele, trazendo um som que deslizava suave, mas potente, sobre os que dançavam. Seu jeito peculiar de manusear o sax não era apenas técnica, era sentimento em estado puro.
Por fim, Mestre Biu, que não se limitava a ajustar engrenagens como mecânico, mas também afinava as notas que encantavam multidões. Seu Saxofone era seu segundo ofício e, talvez, sua maior vocação. Tocava não por dinheiro, mas pelo prazer de ver rostos iluminados, corpos em movimento, aplausos espontâneos como resposta ao seu talento.
Hoje, Afogados da Ingazeira pulsa com novos talentos, músicos que mantêm viva a tradição e elevam a arte a novos patamares. Mas a lembrança desses precursores é mais do que saudade — é reconhecimento e gratidão por aqueles que tocaram não apenas instrumentos, mas almas.
Que jamais esqueçamos os nomes que fizeram da música um elo entre gerações. Afinal, uma cidade que valoriza sua cultura nunca perde o brilho de sua história.
*Administrador, contador, historiador e professor universitário

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