Por Renata Bezerra de Melo/Folha Política
Governado por Paulo Câmara, vice-presidente nacional do PSB, Pernambuco entra na conta do PT, hoje, como um dos Estados onde o partido ainda possui um perfil mais progressista, de esquerda. Na maior parte do Brasil, os petistas enxergam a hegemonia de setores antipetistas. Em debates na legenda liderada pelo ex-presidente Lula, se anota, de 2012 para cá, uma guinada à direita do PSB. Em função disso, a entrada recente do governador Flávio Dino e do deputado federal Marcelo Freixo é vista como um episódio que faz o PSB assumir um perfil mais à centro-esquerda, aproximando as duas siglas. No PSB, um mapeamento atual dá conta de uma parte significativa dos estados em condição “pró-Lula”. No Paraná, lideranças como os deputados Luciano Ducci e Aliel Machado são alinhados ao presidente nacional Carlos Siqueira, afinado, por sua vez, à ala pernambucana, que tem em Paulo Câmara o principal interlocutor junto ao PT. Em Santa Catarina, uma ala pró-lula é puxada pelo presidente estadual do PSB, Cláudio Vignatti, ex-deputado federal do PT. No Mato Grosso do Sul, liderança emergente no partido é a secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Thaisa Daiane Silva. No Rio de Janeiro, o PT dialoga com o PSB. Há articulação para composição na chapa majoritária. Em São Paulo, a situação está em aberto.
No Mato Grosso, também. No Espírito Santo, o senador Fabiano Contarato vem dialogando com o PT em torno da hipótese de concorrer ao Governo daquele Estado, mas também tem conversas encaminhadas com o PSB, cuja prioridade lá reeleger Renato Casagrande. Em relação a Minas Gerais, Carlos Siqueira já fez aceno ao PSD, o que pode representar um elo de entendimento com o PT. Na Bahia, o PSB, comandado pela deputada federal Lídice da Mata, é unha e carne com o PT. No Maranhão, a entrada de Flávio Dino no PSB é ponto de intersecção. No Ceará, o PSB integra o governo de Camilo Santana. No Amapá, os Capiberibe são muito ligados ao PT. No Acre, a relação entre os dois partidos também é estreita. Há situações mais complicadas para aliança no Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Tocantins e Goiás. Se o mapa, hoje, pende para o lado pró-Lula, o papel de avalista caberá a Pernambuco, que exerce hegemonia na legenda e é de onde também parte essa reconstrução. Lideranças da sigla admitem isso em reserva. Não à toa, Lula desembarca no Estado no início do mês que vem, onde terá reunião com socialistas.